Abide By The Rules escrita por hannaxD


Capítulo 3
Capitulo 02: Detenções.




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Capitulo 02: Detenções.

Matrid fez um ponto principal em sua lista de coisas por fazer, encarar a todos que a encarassem direto nos olhos e enviar o famoso olhar frio a qual já tinha experiência. Não queria se sentir como um animal enjaulado exposto em um zoológico.

Sentou-se na mesa labelada como sendo a mesa pertencente à casa de Sonserina, contendo sua bandeira verde e prateada com um escudo e uma cobra. À sua frente, os outros sonserinos a observavam abertamente em um misto envolvendo curiosidade, superioridade e admiração, talvez por causa de seu sobrenome. O próximo item em sua lista seria negar a quem quer perguntasse sua relação com Abraham Hellsing.

Foi com grande contentamento que recebeu a divergência de atenções de sua pessoa para o franzino Harry Potter. Todos os rostos do salão se voltaram ao garoto que agora sentava encolhido e mirrado no banco com o Chapéu Seletor na cabeça, a aba do chapéu cobrindo o rosto do garoto quase completamente.

Matrid teve de segurar os arrepios. Não entendia a mágica por trás daquele chapéu estranho, e como estava ainda com seus sentidos diminuídos para àqueles parecidos com os dos humanos comuns, não pode identificar a natureza da magia envolvendo o Chapéu Seletor pelo cheiro.

Resistira a principio quando sentira alguma força estranha tentar invadir sua mente, mas depois de um tempo, chegara à conclusão que era o chapéu quem estava tentando ler sua mente e permitiu, se não, apenas para terminar aquela cerimônia sem sentido o quanto antes.

- Com Matrid Hellsing  - Flash Back -

Matrid sentou-se no banco e olhou com cautela a professora de transfiguração vir em sua direção com o tal de Chapéu Seletor em mãos. Sentia-se exposta sob o olhar abrasivo de centenas de alunos e alguns professores, pelo menos aqueles que se importavam em saber dos novos rostos ao redor da escola.

Ignorou a sensação o melhor que pôde e voltou a olhar Minerva McGonnagal enquanto ela erguia o chapéu e o colocava gentilmente em sua cabeça. Quase imediatamente sentiu a invasão em sua mente, sabia que o estava sendo por causa das inúmeras vezes que conversara com seu pai por meio da conexão mental que dividiam.

E por que alguns vampiros podiam ler mentes, apesar dela não possuir tais habilidades, podia se comunicar com aqueles ligados ao seu pai, como Seras Victoria.

E a intrusão se tornou mais persistente. Não demorou muito para que a Dhampira encontrasse a fonte de tal faceta contra sua pessoa: O Chapéu Seletor. Relaxou visivelmente e abriu seus escudos mentais para permitir a presença do chapéu.

Hmmm, o que temos aqui” O chapéu comentou, sua voz não bem uma voz, mas um sussurro fantasmagórico. Matrid resistiu os calafrios e respondeu.

O que você acha? E se perguntou vagamente se podia chamar um chapéu de você.

Claro que pode, eu sou um ser pensante!” Veio a resposta indignada do chapéu. Parece que ele podia ler até mesmo suas idéias mais profundas, teria de tomar cuidado para não revelar nada acusatório. “É inútil” A voz do chapéu veio quase como se estivesse caçoando, talvez ele estivesse mesmo.

Acaba logo com isso” Era inteiramente desconfortável ter uma voz alienígena em sua cabeça, alienígena por que desconhecia sua fonte bem o suficiente.

Se revelasse quem você realmente é, seria mais fácil, não seria?” Sugeriu subliminarmente o chapéu, e Matrid teve de aplaudir os esforços, mas ela estava decidida a permanecer um mistério e não sair por ai divulgando ser o resultado da união de um vampiro e um humano, seria no mínimo desastroso para sua futura vida social.

Não necessariamente, eu gosto de manter minhas cartas trunfo até o fim da partida” quando seria mais fácil surpreender o inimigo e acabar com check mate. Pensou de volta, projetando o que sentia em cada palavra para dar ênfase ao seu ponto.

Sua condição limita muitas coisas, mas em compensação abre muitas outras portas” Comentou o chapéu. “Estou curioso pois esta é a primeira vez que tenho uma mente tão poderosa em minhas abas” E Matrid teve a impressão de que aquele pedaço velho de pano estava sorrindo.

Posso quase dizer o mesmo” Pensou Matrid de volta, lembrando-se de seu pai. Novamente teve a impressão de que o chapéu sorria, mas deixou de lado quando ouviu mais uma vez a voz em sua mente. Só torcia para não cair em Grifinória, a cor vermelha viva por todo o ano e mais os anos por vir lhe daria sem tempo algum dores de cabeça enormes.

Eu sinto uma mente jovem, ambiciosa e astuta, sinto coragem, inteligência e egoísmo, você protege os seus e neles confia esperando o mesmo.” Matrid respirou fundo e segurou o som de surpresa que brotou em sua garganta. “Eu sei de tudo, sei o que passou pela sua cabeça e posso adivinhar o que passará” Explicou o chapéu “Cornival ficaria orgulha em ter você na casa, assim como velho Gódrico, porem pelo que vejo você desgosta das cores dele... Acho que quem se beneficiaria mais desta futura união seria você e Salazar” e o chapéu gritou para que todos no salão ouvissem, sem dar à Matrid nenhuma chance de protesto. “Sonserina!”

- Severo Snape  - Presente -

Meus olhos cerraram sobre a nova adição à minha casa, eu sou o responsável pela casa de Sonserina e tenho de tomar conta dos alunos a que nela pertencem. Hellsing? Seria da mesma família do famoso bruxo Abraham Van Hellsing? Lendário por ter destruído um vampiro.

Se fosse me daria problemas.

Desviei minha atenção de minhas jovens cobras até a fileira onde ainda restavam crianças a serem sorteadas, tentei adivinhar quem ia para que casa, mas quando meus olhos encontraram aquele menino, resisti à tentação de socar a mesa e exigir que ele fosse deportado de volta ao buraco de onde viera.

Harry Potter.

Se não fosse o pedido de Alvo para que eu tomasse conta dele, jamais me voluntariaria para o cargo de babá do Menino-Que-Sobreviveu. Ele podia ser filho de Lílian, mas ainda era a imagem completa do pai.

Eu e Tiago Potter não éramos exatamente os melhores dos amigos.

Desviei os olhos de Potter não querendo fazer ressurgir lembranças desgostosas, iria ter a minha chance de me vingar dele, seriam muitas pois eu era professor de Poções, e se Harry fosse como Tiago, assim como eu penso, então o garoto seria problemas de mão cheia.

Respirei fundo e contei até dez, não estava prestando atenção, mas meus dedos roçavam em minha confiável varinha. Cerrei mais uma vez meus olhos e espiei de soslaio para Quirrel. Eu não confiava nele, perto dele a minha tatuagem gemia...

