A Guardian's Diary 2 - The rise of Jack Nightmare escrita por Lino Linadoon


Capítulo 10
Capítulo 9 - Contra as Trevas


Notas iniciais do capítulo

Ola de novo! Aqui está o maior capítulo que essa fic vai ter! :D
Espero que gostem!

EDIT: 04/12/2022 - CAPÍTULO REESCRITO!



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Coelhão ouviu o som de algo quebrando e ao desviar os olhos para baixo ele pôde ver várias rachaduras começando a se formar no gelo que cobria o chão e prendia suas pernas; eles cresciam mais e mais a cada segundo, como fios de uma enorme teia de aranha. Ele tentou se mover, notando que o aperto do gelo havia se afrouxado levemente, se ele chutasse as pernas com força ele acabaria se soltando sem muito problema. Coelhão ergueu os olhos, os focando no rapaz parado no meio da caverna.

Jack Nightmare ainda estava parado no mesmo lugar, como se ele tivesse se transformado em uma estátua. Em suas mãos estava a pequena fadinha, agora completamente envolta em gelo.

Um silêncio tenso pairava no ar.

Até que ele foi cortado por um soluço.

As orelhas de Coelhão se arrepiaram levemente, ele conhecia aquele som, já tinha ouvido uma ou duas vezes naqueles últimos sete anos. Ele teve que segurar a vontade instintiva de correr na direção do rapaz, tomá-lo nos braços e tentar acalmá-lo. Ele ainda não sabia o que estava acontecendo com Jack.

"Jack...?" Coelhão chamou tentativamente, inclinando a cabeça, tentando encontrar os olhos do rapaz.

E por um momento Jack pareceu ter erguido os olhos para ele, encontrado com os de Coelhão. As orelhas do Pooka se atiçaram novamente. Aqueles olhos podiam ainda ser vermelhos cor de sangue, mas havia um brilho neles, um brilho muito familiar para Coelhão.

Jack Frost.

Mas Frost não estava ali, no meio da caverna subterrânea, mas sim em um lago congelado. O gelo estava rachando lentamente em baixo de seus pés, fino demais para segurar seu peso por muito tempo, mas pouco lhe importava as rachaduras em baixo de seus pés descalços e já bem acostumados ao frio, mesmo sendo tão rosados e tão cheios de vida quente; ele só tinha olhos para as rachaduras em baixo dos pés calçados de outra pessoa, que o encarava com os olhos bem abertos, arregalados, e dizia para ele com a voz trêmula:

"Jack... Eu estou com medo..."

As palavras se repetiam em sua cabeça. Tinha sido assustador ouvir aquelas palavras vindo de sua irmã, a voz que sempre o acompanhava rindo de suas brincadeiras, agora tremendo, como que imitando o som do gelo quebrando.

Depois de tanto tempo sem memórias, Jack agora se lembrava bem daquele dia, sempre se lembrava daquele dia, do dia em que os dois tinham saído para patinar. O inverno estava apenas começando, o gelo não estava grosso o suficiente em algumas partes do lago, mas Emma tinha insistido uma vez que ela tinha acabado de ganhar patins novos de seus pais. Ele se lembrava de quando ouviu o gelo quebrando quando os dois se aproximaram do centro do lago e de como seus olhos se arregalaram ao ver que as rachaduras estavam crescendo em baixo de sua irmã.

Mas aquilo tudo estava no passado, Jack sabia disso.

Então porque ele estava de volta naquele mesmo lugar, cercado pelo gelo? E porque Emma estava... Em suas mãos, envolta em gelo, os olhinhos fechados como se perdida em um sonho profundo? Baby Tooth.

Jack nunca tinha pensado muito a fundo porque ele se dava tão bem com a pequena fadinha, mas desde o momento em que ele tinha salvo Baby Tooth dos Pesadelos tinha sentido que havia alguma coisa que os unia. Como ele não tinha notado aquilo antes, ele não sabia...

Mas que momento para descobrir que ele tinha machucado aquela por quem ele tinha morrido para proteger.

“Emma... Me desculpa...” Jack murmurou, finalmente notando as lágrimas que estavam rolando por suas bochechas.

