Meu Melhor Amigo Gay. escrita por Blue


Capítulo 3
Momento "melhores amigos" e suas conversas sem sentido.


Notas iniciais do capítulo

Nome de capítulo grandão, né? Enfim, ainda está bostoso... mas é a desmotivação... sei lá, se gostarem ou não, podem me assassinar em críticas!



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4 – Colaram chiclete, daqueles bem pegajosos mesmo, em meu cabelo.

5 – Tropecei no pé da Caitlin, uma líder de torcida e melhor amiga da Lola.

6 – Devido a este motivo, os subordinados da anta picharam a sala da diretora com a frase “atenção, esta vaca não dá leite” e colaram sua foto.

7 – Botaram a culpa em mim.

8 – Estou suspensa. Sem nenhuma chance para me defender.

9 – Fui jogada em uma caçamba de lixo.

Sim, isto foi tudo o que ainda ocorreu-se hoje. Eu não tenho sorte nenhuma mesmo e ainda bem que a história da caçamba de lixo já foi na saída, porque eu to fedendo pra dedéu a peixe morto, ovo estragado, vela e restos de vegetais. Não compreendo essa conspiração contra mim.

Joguei minha mochila na cama e já tratei de rumar até o banheiro. Desnudei-me e liguei o chuvisco. Ah, esses pingos de água doce que me acalenta o ânimo, que tira o meu suor e me ergue a cabeça para o recomeço. Essas falas não combinam comigo né? Mas eu estou inspirada.

Concluí meu banho e enrolei-me na toalha. Trajei uma blusa de mangas cortadas da banda Red Hot Chilli Peppers e um short jeans com os fios desfiados. Com os pés descalços, pois não vou mais pôr a cabeça do lado de fora. Lancei-me no colchão para fitar o teto branco e desenhar figuras imaginativas no espaço.

Toc-toc.

Ouvi o bater da porta. Quem será o infeliz interrompendo o meu único momento de paz? Se for a Sra. Sanchez novamente perturbando e ameaçando me denunciar a polícia caso eu escute rock altíssimo como de costume, eu juro que incendeio a casa dela.

Desci as escadas como se estivesse acompanhando um enterro, sem fazer a menor questão de dar atenção ao jumento que quer me aperrear.

Abri a porta e fiz a minha melhor cara de “não dou esmola, não ajudo pessoas carentes e sou um porco resfriado”.

– Oi. – A pessoa pronunciou-se meio que envergonhada.

– Ethan. – Proferi seu nome friamente.

O porquê de agir secamente com essa “Barbie” é simples. ELE ME IGNOROU TOTALMENTE NO COLÉGIO E NEM SEQUER EM UM SEGUNDO ME AJUDOU ENQUANTO OS TRASTES ME FERRAVAM. Ele nem deve saber que fui suspensa por uma semana, até porque, não desgrudou nenhum instante de seus “amigos de infância”.

Larguei a mão da maçaneta e me atirei no sofá, mantendo minha expressão indiferente, a qual ele teme. O mesmo adentrou com sua carinha de cachorrinho que perdeu a bola e mordendo o lábio inferior, transparecendo nervosismo. Ele fechou a porta e tirou os meus pés do braço do sofá e os pôs sobre suas coxas. Com que direito ele pratica este ato?

O fulminei de soslaio.

– Me perdoa por ter te abandonado? Eu soube dos ocorridos. – Ele, finalmente, manifestou-se. Sua entoação aparentava estar arrependida e preocupada.

– Não. – Meu orgulho e insensibilidade gritaram.

– Harley! – Exclamou meu nome.

– Eu.

– Deixa de ser cabeça dura e me desculpa, somos melhores amigos. – Só agora não é sua mula?

– Não. – Reneguei com firmeza predominando.

– Ninguém liga mesmo para meus pobres sentimentos. – Em chantagem emocional eu não caio mais.

– Não adianta. – Prossegui com minha indiferença em relação a seu pedido de desculpa persistente. E o pior de tudo é que ele é assim, persistência faz parte da personalidade desse garoto.

Mas eu sou mais forte e venço.

– Quanta indelicadeza com a pessoa que te ajuda que te ama. – Retardado mental. Eu não vou ceder cacete!

– Calado.

– Agora vejo que nossa amizade nunca valeu à pena. – Ele falou com um tom de voz bem entristecido e sombrio.

Tirou meus pés de seu colo e alevantou-se do sofá, tomando o caminho da porta. Eu continuei imóvel.

– Ei meu bambi... – Docilmente eu o chamei. Sim, porra, eu vou jogar as cartas na mesa, me entrego, me rendo, eu não resisti a esse charme indecifrável que ele tem para me fazer amolecer. Efeito “melhor amigo”. Ele virou-se com um sorrisão gigante, meigo e vivo. E pra deixar a situação mais tosca, ele pulou em cima de mim, quebrando todos os meus ossinhos.