- Ponto de vista de Matrid Hellsing  -

Mesmo com a presença de Potter, parecia que alguns olhares ainda remanesciam sobre minha pessoa. O que tinha de tão interessante sobre mim? Arrumei meus óculos que escorregavam usando a ponta do meu dedo indicador, tendo o cuidado de enviar a mensagem clara com os meus olhos para quem quer que ainda estivesse me observando. Eu não queria ser incomodada. Eles entenderam perfeitamente, notei com um pequeno sorriso pelo canto dos lábios.

“Acho que eu deveria arrumar óculos também” Uma voz comentou ao meu lado, me virei e bati olhos em um garoto moreno, ou melhor, o cabelo dele era de um tom castanho tão escuro que parecia preto, olhos verdes escuros piscavam para mim curiosamente, mas eu percebia que ele estava despachando minha presença como se não fosse nada. Ele também era um novato. “Theo Nott” Murmurou ele olhando de um lado a outro. “As pessoas pararam de me encarar quando você se juntou à mesa” Ele assentiu às próprias palavras.

Acho que seriamos bons amigos. Theo Nott e eu. Sorri mostrando a fileira de dentes e mais as presas pontiagudas, Theo não pareceu se intimidar e me olhou pontadamente, pedindo sem palavras para que eu me apresentasse formalmente, mesmo tendo certeza de que El já sabia quem eu era.

“Matrid Hellsing” Disse, e acrescentei, surpreendendo a mim mesma por esse humor falante ao qual me encontrava, não eram em muitas ocasiões que isto acontecia. “Theo é diminutivo para Theodore talvez?” Perguntei erguendo a sobrancelha. Era algo que mamãe e papai sabiam fazer, mas pelo que eu ouvira, nem todos conseguiam erguer uma sobrancelha por vez, azar o deles.

“É sim, mas Theodore é nome de garota, Theo é mais masculino” Sorriu ele mostrando para mim, por sua vez, a própria fileira de dentes que ele possuía.

“Theodore Nott é um nome forte” Comentei vagamente, pelo que já sabia, do breve contato com o mundo bruxo e pelo que eu lera, a sociedade bruxa era dividida claramente, como água e óleo, entre os bruxos nascidos bruxos e os bruxos nascidos trouxas. Socializar não era uma das minhas prioridades, mas certamente seria bom ter uma boa relação com os outros estudantes, ainda mais os da minha própria casa.

Eu era tecnicamente nascida trouxa.

Salazar Sonserina não era exatamente um amante admitido de trouxas.

“Matrid Hellsing também é” Veio a resposta e eu tive de sorrir. Quando ia responder a Theo, o diretor, Alvo Dumbledore começou a fazer o discurso de abertura do ano letivo, fechei meus olhos e o ignorei completamente, já tinha cravado em minha mente inúmeras regras de etiquetas, sabia como agir em uma escola interna, seja ela mágica ou não.

Ao fim do discurso, veio a ceia. Tentei conter o barulho de espanto que queria sair de minha boca, e percebi com algum senso de superioridade que nem todos conseguiram fazer o mesmo. Olhando para o lado constei que Theo Nott tinha os olhos arregalados e piscava sem parar.

“Juro que jamais me acostumarei com a magia de Elfos Domésticos” Comentou ele dando-me mais uma duvida. Eu tinha idéia do que eram Elfos Domésticos, mas não compreendia o alcance da magia que possuíam. Apenas que não eram humanos...

Eu tinha finidade por criaturas não humanas, principalmente as consideradas negras.

“Nem eu” admiti sorrindo, olhando com desgosto a comida. Os outros estudantes já começavam a empilhar seus pratos com comida, eu nem fiz menção de segurar minha colher. Superficialmente notei que os alunos de Sonserina e alguns de Cornival eram mais recatados em relação à grande maioria dos Grifinórios e dos Lufa-lufas. Pelo menos as garotas se comportavam relativamente parecido, não importante a casa.

“Não vai comer nada, Hellsing?” Veio a pergunta da pessoa que eu nem havia notado estar presente. Fiz mais um tópico em minha lista mental de regular os meus sentidos, era desconfortável ser surpreendida quando normalmente eu era a que surpreendia. Mesmo assim olhei calmamente para Draco Malfoy quando o respondi.

“Não estou com fome” Disse, resistindo a vontade de dizer “eu não como tanto quanto vocês humanos, pois tenho uma segunda fonte de nutrientes...” Acho que ninguém apreciaria aquela resposta, então contei uma meia verdade. Eu não estava com fome, mas não ia admitir meu cardápio alternativo.

“Pena” Draco fungou e empinou o nariz. Não podia dizer ao certo como me sentia em relação à Draco Malfoy, ele parecia ser do tipo que daria um bom aliado para se ter no futuro, mas se não tomasse cuidado, ele esfaquearia suas costas.

Tentarei não julgar um menino de onze anos tão rápido da próxima vez.

“É pena” Tentei sorrir mas acho que minha expressão estava a um passo de ser uma careta de desgosto. Draco deu de ombros e voltou a comer, com requinte devo adicionar, aos seletos em seu prato. Eu ainda não estava com fome, parei para refletir, mas logo estaria. Fechei os olhos e quando os abri, foi por causa da mão de Theo Nott repousada em meu ombro.

“Está tudo bem Hellsing?” Perguntou-se, e mesmo quebrando o que eu havia atestado tentar não fazer, pensei no que Nott ganharia por se aliar comigo. Ele não sabia quem eu era, ou pelo menos não fazia idéia. Sorri mentalmente.

“Ora, claro que está senhor Nott” Ele torceu o nariz e ouvi Draco engasgar no copo de suco que tomava por causa de uma risada.

“Não me chame assim, Theo está bom, senhor Nott me faz parecer com meu pai” Assenti e olhei para Draco.

“Presumo que não seja para te chamar de senhor Malfoy também?” Ergui uma sobrancelha. Estava fazendo aquilo muito esta noite.

“Eu?” Draco terminou de engolir o suco e sorriu “Ah, não se incomode, pode me chamar de senhor Malfoy se quiser” Piscou e eu fiz uma expressão neutra, livre de qualquer sentimento em meu rosto.

“Como queira, senhor Malfoy” Disse com o tom neutro também, beirando ao frio, desta vez foi Theo quem engasgou no suco enquanto Draco caia na gargalhada, logo em seguida, eu ri também.

Foi bom me sentir humana. Pelo menos por um momento.

“Você venceu, pode me chamar de Draco” Ele piscou em minha direção, e eu sorri de volta. Tentei ignorar pelo resto da noite os olhares de inveja que cravavam buracos atrás de minha cabeça. Aparentemente jovem Draco já tinha um fã clube.

Ao fim do banquete, professor Snape, como havia sido apresentado o nosso líder da Casa, se dirigiu à nossa mesa.

“Prestem atenção” Veio a voz arrastada, quase cantada e entediada do professor, me perguntei brevemente se ele e Draco haviam tido aula em algum lugar sobre como falar com a voz arrastada e melodiosa daquele jeito. “Sigam direto para o dormitório da Sonserina, os monitores ¹ irão lhes dizer a senha” Alguns alunos assentiram, mas a maioria ficou calada, eu fazia pare daquela maioria.

