21/01/XX

O dia que ele se tornou seu amigo.

Nos dois dias seguintes, Crystal resolveu evitá-lo completamente. Em parte porque ele gostava de irritá-la com brincadeirinhas bobas e também porque ela ainda estava meio irritada com o fato de que ele arruinara sua construção de areia.

–Ah, Crys, espera por mim.

Ele também descobrira seu nome quando a dona do orfanato a chamara naquele dia.

–Hunf.

Ela também descobrira o nome dele e mais umas coisas.

–Eeeei!

Seu nome era Gold, também como seus olhos. Ele tinha uma personalidade hiperativa, era impertinente e descuidado. Estava sempre com as roupas sujas e com um curativo no nariz ou na bochecha.

–Me deixa em paz!

E por algum bendito motivo resolvera grudar nela de jeito.

–É por causa da sua casinha de areia? Eu já pedi desculpa!

–Não era uma casinha. Era um castelo!

...

–Credo, você constrói mal, hein.

–HUNF! – E saiu batendo o pé.

–Eei, não precisa ficar tão nervosa. – Ele foi atrás e parou na frente dela.

–Por que você não me deixa em paz?!

–Sei lá. – Ele deu de ombros. – Eu gostei de você.

Isso a pegara de surpresa e foi a primeira coisa realmente gentil que ele dissera desde que se conheceram.

–Olha, desculpa pela sua cas- Castelo! Eu te ajudo a fazer outro, que tal?

Ela o encarou e encarou e encarou.

–Você não vai me deixar em paz, né?

Ele abriu um sorriso enorme.

–Claro que não. Afinal, nós somos amigos, né?

Eh? Amigos...?

–Somos?

–Ué, não somos? – Ele piscou.

...

–T- Tá bom. Me ajuda a fazer outro castelo então! – Saiu na direção do tanque de areia, seguida do garoto.