Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 51
Capítulo 50


Notas iniciais do capítulo

Alô vc que acaba de chegar do ENEM, vem ser feliz, que nesse post tem ouro! Muito ouro!
Tem música tbm :)

Enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/453816/chapter/51

– Que milaaaaaagre!

– Milagre de quê?

– Tu chegando cedo pro expediente.

É assim que Iara me recepciona na entrada da empresa, ela que já estava lá desde o expediente da manhã. Reviro os olhos por me fazer parecer a pessoa que mais se atrasa. Se fosse pra aula, até diria, mas pro trabalho, eu tento ao máximo. Se não chego cedo que culpem minhas caronas. Ou os ônibus.

Se bem que eu usava a mesma desculpa quando chegava atrasada na aula.

De qualquer modo, saio andando pelo saguão e ela vai me acompanhando.

– Vê se aprende o que presta com o Gui, viu, e não o que não presta.

Aí do nada Iara para e me puxa. Quando me volto para ela, observo uma expressão estranha ao seu rosto, que franzido, me desnorteia um pouco.

– Ai, meu Deus, eu te ofendi? Eu não quis diz...

– Não, não é isso. É só que... vem aqui.

E sai me puxando discretamente para um canto, toda misteriosa, olhando as pessoas ao redor de rabo de olho. Aí tem!

– Mi, lembra que uma vez te falei de um cara que tem várias denúncias no RH?

– Aham.

– Pois é, como ele não vai nunca pelo teu setor e quase nem sempre pra lanchonete, vocês não se encontram. Mas agora que chegou cedo... bem, ele está bem ali. Queria te mostrar pra assim você evitar que nem eu.

– Ok. Onde?

– Olha devagar esse grupo que tá na recepção. Ele é o cara com uma barbicha, que tá de relógio prata e falando alto ao telefone. Não tem como errar.

Como quem não quer nada, vou me virando de boa, disfarçando. Quando bato o olho no cidadão, não acredito. Primeiro que já tinha o visto algumas vezes em algumas visitas que fiz ao departamento jurídico, e como sempre tava ocupado, graças a Deus ele não me via. Segundo que... era ele! Era ele quem eu tinha visto com Iara naquele dia na praça! E terceiro... Mano, aquela barbicha que ele tava deixando crescer era feia pra caramba. Quando tinha o visto com Iara, tava escuro e ele tava mais jeitosinho. Mulheres conseguem cair no papo dele?

Ao que parece não, pois o que não lhe faltava eram notificações do RH.

– Você o conhece, Lena?

Acho que fica claro para Iara que ao menos eu reconhecia o cara.

– Hãaa... Mais ou menos. Já o vi mesmo no setor jurídico, e outra vez...

– Outra vez...?

Eu não queria dizer, mas era o jeito.

– Com você.

– Comigo?

– Foi. Numa praça, num barzinho de bairro.

– Você estav... estava naquela noite?

Os olhos de Iara faltam saltar de seu rosto tamanho seu espanto. Estranho esse seu comportamento. O que haveria de demais? Será que era pra ser segredo mesmo?

– Só vi de relance quando tava indo embora. Só eu vi, porque todo mundo ou já tinha ido embora ou tava no estacionamento. Eu tinha voltado pra mesa porque tinha perdido meu chaveiro e... Mas, pera, eu achei que vocês tavam tendo algo, sei lá.

– Eu e esse maluco? Desulivre!

– Vocês pareciam um pouco íntimos. Deu essa impressão.

– Ele tava me cantando na cara de pau! Nem dava pra acusá-lo de algo porque era fora da empresa. Quase joguei minha bebida na cara dele, isso sim. Urgh!

Tá, isso explica.

– Tá, mas se você não tava com ele, tava com quem então?

– Ah... Tava com um... errr... amigo.

– Um amigo... especial?

Meu Deus, Iara ruboriza.

– Sim. Um amigo... especial.

– Que bom então.

Melhor não comentar mais nada, não quero que ela fique mais sem graça do que já está, apenas comemoro internamente. Sorria e acene, diria o pinguim no filme Madagascar.

– Que milaaaaaaaaaaaagre!

Chegou o pilantra. Iara ri e bate a palma ao ar na de Aguinaldo.

