Intense.{ HIATUS } escrita por LittleLiar


Capítulo 5
Parte 1 - Uma grande, grande noite.


Notas iniciais do capítulo

Quase 5.000 palavras e teria mais, se eu não tivesse resolvido fazer dois capítulos.
Falo com vocês depois.



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31 de dezembro as 17:00

P.E.

5 Novas Mensagens Katniss Everdeen:

*Não estou me desculpando por ontem. Você também pegou pesado. Quero saber se está mesmo de pé a Times hoje.

*Tá. Estou me desculpando sim. Eu fui implicante.

* Você deveria me responder sabia?

* Aposto que você e Finnick estenderam a noite até a onde deu. Acorde e me responda. Acho que sua irmã hibernou.

* Tchau Peeta. Da próxima vez eu não vou me importar com você.

Acordei com uma ligação de Annie, mas não a tempo de atendê-la. Olhei para o relógio e não me assustei com horário, eu ainda poderia me arrumar tranqüilo. Dei uma lida em cada uma das mensagens de Katniss e sorri. Catei meus chinelos perto da porta e uma toalha em meu guarda roupa. Peguei meu celular de cima da cama e fiz uma nota mental de mandar mensagem para Annie assim que saísse do banho. Falaria com a Katniss pessoalmente.

A bruxinha deveria estar preocupada comigo,mas não deveria. Minha irmã sabe muito bem que eu tenho dificuldades para dormir. Normalmente durante a madrugada eu costumo ler, escrever e principalmente desenhar. É talvez o único momento do dia que Nova York parece diminuir sua velocidade, os barulhos dos carros parecem mais distantes, as luzes parecem diminuir seu brilho e minha criatividade parece aflorar. Logo que eu desenvolvi essa chamada “mania noturna”, lá pelos meus 12 anos, meu pai pediu a um medico para me receitar algo para dormir. Ele achava que eu estava desenvolvendo algum problema mental ou algo do tipo. Velho ridículo. Minha mãe foi contra, claro. E essa mania esta comigo ate hoje.

Enrolei a toalha na cintura e saí do lavabo sem me preocupar enquanto atravessava o corredor. A Constance estava quase vazia, aquele lado do prédio só tinha dormitórios masculinos e eu definitivamente não devia mais nada pra ninguém. Travei no meio do corredor, finalmente me dando conta da minha solterisse. Desde que terminei com Delly, eu havia apenas ficado com raiva e magoado. Agora eu me sentia aliviado. Poderia até se dizer que eu estava feliz. Com as mensagens de Katniss essa manhã, quem não ficaria?

Voltei ao meu caminho, entrando no quarto e abrindo meu guarda roupa para escolher uma roupa. Jeans preto, meu velho coturno de guerra, luvas de couro, cachecol e casaco térmico, ambos pretos. Optei em vestir uma camisa de mangas e outro casaco, por debaixo do térmico, os dois em na cor branca. Sorri ao lembrar de ouvir Cinna e minha mãe conversarem sobre o que as cores traziam a roupa. Não lembrava o que branco significava, mas poderia apostar que era calmaria, pelo menos era assim que eu me sentia. Terminei de me arrumar passando meu perfume de sempre e um pouco de gel no cabelo.

Avisei a Annie, via mensagem que logo estaria a caminho e resolvi que antes de sair de casa ligaria para minha mãe e assim eu fiz, desejando a ela e Cinna um ótimo Ano Novo e recebendo recomendações dos dois para eu ter juízo nas comemorações. Como não perguntaram por Annie deduzi que já haviam falado com a mesma. Logo em seguida liguei para meus avôs maternos. Decidi que ligaria para meu padrinho quando estivesse na companhia de Annie, e que apenas mandaria uma mensagem para Snow.

Peguei minha carteira, e zarpei para fora da Constance rezando para conseguir um taxi. A essa altura a cidade estaria toda nas ruas e os taxis provavelmente deveriam estar quase todos ocupados. Decidi que um dos meus projetos para esse ano com certeza era um carro. Quase decidir ir a pé, depois de quase 10 minutos esperando. O transito com certeza estava horrível. E o frio também, o que estava ficando esquisito e incomum, o frio não era tão cruel assim normalmente. Mas graças ao bom Deus uma senhora parou do outro lado da rua descendo do taxi, e eu claro que corri para pegar o mesmo. É definitivamente eu preciso de um carro.

