His Girl Monday escrita por LuRocks


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Desculpe, sumi de novo. Mas aqui vai mais um capítulo - Curtinho, porém muito importante.



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Ela acordou com a luz abundante que entrava pelas enormes janelas de vidro e refletiam no piso de mármore da sala. Sentiu um leve desconforto no pescoço, afinal, não se pode dormir em um sofá, por mais confortável que ele pareça, e esperar acordar sem torcicolo no dia seguinte. Ao fundo ouviu um murmurado sutil, olhou em seu relógio e o ponteiro maior marcava algo próximo das oito.

– Acho que a acordamos, Dora. – Lisbon escutou Jane comentar com a governanta para, em seguida, se espreguiçar e alongar o pescoço dolorido.

– Na verdade – Disse ainda sonolenta – A luz da manhã é a culpada.

– Bem, eu até pensei em te acordar para que pudesse se deitar em uma cama de verdade, mas você dormia tão pacificamente que não achei que deveria.

– Não sei se te agradeço por isso. – Ela fez uma careta, colocando as mãos atrás das costas.

– Pode ficar na dúvida. Acho justo – Jane sorriu. – Mas venha cá! Tome café da manhã conosco. – Apontou para a cadeira ao seu lado.

Então Lisbon passou as mãos ajeitando desengonçadamente os cabelos, alinhou as roupas e deu uma bocejada antes de seguir a orientação e se sentar no lugar indicado pelo marido.

– Vai interrogar o senhor Alisson hoje? – Ela puxou assunto enquanto se servia de café preto o suficiente para mantê-la acordada.

– Sim, Sexy Pike vem me buscar daqui a pouco.

– Dá pra parar com essa bobagem?! Não é engraçado.

– Eu acho engraçado, além do mais... Não precisa se enciumar. Você continua sendo mais atraente do que ele. – Ele sorriu debochado, causando leve rubor nas bochechas de Lisbon, o que seria matéria prima de outra piada não fosse a buzina de carro, provavelmente Marcus, soando na porta e interrompendo a conversa.

– Inconvenientemente pontual. – Jane suspirou – Acho que finalmente encontrei um motivo justo para você ter chutado aquele glorioso traseiro. – E concluiu colocando um pedaço enorme de sanduiche na boca.

Jane se levantou, pegou a pasta e o paletó sobre a mesa e se dirigiu até a porta, sendo seguido por Lisbon logo atrás.

– Escuta – ela falava enquanto caminhavam até a entrada – Devo passar no meu apartamento hoje, preciso buscar algumas coisas, sabe... Roupas, objetos pessoais.

– Hm... ótimo. – Ele caminhava enquanto tentava, sem sucesso, vestir o blazer com uma mão só – Pode ir no meu carro, eu vou de carona e peço Van Pelt para me trazer no batmóvel. Se me lembro bem, ele ainda deve estar mal estacionado na porta da agência.

– E se tiver um pouco de sorte também. Sacramento não é exatamente perigoso como Nova York, mas um Lamborghini chama atenção em qualquer lugar... – Ela dramatizou e recebeu um sorriso simpático em resposta. - Deixa que eu te ajudo com isso...

Pararam em frente a porta da mansão e Lisbon acenou para Marcus, que esperava dentro do SUV do outro lado da rua. Então ela ajudou Jane a vestir o blazer e aproveitou para alinhar caprichosamente a sua gravata. Quando Lisbon tornou a olhar para o rosto dele, encontrou uma expressão séria e um olhar apreensivo. Jane não disse nada, apenas tocou nas pontas dos dedos que repousavam sobre o nó da gravata para, em seguida, subir até o rosto fino e delicado da esposa.

Lisbon sentiu um arrepio caminhar pela espinha e alcançar o cérebro que, por sua vez, tentava a todo o custo convencê-la de que não aconteceria aquilo que ela suspeitava estar por vir. No entanto, antes que ela pudesse tomar qualquer atitude, suas suspeitas se concretizaram e Jane encurtou o espaço, colando os seus lábios nos dela.

De imediato ela ficou sem reação, para em seguida sentir um misto inexplicável de sensações, que variavam entre a surpresa, passando pela satisfação e estacionando no medo. Acontece que a valentia de Lisbon não permitia que ela se amedrontasse diante de uma situação qualquer. Então ela fechou os olhos, ignorou toda aquela apreensão e imergiu desafiadora nas demais sensações, aprofundando um beijo que, a essa altura do campeonato, já não era mais um selinho infantil.

Jane não ofereceu resistência e correspondeu ao gesto. Ele nunca havia beijado Lisbon, nunca realmente havia sentido a sua respiração compassada, o sabor de café e o toque macio dos lábios. No entanto, apresentava uma segurança pouco habitual, daquelas só encontradas em casais que se relacionam há muito tempo. No fim, entre tantas as emoções confusas daquele gesto, o que o beijo traduzia era exatamente isso... Familiaridade. Era carinhoso e gentil, mas trazia consigo um gosto de rotina. Porém, de uma maneira contraditória e curiosa, ainda fazia o tempo parar tal qual toda estreia supostamente deveria fazer e, por essa razão, poderiam se perder entre aquele beijo de despedida, não fosse a buzina insistente de Marcus apressando Jane e interrompendo o momento mágico.

Eles se afastaram lentamente, abrindo os olhos apenas depois de estarem a uma distância segura. Não falaram nada a respeito, Jane apenas caminhou em direção ao carro, parando na metade do caminho.

– Até logo – ele acenou e sorriu constrangido, recebendo de Lisbon apenas uma confirmação silenciosa.

Ela ainda ficou parada em frente à porta, esperando Marcus arrancar o carro e sumir ao dobrar a primeira esquina. Então entrou e empurrou lentamente a maçaneta até ouvir o barulho do trinco sinalizar que estava fechada. Sem se virar, tocou os próprios lábios e fechou os olhos, se lembrando dos momentos de segundos atrás quando o tempo parecia não existir.

– Tá tudo bem com a senhora? Aconteceu alguma coisa. – Dora parou o que estava fazendo na mesa de café e perguntou preocupada.

– Sim... Está tudo certo – Ela ensaiou o seu melhor sorriso – Não aconteceu nada. – E mentiu a respeito, como fizera diversas vezes desde que foi apresentada a Jane naquela segunda feira. A maior diferença dessa mentira sobre todas as outras era que agora, pela primeira vez, Lisbon parecia ter consciência de que sua resposta não era sincera.


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Notas finais do capítulo

Sim, eles se beijaram pela primeira vez! Soltem os foguetes, mas também rufem os tambores porque muita coisa ainda está por vir.

Se curtiu deixa um comentário simpático. Qualquer coisa mesmo, pode ser até um código secreto... Tipo a palavra "pão" - Não conheço ninguém que não gosta de pão.
Brinks, se esforça pra deixar um review de verdade, o que o seu coração mandar. - Ou não. pode comentar só "pão" mesmo que eu vou entender. Há!

Beijos e até a próxima!