A Guardian's Diary 2 - The rise of Jack Nightmare escrita por Lino Linadoon


Capítulo 8
Capítulo 7 - Para o Quinto dos Infernos


Notas iniciais do capítulo

Ola de novo gentinha! :D
Pois é! Mais um cap para vocês hoje! Because I'm in a roll! :D
Espero que gostem! Não tá muito legal, mas tudo bem... XD

EDIT: 23/11/2022 - CAPÍTULO REESCRITO!



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Sandy se manteve na cola do espírito do inverno, voando o mais rápido que conseguia em sua nuvem de areia do sono. Ele criou um chicote de areia e o atirou na direção de Jack, agarrando-o pela perna e o forçando a parar por um segundo. O rapaz se virou para o Guardião dos Sonhos, o lançando um olhar obscuro com aqueles olhos vermelhos, antes de se lançar para frente, puxando o homenzinho com ele.

Sandman tentou puxar na direção contrária, quando Jack se virou rapidamente para o lado, movendo o cajado num arco. Sandy teve de desviar do projeto de gelo lançado em sua direção, afrouxando o aperto do chicote. Jack tomou aquele momento para tomar a dianteira mais uma vez.

Mas o Guardião dos Sonhos não ousou parar, até que ele viu em que direção esteve seguindo o rapaz de gelo. Jack desapareceu entre as árvores em um lugar que Sandy havia visitado apenas algumas horas antes.

—G–

"Possuído? Por um demônio?" Dentiana repetiu o que tinha ouvido dos dois Guardiões. Uma vez que estava ocupada e como tudo tinha acontecido rápido demais, ela não tinha tido a chance de se unir aos seus companheiros, mas agora ela tinha decidido que tinha que ficar ali com eles.

"Coelhão descobriu." Norte disse, balançando a cabeça. "Ah, mas se eu colocar as minhas mãos nessa Sheila eu juro que--!" Ele xingou alto em russo pela terceira vez.

Coelhão não estava em uma situação melhor. Ele ainda estava no telhado da casa em que tinha parado, seus olhos presos no céu, esperando pelo retorno de um, ou de dois Guardiões. Tudo o que ele queria era correr atrás deles, de arrumar um jeito de salvar o garoto do controle daquele demônio, mesmo que ele tivesse que fazer tudo sozinho.

Um pequeno guincho conhecido tirou Coelhão de seus pensamentos e ele virou o rosto para o lado, encontrando a pequena Baby Tooth planando ao seu lado. Ela o lançou um olhar assustado, nervoso e o Pooka sentiu seu coração apertar um pouco.

"Nós vamos cuidar do Jack, fadinha." Ele disse de modo calmo, embora se sentisse tão nervoso quanto a fadinha dos dentes. Ele ergueu uma pata, deixando que ela se inclinasse contra seus dedos.

"Algum sinal de Sandman?" Dentiana perguntou.

Coelhão balançou a cabeça.

"Vamos voltar para a oficina e pegar o trenó!" Norte exclamou. "Quanto mais tempo ficamos aqui, mais tempo perdemos..."

Ele não chegou a terminar, quando uma nuvem de areia surgiu ao longe. As orelhas de Coelhão se ergueram atentas, e ele apertou os olhos para ver melhor, com a esperança de que Sandman não era o único que se aproximava. Mas o Guardião dos Sonhos estava sozinho, em seu rosto estava uma expressão pesada.

"Sandy, onde está Jack?" Coelhão perguntou, sendo o primeiro a se aproximar do outro, com Baby Tooth ao seu lado.

Sandy balançou a cabeça, descendo para se juntar aos outros Guardiões e explicando com suas imagens de areia. Ele parecia desconfortável, como se tivesse visto algo que não devia ou que não queria ver. E, assim que ele terminou de contar o que tinha acontecido minutos atrás, os outro quatro compartilhavam o mesmo sentimento.

"Aokigahara..." Norte murmurou e as duas fadas presentes soltaram sons nervosos, Baby Tooth se encolhendo contra o pescoço de Coelhão - ele afagou suas penas para acalmá-la, embora ele mesmo não estivesse em uma situação nada melhor. "Porque ele iria para lá?"

"Há um portal lá." Coelhão interrompeu. Ele não pensou duas vezes, batendo o pé no chão, mas nenhum túnel apareceu. Ele bateu de novo, nada. O Pooka continuou batendo, cada vez mais rápido. Sandman se aproximou de Coelhão, a mão gentil pousando em seu ombro, mas Coelhão reagiu como se tivesse levado um choque. "Nós temos que ir para lá! Agora!" Ele gritou. Sandy ficou parado no mesmo lugar, imóvel, como se o outro não tivesse gritado em sua cara. "Desculpe... Sandy... Ah..."