(...)

O apartamento de Katniss era de luxo, algo que eu já esperava. Havia um porteiro jovem, que ao me ver na entrada do prédio apenas acenou para mim e me deixou passar. Aposto que Katniss avisou que um cara loiro de olhos azuis iria aparecer por aqui esse horário, ou simplesmente a segurança era ridícula. Mais tarde perguntaria a Katniss sobre isso.

Peguei o elevador e apertei o botão do oitavo andar. Ao chegar me deparei com um corredor médio com quatro portas. Decidir mandar mensagem para Katniss abrir a porta para mim. A ultima porta do lado esquerdo se abre, relevando Katniss e minha irmã vestidas em roupões cor de rosa, cada uma com uma toalha na cabeça. Mulheres.

Ao entrar, passei pelo hall de entrada, que tinha as paredes todas revertidas em um papel de parede estampado em tons claros de rosa. Logo notei uma mesinha encostada na parede com a mesma estampa da parede, mas ao contrario da mesma, essa continha tons de um rosa forte. Dando um contraste legal, havia dois abajures todos pretos, o que me fazia imaginar o efeito legal em que eles ficavam quando ligados. Notei também um espelho médio de moldura transparente, um cabideiro de cor preta, próximo a mesa e que na mesma havia alguns envelopes e chaves. Sorri com uma pontada de crueldade, imaginado que se essa era a decoração do hall a casa deveria ser mais feminina ainda. Era hilário pensar em Finnick morando em um local assim.

Fui conduzido a uma sala com um grande sofá branco com almofadas na cor preta. Ao meu lado esquerdo, uma grande cortina de um tecido também branco, cobria o que eu pensava ser a vidraça que levava a varanda. Na minha frente, uma grande televisão de LED, vi um rack de madeira em que se estava apoiado um dois videogames e um aparelho de DVD. Minha idéia de casa cor de rosa da Barbie se esvaiu rapidamente.

Annie me deu um beijinho no rosto, falou que logo voltaria para ligarmos para Haymitch, meu padrinho. Tirando a toalha do cabelo passou por mim e entrou rapidamente em um corredor murmurando algo sobre ter que secar os cabelos. Katniss passou por mim e sumiu sem dizer nada em outro corredor a esquerda, paralelo ao corredor do hall de entrada, e voltou com uma taça, uma garrafa de vinho do Porto em mãos e um sorrisinho.

– Oi Peeta.

– Oi Katniss. – eu disse sorrindo.

– É um dos meus preferidos – ela disse apontando a garrafa para mim e servindo um pouco do vinho na taça, tomando um gole e me oferecendo logo em seguida. Eu apenas coloquei a taça em cima da mesinha de centro, que ate agora passara despercebida por mim, e me aproximei de Katniss.

– Peço também as minhas desculpas por ontem. Eu estava irritado com algumas coisas o que contribuiu nas minhas provocações e diminuiu minha tolerância as sua. Mas só aceito suas desculpas se você for minha acompanhante essa noite.

Ela pareceu corar, mas não tive certeza, então ela olhou para mim e fazendo charme respondeu:

– Tudo bem, mas só porque minhas outras opções não querem ir a Times comigo.

– Há! Conta outra Katniss, sou a melhor opção da sua vida – eu disse piscando e retomando o clima de descontração que pareceu existir em nos desde que nos conhecemos.

Ela apenas me deu de ombros, provavelmente com preguiça de provocar, deu as costas e saiu, naquele seu jeito de andar que parece que ela está desfilando, como uma modelo de passarela.

Sentei-me no sofá, e vi um bloco de papel e algumas canetas em um suporte da mesinha de centro. Percebi, agradecido, que pelo menos teria algo para fazer. Meus dedos logo procuraram uma caneta preta e comecei meus primeiros esboços no papel. Quando percebi, estava desenhando uma menina de gorro e cabelos longos, sentada, com uma taça de vinho na mão. Katniss Everdeen na noite em que eu a conheci. Dei um meio sorriso para o bloco, e virando a folha me concentrei em uma outra idéia que passou-me pela cabeça e enterrando-me em meus pensamentos sobre uma certa garota, comecei outro desenho, dessa vez sobre dias frios.

