Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 86
Capítulo 85


Notas iniciais do capítulo

Sobre essa semana e a próxima, só sei sentir e correr, pq já me apareceu tanto pepino que nem sei DDD: Por isso vim aqui, pra me animar! Tem música, tem conspiração, tem festa!

P.S.: o Mike da série Suits me lembra taaaaaaanto o jeito do Vini. Ao que parece, não sou só eu. Vocês vão entender.



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– Acho muito bonito que no dia do meu aniversário tava todo mundo atarefado, mal me deram parabéns e agora a gente tá matando aula pra ir em um aniversário de uma senhora que nem conheço!

Adivinha quem tava resmungando a caminho da pizzaria onde Dani e a banda iam tocar? A gente tinha prometido que iria assistir e pra isso, precisávamos sair mais cedo. Pra mim foi uma benção, pois era menos um dia pra olhar a cara de Max e realmente precisava espairecer. Uma noite com os amigos e muita música me parecia justo, até mesmo para comemorar merecida e devidamente o aniversário de meu amigo, que não foi dos melhores.

Amanheci naquela na quarta-feira totalmente sem ânimo. Quase esqueci de fazer os cupcakes que prometi e quase errei na hora de assar. Tava mais serena por ter aberto o jogo com meu irmão, claro, mas isso não significava tranquilidade. A coisa toda ainda maquinava na minha cabeça, ora com a conversa com Murilo, ora com o que o diretor, Djane e Max me contaram e algumas atitudes do professor. Ou as minhas mesmo para parecer suspeita. Nem me atrevia a imaginar quem mais ali era um detetive disfarçado porque aí sim seria demais pra minha cabeça. Eu não quero me envolver nisso.

Pelo menos não mais que estava.

O meu acordo com o Murilo era de manter tudo abertamente com ele e, sob o risco de descobrirem que eu havia contado a alguém, a gente só conversaria a respeito se fosse cara a cara e sozinhos. Parecia um bom plano. Me deixou mais aliviada também.

Meu irmão teve que conter sua vontade de falar com o Sávio. Ou isso ou mais coisas poderiam romper e aí sim teríamos que nos resolver com a polícia. Seria perigoso demais, até porque teve aquela surra no André. Vai que levavam o Murilo preso dessa vez? Não, negativo. Eu não viveria aquele horror de novo.

– Apesar de tudo, acho que cada soco que dei naquele desgraçado valeu a pena. Só não valeu eu ter me desgraçado daquela forma.

Eu já não sentia tanta dor de conversar sobre aquele dia em questão, o Murilo era quem ficava sentido mesmo. Compreensível, visto que aquilo deixou em evidência a fera que ele trazia dentro de si.

– Mas até quando vai essa investigação?

– Não sei. Vai que dura o semestre todo? Acho que Max já contou em ser bastante tempo, porque ele teve que virar professor. Bom, ele disse que deu aulas algumas vezes, mas, né, não era de Administração. Djane o orienta, só que isso é de longe. Ela não tem controle do que ele faz dentro de sala. E ele já fez merda. Daqui pra frente, sabe-se lá o que ele vá aprontar.

Pelo que Djane e Fabiano me falaram na reunião, Max foi escolhido para ser professor dentre a equipe (sim, existe toda uma equipe nessa operação) por ser o mais propenso ao cargo. A disciplina de Gestão de Pessoas envolve mais psicologia, apesar de administração e nisso diz que o Max era mais afim. Só se for na psicologia reversa, isso sim.

Pensando bem, eles até que me falaram muito. E pela maneira com que Djane falou comigo no telefone ou mesmo no momento da reunião, ela deixou claro que forçava a barra com Max pra revelar mais do que devia, para que eu pudesse entender a real situação.

– E é sério mesmo que ele não tentou algo... com você?

– Só... pareceu. Foi tudo mal interpretado. Pensando mais a respeito, fazia sentido. Mas como eu disse, ele não tinha as melhores abordagens. Por um lado, ele consegue ser muito carismático e gentil, por outro... Não sei, eu sou bem desconfiada. Mas de geral, é todo mundo deslumbrado com ele.

Também mencionei algo que estava passando batido no meu relato, algo que até então, no meio da bagaça toda, eu meio que tinha esquecido: a suposta agressividade com que Max respondia a Aguinaldo. Isso ficou martelando na minha cabeça, porque eu quase cheguei a reportar isso na diretoria por minha conta. Na reunião com Fabiano, fiquei tão de cabeça quente, que nem me toquei disso.