“Sim professor” Draco não. Acho que Draco faria o possível para ficar nas boas graças de professor Snape e imediatamente suspeitei, talvez eles houvessem se conhecido antes do ano letivo? Talvez eu viesse a perguntar Draco algum dia se nos tornássemos mais próximos, por hora segurei as minhas musas para mim mesma.

Seguimos os monitores, eu não havia prestado atenção nos nomes deles, mas eram dois. Estava ocupada demais observando o modo interessante como a capa do professor Snape esvoaçava quando ele andava, anotei mais um item na minha lista: Como fazer sua capa esvoaçar dramaticamente, novamente, talvez eu perguntasse ao professor se por ventura me aproximasse o suficientemente dele.

Matrid.” Ouvi Theo me chamar e olhei-o. “Se não se apressar vai ficar para trás” Ele disse sorrindo e eu assenti, Theo segurou na manga de meu casaco e puxou-me junto de Draco, que estava já novamente flanqueado pela dupla: Vincent Crabbe e Gregório Goile. Tinha muitas coisas nas quais pensar e pelo visto eu não podia esperar até chegar aos alojamentos da Sonserina.

O dormitório da Sonserina era exatamente como eu havia imaginado: masmorras. Masmorras decoradas em verde e prata ostentando luxo e mesmo assim escuridão.

O caminho até lá era fácil e ao mesmo tempo complicado, mas eu decorei de primeira. Descemos escadas seguidas de escadas e passamos pelo laboratório de poções. Alguns estudantes mais velhos fizeram uma remenda de comentários mas eu os ignorei e me concentrei no caminho.

Paramos de frente a um quadro de uma cobra enroscada em uma maçã. O monitor que nos acompanhava olhou para o quadro e depois para nós e os outros estudantes.

“Temos nossas próprias regras por aqui” começou ele. “Seguimos uma postura diferente das demais casas, vou dar a primeira regra agora, o resto explicarei lá dentro” E voltou-se novamente para o quadro. “aqua-di-sangue” murmurou ele apenas alto o suficiente para que pudéssemos ouvir. Assim que a ultima silaba da aparente senha do quadro, a cobra começou a mover-se e a esgueirar-se por todo o contorno retangular da tela, até a porta se abrir. “Juntos, sempre juntos os Sonserinos, entre a nossa casa e qualquer outra coisa, a nossa casa em primeiro” E o monitor gesticulou para que entrássemos.

Eu fiz mais um item em minha lista: Aprender o nome do monitor masculino da minha nova casa em Hogwarts.

“A segunda regra é bem simples e baseia-se na primeira” a monitora falou posando-se ao lado do monitor de quem eu queria aprender o nome. “Todos os professores tentarão de alguma forma beneficiar a casa deles” Ante os olhares indignados de alguns na multidão de cobras, a monitora sorriu “Professor Snape fará o mesmo, não se preocupem, no entanto, uma de nossas metas é...” Ela olhou para o monitor “monitor Turskey pode explicar melhor” Turskey encarou a monitora por um instante mas assentiu.

“Uma de nossas metas é atrapalhar o avanço das outras casas” Terminou ele olhando-nos com rispidez “Façam o possível para evitar perder pontos e fazer com que as outras casas, principalmente Grifinória, percam pontos” A esta altura já tínhamos adentrado o salão comunal da Sonserina, após a estatua estranha na entrada, depois eu a analisaria mais profundamente. “Sorrine?” A monitora assentiu brevemente.

“A terceira regra também baseia-se na primeira” monitora Sorrine disse sorrindo para os novatos. Tive a impressão de que ela sorria demais para estar em um lugar como este, mas o brilho difuso em seus olhos me convencia do contrario. “Tudo que acontece na casa, fica na casa” Disse olhando para o monitor Turskey pelo canto dos olhos.

“Isto é” continuou ele novamente, lançando sobre Sorrine um granhido de desprazer, ela apenas deu de ombros. “Toda e qualquer rixa que vocês tenham com alguém de nossa casa, será resolvida aqui, não deixem que afete a imagem da Sonserina.” Terminou ele cerrando os olhos. “Os meninos venham comigo e as meninas com a Sorrine” Anunciou levantando o canto dos lábios e mostrando os dentes de forma feroz à Sorrine, que apenas sorriu e gesticulou para que as meninas se aproximassem.

Fui com ela, ainda sentindo desconfiança por essa monitora.

“O dormitório das meninas do primeiro ano é por aqui” Indicou ela usando a ponta do dedo manicurizado. “Primeira porta a esquerda terá uma pequena sala com uma pequena também lareira, na sala terão portas, e em cada porta estará a placa com cada respectivo nome” Agora eu entendia o desgosto que monitor Turskey sentia por Sorrine, eu estava começando a desprezar solenemente aquela criatura.

Boa noite” Ouvi Theo murmurar baixo do meu lado. Ele acenou para mim e começou a seguir os meninos depois de Turskey.

Boa noite” Devolvi sorrindo diminutamente antes que ele saísse de perto e não pudesse ouvir. Não vi mais Draco em lugar nenhum então dei de ombros e desisti de desejar-lhe boa noite também.

Segui o resto das meninas do primeiro ano até a porta indicada pela monitora, ao chegar lá, escaneei as portas à procura de meu nome, pelo menos teríamos um quarto só para nós, acho que não agüentaria ter de dividir meu espaço com outra pessoa.

“Olá” Alguém cutucou meu braço para chamar minha atenção, resistindo a vontade de rosnar, virei-me lentamente. “Você deve ser Matrid Hellsing, meu nome é Pansy Parkinson, muito prazer” Ela cumprimentou. Não sei se foi a voz esnobe ou fato dela me olhar por cima do nariz, mas eu não gostei daquela garota à primeira vista.

“Prazer” Disse por entre os dentes. “Se me der licença, estou cansada” forcei-me a ser polida, como uma embaixatriz, lembrei-me dos ensinamentos de minha mãe em como estabelecer uma boa relação até mesmo com pessoas que você não suportava, e me veio tremendamente a calhar naquele instante.

“Claro” Ela sorriu e piscou, cílios longos piscaram juntos para mim e novamente resisti a vontade de rosnar. Virei-me de costas para Pansy e abri a porta de meu quarto. Eu sei que era errado dar as costas ao seu inimigo, mas a situação pedia uma retirada digna, e aquela era a melhor que eu podia pensar e que não envolvia o sangue de Pansy e minhas garras.

O quarto era pequeno, mas o suficiente para uma pessoa, ou melhor, uma criança de onze anos, eu não era uma simples criança, no entanto aquele quarto serviria perfeitamente. Tinha uma de solteiro, porem grande e aparentemente confortável, as masmorras eram frias, mas eu nem sentia mais o frio. A cama estava coberta por um grosso edredom preto com detalhes em verde e prata.

O quarto era iluminado por candelabros pendurados nas paredes e era claro o suficiente. Havia uma bancada ao lado da cama e um pequeno armário. Notei que minha mala já estava sobre a cama.

