Sentada naquele autocarro, sozinha.
Fazia,frio e tinha começado a chover
Encostei a cabeça ao vidro, a música que eu ouvia acabou e começou a nossa música.
Ouvi-la, fez-me mal. Fez-me retornar ao passado, lembrar-me dos momentos que passamos juntos.
Lembrei-me de quando era feliz e comecei a chorar silenciosamente!

[...] HORAS ANTES [...]

-Então princesa! Como te correu o dia?
-Correu muito bem, mas agora ainda ficou melhor! Dis-me Nath como te correu o concerto?
-Correu muito bem. Tirando a parte em que eu sem querer acertei com as baquetas no Castiel, bem no final só concerto.
Ele riu-se e eu fiz coro com ele.
-Eu vou fingir que acredito, que foi sem querer!
-Kristeva, nós amanhã falamos melhor. Beijo e boa noite!
-Beijo, dorme bem!
Desliguei a chamada e pousei o telemóvel. Acabei de escovar o cabelo e deitei-me na cama.
Era amanhã, era amanhã que eu ia finalmente dizer a verdade para o Nathaniel, tinha que ser.
Adormeci a pensar nisso e só acordei no dia seguinte!

[...]

Acordei com o sol a bater-me nos olhos. Tomei um duche e arranjei-me, tomei o pequeno almoço e dirigi-me para a escola.
A minha escola não ficava muito longe da minha casa e o meu motorista levava-me, mas eu quero que as pessoas pensem que eu sou normal.
Quando cheguei à escola avistei a Rosalya a falar com o Lysandre e com o Castiel.
-Olá Rosa, Lysandre, Castiel.
-Olá Kris! - disse a Rosalya dando-me um abraço.
-Olá Kristeva! - disse o Lysandre.
-Olá Kris! - disse o Castiel, dando um sorriso de canto.
-Então como correu o concerto?
-Correu bem! Porquê?
-Ouvi dizer que o Castiel, começou uma relação com as baquetas do Nathaniel!
-É verdade! Devias ter visto. Pena é que as baquetas deram-lhe com os pés logo de seguida. - disse a Rosalya, escondendo-se atrás de mim, como que a proteger-se do Castiel.
Eu começei-me a rir e afastei-me deles.
-Eu vou procurar o Nath, mas Castiel se quiseres ajuda eu conheço um ótimo terapeuta.
Pesquei-lhe o olho e virei costas. Eu conheço o Castiel desde pequeno e ele é o único que sabe o meu segredo.
Fui até à sala dos representantes e entrei sem bater, para fazer uma surpresa ao Nath.
Quando entrei, só me apeteceu morrer. Tapei a boca e comecei a chorar.

[...] ALGUNS MINUTOS ANTES [...]

-Então Nathaniel, precisas de ajuda para mais alguma coisa?
Tirei os olhos dos papéis e olhei para ela, dando um pequeno sorriso.
-Obrigada Melody! Mas não preciso de mais nada.
Levantei-me e guardei os papéis que estava a ver num armário, para poder ir ter com a Kristeva.
Virei-me para sair e a Melody estava mesmo à minha frente.
-Precisas de alguma coisa Melody?
-Por acaso sim!
Aproximou-se mais de mim e beijou-me. Quando eu me ia livrar dela, a porta é aberta e a Kristeva entra.
Afastei a Melody de mim e vi a Kris a tapar a boca e começar a chorar.
Não tive coragem de me chegar perto dela e afastei-me, eu não acredito que isto me tinha acontecido.

[...]

O Nathaniel começou a aproximar-se de mim e depois afastou-se derrepente.
-Desculpa Kristeva, nós não queríamos que tu soubesses assim.
-Saber o quê Melody? Nós não temos nada um com o outro, por favor cala-te.
O Nathaniel começou a gritar com a Melody e virou-se para mim.
-Kris, por favor acredita em mim, foi ela que me beijou.
Ele aproximou-se de mim, abraçou-me e sussurrou-me ao ouvido.
-Eu amo-te!
-Se dizes que a amas tanto e confias tanto nela, porque é que ela nunca te contou que é uma bailarina, mundialmente conhecida?
O Nathaniel afastou-se de mim aos poucos e encarou-me com cara surpreendida.
-Co-Como assim, bailarina mundialmente conhecida?
-É verdade Nathaniel. Desculpa eu devia-te ter contado antes, mas eu ia-te contar.
-Só hoje é que me ias contar? E não confias em mim, o suficiente para me teres dito antes.
-Eu confio em ti, Nath, mas tive medo da tua reação.
-Reação, que reação?
-Está! A que estás a ter agora.
-E achas que não é merecida?
-Não, não acho! Qual foi a minha reação quando te apanhei aos beijos com a Melody?
-Eu não beijei a Melody, foi ela que me beijou!
-E tu que és mais fraco que uma rapariga não a afastas-te de ti!
-Por favor Kristeva, ela tinha-me acabado de beijar, quando tu entras-te!
-Olha, se queres saber acabou!
-Como assim, acabou?
O Nathaniel encarou-me com uma cara de surpresa e a raiva que ele tinha no olhar, começava a desaparecer, eu comecei a chorar e a tremer um pouco, afastei-me dele e encostei-me na porta com a mão no puchador.
-Acabou! Se tu não acreditas em mim, se beijas outras nas minhas costas, então está tudo acabado!
Virei costas e saí daquela sala a correr e com a vista completamente turva por causa do choro.
Estava-me a dirigir para o portão, eu queria ir embora, queria ir para casa, queria desaparecer, quando alguém me segura pelos ombros.
-O que é que se passa?
Olhei para a cara dele e abracei-o. Era de um amigo que eu precisava agora e o Castiel apareceu.
-Eu acabei com o Nathaniel!
-Porquê?
-Apanhei-o aos beijos com a Melody e quando descobriu a verdade acusou-me de não confiar nele. Castiel eu quero sair daqui, eu só quero desaparecer.
-Anda eu levo-te a casa!