E no aniversário de Gui, Max não maneirou. Foi o dia da nossa apresentação do seminário. Max confrontou Sávio e Gui e fez pra provocar, como se soubesse de alguma coisa. Teria ele conhecimento da picuinha ou do afastamento deles dois? Era possível. Max se mantinha ouvinte de tudo que rolava naqueles corredores para saber onde seguir com a informação.

Gui até que foi muito seguro e de alguma forma Sávio se uniu a ele, momentaneamente, pra fazer valer os argumentos, porque não eram contrários, eram algo mais como complementares. Eles tavam sabendo bem do que discutiam e apresentavam pra turma. Para Max, isso pareceu irrelevante, pois, com jeito, ele fazia gracinhas e meio que humilhava os dois. Quer dizer, colocava o Sávio como mais certo que o Gui. Bom, eu via desse jeito. Se perguntasse pra alguma das pessoas deslumbradas da turma, a opinião poderia ser outra.

Meu amigo já esperava por algo do tipo na apresentação, não se surpreendera tanto com a atitude do professor. Não ficou bolado como das outras vezes porque, como contava com isso, ele tratou de se preparar bem para as argumentações. Mas vi que ele ficou chateado e foi sacanagem uma coisa dessas bem no seu aniversário. Fiquei muito indignada por isso, com aquela suspeita mais uma vez me martelando a cabeça.

A aula terminou mais cedo (foram os dois últimos horários), já que os debates eram poucos e a maioria das pessoas já tinham apresentado. Íamos fazer uma reuniãozinha pelo niver lá no pátio da faculdade, só que houve uns contratempos e tivemos que transferir para uma lanchonete lá perto da casa de Flávia. Antes de seguir com meus amigos, eu quis me certificar de uma coisa.

Para isso, tive que criar uma pequena situação, a fim de ser a última a sair de sala. Antes o professor saía no meio dos alunos e tenho observado que ultimamente ele tem preferido ser o último. Armei de deixar cair, acidentalmente, umas papeladas da minha pasta e mais um estojo aberto, que espalhou meu material pelo piso da classe.

Acabei chamando atenção demais, pois algumas pessoas quiseram me ajudar, Sávio inclusive. Flá e Gui já tinham se mandado e achei até melhor. Consegui arrumar as coisas, fazendo tudo bem devagar para de fato ser a última a ficar na sala. E fiquei. Max me devolveu um marcador de texto que tinha deslizado para seu lado. Acho que ele percebeu que eu queria ficar a sós com ele. Fui direta quando coloquei o marcador no estojo e o estojo na bolsa.

– Tenho uma pergunta.

– Sobre o assunto da aula?

Ele sabe muito bem que não. Chego a vislumbrar um sorrisinho seu de lado. Pelo jeito, Max parece adorar me provocar também. Mas não toco nesse assunto, claro.

– O senhor tem algo contra o Gui?

Max se fez de desentendido enquanto caminhava para sua mesa novamente. Eu recolhia minhas coisas, ainda muito atenta qualquer movimento dele. E em pensar que ele queria que eu me abrisse com ele. Sonha! Embora tivesse que dar depoimento algum dia desses – que ficou de me avisar, para não chamar atenção (e provavelmente pra espionar o que ando fazendo até esse real testemunho) – não me sinto confortável de conversar com ele. Não é por ele ser detetive ou detetive disfarçado. Sei lá, acho que apenas não concordo com seus métodos. Ou eu questiono demais um cara que está só fazendo seu trabalho.

Max também não se ajuda, ele só dá jeito de piorar minhas impressões sobre ele.

– Que Gui? Tem pelo menos cinco Guilhermes nas seis turmas que assumi.

– Aguinaldo. Desta classe.

– Hum. Aguinaldo Villaça.

Ele finge pensar, mesmo tendo dito o nome e o sobrenome.

– Sim. Então, existe algo?

– Por que pensa que existiria?

– Porque não sou cega.

Armada com minhas coisas, saí de perto de minha carteira e me aproximei da mesa, determinada. Mais uma vez estava lá, aquele sorrisinho.

– Não diria que não existe.

– Ele é limpo.

– Como pode ter tanta certeza?

Porque tenho um sétimo sentido incrível, diria minha mãe.

– Eu tenho.

– Mas isso não vale nada pra mim.

– Mais cedo ou mais tarde o senhor vai descobrir isso também.

– Enquanto isso, as conexões da família dele dizem outra coisa.