Tirei a bolsa que carregava dos ombros e a coloquei sobre a bancada, decidi que cuidaria primeiro de minha mala. Abri-a e retirei peça por peça de roupa. Não eram muitas, apenas os uniformes escolares, algumas capas, saias e camisas, todas de classe, como minha mãe gostava de colocar, sempre cause impressão de superioridade àqueles ao seu redor, e Walter se esforçou nesta crença especifica de minha mãe.

Imagino que a está hora, ela já tenha notado a minha ausência. Dei de ombros, problemas do velho vampiro, não meus. Sorri imaginando a agonia que esperava por Alucard.

Voltei à minha mala. Peguei as roupas e as arrumei cuidadosamente no armário. Depois peguei os sapatos e meias e roupas de baixo, e fiz o mesmo. Próximo era o meu material escolar. Tirei o kit de poções e coloquei dentro de uma das portas da bancada, juntamente com o caldeirão. Os livros apenas deixei em cima do balcão, prontos para o uso assim como minha pena e tinteiro. As penas extras que eu havia trazido ainda estavam em minha mala, que empurrei sob a cama.

Terminado tudo admirei meu trabalho por um instante dando um longo suspiro. Somente agora o peso do dia de hoje fora cair sobre meus ombros e sentia-me cansada de repente.

Meu corpo necessitava de pouco descanso, mas eu sentia sono durante o dia, então tinha de forçar o estado de inconsciência durante a noite para evitar cansaço de dia. Se eu fosse como meu pai, o sono de dia seria indispensável, pois o sol é nocivo para pele e olhos dos vampiros. Por meu pai ser bastante velho, ele era poderoso e mais resistente ao que afetava os vampiros.

Até onde eu saiba, meu pai era imortal.

Seras Victoria ainda podia andar durante o dia, mas sei que ela sofria por isso. Pensando nela agora, dava saudade da minha madrinha. Papai e mamãe nunca chegavam a um acordo sobre quem poderia ser minha madrinha e padrinho, então Seras ofereceu-se juntamente com o marido humano dela, tio Pip. Ele era um mercenário e sempre me conta historias sobre como ele lutara em nome da organização Hellsing para evitar que um exército de vampiros controlados por um Nazista Maníaco dominasse Londres.

Era difícil não rir quando ele comentava em o quão os seios de Seras Victoria eram irresistíveis, normalmente nessas partes ou tio Walter ou minha mãe o deixariam inconsciente enquanto papai implicava com Seras.

Pip ainda trabalha para a Hellsing como consultor militar de segurança.

Sacudi minha cabeça fazendo com que meu cabelo esvoaçasse para todo lado, meus olhos já começavam a pesar e a cama parecia ainda mais convidativa. Arrastei meu corpo pesado como chumbo até o colchão confortável, me joguei, e não soube de mais nada até a manhã seguinte.

Sonhei com cobras e com a cor verde.

- Seras Victória-

A vampira loira fechou os olhos e os cobriu com a palma das mãos. Abriu um único olho rubro como sangue e fez uma brecha entre os dedos, por onde poderia espiar. Olhou a cena diante de si por alguns segundos antes de fechar os olhos novamente com um pequeno grunhido de simpatia pelo coitado apanhando à sua frente. Sentiu calafrios subirem seu braço.

“Se não olhar vai perder a melhor parte Cher” Seras abriu os olhos instantaneamente e virou-os para quem quer que tenha falado com ela. Mas ela reconheceria aquele sotaque em qualquer lugar e ocasião... era uma daquelas coisas de perceptiva em lócus. Sorriu para seu marido.

“Pobre mestre” fechou os olhos e arrepiou-se em simpatia quando ouviu um barulho que se assemelhava demais ao barulho que um osso fazia ao quebrar-se. “a chefona ta mesmo enfurecida” comentou levemente. Pip sorriu de volta e assentiu.

“Esqueci de trazer a pipoca” Disse ele cerrando os olhos e parecendo decepcionado. Seras o observa pelo canto dos olhos.

“Walter ta filmando tudo pelas câmeras de segurança” murmurou de soslaio, sorrindo marota. Pip espelhou o sorriso dela e ali mesmo a beijou nos lábios.

“Então depois assistiremos comendo pipoca, né Cher?” Seras assentiu e sorriu de contra os lábios dele, sentindo o gosto de cigarro que sempre sentia quando o beijava.

“Deveria parar de fumar” comentou. Pip deu de ombros.

“Deveríamos achar Walter logo com a nossa copia...” olhou rapidamente para a cena sangrenta à sua frente. “do massacre do vampiro, versão ao vivo” também fechou os olhos e arrepiou-se em simpatia.

“Já fiz isso” Seras sorriu conspiratoriamente. Pip não falou mais nada.

No fundo da cena, jazido numa poça de seu próprio sangue, estava Alucard, ou pelo menos uma massa pulsante que costumava ser Alucard, e Integra olhando a massa com desgosto.

“Te dou mais cinco minutos pra se recuperar, ainda não to satisfeita” Rosnou a loira com ferocidade. A massa sangrenta se dissolveu em morcegos e logo ali estava de pé a figura de Alucard, completamente curado e temporariamente inteiro. O vampiro sorriu maliciosamente.

“Não via você como sendo do tipo Sádica” Integra cerrou os olhos. “Sorte deu ser masoquista, se não seria um problema não?” E o vampiro soprou um beijo em direção à loira que apenas o encarava furiosamente.

Seras apenas cobriu os olhos com a palma das mãos novamente.

- Matrid Hellsing – dia seguinte -

As masmorras eram completamente escuras, as lareiras, que era o que mantinha o ambiente habitável, eram várias e espalhadas estrategicamente entre o dormitório e a sala comunal. Um pequeno fogaréu nas absides ² que davam aos quartos em si e mais aquela na sala comunal. Mesmo assim era confortavelmente frio lá dentro, não extremamente frio, como costumava ser sem o fogo aceso.

As paredes de pedra praticamente zuniam e o ar carregava escuridão e um quê de pesado que tornava as masmorras ainda mais convidativas àqueles que buscavam a solidão ou o negrume.

Foi nesse ambiente que Matrid acordou em seu primeiro dia em Hogwarts. Os candelabros estavam apagados e o quarto estava mergulhado em escuridão, não sabendo que horas eram mas deduzindo ainda ser cedo pela manhã, a Dhampira resolveu sair da cama, se sentindo muito melhor e mais renovada do que se sentia na noite anterior.

Em um piscar de olhos adaptaria sua rotina para uma diurna e estaria tudo bem, tirando o fato da canseira e do sono persistente.

Depois de alguns segundos, porem, o quarto foi banhado novamente em luz vinda dos candelabros pendurados nas paredes rochosas. Era alguma espécie de mágica, e Matrid não tinha absolutamente nada a comentar. Sem mais sentir o frio, a garota olhou-se no espelho da bancada e soltou uma exclamação à visão que a recebera.