31 de Dezembro as 19:00

A.M.

Katniss Everdeen operava milagres. Eu estava linda.

Meu vestido era um claro na cor creme, com algumas rendas na parte de cima, de um tecido que me parecia um tanto leve demais para o frio que estávamos enfrentando. Sua manga ia ate a altura de meus cotovelos. Eu usava uma meia calça de uma malha quente, mas ao mesmo tempo clara, em um tom fraco de marrom. Complementei a produção que Katniss fez em mim com uma jaqueta de lavagem clara e mangas cumpridas que eu achei no closet de minha amiga. Meu coturno preto contrastava com as cores claras do resto do meu look. Meu cabelo estava semi-preso por duas trancinhas e eu usava um brinco lindo de penas. Minha maquiagem era o mais natural possível, e eu agradeci mentalmente Katniss por isso.

Estava passando mais uma camada de rimel, que fazia com que meus olhos verdes se destacassem ainda mais quando Katniss saiu do banheiro, já praticamente pronta.

Ela usava um vestido na cor roxa, que ficava lindo em sua pele incrivelmente pálida. Seu vestido tinha um recorte nas costas e era de manga curta, chegando a aproximadamente a um palmo e meio acima de seus joelhos. A meia calça que ela usava era preta, e seus sapatos eram de salto, fechados e de camurça marrom. Seus cabelos estavam presos em um coque elaborado que eu nunca conseguiria fazer, e seus olhos estavam bem marcados destacando suas belíssimas orbes cinza.

Ela parou ao meu lado e pegou um frasco de perfume, Chanel Nº 5. O mesmo que eu uso, e que minha mãe usava. Sorri com essa coincidência e comentei com Katniss, que me abraçou e sussurrou em meu ouvido:

– Hoje é tudo nosso amiga.

Meu sorriso abriu mais ainda.

Enquanto dávamos os últimos retoques em nossa maquiagem, ouvimos uma movimentação vinda da sala, Katniss apenas deu de ombros e apenas murmurou um inaudível “Finnick.”

Quando nós fomos apresentados ontem, eu tive a impressão de que se eu ficasse olhando para ele eu seria capaz de babar. O evitei a todo custo, como forma de proteção de minha própria mente fértil. Eu sei que eu seria capaz de fantasiar apenas com um olhar seu, o que eu não digo que não aconteceu. Ele parecia um príncipe, tamanha sua beleza. Que chances uma patinho feio, como eu, teria com ele que provavelmente teria todas as mulheres de Manhattan aos seus pés?

No mesmo momento que o vi, tratei de me auto-vacinar contra ele.

Mas o olhar que ele me deu quando nos conhecemos não passou despercebido por Katniss, e no taxi mesmo ela entoou uma conversa sobre como eu e Finnick ficaríamos bonitos juntos e blá-blá-blá. Às vezes Katniss age como uma adolescente de 14 anos, o que é hilário.

Ontem à noite nos apenas assistimos a alguns filmes,fofocamos , comemos brigadeiro e fizemos nossas próprias unhas, já que eu consegui convencer a Katniss que seria loucura ir atrás de manicures àquela hora. Apesar de eu ter a leve impressão de que provavelmente nós as acharíamos afinal isso é Nova York, baby.

Quando decidi que já bastava de retoques e ultimas olhadinhas no espelho, convenci a mim mesma de que eu tinha coragem e autoconfiança suficiente para ir para sala e encarar os meninos. Comuniquei que estava saindo a Katniss e ela que estava decidindo entre dois brincos apenas disse que logo estava indo ao nosso encontro. Acenti e deixe seu quarto com passos curtos e lentos.

Estava chegando ao fim do corredor e já ouvia as vozes de Peeta e Finnick um tanto animadas. Era engraçado pensar que ate ontem à tarde Peeta o ignorara. Minha mente divagava em uma resposta para como a amizade deles fluiu rápido e eu logo tinha a conclusão de que talvez o futebol e a cerveja tenham ajudado.