Max disse de uma maneira como se tivesse deixado escapar, mas na verdade acho que ele quis que eu soubesse essa informação em específico. Por mais que ficasse no ar, ele se portava de um jeito que dava totalmente a entender isso. Era pela maneira com que me olhava furtivamente e mexia em seu semblante para estampar a expressão sugestiva e então se voltava para seu próprio material na mesa de professor.

Só penso que ele deve estar me testando de novo. Max não me subestima.

Acabo simulando o mesmo com ele, sendo sugestiva e furtiva enquanto rearmo minhas coisas que carregava para poder sair. Se é assim que quer, é assim que será.

– De qualquer forma, o senhor está novamente forçando a barra.

Preferi não mencionar o aniversário de Gui, embora fosse bem provável que ele soubesse. Max se mantém antenado de tudo o que rola por essa faculdade.

– Talvez seja esse meu propósito. Às vezes a nossa procura precisa de outros métodos. Boa noite, Milena.

Isso apenas reforçou meu desânimo para o aniversário que rolava e o fato de eu não poder fazer algo para defender meu melhor amigo. Mas procurei disfarçar e fazer daquela simples festinha de níver algo que ele merecia. Precisava, enfim, deixar aquilo de lado. Ou eu ficaria insanamente louca de paranoia.

Hoje, sexta-feira, havia algum ânimo ao menos. Torcia para a apresentação da Dani ser tudo para me levantar de vez. Ia com Gui e Flá num mesmo carro. Dessa vez o Vini não poderia comparecer por um prazo curtíssimo de um trabalho da faculdade. Uma pena, já que queria tanto sua companhia. Essa semana mal nos falamos por conta do tempo. Bom pelo lado de que ele não via a carinha com que eu andava, seriam muitas explicações que não estariam disponíveis pra ele. Murilo até disse que para eu deixar um pouco de lado a operação com que tínhamos nos comprometido. Quer dizer, disse que ele iria cuidar do caso, que eu já tinha tanto na cabeça, devia tratar de melhorar primeiro. Eu não estava negando esse conselho.

– Gui, por que foi mesmo que você trocou de personalidade reclamona com o Bruno?

Minha costumeira implicância era revigoradora. Parece que era dessas pequenas coisas que provam que estou do lado de quem devia estar. Até Murilo demorou a entender, e por isso também me ainda me provoca. Essa era a verdadeira provocação saudável. Mas continuava sendo uma pequena intriga ali dentro do carro e intriga essa que dona Flávia entra na minha, para descontento do namorado.

– Ele sempre foi reclamão, o Bruno que ganhou destaque depois, porque era carne nova.

– Quer dizer que sou carne velha, amor?

Eu estava no banco de trás observando de camarote. Quando a Flávia quer, ela também pode ser tão zoeira quanto eu. Também né, tem a mim como melhor amiga e o Gui como namorado, influências o bastante para lhe estragar.

– Eu não disse isso.

– Até minha namorada me detona. Na semana do meu aniversário. Que não teve festa.

Nós duas respondemos juntas.

– Teve sim.

– Não do tamanho dessa para a qual estamos indo.

Era aniversário de casamento de uma das tias de Dani e ela havia prometido fazer um especial, que ensaiava faz um tempo. Propagou-se que seria um showzinho um pouco particular, já que tocariam as mais especiais do casal, que eram umas músicas antigas. Tipo, bem antigas. Coisas do tempo de minha mãe, mas não de minha avó. Acho. Dani até dizia que andava vintage.

Ela andava bem feliz, porque para ajudá-la nessa empreitada, estava aquele seu tio-avô de novo. Eu achava bonito, pois pelo que ela já contou, ele era um membro da família que se distanciou por muito tempo por conta de uma briga feia e a Dani tem sido um ótimo ponto de conexão entre eles. Ela tem esse espírito vivo que os une bem. Essa noite seria como uma prova. Era importante desse jeito.

Ainda estavam programadas as duas músicas do Gui, que a gente escolheu bem a dedo. Seria uma baita surpresa e que combinavam muito com a festa. Eram as duas de um rock alternativo e até jazz rolava. Eram músicas que já estavam no repertório da banda porque se tratavam de músicas de entrada de série de TV – que tanto o Gui quanto a Dani eram viciados – e a banda ensaiava para um possível especial de músicas assim.

– Gui, tô rica não, viu. O Murilo me deixa usar o cartão dele só pra emergências. E eu fiz os cupcakes. Levei até encomenda dos cookies da dona Bia. Mais um resmungo e pode esquecer esses mimos PRA VIDA!