Seu cabelo estava por todo o lado e formando nós que pareciam ser tão complicados que tão cedo já lhe davam dor de cabeça. Cerrando os olhos para sua própria imagem, imaginou onde seria o banheiro, para que pudesse tomar banho e se livrar da careta de sono que ainda possuía.

Chegando a conclusão de que ficar se olhando no espelho não resolveria nada, a garota loira abre a porta do armário e puxa um conjunto do uniforme escolar de Hogwarts e mais uma capa como sobretudo, apesar de não sentir frio tanto quanto os outros estudantes, não queria assustar ninguém andando por ai como se não estivesse se aproximando do inverno. Ainda mais na sala comunal da Sonserina, onde sem duvida alguma a capa seria um item necessário.

Depois de selecionar suas roupas de baixo, enrolou tudo entre as dobras de tecido do uniforme para evitar mostrar fitilhos para todas as garotas que por ventura já estivessem de pé e deixou seu quarto indo para a abside das meninas do primeiro ano da Sonserina. Estava vazio, como prevera, ainda era cedo dentre da manhã.

Olhou de lado a outro analisando os seus arredores, a sala era pequena, nem chegava perto do tamanho da sala comunal, mas honrava seu propósito de servir de hall para os quartos das meninas. Depois de uma olhada mais aprofundada, Matrid finalmente descobriu onde era o banheiro, uma porta como as dos quartos, mas sem nenhuma placa de identificação, tinha de ser o banheiro.

- Severo Snape -

Severo Snape estava relativamente de bom humor. O termo começava naquele dia especifico e logo de manhã ele tinha em mãos os novatos. Pequenos cérebros incompetentes para ele moldar de modo satisfatório. Nem mesmo o prospecto de ter de aturar a cria daquele homem o deixava azedo, o que em si era um grande feito para aquela manhã especifica.

Talvez Severo tenha acordado com o pé direito, ou talvez o cheiro de poções que impregnava seu quarto não tenha afetado tanto assim seu corpo; a ponto de poupá-lo da enxaqueca matinal que costumeiramente o acompanhava. Em todo o mais, o professor de poções estava de bom humor.

O que só podia significar uma coisa.

Os estudantes iriam sofrer talvez um pouquinho.

Então, com um pequeno salto em seus passos e sua capa esvoaçando mais dramaticamente do que o normal, Severo Snape, professor de poções de Hogwarts fez seu caminho de seu dormitório, nas masmorras lógico, até a sala de poções, que convenientemente ficava a apenas alguns corredores dos aposentos do professor. Severo nem ao menos notava que estava sorrindo, no entanto, assim que se deu conta do trabalho incomum de seus músculos faciais, controlou-os e voltou à sua usual expressão de morcego-velho-que-chupou-limões-demais.

Era muito útil em suas técnicas de intimidação e funcionava muito bem com crianças e jovens de qualquer idade. Ainda se lembrava com contentamento da vez que tinha ido visitar a loja Catarr´Od Uro, uma loja especializada em ingredientes raros, não negros ou proibidos, para poções, e encontrara lá um de seus antigos alunos, à alguns anos formado e acompanhado de uma esposa e um filho pequeno. Teve de sorrir ante a expressão pálida de pânico de seu ex-pupilo e do ar aturdido e envergonhado da esposa dele.

Bons tempos aqueles.

Agora ele estava preso na mesma escola que Harry Potter.

E no fundo era sua culpa dele mesmo, afinal se ele não tivesse...

Parou a linha de raciocínio ali mesmo, Severo não queria se deprimir logo tão cedo naquela manhã tão bela. Espichou o rosto e verificou se a capa esvoaçava corretamente antes de abrir a porta com um estrondo e marchar seguro para dentro de sala.

Somente os rostos apreensivos e alarmados e até mesmo assustados dos alunos era o suficiente para fazer com que um meio sorriso brotasse pegajoso em seus lábios. E para coroar seu dia aparentemente perfeito, a primeira aula do ano era dele, com os novatos, Grifinória e Sonserina.

Aquele meio sorriso transformou-se em um sorriso inteiro.

- Harry Potter -

Harry olhava de lado a outro nervosamente, ao seu lado Ronald Weasley parecia ainda mais nervoso que do ele próprio. Ainda não sabia por que, mas o jovem Potter estava com um péssimo pressentimento em seu estomago.

Notou em meio às cabeças dos outros estudantes, aquelas que lhe eram familiares, como a daquela garota que ele conhecera quando visitara o Beco Diagonal. Matrid Hellsing, se sua memória não o falhava, ela havia sido sorteada para a Sonserina, mas Harry tinha a ligeira impressão de que ela não era . Lembrou de como ela indagou sobre sua cicatriz e achou estranho que ela não o tivesse reconhecido.

Talvez ela seja como ele, crescida em um lar de não mágicos? Como era o termo que ele ouvira? Ah, trouxa.

“Como vai, Harry Potter?” Ouviu a voz da pessoa de que estava pensando e quase saltou fora de sua pele por causa do susto. Levantou os olhos sem perceber que os havia abaixado e encontrou os azuis escuro, tão escuro que pareciam negros, de Matrid Hellsing.

Infelizmente, qualquer chance de socialização foi perdida quando professor Snape limpou a garganta e encarou pesadamente a sala de aula, olhando nos olhos de cada aluno e aparentando estar lendo a própria alma deles.

- Matrid Hellsing -

Matrid encontrara sem problemas a sala de aula onde teria o curso de poções, depois do café da manhã, pegara a sua agenda de aulas e seguira Theo, Draco, Vincent e Gregório por entre os corredores, pronto, prático e simples.

Entraram na sala, e por falta de lugares restantes, já que a maioria da classe parecia já estar ali, Matrid fora obrigada a se separar dos outros de sua casa e a se sentar ao lado de... ah, Hermione Granger. Hermione ao notar exatamente quem estava sentada ao seu lado, fez questão de empinar o nariz e encará-la pelo canto dos olhos. Matrid retribuiu o olhar mesmo sem entender muito bem a atitude de Hermione.

Não que fosse ser obcecada com a Sonserina, nem ligava muito para as regras dadas pelos monitores, não se importava com nenhuma regra para ser verdadeiramente precisa. A única regra que se importava era a dela própria e o que quer que fosse o mais para beneficiá-la. Mas pelos olhares pontilhados que os Sonserinos estavam recebendo dos Grifinórios e vice-versa, podia deduzir que a rivalidade existente entre as duas casas iria escalar para patamares nunca antes vistos.

Quando a porta da sala abriu-se com força e violência, todos viraram-se para olhar o que acontecera e tiveram a chance de deslumbrar em primeira mão a famosa entrada espetacular e dramática do professor Snape, capa esvoaçante e tudo o mais. Novamente Matrid indagou internamente onde o professor aprendera a fazer a capa esvoaçar daquele jeito perfeito a ponto de dar a impressão de ter uma brisa invisível soprando.