– Ai... – Gemi. – Por que você tem uma mania horrorosa de fazer isso?

Indaguei furibunda com sua ação e me corrigindo no sofá para não cair. Que sorte eu possuir um sofá tão espaçoso.

– Porque eu gosto de te ver irritadinha, flor. – Ele falou-me bem com aquele jeitinho mesmo. É... Tem hora que ele exibe que esta coca é fanta.

– E de me abandonar no colégio também. – Vamos dramatizar.

Ele fitou-me de um modo tão carinhoso e melancólico. Só senti minhas narinas serem ocupadas por aquela fragrância – de novo – que só ele poderia ter e suas mãos acarinhando meus cabelos laranja. P.S – (Tirei a geléia nas unhas e entrou um pedaço no meu nariz, só depois de espirrar umas vinte vezes que consegui me libertar daquele estorvo).

– Já me desculpei, juro que não queria ter feito isso, mas eu estava empolgado com a presença dos meninos e logo agora que vão estudar lá também. – Excelente, a cada capítulo da minha vida eu tenho uma surpresa amável. Olhe só, eu costumo soltar ironias a cada minuto desta minha vida neste planeta anormal, então se contente com o fato de estar lendo a nada mole vida de uma demente de 16 anos.

– Pode me dar um soco? – Ironizei.

– Por quê? – Interrogou atemorizado e desconfiado.

– Eles vão estudar lá? Sério mesmo?

– Você achava que eles só estavam lá de passeio pra comer o lanche da cantina? Harley, hello-o! Você não os viu na nossa classe? Só o Benny que está adiantado e já no terceiro ano.

– Pelo menos um. – Mesmo assim, é uma situação lamentável.

– Qual foi? Não vai pescar nenhum? – What The Fuck?

– O que? Tu só pode está pegando a retardadice daqueles meninos, pelo jeito é contagioso. Licença. – Sentei-me no sofá, desconcertada com aquela sua pergunta. Não, eu não fiquei desejando nenhum deles, mas é que raramente esses assuntos entram em nossas pautas de conversa.

Escutei sua risada abafada e maligna.

– E não. – Eu renuncio isto.

Em uma olhada momentânea, presenciei ele ajeitar-se e se assentar ao meu lado. Sabe vocês por acaso já sentiram um ardor queimar em suas maçãs da bochecha? E ter a sensação que sua face toda está ficando numa coloração vermelha?

Véi, eu nunca senti isso não. Por favor, alguém aí que tem conhecimento sobre dermatologia pode vir aqui e me tratar?

Tudo bem! Foi exagerado tudo o que eu acabei de raciocinar, mas ninguém controla sua linha de pensamentos... Eu acho.

– Harley, você já beijou? – Beleza! Talvez o Ethan que precise de ajuda psiquiatra, porque ele só pode estar ficando louco.

Mirei-o zombeteiramente.

– Eu? Há-há. – Emiti uma risada sarcástica. – Ethan, eu tenho cara de quem já beijou?

Ele, de repente, formou uma feição de analisador, como se estivesse me estudando. Olha, nunca pensei que ele chegaria a atingir um nível de burrice tão elevado.

– Nope. – Simplesmente respondeu uma pergunta retórica, véi.

– Isso mesmo, bambi, nunca beijei e se depender de mim, isto nunca vai se suceder!

– Oras, e por que não?

– Ainda não está claro para você? Eu sou “estranha” aos olhos de todos e só sabem me julgar, até meus próprios familiares e não é nada legal. Imagine eu, velhinha com um marido, consegue?

Desta vez, ele fez a sua expressão de meditador. Aff, tédio, isso é outra pergunta retórica. Porra existe alguém mais débil que ele?

– Não.

– Isso é patente, não é meu filho?!

– Mas pra mim você não é nada estranha. – Ele desenhou aquele seu melhor sorriso dócil e que me provocava paz. De instantâneo, senti-me encabulada.

Eu hein, vai-te, nunca me senti assim com esses seus sorrisos, esse é um dos milhares que ele possui.

– Ara, você é meu melhor amigo e não tem de achar nada de esquisito em mim!

– Tirando esse seu hábito de ficar tingindo cabelo.

– Você não gosta? – Simulei estar ofendida.

– Claro que gosto, mas é que era tão bonito aquele seus cabelos castanhos puxando para um tom meio louro escuro.

– Mas assim me sinto mais eu. – Defendi-me.

– Tá bom, senhorita “cabelo laranja me define”, vem cá.

– Pra que? – Eu to meio que lesando hoje.

– Cala essa boca e vem. – Ele me puxou contra seu corpo e nós rimos.

Ai esse sossego que só ele consegue me passar... Mas ainda estou meio que desconfiada daquele jeito que fiquei minutos atrás e... Rapaz é hoje o dia de ouvir Led Zeppelin no penúltimo volume.


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Notas finais do capítulo

...



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