Quando eu cheguei à sala encontrei um Peeta sentado no mesmo lugar onde eu o tinha visto anteriormente, com um bloco em seu colo, e pela primeira vez no dia vi como ele estava vestido: cores claras realçando seus olhos azuis. Eu não pude de notar como meu irmão era bonito, bem mais que eu. E sorri pensando que Delly o havia perdido. Afastei logo esse pensamento, pois hoje a noite era das boas vibrações e Dellyah estava longe de ser uma boa vibração.

Logo notei que Finnick estava sentado na outra ponta do sofá. Ele vestia uma calça jeans escura e uma blusa social azul claro. Seus cabelos novamente estavam bem alinhados, e ele usava sapatênis na cor preta. Um casaco de couro estava pousado ao seu lado. Ele estava de tirar o fôlego. Novidade.

Nenhum dos dois olhava para mim então bati meu sapato com um pouco mais de força, atraindo a atenção dos dois, que olharam para mim ao mesmo tempo.

– Acho que ano que vem eu não posso mais te chamar de bruxinha, já que você vai começá-lo igual a uma princesa – Peeta brincou comigo.

– Oi Peet, oi Finnick – eu finalmente disse acenando de leve para eles.

Finnick, que ate então estava me olhando sem dizer nada, pirragueou e olhou para meu irmão dizendo:

– Se você me permitir Peeta, eu queria dizer que sua irmã está mais gata que ontem.

Nem preciso dizer que eu quase me enterrei de tão envergonhada.

– Minha irmã esta sempre gata Finnick, vai se acostumando, essa minha beleza aqui é de família mesmo. – meu irmão disse em tom de divertimento apontando primeiramente para mim e depois para ele mesmo e finalmente encerrando com uma piscadela.

– Bom gente, a irmã do Peeta esta aqui. Então parem de falar como se ela não estive. – eu disse querendo encerrar logo esse assunto.

Os dois caras na minha frente deram uma risada divertida me fazendo instantaneamente formar um biquinho e cruzar os braços, numa atitude considerável infantil. Apenas apertei o passo para me sentar no sofá.

Peeta voltou sua atenção ao bloco de folhas, se isolando em seu mundinho particular. Eu apenas sentei e cruzei as pernas assobiando uma canção.

Lately, I've been, I've been losing sleep Dreaming about the things that we could be But baby, I've been, I've been praying hard Sitting, no more counting dollars We'll be counting stars **

Percebi que Finnick estava cantando a musica e eu estava assobiando, a voz dele rouca e eu, posso afirmar que ele arranhava nas notas. Parei bruscamente e ele também, então eu voltei e ele voltou a cantar. Olhei para ele e o mesmo só me deu um sorrisinho de lado. Comecei então a assobiar outra m

– Oh, I beg you: can I follow? Oh, I ask you: why not always? Be the ocean, where I unravel Be my only, be the water and I'm wading You're my river running high, run deep, run wild ***

Ele cantou novamente, para minha irritação. Eu então comecei o refrão de outra canção que eu jurava que ele não conhecia.

You're all that matters to me Yeah yeah, ain't worried about nobody else If it ain't you, I ain't myself You make me complete You're all that matters to me

– Pô Ann, tu fez o cara cantar Justin Biber. – Peeta comentou, sem realmente tirar a concentração do desenho, fazendo Finnick dar uma risada gostosa ao meu lado. Eu por impulso bati na perna dele, me arrependendo logo depois do contato físico. Não tínhamos intimidade para isso.

– Desculpe-me – eu murmurei.

– Não tem problema algum Annie Marie Mellark Cresta – ele disse usando meu nome completo, o que me faz pensar que Peeta e ele conversaram ao menos um pouco sobre mim.

Não tive tempo de responder, pois uma Katniss maravilhosa entrou na sala, com aquele seu jeito Eu desfilo enquanto ando e nem percebo isso, com duas bolsas a tira colo. Logo eu percebi que uma era pra mim. Levantei-me com os olhares de Finnick sobre mim. Peeta estava concentrado em admirar Katniss.

Eu boto muita fé nesses dois.

– Finnick – eu chamei sem ter muita certeza do que eu estava fazendo.

– Annie Marie – ele respondeu sorrindo, talvez por ser a primeira vez em que eu realmente puxava um papo com ele. Respirei fundo, engolindo em seco e criando coragem. Céus. Como eu posso ser tããããão tímida?

