[música]

I was lost in the middle of my life

(eu estava perdido no meio da minha vida)

There's times I stayed alive for you

(houve vezes em que fiquei vivo por você)

There's times I would have died for you

(houve vezes em que teria morrido por você)

There's times it didn’t matter at all

(houve vezes em que isso não importava)

“Merda, o Aomine não para de ligar, que ódio[...]” pensava Ryouta enquanto chorava no chão daquele banheiro. Merda de banheiro, merda de celular, merda de trabalho, merda de vida. O que ele ainda estava fazendo ali? “[...] Que ódio de mim mesmo” completou o pensamento ao largar aquele caco de vidro.

•

Duas chamadas não atendidas.

Três chamadas.

De repente silêncio. O loiro realmente não sabia o que esperava encarando o celular vibrar ao seu lado, quem sabe Aomine não continuaria a ligar insistentemente? Ora, bobagem. O moreno nunca se importou com ninguém, logo se esqueceria dele... “Infelizmente” pensou logo em seguida com um semblante triste no rosto.

Kise ao contrário de Aomine não tinha muito tempo pra pensar na vida fora das quadras e dos sets de filmagem, mas agora ele estava “afastado”, digamos. Finalmente teria um tempo livre, ou seja lá o que fosse isso. Parado ali, sentado naquele chão frio com as roupas manchadas se questionava qual o próximo passo. Não poderia sair de casa naquele estado, hm quem sabe chamar Ao... não, ideia pior ainda. Que tal... hm... simplesmente começar limpando toda aquela bagunça? Já era um começo.

O telefone tocou mais uma vez.

Kise conhecia bem aquele toque “Err ele está ligando nova... novamente?!” se perguntou nervoso. Aliás, por que Aomine estava sendo tão insistente? Por que ele estava tão nervoso quanto a isso? Algo doía dentro de si. Algo muito ruim.

Kise's POV

Tsk, por que eu estou tão nervoso? Quer dizer, é só passar uma bandagem na mão, se ele perguntar é só dizer que machuquei no treino... Er, melhor, que fui roubado, soa mais convincente. Não, não, nada de atender chamada de ninguém, muito menos de Aom... Quem está batendo na porta?

Narrador's POV

Kise perdeu tanto tempo em seus devaneios assim?

Batem na porta mais uma vez, de forma bruta.

Paralisado, como se já não bastasse estar perdido em seus pensamentos, tinha um serial killer do lado de fora da sua porta. “Não Kise, não pense besteiras” disse pra si mesmo, voltando ao normal. Foi andando vagarosamente até a porta onde a pessoa insistentemente batia com agressividade.

Fechou o casaco, cobriu a mão esquerda com a manga, limpou os resquícios de algumas lágrimas insistentes que vez ou outra escorriam. Então respirou fundo e abriu a porta.

—BAKISE QUAL O SEU PROBLEMA PRA ABrir essa maldita port... o que aconteceu aqui? – Aomine parou, abaixou as mãos e tentou reformular a frase, sem sucesso. Ele estava petrificado encarando o pequeno apartamento que mal notou Kise assustado a sua frente.

—Y-yo...

Standing in the dark

(de pé no escuro)

I can see your shadow

(eu posso ver sua sombra)

You’re the only light

(você é a única luz)

That’s breaking through the window

(que está atravessando a janela)

Flashback on.

Aomine estava no seu quarto, jogando a bola de basquete pra cima e se perguntando o que fazer das suas férias, ficar lá definitivamente não era algo promissor. Rodeou os lençóis a sua volta, pegou seu celular. Pra quem ele iria ligar? Até tinha uma pessoa... Não, ela provavelmente estaria muito ocupada pra jogar um bom e velho oneXone contra ele. Bufou, levantou-se e vasculhou seu notebook. Hm, algumas fotos do Takao e aquele sapo verde (Midorima) por aqui, kawaiizices nojentas da Momoi ali, irritadinho do cabelo vermelho (Kagami) e Kuroko ali, agenda de Kise ali... apenas mais do de sempre.

