We Survived escrita por ShadowMurderer
Notas iniciais do capítulo
Chorei horrores escrevendo essa fanfic e espero de todo coração que eu não seja a única! kkkkkkkkkk
O.K, espero que gostem!
Continuo andando pela grama verde, o buquê de flores na minha mão, a familiar dor em meu peito.
Não me importo com o fato de que o céu parece prestes a desabar sobre minha cabeça, nem que minhas roupas molhadas da chuva estão grudadas em meu corpo, ou até mesmo que meu cabelo está um emaranhado de cachos achatados e molhados contra minha cabeça, vários fios grudados na testa. Não me importo com nada. E sabem por quê?
Por que perdi a pessoa que mais amo.
Isso foi há anos, é verdade, mas não é algo que se esquece. Esquecer sua alma gêmea é como esquecer o próprio braço, ou perna, talvez até a cabeça. É esquecer... Tudo.
E só assim para que eu possa esquecê-la, só perdendo completamente minha memória posso esquecer o que vivemos, o que sofremos, nossos risos, choros, nossas noites, nosso amor. Talvez nem assim funcione.
Minha mão vai automaticamente para meus cabelos e puxo alguns fios. O choque da dor física me permite respirar novamente, a dor que me corrói por dentro momentaneamente sendo esquecida.
Às vezes eu penso que seria bom esquecer, talvez, se me visse agora, ela me diria para esquecer. Mas como? Como esqueço tudo isso?
Respiro fundo, tentando me recompor. Olho para o céu tempestuoso, um céu que me lembra ela. Ela era como o céu, imprevisível, às vezes tão completamente destrutiva, às vezes incrivelmente serena...
Ouço passos atrás de mim e viro-me, assentindo para os meus dois companheiros na dor.
Eles sentem o mesmo que eu, sabem o que a imortalidade pode causar, o quão incrível e ao mesmo tempo destrutível pode ser viver pela eternidade.
– Jasmins? – indaga o que está na frente.
– Decidi mudar esse ano. Ela não gostaria de receber sempre as mesmas flores – respondo.
A mulher sorri, o rosto jovem mal capaz de manter esse pequeno gesto.
– Vamos – sussurra.
Andamos pela grama, a chuva me ensopando, eles protegidos por um guarda-chuva preto. Os dois trazem buquês, ela de rosas pálidas, ele de violetas.
Paramos em frente aos túmulos.
Encaro o nome escrito na lápide, as lágrimas já não mais vêm. Tudo o que consigo fazer é encarar. Acho que se me mover vou quebrar-me, desabar e chorar feito um bebê. Todos os anos tenho esse sentimento. Eu já deveria estar acostumado, sempre acho que estou.
Então, quando encaro novamente a lápide, sinto tudo outra vez e sou pego de surpresa. Nunca muda.
O homem fica do lado da jovem, segurando-lhe a mão enquanto ela chora em frente a duas lápides. Dois dos meus amigos, assim como seus descendentes, estão em uma daquelas lápides.
Aliás, todos com quem me importei estão neste lugar cheio de lápides, exceto pelos meus dois amigos, companheiros da eternidade, assim como eu.
É tão estranho, ver o modo como as pessoas vêm ao mundo e vão embora, quase a cada piscada minha. Eu as observo envelhecerem, morrerem, virarem poeira ao vento, até que quaisquer vestígios de suas existências deixem de existir.
É horrível, mas acho que já me acostumei.
Tessa Gray assente para o rapaz ao seu lado. Este lhe aperta novamente a mão e vem para o meu lado.
Encaro Magnus Bane, que parece tão perdido quanto eu.
Mas desta vez algo está diferente. Talvez seja o fato de termos mudado as flores, ou qualquer coisa. Hoje não queremos nos manter calados.