[...]

Quando chegamos em minha casa eu já tinha tomado a minha decisão.
Corri para o computador e comprei os bilhetes de autocarro e de avião.
Comecei a tirar a roupa do guarda vestidos e coloquei-a em cima da cama, peguei em coisas essenciais e algumas fotografias que tinha no quarto, o Castiel estava especado a olhar para mim da porta do quarto.
Eu não aguentei ver uma foto minha e do Nathaniel e atirei-a contra a parede fazendo com que se partisse.
Sentei-me no chão ao fundo da cama e comecei a chorar.
-O que vais fazer?
O Castiel sentou-se do meu lado e abraçou-me, afagando-me os cabelos.
-Eu vou viajar para Itália. Vou começar de novo.
-Tudo isso por causa dele? Tens a certeza que queres estragar a tua vida assim.
-Eu não vou aguentar ficar cá, aqui, rodeada de coisas que me lembram dele, ter que o ver todos os dias, eu não aguento.
O Castiel largou-me e saiu do meu quarto, mas antes de sair disse.
-Nunca pensei, que fosses assim tão fraca. Desistir não vai fazer os teus problemas desaparecer.
Quando o Castiel saiu percebi que desta vez eu estava realmente sozinha.

[...]

Saí de casa da Kristeva muito desapontado, mas eu ia descobrir o que se tinha passado.
Cheguei à escola, um pouco depois e dirigi-me à sala dos representantes, abri a porta e deparo-me com um Nathaniel em fúria. Ele estava a atirar papéis para o chão e a dar murros na mesa.
-Então o que se passa?
-Sai daqui Castiel, não estou para ouvir as tuas provocações hoje!
-Eu só te vim dizer que a Kristeva vai embora para Itália daqui a pouco.
-Porque é que me vies-te dizer isso?
-Porque eu sei o quanto vocês se amam. Eu vi isso pelo estado da Kris e pelo teu também. Portanto a não ser que queiras nunca mais a ver eu ia agora para o aeroporto.
-Como, eu não consigo chegar lá a tempo.
-Consegues sim!

[...] MOMENTO ATUAL [...]

Saí do autocarro e fui fazer o cheq-in.
Estava sentada num dos bancos à espera para embarcar, quando alguém me abraça por trás e me sussurra.
-Por favor não me deixes. Eu não sei o que é a minha vida sem ti!
Agarrei-me aqueles braços e comecei a chorar.
Nathaniel estava ali e as palavras que ele dizia eram verdadeiras, o meu coração sentia que sim.
-Em relação ao que disses-te de manhã, eu também te amo!
Virei-me para trás e beijei-o. Deixamo-nos estar assim por algum tempo, mesmo com as pessoas a olhar.
Quando me dei conta, já tinha perdido o meu voo. Levantei-me da cadeira, dei a mão ao Nathaniel, entrelaçando os nossos dedos e encostei-me a ele. Quando nos separa-mos reparei numa pessoa que pensei nunca mais ver.
-Que fazes aqui Castiel?
-Quem é que achas que o trouxe?
Deu um pequeno sorriso e apontou com a cabeça para o Nathaniel, ainda a dar-lhe a mão dei um pequeno abraço ao Castiel e sussurei-lhe.
-Obrigado por estares sempre ao meu lado. E obrigado por salvares a minha vida aqui!
Afastei-me dele e sorri-lhe, fazendo-o sorrir também. Passado um pouco a minha barriga fez um pequeno barulho, fazendo os rapazes encararem-me e desmancharem-se a rir.
-Muito bem, hoje o jantar é por minha conta!
Depois disso saí do aeroporto acompanhada das pessoas mais importantes da minha vida, o meu melhor amigo e o meu homem.
Quando chega-mos a minha casa eu encomendei uma pizza para o jantar. Estive-mos sentados no sofá a ver televisão, quer dizer eu vi-a televisão o Castiel dava um sermão ao Nath.
Aquela foi a melhor noite da minha vida, a minha viagem apesar de não se ter realizado, fez com que eu fica-se feliz e mais forte.
Entre mim e o Nathaniel, a viagem não tinha nem começado!