– O que você acha de me ajudar a fazer um café? – eu perguntei a primeira coisa que me veio à cabeça, na cara de pau mesmo. Finnick me olhava tentando decifrar-me e Katniss e Peeta apenas fizeram uma careta, quase que sincronizada, quando ouvirama palavra café. Eu apenas fixei meu olhar em Finnick e disfarcadamente apontei para Katniss e Peeta, que estavam sentados lado a lado. O garoto bronzeado apenas assentiu em silencio e se levantou.

– Você não se importa não é Katniss? – eu perguntei, mesmo sabendo que ela não se importava.

– Claro que não Ann, eu mesmo ofereceria, mas você sabe. Sou péssima na cozinha – ela disse dando de ombros.

– A bruxinha só não sabe cozinhar mais que eu Kat – Peeta disse.

– Mas com certeza eu sou bem mais modesta. – eu disse arrancando risada dos outros três.

– Vamos Finnick. – eu disse puxando sua mão. Sem pensar muito no que eu estava fazendo.

Eu estava colocando a água para ferver quando ele finalmente se pronunciou, fazendo-me virar em sua direção.

– Você também percebeu não foi? – ele disse, fitando-me com olhos de um tom de verde, que diferentes dos meus, eram levemente azulados.

– Se você esta falando de Peeta e Katniss, então sim, eu percebi. – eu disse, voltando minha atenção ao meu trabalho quebrando nosso contato visual, mas continuei a falar. – Mas eles ainda não. Peeta acabou de sair de um péssimo relacionamento, e Katniss acabou de terminar um também. Acho que vai demorar um pouco ate que eles realmente comecem algo.

– Foi isso que eu pensei, mas você não acha melhor nós...

– Nos metermos e dar aquele empurrãozinho? – eu o interrompi. – Não eu não acho Finnick. Acho que você já percebeu que meu irmão é meio antiquado pra certas coisas, e que Katniss é bem independente. Não vai ser nada legal a gente não respeitar o tempo deles. – eu disse virando-me novamente em sua direção.

– Então sem interrupções? – ele perguntou tentando entender meu pensamento.

– Sem interrupções.

Eu estava servindo o café em uma chaleira branca e arrumando quatro xícaras em uma bandeja apenas por educação, pois eu sabia que Katniss e Peeta, que dividiam uma estranha repulsa por café nem ao menos se serviriam.

Eu poderia tomar muito bem o café aqui mesmo na cozinha, com Finnick. Mas não queria ficar um minuto a mais com ele aqui, me olhando. Ele ainda era um semi-desconhecido para mim, e com minha timidez isso iria demorar a mudar. Com Katniss foi fácil, ela era desinibida, incrivelmente bonita, antenada no mundo, sociável e independente. Tudo o que eu queria ser, alem disso ela era uma garota. Finnick até poderia parecer com Katniss, mas ele é homem e desde que me entendo por gente eu fico nervosa com pessoas do outro sexo. Tirando Peeta, meu primo Cato, meu pai, meu padrinho e Cinna. Mesmo durante a minha fase “amiga de Johanna Mason” eu era tímida e não falava com muita gente.

Estava erguendo a bandeja do balcão quando Finnick tocou em meus braços me impedindo, eu apenas dei de ombros enquanto ele dobrava as mangas de sua camisa e levantava a bandeja. Suspirei aliviada já que minha coordenação motora, café e esse vestido belíssimo com certeza não combinavam.
– Obrigada, era capaz de eu cair e me sujar toda. – eu disse baixinho.

– Sem duvidas seria um desperdício você ter que se trocar. Já disse e vou repetir: você ficou incrível hoje. – ele disse de costas para mim e eu dei graças por ele não me vir corar.

Depois de tomarmos o café estávamos prontos para encara a multidão da Times. Peeta e suas idéias, aposto que ela disse a primeira coisa que passou por sua cabeça. Mas tenho que reconhecer: estava animada para ver a bola cair a meia noite.

Lembrei-me logo das viradas do ano em que meus pais ainda estavam casados. Sempre íamos a alguma festa na casa de algum amigo político de papai, ou então ele mesmo promovia um baile. Suas festas até hoje são caríssimas e de gala, era bem a cara dele, esbanjar, estilo esse que tenho certeza que nem eu nem Peeta herdamos dele. Lembrei-me que nesse instante ele deve estar se arrumando para ir com a nova namorada a uma festa, a qual ele comentou vagamente nos poucos minutos que falamos no telefone hoje.

