Quem diria que eu estaria num momento desses em Oakland. Ah, a doce Oakland. Califórnia, eu te amo. Eu havia combinado de encontrar minha antiga amiga Holly num pequeno parque de diversões, perto da praia. O parque não estava muito movimentado, se quer saber. Era um dia chuvoso e frio em Oakland e eu aqui, Julie Doyle, estava com as pernas de fora. Eu não quis dizer que estava sem calças, por que eu estava usando shorts, que não são muito longos, por sinal. Mas isso não vem ao caso.

Eram 2 e meia da tarde e a otária da Holly estava atrasada. O que me restou foi sentar num banquinho meio úmido que tinha uma visão bonita para o mar. Caralho, ela estava demorando. Eu estava exausta, tem uns três meses desde que estou vivendo na estrada. Isso aí, fugi de casa. Pode parecer coisa de filme, como se eu fosse a "adolescente rebelde e revoltada" ou toda essa babaquice. Mas não é. Ah... foda-se! Talvez seja. Mas eu juro, juro que não aguentava mais ficar naquela casa. O namorado da minha mãe a largou e a única coisa que ela sabe fazer é me encher o saco. Eu não tenho culpa que a velha tomou um pé na bunda. Quer dizer, sim, ela é minha mãe mas desde que meu pai foi embora não temos uma relação boa. Ela não se importa comigo. Em casa, não conversamos, ela só abre a boca pra gritar ou pedir pra eu comprar bebida pra ela. Já discutimos várias e várias vezes e essa rotina monótona me deixa enjoada. Pois então, numa bela segunda-feira, mamãe acordou cedo e foi trabalhar e deixou um bilhete dizendo "Julie, não esqueça as suas chaves." Peguei minhas roupas e violão e fui para o meu carro que papai me comprou de aniversário de 16 anos. Em vez de ir pra escola, tomei rumo à estrada. Antes minha casa era no Arizona. Mas praticamente venho morado em motéis ou no meu próprio carro. Eu juro, está sendo divertido!

Encarar meus pés balançando é realmente muito divertido. Cansada de esperar por Holly, me levantei do banquinho fajuto e resolvi comprar milkshake. Saindo da lanchonete, eu finalmente avistei a minha ruiva californiana preferida.

- Julie, sua puta! - Holly estava pendurada nos ombros de dois garotos de cabelos tingidos que não paravam de rir. Chapados, estavam chapados. Do lado deles, havia outro garoto com um cigarro entre os lábios. Não sei se o fato do modo dele fumar era o que o deixava sexy, ou era o olhar. Meu deus, que cara bonito. Como os outros dois garotos, também tinha o cabelo tingido de loiro. Não sei se é certo dizer "loiro", por que tá mais pra amarelo, pra ser sincera. E os olhos, ah os olhos. Eram verdes bem penetrantestipo, aquela pedra, malaquita. Os meus olhos encontraram com os deles e foi aí que eu percebi que ele havia me encarado de cima a baixo. Eu meio que corei, mas acabei gostando de receber uma atenção dessas. Se é que você me entende.

- Holly! Também senti sua falta. - Os garotos desgrudaram dela e eu corri para um abraço. Ela estava cheirando à vodka e nicotina.

Talvez eu passe mais tempo em Oakland...