Sandman fez um sinal com a mão, explicando. Coelhão tentou se acalmar, mas era impossível, uma vez que ele sentia que estavam perdendo tempo. Eles sabiam para onde Jack tinha ido, tudo o que tinham que fazer era chegar lá o mais rápido possível, antes que as coisas ficassem piores.

"Certo. Nem tuneis, nem portais se abrem naquele lugar, ou perto dele." Norte assentiu. "Como chegamos lá então?"

O homenzinho dos sonhos sorriu para os demais, movendo os braços. Em poucos instantes uma enorme quantia de areia do sonho surgiu em baixo de seus pés e começou a se espalhar pelo chão coberto de neve, chegando até os pés dos demais guardiões. E, com mais um movimento de seus braços, eles estavam sendo elevados para o céu com rapidez.  Coelhão ainda não era muito fã de voar, ele ainda se enjoava quando saia no trenó de Norte, mas dessa vez ele não se sentia sequer capaz de ficar enjoado, tudo o que tinha em sua mente era Jack, e o fato de que precisavam encontrar o rapaz o mais rápido possível.

—G–

O ar era tenso e claustrofóbico, com as árvores tão perto uma das outras que era quase impossível ver o céu, era até fácil esquecer que era dia e que o sol brilhava em algum lugar lá em cima. Até mesmo um humano poderia sentir como as sombras predominavam no lugar. E o silêncio falava volumes, como se nenhuma vida existisse naquele lugar.

Mas era de se esperar de um lugar conhecido como "a floresta dos suicídios".

Sandman fez sinal para que os Guardiões o seguissem e entraram na floresta. Era claro que ele conhecia o caminho, mas ao mesmo tempo ele parecia nervoso, como que se, a qualquer momento, eles pudessem perder o caminho. O ambiente pesado da floresta parecia pesar sobre os ombros dos cinco, fazendo cada passo parecer tomar uma eternidade.

Coelhão, acima de todos, podiam sentir o que havia naquele lugar. Ele já tinha vivido muito tempo, já tinha visto muita coisa, e se lembrava um pouco das coisas que tinham acontecido em Aokigahara, dos seres que rondavam aquele lugar. Ele mesmo esteve presente quanto os portais do Quinto dos Infernos haviam sido fechados, então ele não tinha a mínima ideia de como aquele havia sido aberto, isso é, se sequer tinha sido fechado.

"Ah!" Dentiana exclamou alto, assustando os demais Guardiões que já tinham suas armas prontas, mas não havia ninguém os atacando. As duas fadas deram as costas para uma das árvores e para o que estava pendurado em um dos galhos altos e grossos. Norte passou o braço em volta dos ombros da fada, como que para protegê-la daquele visão. "Que horror..."

"Os demônios ainda rondam esse lugar." Coelhão murmurou enquanto eles se afastavam da árvore. Ele permitiu que Baby Tooth se aninhasse no pelo de seu pescoço, assim como Dentiana se escondia ao lado de Norte. "Vamos logo."

Finalmente, após o que parecia ter levado horas, eles chegaram ao coração da floresta. As árvores ficavam ainda mais próximas ali, dificultando a passagem, principalmente para alguém grande como Norte, e era tão escuro, que parecia como se o dia tivesse se tornado a noite. E entre as árvores, no meio de uma campina pequena coberta de grama morta, estava uma enorme rocha cinza. Arranhões a enfeitavam, como se um animal selvagem tivesse afiado suas garras nela, mas para os poucos que possuíam o olhar para aquilo, podiam notar que não eram simples arranhões, mas palavras escritas em línguas antigas.

"O portal está fechado...?" Norte murmurou, examinando de longe.

"Eu cuido disso." Coelhão colocou os bumerangues de volta no lugar, afastando Baby Tooth de seu pescoço para sua própria segurança. Os demais Guardiões o observaram, em silêncio.

Ele se aproximou e pousou ambas as patas sob a rocha. Fazia anos que ele não fazia uso de mágicas antigas Pookanas, mas ele ainda as tinha em seu sangue, e ele sabia o que tinha que fazer. E ele tinha que fazer isso rápido. Tudo o que existia entre ele e Jack era aquela rocha.

Em pouco tempo as letras arranhadas começaram a brilhar em verde e, com um som alto e arrastado, a pedra se rachou no meio, revelando uma caverna. Ela se abriu como a boca de um monstro e o conhecido cheiro que permeava Jack naqueles últimos dias saiu de lá.