O silêncio na caverna foi entrecortado pelos soluços do garoto de gelo, o frio crescendo a cada lágrima que caia.

Jack pôde sentir o gelo deslizar por suas mãos, atingindo o chão com um som oco e baixo. Ele ouviu um tilintar, reconhecendo o som suave de asas de beija flor. Jack piscou uma ou duas vezes, tentando afastar as lágrimas. Ele sentiu um toque contra a ponta de seu nariz e o pequeno peso - quase não existente - na palma de sua mão se moveu.

Dois pequenos olhos, azul e ametista, se abriram.

“Emma...” Jack viu um pequeno sorriso surgir no rosto da pequena fadinha, o mesmo sorriso que ele tinha desejado ver quando medo havia o apagado do rosto de sua irmãzinha.

Emma trinou, um som que já tinha se tornado tão familiar para Jack, mas dessa vez o garoto quase podia ouvir seu nome sendo mencionado.

“Jack.”

Jack ergueu os olhos, sentindo como se não tivesse ouvido aquela voz há anos. Ele se encontrou encarando dois olhos verdes e brilhantes, as sobrancelhas grossas logo acima estavam curvadas e havia um sorriso no rosto do Pooka. Jack sorriu em resposta, até que seus olhos se desviaram para o lado, encontrando a Fada dos Dentes, caída com as asas congeladas aos pés de Coelhão, que também estavam cobertos de gelo; Sandman estava caído não muito longe dele, assim como Norte, ambos aprisionados pelo mesmo elemento.

“Não...”

Já chega!

Sua cabeça começou a latejar.

A fadinha trinou baixinho, preocupada ao ouvir o rapaz sibilar de dor. Jack pôde sentir as mãozinhas dessa em suas bochechas geladas, mas ele balançou a cabeça, se afastando dela. Ele abaixou a mão, pousando Emma em cima do gelo. Ela cambaleou e suas asas tremeram levemente, pelo jeito ainda afetadas pelo frio.

“Fique... Longe dela...” Jack disse por entre os dentes.

Eu já disse para parar de lutar, garoto! Ele ouviu Nightmare rosnar em seus ouvidos. Já mostrei que você não pode lutar contra mim!

“É...” Jack murmurou, quase incapaz de ouvir sua própria voz. Ele notou que Emma o encarava, ainda confusa, ele só lhe ofereceu um sorrisinho torto, tentando acalmá-la. “E como se eu fizesse o que as pessoas me mandam fazer...” Ele bufou e Emma sorriu para ele.

Houve uma pausa, como se a entidade demoníaca não soubesse como responder.

Certo. Nightmare sibilou. Eu já tive o bastante de você, Jack Frost.

“Não, eu que já tive o bastante de você!” Jack retrucou.

Assim que as palavras saíram de sua boca, uma dor estonteante inundou sua mente, como se ele tivesse sido atingido na cabeça violentamente, repetidas vezes; seus ouvidos foram tomados por um zumbido alto, que parecia fazer seus ossos tremerem. Mas o rapaz já tinha passado por aquilo, a dor em seu peito, arrancando o ar de seus pulmões, era familiar o bastante. Ainda assim ela pareceu se intensificar, queimando em sua barriga.

Ele podia sentir como se alguma coisa estivesse começando a tomar conta de sua mente, o envolvendo em sombras como a água que o envolvia no lago congelado. O som de gelo rachando fez o corpo inteiro de Jack se arrepiar.

Jack cobriu os ouvidos, como se pudesse afastar as sombras fazendo tal coisa, mas elas continuaram crescendo.

“Baby Tooth!” Dentiana chamou, conseguindo a atenção da fadinha, que ainda estava ao lado do garoto. A Fada dos Dentes fez sinal para que ela viesse em sua direção.

Coelhão viu a aura negra que começou a crescer ao redor de Jack, era como se as sombras estivessem saindo do garoto. Ele chutou contra o gelo ainda prendendo suas pernas, pedaços de gelo voando para os lados quando ele conseguiu se soltar.

