O Cara Lá de Cima escrita por Thiago Olivieri Dantés


Capítulo 2
Cap. II




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A partir daquele dia, ou melhor, daquela noite, Jonas, como havia prometido, passou a ser um novo homem. O homem de antes, fechado e ranzinza, era uma pessoa alegre e comunicativa. Fez bons amigos que mais pareciam irmãos, que eram fiéis e estavam sempre a disposição uns dos outros, como os conhecidíssimos Três Mosqueteiros de Dumas, que na verdade eram quatro.
Com pouco tempo, e muito suor rolado pelo rosto de Jonas, a triste e pobre mobilia foi substituída por uma nova. Conseguira isto por ter mudado o péssimo habito que tinha de gastar o que sobrava do seu mísero salário com bebidas e outras drogas piores, e também graças a ajuda dos amigos, que o motivaram, claro.
O encarregado de obra, percebendo a mudança e a força de vontade do novo Jonas, promoveu-o a operador de máquinas, triplicando seu salário.

Com oito meses, conseguira comprar duas quitinetes no mesmo local em que morava, e unindo-as fez sua casa própria, sempre com a ajuda dos fiéis companheiros, que não entendiam porque este não adquirira uma casa em um local melhor, agora que tinha condições para tal, e o paraibano dizia: ''foi aqui onde falei com Deus e pude nascer de novo. Por isso não saio daqui.

Quatro meses mais tarde, exatamente no dia vinte e cinco do mês de dezembro, e no mesmo horário do natal do ano passado, Jonas pediu licença aos amigos e levantando da mesa da ceia que realizava em sua casa, foi até o quintal e ajoelhando-se gritou olhando para o céu:
– Senhor, muito obrigado por tudo que me destes. Hoje, graças a ti, sou um homem feliz e próspero.
Com certo atraso O cara lá de cima respondeu:
– Muito bom, meu jovem rapaz. Fico muitíssimo feliz por você, mas, não fui eu, foi você mesmo que prosperou com as suas próprias mãos.

Jonas preparava-se para responder quando seu vizinho, o mesmo bêbado de antes, surgiu e disse:
– Vizinho, é aniversário de Jesus!
Jonas caiu na gargalhada e respondeu:
– Sim, Emanuel, é aniversário de Jesus. Venha cear conosco, venha.
E envolvendo o ombro de seu vizinho conduziu-o até sua casa, e o bêbado ia dizendo enquanto adentrava:
Pará, meu querido, muito obrigado pelo peru e os outros presentes que me deste.
– Não tem de quê, Emanuel, não tem de quê.

A alguns metros dali, em um prédinho de frente para a casa de Jonas, na janela do sexto andar, estava debruçado sobre o peitoril um senhor já bem avançado em idade que observava a movimentação na casa de Jonas, quando uma jovem, aparentemente preocupada na tez, entra no quarto do senhor e diz:
– Papai, ouvi seus gritos lá da sala. Está tudo bem?
E o ancião, depois de fechar a janela, voltou-se para a filha e disse calmamente:
– Está tudo bem, minha filha. Eu só estava a dar conselhos a um rapagão aí da casa da frente.


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