"Você ainda tem jeito com essas coisas, velho amigo..." Norte comentou e Coelhão quase sorriu.

"Vamos logo." Ele se armou com seus bumerangues. Não havia tempo a perder.

Com suas armas prontas, os Guardiões desceram a escadaria de pedra bruta que parecia decaída, mesmo sem ter ninguém para andar por ela por centenas de anos. Coelhão manteve seus sentidos atentos, orelhas captando cada som, o focinho procurando algo familiar e diferente do enxofre que envolvia os corredores de pedra. Ele sentia que estavam perto, perto de Jack.

O Pooka parou por um momento.

"Ouviram isso?" Suas orelhas tremeram e ele não esperou uma resposta. "Jack."

Coelhão se lançou à frente, descendo a escadaria sem sequer prestar atenção aos degraus, ele era tão rápido, mesmo só em duas patas, que era como se flutuasse acima da pedra, assim como Jack costumava fazer. Os demais Guardiões não tinham ouvido nada, mas Coelhão tinha certeza do que suas orelhas tinham captado: a voz de Jack, suave, bem baixo, pedindo ajuda. Não era a voz de Jack Nightmare, era a voz de Jack Frost dessa vez.

Quanto mais ele descia, mas escuro ficava e o cheiro de enxofre parecia fazer qualquer outro cheiro desaparecer. Era uma boa coisa que Coelhão conseguia ver no escuro, mesmo sem a capacidade de usar seu olfato, ele ainda tinha muito à seu favor.

E finalmente, pulando os últimos degraus, Coelhão chegou ao fim da escadaria e a escuridão se iluminou, mesmo que pouco.

O corredor longo se abria para uma caverna, que ele sabia ter sido uma cratera um dia só de olhar para as paredes; o teto estava coberto de estalactites e o solo de estalagmites; outras aberturas, algumas destruídas, a maioria mal feitas, se abriam para outros corredores escuros cujo destino não interessava ao Pooka; e havia um lago de lava circulando as beiradas da cratera. Mas Coelhão notou pedaços de gelo na área mais distante, um gelo que não derretia mesmo na presença de lava, o que indicava que Jack esteve ali e talvez ainda estivesse naquela direção.

Coelhão respirou fundo, ignorando o cheiro de fogo, pedra e enxofre, e o arrepio que subiu por seu corpo ao tocar o chão. Aquele lugar era o completo oposto dos reinos de Coelhão, daquilo que fazia parte de sua natureza. Ali não havia vida, não havia luz. E saber que Jack, o espírito tão cheio de vida, que trazia tanta luz para sua vida, estava preso naquele lugar fazia seu estômago revirar.

E foi então que Coelhão notou que a escuridão que envolvia o topo da cratera era muito mais do que uma simples sombra.

Chto eto?!” Norte murmurou ao lado do Pooka, erguendo os olhos para o alto junto com ele.

No teto da enorme caverna, perto de onde o gelo eterno reinava, havia o que parecia ser uma massa negra viva, pulsando lentamente como um ser que respirava. E, preso naquele emaranhado de escuridão, estavam as crianças que haviam desaparecido, ou melhor, que haviam sido raptadas por Jack Nightmare. E os Guardiões facilmente reconheceram a garotinha de cabelos loiros que estava entre eles.

"Pela Lua..." Coelhão se ouviu dizer. As crianças tinham os olhos fechados, como que se estivessem presos em um sono tranquilo, mas o Guardião da Esperança sabia que elas não estavam sonhando, mas que também não estava tendo pesadelos. Eles estavam na mesma posição que Jack tinha se encontrado quando tudo aquilo tinha começado. As orelhas de Coelhão captaram alguma coisa e ele desviou os olhos daquilo. "Não estamos sozinhos."

Todos se voltaram para a gruta que se abria no fim da cratera, emoldurada pelo gelo.

Algo surgiu na  escuridão, algo um pouco azul.

"Jack...?"

Mas o que saiu de lá não era Jack, não podia ser ele. Além do cabelo negro e os olhos vermelhos, agora sua pele era de um cinza estranho, parecido com o de Breu, e se escurecendo ao chegar nas extremidades; garras pontiagudas tinham tomado o lugar das unhas curtas do rapaz e ao redor desse, como que se saindo de dentro dele, havia uma áurea negra, como tentáculos se sombras.

"Jack?" O Pooka chamou mais alto, mas tudo o que recebeu como resposta foi um sorriso sardônico, mostrando dentes ainda mais pontiagudos que antes, como se ele fosse um animal.

Então aquele era o verdadeiro Jack Nightmare.


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Notas finais do capítulo

Tradução do que o Norte disse:
Chto eto? - O que é isso?