Voltou a deitar-se e mais alguns segundos jogando aquela bola laranja pra cima sentiu uma leve pontada. “Seu idiota, vai lá, liga pro Ryouta. Admita que você anda com... saudades ugh” não, Daiki de forma alguma admitiria estar sentindo falta daquele loiro irritante. Segurou a bola acima de sua cabeça, rodando-a algumas vezes. “Hm o que custa tentar” resmungou.

Ligou uma.

Caixa postal.

Duas.

O mesmo.

Quatro.

Já tinha dado pra esse moreno, ele não tinha essa paciência toda. “Ah foda-se” pensou pra logo depois se remoer em suas paranoias.

—Por que Ryouta não atende o telefone? Hm vejamos... – rapidamente tornou ao computador indo direto na agenda de Kise. Quem não o conhecesse, diria que era um fãboy do loiro: o que quisesse saber, tinha os sites pra descobrir.

Ué, havia algo de errado ali. A agenda estava em... branco?! Mas na semana anterior estava lotada de compromissos, afinal, era a “grande semana” (é, admita Aomine, você sempre conferia a agenda dele).

Tsk, só podia haver algo de errado. Revirou sites e mais sites. Todos alegavam que “o agente de Kise Ryouta, superestrela nacional, não havia postado esclarecimentos sobre os cancelamentos na agenda do adolescente, mas que havia rumores de que ele havia necessitado viajar pra ir ver o pai”.

—Tsk mentira deslavada, Kise não suporta o pai, além de que, ele teria me avisado se fosse viajar, ou não iria? – Aomine ponderou um pouco – Claro que iria!

Ficou lá mais um tempo procurando notícias até que se irritou “Fãs idiotas, como podem falar que conhecem ele se acreditam nessas mentiras?”, isso era revoltante pro moreno. Ele não estava com um bom pressentimento, havia algo de errado com aquele loiro aguado.

Tomou um banho rápido, pôs uma roupa casual e decidiu “ele não atende o telefone, então vou até ele”. O mínimo que aconteceria é ele ter de voltar pra casa.

A medida que ia se aproximando cada vez mais da casa do loiro algo martelava cada vez mais na sua cabeça. Algo não, aquele maldito mal pressentimento, ele aumentava cada vez mais.

Quando chegou na esquina da casa de Ryouta, Aomine tentou ligar mais uma vez.

Caixa postal.

Cada apito do telefone fazia seus nervos saltarem. “Aquele loiro ainda me deixa maluco” pensou.

Chegado no prédio, já conhecido do porteiro, entrou sem mais delongas. Chamou o elevador que demorava a chegar. Finalmente, sétimo andar, assim como o uniforme de Kise na Kaijō. Andou até o fim do corredor a passos largos e bateu na porta.

Uma vez.

Duas vezes.

Sete vezes.

Estava ficando realmente impaciente.

Ponderou por um instante que Kise pudesse mesmo ter viajado sem lhe falar nada, mas logo descartou a ideia quando ouviu um mínimo ruído vir de dentro do apartamento. Começou a bater mais e mais forte. Quase arrombou a porta quando ela levemente se abriu e ele foi entrando pronto pra gritar com o loiro dando lições de moral sobre atender ao telefone e não esquecer os amigos até que olhou em volta.

Que cheiro de queimado era aquele? Por que tanta fumaça? Pensou tossindo algumas vezes por respirar de forma ofegante. O que eram aqueles cacos de vidro no chão do banheiro que estava aberto? E aquelas embalagens de salgadinhos e... bebida?! Quase pensou ter ido ao apartamento errado até que uma delicada e assustada voz se pronunciou baixa.

—Y-yo Aomine... cchi. – disse a figura levemente mais baixa que si a sua frente.

Kise tinha mesmo esquecido de pronunciar o –cchi ao final de seu nome? Que diabos estava acontecendo?

Flashback off.

Will you help find the right way up

(você irá me ajudar a encontrar o caminho certo)

Or let me take the wrong way down

(ou irá me deixar pegar o caminho errado?)

Will you straight me out or make me take the long way around

(você irá me colocar na linha ou me fazer tomar o caminho mais longo?)

I took the low road in

(peguei uma estrada errada)

I'll take the high road out

(vou pegar a estrada certa)

I'll do whatever it takes to be the mistake you can't live without

(vou fazer o que puder para ser o erro que você não consegue viver sem)