~Mundo Real~

POV. Ian

Eu estava sentando no sofá do hospital. Faz mais ou menos três dias que eu estou assim. Sentado. Perto de Amy o tempo o inteiro. Longe da mesma pelo mesmo tempo. Perto e longe. Longe e perto.

Nat vem todos os dias das 3h às 3h15 ficar conosco. Traz tulipas brancas, e as coloca ao lado da cama de Amy. Dan estava proibido de colocar os pés no hospital, mas Nellie ligou para o hospital dizendo umas boas verdades, do tipo: “Como um irmão não pode ver a irmã em coma?” ou “Ah por favor, ele só berrou um pouquinho”, e Dan conseguiu ser liberado hoje, depois de três dias longe de Amy, dezenas de ligações da Nellie e uma ajudinha de Fiske, pelo que eu sei. Dan chegará as 3h30, ainda tenho 10 minutos sozinho com Amy. Os outros parentes ainda não apareceram, Nat diz que ninguém consegue vir até o hospital, mas sinceramente, eu não consigo acreditar. Mesmo para mim e para Dan, o melhor é estar perto da Amy, independente de como ela esteja, só queremos ela.

Nat saiu dizendo: “Entenda o lado deles, Ian, todos nos sentimos culpados pelo ocorrido”.

Dane-se a culpa, eu me sinto culpado, mais culpado que qualquer um, e faz três dias que eu só saiu desse quarto para ir tomar banho — o quarto da Amy tem banheiro. Conheci Laura, a enfermeira da Amy, e ela me traz comida de manhã, lá pelas 8h, na hora do almoço, de tarde, e antes de sair ainda deixa comida para o jantar, graças a Gideon, Amy está em boas mãos.

A porta se abre e vejo Dan, mais ou menos sete minutos mais cedo do que deveria chegar. Seus olhos estão vermelhos e eu percebo que como eu, ele mal tem dormido.

— Amy... — Ele murmura antes de se ajoelhar ao lado da cama da irmã, lágrimas saem de seus rosto e a única coisa que eu consigo pensar e em como estamos iguais hoje. Os dois, com a coisa mais preciosa de suas vidas, dormindo.

A vida de outra garota...

— Como ela passou esses dias? — Dan me pergunta após ficar vinte minuto ao lado da irmã, chorando, eu finalmente consegui trazê-lo para o sofá, mas mesmo assim, as lágrimas ainda rolam por seu rosto.

— Parada. — Respondo seco. Tentando segurar as lágrimas que eu tenho certeza que querem sair.

— Espero que ela não fique assim por muito tempo... — Dan comenta, o ar de piada simplesmente sumido de sua voz.

— Eu também cara, eu também.

Nós dois olhamos para a garota, que agora está com a pele ligeiramente mais clara, porém com os machucados sumindo do rosto, ficando mais rosados, mas o corte profundo ainda saliente.

— Espero que ela melhore a tempo... Quer dizer, seria horrível se ela acordar assim...Tipo machucada — Dan diz.

— É...Ela iria gostar de acordar pronta para outra... — Concordo, e nós dois ficamos em silêncio por um tempo, lembrando do lindo sorriso de Amélia Cahill.

— Temos que fazer alguma coisa... — Dan diz, batendo com a mão no sofá.

— O que você sugere? — Pergunto, pronto para ajudá-lo da maneira que conseguir.

Ele fica em silêncio por alguns minutos, depois seus olhos se iluminam.

— Ian... Me diz se essa informação é correta. Amy há alguns dias me contou que um médico Ekaterina estava estudando uma forma de... Facilitar a volta de uma pessoa. Algo como... Bem não lembro, eu realmente não estava nem ai para o que ela dizia, estava vendo um vídeo feito por um jogador... — Dan ficou ligeiramente corado. — Não importa. Mas se isso for verdade...

— Dan você é um gênio! — Grito, pegando meu telefone, disco o numero e na segunda chamada Nat atende. — Natalie, preciso que você venha para o hospital agora!

— Como assim, Ian?

— Preciso da sua ajuda!

— Eu não posso sair assim... Não tenho carro, deixei ele com você lembra?