– Não se passa um dia sem que eu me arrependa de não ter me livrado da imortalidade. Eu encontrei minha outra metade, o amor da minha existência, e acabei o entregando para a morte. Pela primeira vez na minha vida, sinto que não posso mais amar: todo o meu coração sempre foi e sempre será de Alexander Gideon Lightwood, o nephilim mais idiota e ciumento que já conheci. – Ele sorri e, pelo brilho em seus olhos felinos, eu sei que a água que escorre pelo seu rosto está misturada a lágrimas. – Você deve me odiar, não é, Simon? Eu tinha a chance de me livrar disso, morrer junto a ele, mas ao invés fui orgulhoso demais. E você, que tenho certeza que trocaria sua imortalidade para descansar ao lado de Isabelle, não pôde fazê-lo.
Suspiro, as lágrimas finalmente vindo à tona.
– Não julgo você, Magnus. Confesso que já o invejei, o odiei. Mas tudo isso não tinha fundamento. Você fez o que quis. Simplesmente não é certo julgá-lo e eu não o faço, não mais.
Sua mão bagunça meus cabelos.
– Eu sou bem mais velho que você, no entanto você é o mais sábio daqui. – Magnus suspira. – Às vezes simplesmente não... aguento. A dor é maior que qualquer coisa. Eu olho para o céu e lembro-me dos olhos de Alec, observo os pássaros e lembro-me do modo que ele era habilidoso, vejo livros e lembro que ele amava ler, viajo e me recordo das vezes que viajamos juntos e quando seus olhos brilhavam ao encararem as coisas desconhecidas. Eu o vejo em tudo. Parece mais do que consigo suportar.
– Eu sei como se sente – murmuro, encarando o nome Lightwood. – Isabelle me marcou de tal forma que não consigo esquecê-la. Daria qualquer coisa para tê-la outra vez. Sinto saudades dela mais do que de Clary, e isso lhe diz o suficiente.
– Eu os amava mais do que tudo, e perdi os dois – diz Tessa. – Uma vez me disseram que tive sorte por encontrar o verdadeiro amor duas vezes na vida. Mas é realmente sorte? Encontrá-los e perdê-los?
Magnus balança a cabeça.
– Antigamente, minha amiga, eu lhe diria que sim, hoje não sei mais, porque sinto a dor que você sente, finalmente. É uma dor que não desejaria ao meu pior inimigo.
Olho aos dois. Seus rostos refletem a mesma expressão que provavelmente está no meu.
– Eu acho que é sorte, sim. Magnus, como seria sua vida agora se você não tivesse conhecido Alec? Não teria tanta dor, é verdade, mas você gostaria de esquecê-lo, realmente? Por que eu, apesar de toda a dor, não quero esquecer. Às vezes penso, sim, nisso, penso que seria mais fácil, mas não é assim que funcionam as coisas. Eu não trocaria minhas lembranças com a Izzy por nada. Um amor como esse nos marca para sempre! É doloroso? Sim, é! Mas o amor sempre o é, certo?
– Magnus está certo – murmura Tess. – Você realmente é o mais sábio de nós e tem toda a razão. Não trocaria o amor que sinto por nada nesse mundo.
– Alec faz parte de mim. Esquecê-lo seria... seria perder-me – concorda Magnus.
Vou em direção a lápide dos Herondale e dou algumas palavras à Jace, Clary e seus descendentes.
Volto para a lápide Lightwood, onde Magnus já pousou as suas flores.
Me abaixo, aquele sobrenome bem em frente ao meu rosto.
– Eu amo você, Iz, e sempre amarei.
E assim Tess, Magnus e eu saímos dali. O dia foi suportado, a dor agora era bem recebida.
E nós sobrevivemos, um dia de cada vez, pela eternidade, nunca esquecendo os mortos, sempre celebrando pelos vivos, e jamais esquecendo o que aprendemos: amar é assistir alguém morrer.
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Mandem reviews, nem que seja pra me xingarem kkkkkkkkkkGostaram? O que sentiram enquanto liam? RESPONDAM, obrigada, de nada.