Assim que seus olhos passaram sobre a sala, o rosto do professor fechou-se em irritação e ele sentou-se na mesa principal e passou a folhear alguns papeis ignorando a sala completamente. Matrid aproveitou a oportunidade de se aproximar de Harry Potter. Ainda estava curiosa alem da conta por causa da cicatriz que o garoto carregava.

Para o alivio da Dhampira, seus sentidos já estavam mais ambientizados e ela podia relaxar ligeiramente, segura de que não seria assolada por uma massa de cheiros ou sons ou sensações ou até mesmo sentimentos, que a deixariam atordoada. Ainda não estavam a 100%, mas já era um avanço, ou pelo menos estava com a vantagem acima de um ser humano normal.

E era por causa daquela pequena vantagem em seus sentidos que Matrid pode detectar o cheiro de magia negra no ar de Hogwarts, poluindo o ambiente e quase sufocando a Dhampira da primeira vez que ela detectara tal presença.

Era negra, vil, maligna e maliciosa. E se assemelhava ao cheiro da magia que carregava a cicatriz de Harry.

A única dedução a que chegava Matrid era que o ser que causara a cicatriz de Harry andava perambulando por Hogwarts sob o nariz de todos. Mas ela não tinha para quem revelar tais informações. Ainda podia dizer ao Diretor Geral, mas não confiava no velho.

E ela ignorou o fato de que não confiava em ninguém realmente. Principalmente alguém tão suspeito quando Alvo Dumbledore. Cerrou os olhos e irritou-se apenas em pensar no fato de que o diretor sabia de sua natureza, e por mais que não quisesse, temia ser usada pelo bruxo. Alvo era mais astuto do que lhe davam crédito.

Harry, tinha de se concentrar em falar com Harry, uma desculpa para chegar próximo dele e pegar o rastro de magia negra que vazava da cicatriz na testa do garoto. Empurrou os pensamentos sobre Alvo para o fundo de sua mente, iria ponderá-los mais tarde, com mais calma e tempo.

“Como vai, Harry Potter?” Cumprimentou formalmente, sem se importar em oferecer nenhum sorriso. Harry estava de cabeça baixo encarando a mesa de madeira como se fosse a coisa mais interessante do mundo, mas quando a voz de Matrid o atingiu, o garoto-que-sobreviveu olhou-a com enormes e desconfiados olhos verdes.

Professor Snape os trouxe de volta à realidade de que estavam em uma sala de aula, e Matrid voltou ao seu lugar ao lado de Hermione Granger.

“A arte de fazer poções é...” E Matrid ouviu a lição juntamente com o resto da classe, temendo ser socada a qualquer momento por Hermione, que a qualquer oportunidade levantava a mão para responder às questões.

Desnecessário falar que professor Snape não foi exatamente gentil com a garota da Grifinória. Assim como foram ditos pelos monitores, professor Severo Snape favoreceria aos seus de sua casa.

E tirava pontos da Grifinória a qualquer oportunidade, o que era um bônus adicional à montanha de pontos que Sonserina estava ganhando.

Professor Snape, de todos os alunos, parecia dar preferência à Draco Malfoy, confirmando as suspeitas anteriores de Matrid de que o professor já tinha alguma familiaridade com Draco ou possuía relações com a família do loiro.

O resto da aula transcorreu relativamente bem.

Até o almoço. Pelo menos.

- Draco Malfoy -

Draco também estava de bom humor aquele dia. Era o primeiro dia de aula e Sonserina já estava à frente de Grifinória por alguns pontos, e tudo por causa de Snape. O loiro sorriu confiante. De ambos os seus lados, Gregório e Vincent o cercavam, e juntos estavam indo até o salão principal para o almoço.

Ao chegar à mesa da Sonserina, viu que Matrid Hellsing já estava ali. Se interessara pela garota primeiro pelo sobrenome dela, mesmo sabendo ser de uma família trouxa, porem ela negara qualquer relação com Van Hellsing, e se fora sorteada na Sonserina, então a garota tinha de ser digna de Salazar, não? Deu de ombros mentalmente, deixaria de lado por hora aquele assunto.

“Não vai comer nada?” Ouviu Theodore Nott perguntar um pouco surpreso à Matrid. Nott era um personagem confuso, seu pai aconselhara a aliar-se com nomes específicos de dentro de sua casa, tais como aqueles que eram filhos de aliados de seu pai ou amigos de sua mãe, Draco não tinha nenhuma objeção, sabia que quem quer que seu aprovasse, tinha de ser de bom sangue, de boa família. 

“Não, estomago pesado” Veio a resposta de Matrid ao mesmo tempo em que Draco sentava-se ao lado dela, olhou-a de relance e a viu folheando o livro de poções. Não entendia o porquê dela fazer aquilo, visto que ela havia, sozinha, ganho metade dos pontos recebidos durante a aula por responder perfeitamente todas as perguntas de Snape. Resolveu notificá-la de sua duvida.

“Por que está estudando poções?” Perguntou com um tom só um pouco condescende, mas não ligava. Matrid inclinou a cabeça para o lado e piscou.

“Por que não?” Draco encarou-a por alguns segundos. Vendo que ele não estava satisfeito com a resposta dela, Matrid elaborou. “Conhecimento é poder” Ela deu de ombros. “Em qualquer medida, quanto mais se sabe, mais se está preparado e menos difícil de se surpreender.” Theo a olhou estranhamente, antes de assentir, tinha a expressão contemplativa.

“Faz sentido” Murmurou Theo encarando seu prato de comida. Draco piscou algumas vezes processando a resposta de Matrid e logo em seguida dando de ombros também. Ele não se importava com isso, não no momento.

“Tanto faz” Comentou Draco preenchendo seu prato com almoço. Mas ao mesmo tempo fazia questão de manter um olho em Harry Potter. O garoto o incomodava enormemente, não só por que se achava superior a Draco a ponto de negar sua amizade, mas ainda o destratara na frente de todos. O loiro cerrou os olhos acinzentados, desejando silenciosamente que Harry contraísse alguma doença e fosse internado no Sto. Mungus pelo resto do ano.

“Tem certeza de que não vai comer nada?” Draco foi tirado de seus pensamentos venenosos envolvendo Harry e um feitiço de furúnculos pela voz de Theo.

Não, estomago pesado” Matrid pronunciou cana silaba lentamente. “Mesmo” Afirmou ela fixando o olhar na testa de Theo e fazendo com que o garoto apenas assentisse.

“É que você não comeu nada ontem e nada hoje de manhã” Theo comentou “Se estiver passando mal, podemos levá-la até Madame Pomfrey, tenho certeza de que ela tem uma poção Desgastriculante” Matrid deu de ombros e sorriu para Theo. Draco observava a interação com interesse, não só por que ele estava de acordo com Theo, de que se Matrid não estava se sentindo bem, então ela deveria ir ver a enfermeira, mas também por que ela era uma possível aliada.

Err... ela já era uma aliada... Sendo da mesma casa. Mais uma vez Draco empurrou os pensamentos para o fundo de sua mente.