Depois dessa – e da vigia de Flávia pra ver se ele diria algo mais – Gui se aquietou e partiu para uma próxima implicância: quem disse que a gente tava achando vaga pra estacionar? A casa já parecia cheia.

Mas eu poderia abraçá-lo só por me manter sã desse jeito.

~;~

Trilha citada/indicada: Cake – Short Skirt Long Jacket

Quando soou o início do cover de Short Skirt Long Jacket, da banda Cake, no mesmo segundo Aguinaldo levantou a cabeça da mesa. Momentos antes Dani, no palco, fez um pequeno discurso, dizendo que aquela era uma homenagem pra um amigo muito especial e que era uma música que ela muito curtia. Não imaginava ele que se dele se tratava. O instrumental inicial foi o bastante para Gui sair quase atropelando galere que dançava pelo salão e ir lá pra frente cantar e pular junto. Dani nessa alternava as estrofes com um carinha da banda.

Tava muito show! Era a música de entrada da finalizada série Chuck, um seriado de comédia e ação espiã (e, detalhe, nerd – não que o Gui assumisse). Entre muitos vai e vêm quase sem resposta e um possível cancelamento, a série finalizou na quinta temporada no começo do ano e Gui vem se sentindo órfão desde então. Quer dizer, ele arranjou outra, mas aquele fim o marcou muito. Fico batendo nele cada vez que se atreve a falar desse final, porque eu ainda não assisti e ai dele se revelar coisas demais.

De qualquer maneira, isso levou a galera mais jovem à piração ali no salão. Os mais velhos também não ficaram atrás, de tão animados que estavam pelo show. Não sabiam eles a letra como nós, mas estavam pirando tanto quanto a gente. Dani até estava a caráter, de saia curta (short skirt) e longa jaqueta (long jacket), como dizia a música.

A piração foi pra outro nível na música seguinte quando Dani anunciou que tinha mais uma para aquela homenagem e para tanto, ela dessa vez iria descansar a voz e... tocar! Acho que nessa hora o Gui quase desfaleceu emocionado. Ele e o Bruno e mais um rumo de gente da nossa faculdade que acompanham o trabalho da Dani. No palco o avô de Dani subiu para tocar violão e ela também pegou um! Pelo que a gente sabia, ela não tocava. Pense na surpresa! Mal podíamos acreditar, falando e falando entre “ai meu Deus", “mano, ela vai tocar”, “gente, como assim?” e toda uma zoeira.

Não era a toa que a bichinha vivia cansada de tanto ensaio!

Era engraçado que, mesmo por saber, eu e Flávia no caso, quais eram as músicas, não sabíamos como as apresentações rolariam... era tudo novidade. Estávamos realmente impressionadas! Essa próxima chamava-se Greenback Boogie, que era chegada num jazz e o cover se daria num acústico.

Trilha citada/indicada: Ima Robot – Greenback Boogie

É a entrada de uma série chamada Suits que o Gui tratou de viciar muita gente – e eu ainda não pude pegar pra assistir, mas de tanto eles falarem, conheci a música (a Dani vivia cantando pelos corredores e até o Yuri dançava no ritmo quando ela fazia essas graças). Todo mundo parecia espantado quando eu falava que ainda não tinha assistido. Isso porque todos dizem que um dos protagonistas tem o jeito do Vini, só que mais malandro.

Não minto, quero ver se isso confere mesmo. Só vi uns trechos, porque até o Murilo tá assistindo. Mas, por enquanto, não tem dado para eu parar e ver de verdade. Tô só esperando o melhor momento para fazer uma super maratona.

Enfim, a música foi bem acompanhada pela galera que assistia a tal série. Quero ver agora o Gui dizer que tá decepcionado. Nem de sacanagem!

Pra mim foi dose mais que certeira para o momento. Apesar de o Vini não estar conosco, eu extravasava um pouco do que guardava comigo. Aquele ritmo leve tava sendo ótimo e a presença de meus amigos me preenchia de amor e força mais uma vez. Iara também estava presente e como Sávio não fora, por motivos óbvios, éramos como a companhia uma da outra, embora ninguém ficasse tanto de chamego com seus pares, era piração coletiva mesmo. Era tão bom se sentir assim, livre, leve e solta, como se nada mais importasse. E no meio disso, mais um show memorável da Daniela.

Um show que dali a pouco eu assistiria de camarote como ele preencheria um coração de uma maneira tão especial quanto aquela que via entre a galera. Para minha total surpresa, essa pessoa em questão era... o Filipe.


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Notas finais do capítulo

Cá estou aqui pensando... Posto logo outro capítulo?
Vamos ver ^.^



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