Voltei a minha atenção para as pessoas que estavam comigo e fiquei feliz por ter eles. Mesmo Finnick, que eu mal conhecia. Essa noite ia ser maravilhosa. Como se lesse meus pensamentos, ao entrarmos no taxi, Finnick abriu a janela e gritou:

– Nova York, hoje é tudo nosso!

Sim, com toda certeza essa noite é toda nossa.

31 de Dezembro as 20:30

K.E.

Há poucas horas eu estava preocupada. Nunca havia passado a virada na Times e sempre via na televisão aquele mar de gente. O frio havia dado uma trégua, ou quase isso, e eu achei que iríamos ficar tão longe da bola que nem a veríamos. Fiquei feliz em estar enganada.

Quando o taxi parou depois de um curto percurso que normalmente durariam 10 minutos, estávamos na oitava avenida e teríamos que andar mais ou menos um quarteirão. Ficamos todos na calçada andando tão perto quanto dava evitando assim um frio maior. Ao chegarmos estava rezando para Peeta dizer que mudara de idéia e que preferia que fossemos a algum jantar ou a alguma festa. Eu nunca abriria a boca para reclamar, não daria esse gostinho a ele.

Chegamos perto de uma das grades e Peeta estendeu a cada um de nos, pulseiras de identificação. O policial da grade apenas acentiu com a cabeça e nos deixou ir bem mais adiante, próximos ao palco. Pude me ouvir suspirar aliviada.

– Foi tudo o que eu consegui galera. – Peeta disse apontando para o lugar onde estávamos. – Um amigo meu é filho do cara que estar responsável pela decida da bola. Isso é o mais perto de um camarote que vamos ter aqui.

– É perfeito Peeta. – ouvir-me dizer e vendo quase instantaneamente Finnick e Annie que trocaram olhares. OK. Tem alguma coisa aí.

Os shows começaram quase que instantaneamente, e a aera onde estávamos fora sendo preenchida rapidamente. Calor humano. Em alguns momentos xinguei-me mentalmente pelo meu jeito fashionista que resultou no fato de eu ter escolhido uma roupa tão leve. Nesses momentos também me senti uma cretina por ter feito Annie vestir aquele vestido. Em quesito idéias geniais eu só perdi para Peeta essa noite.

Não seja tão cruel Katniss. Repreendi a mim mesma. Lembrando-me de que ele queria fazer algo diferente, começar o ano quebrando a rotina como Annie havia me explicado na noite anterior. As duas ultimas viradas do ano que ele comemorou foram frustrantes, assim como os anos que as seguiram. Ele queria começar fazendo algo que sempre sonhou em fazer. Sorri pensando que eu estava fazendo parte de um sonho realizado de Peeta.

Tirando o frio e a fome que eu sentia, a noite estava sendo uma maravilha. Quando John Bon Jovi subiu ao palco meu olhar foi instantaneamente ao de Peeta, que pelo visto também se lembrou da noite de natal, pois o mesmo olhou para mim e sorriu, balançando a cabeça como se me chama-se ao seu lado.

Pedindo licença a Annie, encostei-me nos ombros de Peeta que esticou os braços e posicionou sua mão em minha cintura me envolvendo em um abraço. Um calor agradável me fez sentir como se aquele fosse o melhor abraço do mundo. O que provavelmente era. Já era perto das vinte e três horas e eu queria começar o ano ali mesmo, o abraçando. Apertei-o mais, sentindo seu perfume amadeirado.

– Você usa Chanel Nº 5 sempre? - ele disse levando seu nariz ao meu cangote.

– Quase sempre. – eu disse, quase falando que minha mãe me dera meu primeiro frasco do aroma Chanel quando eu fiz 15 anos, mas preferi guardar essa lembrança para mim.

– Eu não me lembro de tê-lo sentido no Natal. – ele confessou.