Ele correu na direção de Jack e de Baby Tooth, encontrando a fadinha no meio do caminho, enquanto essa corria com dificuldade com suas perninhas pequenas. Coelhão tomou a fada em sua pata livre, a segurando em segurança contra seu peito, esperando que o calor de seu corpo pudesse ajudar suas asas a se recuperar.

Ele se voltou para Jack mais uma vez, vendo a escuridão crescendo...

Até que Jack caiu de lado.

Coelhão tentou se aproximar novamente para ver se o garoto estava bem, mas a escuridão começou a tomar forma em cima de Jack e ele deu alguns passos para trás, suas orelhas se encolhendo contra sua cabeça.

Aos poucos a cor negra sumiu dos cabelos de Jack, mostrando a velha coloração branca e, embora ele estivesse com os olhos fechados, Coelhão sabia que quando fossem abertos, eles seriam azuis e brilhantes novamente.

A escuridão tomou forma, aos poucos perdendo sua aparência transparente. Uma mulher apareceu no meio da escuridão, com pele rosada, cabelos longos e um vestido negro, que a cobria do pescoço aos pés, e, ao abrir os olhos, ela revelou dois pequenos orbes vermelhos, cor de sangue. Olhos já bem conhecidos por todos ali presente, mas principalmente por Coelhão.

“Sheila...” O Pooka sibilou, o nome parecendo ser veneno em sua boca.

A mulher piscou uma ou duas vezes, como se ainda estivesse processando o que via, e um sorriso longo esticou seus lábios.

“Coelhão.” Ela disse, seu tom de voz era doce, mas aquele tipo de doce que facilmente enjoava. “Há quanto tempo...”

“Você...!” Norte se pronunciou, se levantando do lugar em que estivera caído. O gelo em volta de seus braços havia derretido, deixando para trás apenas manchas em suas roupas. Os olhos azuis do Guardião brilharam com reconhecimento. “Eu lembro de você! Um dos demônios da Era das Trevas!”

“O demônio da Era das Trevas.” Sheila sibilou, mas então sorriu. “Fico feliz em saber que ainda me reconhecem. Embora não se lembrassem de mim...” Ela suspirou, abaixando os olhos. “Não se preocupem, estou acostumada com isso.” E ergueu os olhos para Coelhão. “Embora me surpreenda como você demorou em notar que era eu esse tempo todo...”

Coelhão rosnou baixo.

“Pelo menos alguém me notou...” Sheila acenou para Sandman, que agarrou com mais força os novos chicotes de areia que havia criado.

“Você planejava se alimentar com as almas dessas crianças!” Dentiana adivinhou, indignada. Sheila nada disse, apenas sorriu, e se curvou levemente na direção da rainha das fadas.

“Mas porque fazer tudo isso?” Coelhão sibilou, tentando segurar sua vontade de atacar o demônio naquele mesmo instante; seus dedos se apertaram em volta do bumerangue. Ele desviou os olhos para Jack, ainda caído aos pés de Sheila; ver as manchas de sangue na jaqueta do rapaz quase o fez pular em Sheila naquele mesmo instante. “Porque... Jack?”

“Porque Jack era necessário.” Sheila disse em um tom diferente, como se estivesse cantarolando. “Afinal, eu não estou fazendo isso só por mim, mas por mais alguém...” Ela desviou a atenção para o garoto desacordado, se abaixando ao lado desse e tocando-lhe levemente o rosto pálido com um dedo.

“Não encoste nele--!” Coelhão rosnou e deu alguns passos na direção da mulher.

“Ah-ah-ah!” Sheila tinha se levantado novamente, e com um movimento de sua mão, ela ergueu Jack no ar, o rapaz flutuando ao seu lado. “Cuidado, querido Pooka, eu posso acabar com seu precioso espírito invernal com um estalar de meus dedos...”

“Eu não vou deixar...” O Guardião da Esperança disse, determinado.

O sorriso de Sheila apenas se alargou e ela moveu os dedos. Os olhos de Jack se abriram, revelando orbes azuis, e o garoto abriu a boca como que para falar alguma coisa, mas sua voz se perdeu em seu pescoço, assim como sua respiração. Ele ergueu as mãos para o pescoço, como se estivesse sendo estrangulado por uma força invisível.