Matrid foi salva de uma resposta quando naquele exato momento, professor Quirrell entra no salão quase se arrastando. Ele estava pálido e parecia que iria quebra-se por qualquer coisa. Isso não evitou a onda de arrepios que subiu pelos braços de Draco. Olhando novamente para o lado, o garoto loiro teve os arrepios multiplicados. Matrid estava com o olhar fixado em Quirrell e tinha seus dentes à mostra.

Nunca havia notado antes, mas a garota tinha dentes caninos um tanto pontiagudos.

“O que foi?” Theo perguntou à Matrid quando notou a transfixação dela com o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Draco espichou o ouvido pois queria ouvir a resposta dela também, o modo como ela reagira à entrada do professor foi no mínimo alarmante àqueles que presenciaram.

“Eu não gosto dele” Anunciou ela entre os dentes, tinha as sobrancelhas unidas sobre a ponte do nariz e os olhos cerrados. Se Draco tivesse prestado atenção ainda mais ao rosto dela, veria que as narinas dela estavam tremendo levemente.

Alguns segundos se passaram e a companheira feminina deles acalmou-se o suficiente e voltou a enfiar a cara no livro. Theo a encarou por mais algum tempo antes de também voltar a comer. Draco olhou a ambos e sua atenção fixou-se em Matrid por mais tempo, tinha a mente à mil a procura do porque dela ter anunciado o desgosto ao professor se nem aula com ele tiveram ainda.

Não chegando a nenhuma conclusão, o Dragão de Má Fé apenas virou-se para seu prato de comida e deu graças à Merlin por sua mãe ter-lhe ensinado um feitiço re-aquecedor de alimentos, pois a sua já estava fria quando passou a comer novamente.

- Harry Potter -

Harry tinha os olhos largos por toda a duração do dia. Tudo que ele via era novidade e seus olhos verdes seguiam todos os detalhes de Hogwarts avidamente. Desde os fantasmas. ´Olá Nick!´ até as mínimas intricancias nas paredes de pedra. Para o garoto aquele castelo era como uma segunda dimensão, uma realidade que ainda não havia sido processada por seu cérebro.

Ao lado de Harry, Ronald Weasley saia falando quase a mil por hora sobre um pouco daquilo e um pouco disso, os tópicos variavam enormemente, desde os últimos jogadores de Quadribol a serem desqualificados... ´O que é Quadribol?´ às ultimas peripécias aprontadas por Fred e Jorge Weasley, ´Meus irmãos mais velhos... ´. Harry ouvia parte da conversa com muito interesse, principalmente quando Ronald descreveu o esporte realizado sobre uma vassoura e algo chamado xadrez bruxo. No qual aparentemente Ronald era um especialista.

“Ah, Harry, agora temos aula de que?” Perguntou Ronald à Harry, que sorria um sorriso tão largo que ameaçava partir-lhe o rosto. Estavam no salão principal, cheios depois do banquete delicioso servido no almoço.

“Não tenho certeza” Harry respondeu, seu sorriso diminuindo um pouco, Ronald apenas deu um tapa na costa do garoto e piscou.

“Não se preocupe amigo, apenas precisamos seguir o resto dos Grifinórios e acharemos nossa próxima aula” Harry voltou a sorrir e agradeceu mentalmente seu mais novo amigo. Harry era uma criança tímida, passara grande parte, se não toda a infância isolado do mundo exterior por causa dos medos que seus tios tinham pelos bruxos. Por que os Dursleys tinham esse medo, faziam questão de isolar Harry, taxá-lo como louco ou lunático, e riscá-lo de qualquer lista social existente.

Então era compreensível a hesitância de Harry, sem falar da timidez. Mas o garoto era esperto e tinha um coração bom e humilde, por isso socializar-se mesmo sem nenhuma experiência no assunto era uma tarefa não tão difícil assim, pois não tinha que seguir nenhuma regra. Talvez o único futuro obstáculo para Harry, se já não o era agora, era a fama (ou infâmia) que recebera quando ainda um bebê por aparentemente ter derrotado um bruxo todo-poderoso. Fatos cordialmente oferecidos por Ronald, e metade dos garotos Grifinórios.

“Hey, Dean! ³” Harry piscou algumas vezes e virou-se para o seu colega de dormitório, Dean Thomas.

“Ron, Harry” Dean cumprimentou. Demorara um tempo para que Harry se acostumasse com os olhares admirados de seus colegas, passara a manhã todinha tentando isso e conseguira alguns resultados com os colegas com quem tinha mais contato. “O que foi?” Perguntou Dean fixando seu olhar em Harry.

“Qual é nossa próxima aula?” Perguntou Ronald. Dean virou sua atenção para Ronald e ainda espiando Harry pelo canto dos olhos, respondeu com naturalidade e um pequeno sorriso típico do garoto escocês.

“Pela tabela com as aulas que recebemos hoje de manhã” Acentuou ele dando indiretamente uma pequena alfinetada em Harry e Ronald. “Defesa Contra as Artes das Trevas” Terminou ele, no entanto tinha uma careta agora.

“Tudo bem?” Perguntou Harry lançando sobre o colega um ar questionador e preocupado, Dean sacudiu a cabeça e disse com as sobrancelhas cerradas sobre o ponto acima de seu nariz.

“Estamos com a Sonserina de novo.” Reclamou. Logo a expressão de Ronald imitava a de Dean enquanto Harry olhava de um a outro, sem entender a priori o que se passava, mas quando aquilo ocorreu, o garoto tinha os olhos cerrados, honestamente não entendia o porquê de todos tacharem a casa de Sonserina de maligna, algo só era o que era por que alguém o fez daquele jeito, mas se o mudassem, ele não mas seria o que foi.

“Que droga! Será que todas as nossas aulas estão bichadas?” Ronald comentou com a voz carregada de irritação. Dean concordara silenciosamente, e Harry apenas assentiu pois não queria ficar de fora, mesmo discordando com o amigo e o colega. Afinal, Harry conhecera um Sonserina que pelo menos parecia decente.

Bom dia Harry” E todos se viraram para encarar a pessoa que falara com Harry.

“Bom dia” Harry respondeu ao ser que estava pensando, a Sonserina Matrid Hellsing, cuja fama também parecia espalhar-se por toda Hogwarts, mas não tão amplamente quanto a dele. Apesar de desconfiar da garota, Harry gostava dela. Como ele, ela também não crescera em uma família bruxa. Chegou àquela conclusão pelo fato dela não conhecê-lo a primeira vista, como tantos outros o fizeram, por causa da cicatriz em sua testa.

“Temos aula de Defesa juntos” Comentou Matrid falando com Harry especificadamente e ignorando os olhares quentes e irritados vindos dos outros dois Grifinórios. Harry pessoalmente não ligava, mas a rixa entre as casas poderia danificar a relação que tinha com Matrid, por mais nova e incerta que fosse.

“Infelizmente” Ronald murmurou baixinho para Dean. Harry ouviu e lutou contra a apreensão que infelizmente surgira em seus olhos. Se Matrid ouviu o comentário, ela não demonstrou, algo pelo qual Harry estava grato.