– Não sei se você também se lembra de quantas garrafas tomamos naquele dia Peeta. O que realmente me preocupa. Já que nem bêbado você parecia. – eu disse lembrando-me de quanto tempo eu levei para organizar os fatos em minha mente. Eu normalmente era forte para bebidas e pelo visto os Mellarks também. Mas mesmo dividindo com mais duas pessoas, três garrafas e meia cheias de vinho é muita coisa.

Ele apenas deu uma risadinha e continuou a me abraçar.

Olhando por cima dos ombros de Peeta vi Annie e Finnick conversando mais adiante e fiquei animada que com a idéia de que eles pudessem se tornar amigos. Ambos seriam uma ótima influencia um para o outro.

Soltando-me de seu abraço Peeta seguio meu olhar e sua face formou um bico um tanto quanto infantil, fazendo-me rir. Ele estava com ciúmes da irmã. Apenas o puxei para longe dos dois com a desculpa de que queria ficar ainda mais perto do palco. No caminho para atravessar a pequena quantidade de pessoas que havia ali, Peeta continuou atrás de mim, mas em um certo momento suas mãos voltaram para minha cintura e um arrepio passou por mim, mas foi impossível não dar um sorriso. Céus! Eu gostava da sua mão ali.

Deveríamos estar parecendo namorados e eu me assustei quando percebi que não me incomodava com isso, a não ser talvez, por saber que isso não era verdade e que ele não era meu namorado.

Chegamos ao máximo de onde poderíamos chegar para ver o resto do show e Peeta apenas apertou mais suas mãos em minha cintura. Nós ficamos lá abraçados como um casal, às vezes recebendo olhares furtivos de algumas meninas que o admiravam. Um sentimento de posse, chamado ciúmes entrou em mim em certos momentos e nesses momentos me grudei mais a Peeta, se isso era possível, recebendo carinhos em minha mão o que eu vi como sinal de aprovação.

Faltando poucos minutos para a meia noite nos lembramos de Annie e Finnick, e eu me senti culpada por tê-los esquecido. Peeta puxando-me pela mão e me fez “atropelar” varias pessoas pelo caminho, mas foi inútil já que não estávamos nem no meio do caminho quando ouvimos a contagem .

Dez. O aperto de Peeta em minha mão ficou mais forte.

Nove, oito. Nossos passos ficaram cada vez mais rápidos.

Sete, seis, cinco. Ficou quase impossível de se locomover. Todo mundo queria chegar mais perto para ver a decida da bola.

Quatro, três, dois. Peeta desiste de chegar a tempo e para de andar, ou melhor, correr. Encaramos-nos um instante, tentando acertar nossa respiração. Nossos olhares se encontraram mais uma vez, como nas outras milhões de outras. Mas agora foi diferente. Azul no cinza. E derrepente nada mais importava. Era o príncipe beijando a princesa

Um.Nossas bocas se encontraram e foi como se aqueles lábios fossem o verdadeiro lugar dos meus. Ele me envolveu em um beijo tão significativo que por impulso eu mordi seus lábios o fazendo sorrir durante o beijo. Não posso negar que eu sorri também. Encerramos nosso beijo com um selinho carregado de promessas silenciosas e ele afagou meus cabelos e beijou a minha testa dizendo baixinho no meu ouvido:

– Feliz ano novo senhorita Everdeen.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, as musicas.
** Couting Stars - One Republic
(Traducao zinha aí) Ultimamente, tenho, tenho perdido o sono
Sonhando com as coisas que poderíamos ter sido
Mas amor, tenho, tenho rezado muito
Setando, sem ficar mais contando dólares
Contaremos estrelas
Sim, contaremos estrelas.
*** I Follow Rives - Lykke Li
Oh, eu imploro: posso seguir?
Oh, eu lhe pergunto: por que nem sempre?
Seja o oceano onde eu deságuo
Seja meu somente, seja a água e eu estou passando
Você é o meu rio correndo forte, profundo e selvagem.

**** All That Matters - Justin Bieber
Você é tudo o que importa para mim
Sim, sim, não se preocupe com mais ninguém
Se não é você, não sou eu mesmo
Você me completa
Você é tudo o que importa para mim.

Musicas escolhidas pela dona Eduardinha. Uma fofa.

Enfim, comentem e eu farei de tudo para não demorar tanto assim.
Falem comigo, eu adoro conversar.
Ahhh alguém mais aqui ficou put* porque o teaser não saiu?