“Demônio!” Norte exclamou. “Pare com isso!”

“Ah, não se preocupem, isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde.” Sheila deu de ombros, ainda sorrindo para Coelhão que no momento estava vibrando de raiva em sua frente. “Eu queria guarda-lo como uma surpresa, mas aposto que Breu não iria se importar muito caso seu presente viesse vivo ou morto.”

Coelhão já tinha ouvido o bastante.

Ele se lançou na direção de Sheila. A mulher se moveu rapidamente, virando para sair do caminho do Pooka, levando Jack consigo como se ele fosse um boneco. Coelhão esperava isso, então ele lançou um de seus bumerangues contra Sheila. Ela desviou de novo, usando suas sombras para afastar a arma encantada.

Mas Coelhão não era o único com quem ela precisava se preocupar. Sandy e Norte estavam prontos novamente, chicotes e espadas em mãos. Dentiana havia erguido sua espada também, mas suas asas ainda estavam um pouco afetadas pelo gelo, a mantendo no chão, então ela se colocou entre Sheila e a pequena Sophie, por segurança.

Os Guardiões atacaram, forçando Sheila a se defender. Ela utilizou as sombras em sua volta, as usando como escudo e como armas. Girando o braço livre ela se defendeu dos chicotes de Sandman, enquanto empurrava Norte para longe com um rajão de escuridão. Era os mesmos movimentos de Jack Nightmare, Coelhão notou, mas as sombras de Sheila não funcionavam como gelo, o que era uma desvantagem para ela.

Juntos, os Guardiões atacaram, forçando Sheila a se defender com mais rapidez. A cada ataque ela cambaleava para trás, claramente tendo dificuldade em manter sua posição contra seus inimigos. Ela quase caiu quando Dentiana entrou na luta, mas ainda se manteve de pé. O pobre Jack era violentamente movido para lá e para cá junto com os movimentos da mulher

“Se soltar o Jack terá mais facilidade nessa luta...” Coelhão mencionou e com sua atenção presa em Jack, ele viu os olhos azuis se voltarem para ele.

“Ah, é isso que você quer que eu faça, não é?” Sheila sibilou como uma cobra.

Ela moveu os dedos e Jack soltou um som estrangulado, o aperto invisível em volta de seu pescoço se intensificando. Coelhão rangeu os dentes.

O Pooka sentiu a fadinha se mover contra seu peito, se soltando de sua mão. Ele observou Baby Tooth enquanto essa voava na direção de Sheila com determinação, enquanto essa estava distraída se defendendo dos ataques dos outros Guardiões. Sheila não chegou a notar a aproximação da fadinha, até que essa atingiu sua cabeça. O demônio virou a cabeça, confusa com o que tinha a atingido, dando à Baby Tooth a chance de voar até sua mão que ainda segurava Jack no ar. A fadinha se lembrava bem de quando tinha feito aquilo da última vez, então ela agiu de modo rápido, jogou a cabeça para trás e atingiu a mão de Sheila com seu “bico”.

Sheila exclamou alto, mas ela não podia fazer muito com aquela mão, uma vez que segurava Jack com ela. De qualquer jeito, Baby Tooth se afastou antes que pudesse ser atingida. Pela expressão do rapaz, era fácil notar que o aperto em seu pescoço havia afrouxado, mesmo que pouco.

Com a inimiga distraída, Coelhão atirou seus bumerangues a atingindo no ombro e no pescoço. Sheila soltou mais um exclamar de dor, cambaleando no lugar. E então ela gritou.

Houve silêncio entre ela e os Guardiões, o único som sendo o conhecido ranger de gelo.

Sheila desviou os olhos para seu braço, notando que duas mãos pálidas seguravam seu pulso. Gelo começou a se alastrar por seu braço. E quando ela ergueu os olhos para Jack, o rapaz estava sorrindo para ela, aquele sorriso tão tipicamente Frost.

“Você está fraca demais...” O garoto disse, ainda um pouco sem ar. Ele apertou os dedos com mais força, o gelo crescendo mais e mais. “Eu sei... Sou coisa demais pra controlar...”

Coelhão queria ao mesmo tempo beijar o garoto e o dar um tapa ao ouvir aquilo.