— Droga! Um minuto. — Me viro para Dan e digo: — Você pode pegar o nosso carro e ir buscar Natalie? O motorista deve estar dentro, só diga que é importante e que é para ir buscar Natalie.

— Claro. — Dan diz balançando a cabeça.

— Nat, o Dan vai ir buscar você. Traga o meu computador, por favor.

— Ok. — E desliga.

Me viro para Dan que esta em frente da cama, ele dá um beijo na testa de Amy e vai em direção a porta.

— Cuide dela Kabra... Eu estarei de volta em um minuto. — E sai.

— Kabra? — ouço uma voz na porta e me viro para Sinead Starling e Hamilton Holt parados na porta.

Sou tomado por raiva.

— O que querem aqui? – Cuspo a palavra na cara deles, o que faz Sinead começar a chorar, e Hamilton abraça ela.

— Não seja grosso conosco, Kabra. — Ele diz apontando o dedo para mim, mas percebo que ele mesmo está recuando.

— Não ser grosseiro? Vocês sabem há quantos dias Amy está aqui? E nenhum dos dois veio ver como ela esta! — Atiro as palavras neles, descontando toda a minha raiva. — Vocês sabem que NÓS somos culpados por isso, e mesmo assim onde estavam?

Sinead chora compulsivamente e Hammer deixa algumas lágrimas escaparem.

— Não se importam com ela! — Berro para eles. — Vão embora! Deixem ela descansar pelo menos! Respeitem ela!

— Por favor! — Sinead berra. — Deixe-me ficar! Eu preciso vê-la! Ela é minha melhor amiga... — E cai no choro novamente.

— Por favor... – Hammer fala, a voz falhando, limpando os olhos. — Nós achamos que não íamos conseguir antes... Deixe-nos vê-la. Minhas irmãs e os irmãos da Si estão esperando... Junto com os outros. Todos querem chorar por ela, não só você Ian!

~FlashMundo~

POV. Sinead

— Amy? — Olho para a menina na minha frente e não consigo acreditar que é Amy Cahill. Quer dizer, ela está linda! A roupa é maravilhosa! Mas a expressão... Amy me parece triste.

— Si! — Ela se joga em meus braços, as lágrimas jorrando de seus olhos. — Eu preciso da sua ajuda! Eu acho que não vou aguentar isso!

Abraço ela.

— Calma Amy, é só mais uma reunião.Você já aguentou tantas outras...

— Dessa vez é diferente... E-eu... Ah Si, eu tenho que fazer tudo sozinha... e-e...

— Olá meninas. — Diz a voz linda e perfeita que eu reconheço com a voz do meu Hamilton Holt.

Me viro sorrindo. Hammer...

— Oi Hammer... — Respondo ficando da cor do meu cabelo.

— Ah... — Amy protela, e eu fico pensando: “Qual é a dela? Não da pra ver que o meu amor está falando conosco?”. — Oi Hammer... Si podemos ir para o meu quarto rapidinho? Eu tenho que lhe falar uma coisa antes da reunião...

— Tenho certeza que isto pode esperar, afinal, já está na hora da reunião. — Eu digo sorrindo para Hammer. — Vamos Hammer? Posso sentar do seu lado?

— Claro, Sid. — Ele diz, me olhando fixamente, fazendo-me corar.

— S-si.. eu imploro... — Amy tentou dizer

— Por favor, Amy! — Corto-a, irritada. — A gente conversa depois! Até porque você também tem que vir para a sala.

E com isso, entro na sala, lado a lado com Hammer, deixando Amy para trás.

~Mundo Real~

POV. Sinead

Ela queria me dizer alguma coisa!

As lágrimas jorram dos meus olhos...

— E-ela... — Minha voz saí embargada. — Ela tentou... me...dizer...alguma...alguma c-coisa

Me sento no chão, chorando. Hammer e Ian estão atrás de mim, mas pouco importa.

Eu fui tola! Deixei o meu desejo por Hammer, não me permitir ouvir Amy.

Pensei que haveria tempo... Mas não.

Ela... Ah por Olivia Cahill, eu não a ouvi.