“Harry, preciso conversar com você.” A garota disse cerradamente, séria de repente. “A sós” Sublinhou encarando Ronald e Dean. Diante dos olhos como escuridão fervente, os outros garotos recuaram levemente.

“Sem chance vamos deixar Harry sozinho com uma cobra” Ronald disse firmemente, com coragem tirada do mais fino ar. Matrid fungou, nada digno de uma dama, e sorriu calmamente para Ronald.

“Se sabe o que é bom para você, Weasley, sugiro parar de se meter em assuntos que não lhe dizem respeito” Ronald piscou nervoso e deu um passo quase imperceptível para de trás de Dean, que tinha os olhos arregalados, assim como Harry. “Sua presença é, infelizmente, desnecessária” Adicionou ela cerrando os olhos e juntando as sobrancelhas.

Julgando que a discussão passara dos limites e temendo uma briga mais séria entre Ronald, Dean e Matrid, Harry juntou toda sua força de vontade e segurou a manga da capa de Matrid, a puxando junto de si enquanto saia de perto dos Grifinórios.

“Desculpe por eles” Harry pediu um pouco incerto se deveria estar se desculpando ou não “O que foi que você queria falar comigo?” Perguntou, e recebeu a resposta.

“Professor Quirrel, fique longe dele Harry, o maximo possível” Harry queria perguntar o por que daquele aviso, mas ante ao olhar intenso que Matrid jogava em sua direção, mudou de idéia e fechou a boca, teria muito tempo para ponderar o aviso que a Sonserina lhe dera, muito tempo. “Vamos indo então, a aula está prestes a começar” Sorriu a garota de verde e prata, enlaçando o braço de Harry nos seus e o puxando juntamente a si até a sala de aula de Defesa.

Se alguém achou estranha a diferença de altura entre os dois, ninguém comentou nada.

Matrid ainda era uma das mais altas entre os primeiristas e Harry um dos mais baixos.

- Severus Snape- Fim do dia -

“Faça-me o favor de dizer Hellsing” A voz arrastada do professor estava carregada de malicia, os olhos negros faiscavam enraivecidamente e o cabelo negro e escorrido refletia a luz omnia das tochas pregadas nas paredes. “Como você, sozinha, conseguiu reduzir os pontos de nossa casa em 100, nos deixando, no primeiro dia, atrás da Lufa-lufa, e ainda por cima com mais duas detenções?” Ao que a garota, nem um pouco afetada pelas técnicas de intimidação do professor de poções, respondeu.

“Eu não gosto de Quirrel, não confio nele” Severus cerrou os olhos, não iria contar, de jeito nenhum a sua jovem pupila que sentia o mesmo em relação à Quirrel, pois a sua Marca Negra pulsava, mesmo que fracamente quando estava próximo do professor.

“Já estou ciente” Disse professor Snape secamente, lembrando-se de que no decorrer do dia, fora testemunha dos abusos verbais que a novata Sonserina dispusera no obtuso professor de Devesa contra as artes negras. “No entanto, o que tem haver o seu desgosto por Quirrel, o fato de que você, repito usando suas próprias palavras – se recusa a ser vitima de violações morais e hipócritas por parte do professor de Trato de Criaturas Magicas – Hmm?” Matrid encarou o professor e com base na expressão facial dele, formulou a resposta mais cuidadosa possível.

Severus percebeu mas não comentou nada, queria ver o que a garota Hellsing estava tramando.

“Ele estava difamando os vampiros” Iniciou a menina, fazendo com que uma sobrancelha negra se erguesse. “dizendo o quão eram a espécie de criatura negra mais baixa na escala e blá blá blá” Matrid cerrou os dentes. “E ficava olhando para mim, a aula inteira, como se subestimando a minha famíliaMais especificadamente o seu ancestral, pensou Severus agora com uma pequena luz de entendimento na questão do mau comportamento de uma das alunas mais proeminentes em sua aula.

Granger não contava pois era Grifinória.

Enfim, o professor de poções encarou sua pupila por um longo tempo, antes de suspirar cansado e mencionar com as mãos para que ela se levantasse de frente à mesa de seu escritório.

“Seus motivos não me interessam, no entanto a sua performance sim, engula o orgulho e erga a cabeça pelo bem da nossa casa” Disse o professor não tirando seus olhos negros dos azuis tão negros quanto, da garota. “E enquanto à Quirrel, se quiser confrontá-lo, o faça mas sem testemunhas” Adicionou com um sorriso maquiavélico que apenas um outro Sonserino entenderia.

Matrid entendeu e devolveu o sorriso.

“Entendido professor” Respondeu, porem antes que pudesse sair do escritório do professor, Severus falou baixo mas intimidantemente.

“Se amanha não recuperar pelo menos metade dos pontos que nos fez perder, terá detenção comigo todas as sexta feiras” Matrid assentiu, e com uma pernada estava fora do escritório. Severus suspirou. “Muddie!”

Minuto seguinte, um elfo doméstico pequeno e magricela chamado Muddie estava de frente a Severus com uma bandeja e uma taça de Whisky de Fogo.

Ele precisava depois do longo dia.

- Gêmeos Weasley-

Duas figuras podiam ser vistas com as cabeças unidas no meio do salão comunal da Grifinória, todos os leões vermelhos e dourados, que valorizavam a sua integridade, passavam pelas duas figuras em um raio de pelo menos dez metros. Afinal, aqueles eram os responsáveis por deixar a barba de Dumbledore colorida como um arco-íris durante a ultima semana do ano, ano passado.

Quem tinha bom senso, passava longe deles. Por medo de ser vitima de mais uma pegadinha.

“Fred” cumprimentou um.

“George” cumprimentou outro.

“Temos um problema” o outro assentiu.

“Temos sim” esse assentiu também.

“Alguém nos superou hoje, Fred”

“Duas, DUAS detenções no primeiro dia! George”

“Temos de combater essa nova ameaça Fred”

Com fogo” “Com fogo” Disseram ao mesmo tempo.

Os dois riram malignamente fazendo com que os outros leões esquecessem sua coragem e dartassem a correr do salão comunal. Os gêmeos Weasley estavam ativos este ano também.

notas:
¹ - Passei a tarde toda tentando lembrar da tradução da palavra “prefect”, da versão em inglês, procurei no Wikipédia, e descobri coisas interessantes :) aconselho a quem quiser aprender mais, anyway, finalmente me lembrei a bendita palavra XD é monitor...
² - Abside é um termo usado arquitetonicamente para denominar a extensão feita na planta basílical romana que acolhe o altar da Igreja Cristã durante o inicio da idade média, das absides também passaram a derivar as absidíolas, nichos que eram usados para expor as relíquias durante o período do paleo cristianismo, na a idade media com o aumento das peregrinações cristãs. Também demorou um pouco para que eu viesse com a idéia de chamar o meu mumbo-jumbo do dormitório da Sonserina de abside, acho que eu to obcecada com historia da arte xD
³ - Eu não lembro se o nome dele fica Dean ou se muda na tradução ao português, ou se seria aquele outro colega de quarto deles... eu esqueci o nome dele também :x

 


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