Com um movimento forte, Sheila atirou Jack para longe, o garoto caindo no chão como um boneco sem vida.

“Jack!” O Pooka se aproximou do rapaz, se colocando entre esse e o demônio. Ele examinou o garoto o máximo que podia em apenas alguns segundos, notando as marcas escuras na pele pálida pescoço desse, mostrando que algo realmente esteve o segurando pelo pescoço esse tempo todo.

“Não...” Jack disse com dificuldade. Ele grunhiu, levando uma mão para a barriga, antes de fazer sinal para Coelhão se afastar. “Distraí ela. Eu cuido disso...” E adicionou às suas palavras uma piscadela.

O Pooka balançou a cabeça, sem saber o que pensar, mas aliviado por ver seu Jack de volta em todos os elementos. Ele girou o bumerangue em sua pata, se lançando na direção de Sheila. Jack assentiu para os Guardiões também e, uma vez que todos estavam na mesma página, eles se juntaram à Coelhão.

Jack tomou um momento para respirar fundo, sentindo como se estivesse dolorido até a alma. Ele desviou o olhar para os rasgos em sua barriga, decidindo não se importar com eles no momento.

O som de guinchos suaves chamou a atenção do garoto.

“Emma... Oi...” O rapaz sorriu para a irmã, deixando que essa se apertasse contra seu rosto. Ele afagou a cabecinha dessa e se lembrou do que Nightmare havia feito com a fadinha, com sua irmã, raiva crescendo dentro dele. “Emma, fica atrás de mim.” A fada assentiu, se escondendo na toca da jaqueta do rapaz.

Jack tinha ficado acordado quase todo aquele tempo em que Sheila estava no controle de seu corpo, as coisas que tinham acontecido pareciam ir e vir em sua mente, como memórias de um sonho antigo. Ele tinha visto do que “Jack Nightmare” era capaz. Ele já tinha aprendido que era muito mais poderoso do que pensava enquanto lutava contra Breu, cinco anos trás, e toda aquela experiencia com Sheila apenas mostrou que ele era capaz de ainda mais.

Falando no Rei dos Pesadelos. Em pensar que tudo o que ela estava fazendo ali era por ele.

“Ela gosta do Breu, não é?” Jack murmurou, dando uma olhada por cima do ombro, para a fadinha ali com ele. “Vamos mostrar pra ela aquilo que o Breu disse uma vez: nada combina mais do que o frio e a escuridão.” Baby Tooth assentiu, refletindo o sorriso do irmão.

Jack esperou pelo momento certo, se colocando de pé com dificuldade, mas ignorando a dor em seu corpo. Ele respirou fundo, esperando pelo momento certo.

“Ei!” Jack gritou e todos se voltaram para ele. O rapaz ergueu as mãos, raios de gelo brilhando em suas palmas, antes de lança-los na direção de Sheila.

A mulher cambaleou para trás para tentar fugir, só para descobrir que tudo o que havia à suas costas era uma parede de pedra. Sheila tentou se desfazer em escuridão, tentando se esgueirar para longe como uma sombra, mas o gelo a atingiu. Ela arfou, surpresa, ao ver o gelo envolver sua forma quase transparente.

“Como?!” Ela rosnou, deslizando sua forma sombria do gelo, só para acabar presa novamente, a onda de gelo vindo de Jack continuamente.

“De novo, você me mostrou do que eu sou capaz.” E dizendo isso, Jack lançou uma grande onda de gelo e neve na direção de Sheila. Ela tentou desviar, mas sem sucesso, o gelo começando a se alastrar por sua cintura.

Era claro que fazer aquilo estava tomando todas as energias de Jack, quando as pernas do garoto, já trêmulas, perderam suas forças, o lançando contra o chão.

“Jack...!”

“Eu aguento!” Jack retrucou. Ele ergueu os olhos, os prendendo na forma escura no alto da caverna. Respirando fundo, Jack lançou uma onda de gelo naquela direção, forçando os Guardiões a se abaixarem, mas atingindo a escuridão que segurava as crianças no teto e a congelando. “Peguem as crianças!”

Os Guardiões fizeram como dito, tendo mais facilidade em soltar as crianças da forma sombria uma vez que estava congelada. Pedaços de sombra caíram como pedaços de neve negra.

“Não!” Sheila gritou, tentando lançar uma rajada de escuridão na direção dos Guardiões. Mas Dentiana desviou o ataque com sua espada encantada e Jack tomou o momento para congelar o braço da mulher também, os dois Guardiões assentiram um para o outro. “Não! De novo não! Eu não vou ficar presa de novo!”

Ela continuou se debatendo contra o gelo do rapaz, mas Jack continuava usando todas as suas forças para manter as sombras da mulher sob controle. Ele se lembrou do modo como Nightmare havia se livrado de seu gelo, como ele tinha crescido mais e mais, tomando uma forma diferente. Sheila não parecia ser capaz de tal coisa no momento, o que ajudava, mas não queria dizer que Jack ia vencer aquilo. Não sem ajuda.

“Sandy!” Jack chamou.

Sandman se voltou para o garoto e não era preciso dizer nada para ele. O Guardião dos Sonhos flutuou até a mulher congelada, chicotes de areia se formando em suas mãos. Ele lançou suas armas brilhantes, envolvendo os pés congelados de Sheila, e rapidamente começou a envolve-la com os chicotes, amarrando-a no lugar. Ele pode ver o rosto de Sheila, uma sombra quase disforme, se mover em baixo do gelo transparente, tentando se soltar, mas o gelo poderoso de Jack junto com os chicotes de Sandman era mais forte. Pelo menos por enquanto.

Por fim, Sheila estava completamente envolta em gelo e areia do sono.

Jack ergueu as mãos do chão congelado. Ele piscou uma ou duas vezes, se virando para os Guardiões que estavam ajudando as crianças no canto da caverna. Coelhão sorriu para ele, seus olhos brilhando, e Jack tentou sorrir de volta.

Mas ele só caiu de lado.

“Jack!” Coelhão exclamou, correndo até o rapaz.

Sandman havia o alcançado primeiro, segurando a cabeça do garoto com cuidado em sua mão dourada. Ele ergueu os olhos para Coelhão que o lançou um olhar preocupado, mas tudo o que Sandy fez foi mover a cabeça. Pequenas formas de areia do sono começaram a se formar em cima da cabeça de Jack.

Coelhão suspirou, aliviado, até que seus olhos se prenderam na jaqueta de Jack. Através do tecido rasgado, ele podia ver as marcas de arranhões e o sangue que havia se congelado na pele e na jaqueta do garoto. Ele sentiu um misto de horror e raiva subir por sua garganta.

“Nós podemos cuidar das crianças.” A voz da Fada dos Dentes chamou a atenção de Coelhão. Ela lançou um sorriso compreensivo para o Guardião da Esperança. “Você cuida do Jack.”

Coelhão olhou da fada para os demais Guardiões, como que para ter certeza de que eles concordavam com aquilo. Norte e Sandy assentiram para ele.

O Pooka lançou um último olhar na direção de Sheila, ainda bem presa pelo gelo e pelas areias de Sandman. Tudo o que ele queria era destruir aquele demônio enquanto ela estava presa, mas ele tinha outra prioridade no momento.

Com cuidado, Coelhão tomou Jack nos braços. Baby Tooth se aninhou no pescoço do irmão, claramente não querendo sair de perto dele. Ele bateu a pata no chão e pulou dentro do túnel.


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Notas finais do capítulo

Nota de 2022:
Então... Por muito tempo havia uma discussão sobre o nome da irmã do Jack no fandom. Muitos adotaram o nome Emma, e a certo ponto alguém da produção do filme disse que sempre tinham a chamado de "Flee" porque ela sempre estava correndo ("fleeing") para lá e para cá, "mas naquele dia, no meio do lago, ela não ousou correr".
Porém, no wikia do Origem dos Guardiões, ela é chamada de "Mary", possivelmente em homenagem à Mary Katherine Joyce, a quem o filme e os livros são dedicados.
De qualquer modo, eu decidi manter o nome Emma, porque eu gostei desse nome.
Só para esclarecer!