– Foi o Murilo, tá? Ele tinha uma reunião muito cedo e o Vini não poderia vir me deixar. Com Djane doente, tá todo mundo se revezando.

– Vish. Afinal, Djane tem o quê?

– Orgulho, dengo e marra demais, com um toque de febre e garganta. Mas vamos andando que vou espocando o babado pra vocês.

~;~

– Djane FEZ O QUÊ?

Me distanciei da minha mesa rapidamente quando recebi uma mensagem de Vinícius. Tive que imediatamente ligar de volta. Na sms dizia:

Não sei como, ela achou o telefone sem fio q escondi no fundo do guarda-roupa. Peguei ela no FLAGRA. Adivinha com quem falava? D. Helena.

Sim ou com certeza não era informação pra surtar?

– Calma, amor, sua mãe já estava a par de tudo. Mas fingiu que não, botando lenha na fogueira. Djane tava TE denunciando pelo que tava aprontando. Sua mãe prometeu até brigar contigo e com o Murilo.

– Espera, espera, espera. Tem muita informação ao mesmo tempo. Como foi que minha mãe descobriu? Murilo que ligou, foi?

– Errrrrr... na verdade? Não. Ela me ligou essa manhã, a gente conversou brevemente.

– E o que MINHA MÃE fazia TE ligando pela manhã, Vinícius?

– Às vezes ela liga, oras. Geralmente de manhã cedo, quando tô chegando no escritório. Pelo menos ela não dorme comigo na ligação, diferente de outras pessoas.

– Não muda de assunto, por que que minha mãe TE liga?

– Oxi, como se a minha não te ligasse, Milena!

– É diferente.

– É diferente como?

– Sei lá, Vini. Mas por que ela te liga?

– Ah, às vezes só pra papear enquanto seu pai tá abrindo a loja. Seu avô fica contando histórias, mas nem sempre dá pra ouvir, porque sua mãe já sai dizendo que é tudo mentira. Penso se é algum tipo de piada interna deles, porque eu fico boiando.

Tô chocada. Chocada!

– Aí hoje de manhã ela ligou e comentei que andava preocupado com a minha, e pelas coisas que você havia me dito. E a contei também que tinha desistido daquela promoção.

De repente já não sinto aquele feel de culpa por ter deixado escapar pra Djane que Vinícius havia surtado com o fato de Renato ter passado a noite na moradia deles. O que foi bem por acaso, deixo bem claro – sobre eu ter mencionado pra Djane, não que Renato tenha ficado lá por acaso. Na verdade, tinha uma baita duma explicação. Que eu decidia se contava ou não para o namorado depois dessa descoberta das ligações de minha mãe.

No almoço, enquanto esperávamos os meninos que logo chegariam, fui checar novamente Djane, que, graças, sua febre havia baixado. Porém, estava triste. Não gostou nadinha do modo daquela intervenção, ficar fora do seu trabalho estava a pilhando demais. Tive que ligar para o departamento pelo menos para tranquilizá-la. No viva-voz, Glorinha nos garantiu que a Terra ainda girava, que o céu ainda brilhava e que tudo tava beleza – sim, ela usou essas exatas palavras.

Djane desconfiou e pediu mais detalhes, ao que a secretária deu e até chamou o tal substituto, que estava de saída para o horário do almoço. A sogrinha só sossegou mais quando viu que tava todo mundo a par das coisas e, como Glorinha havia mencionado, tava tudo beleza.

Quando desliguei e guardei meu celular, a professora ainda tava toda jururu.

– Que foi, hein? Não tá tudo bem lá na faculdade?

– Não, não é isso.

– O quê, então?

– Vinícius... Me pergunto como Vinícius entrou nessa tramoia sem...

Tive um feeling de que não se tratava disso, mas já que ela não queria conversar sobre, não condenei e segui o caminho que ela escolheu.

– Pra falar a verdade, ele resistiu muito. Ainda mais porque tava chateado com aquela história de...

– De...?

– De... Eu disse chateado? Eu quis dizer... errr... Atarefado?

Me perguntei se dava tempo de fugir pra enrolar, mas antes mesmo que eu pudesse escapulir da sala, Djane me interceptou.

– Atarefado?! Milena, volta aqui. Me conta isso direito.

– Não é nada.

– Então fala.

– É só que... Bom, ontem o Vini... ele percebeu que Renato havia dormido aqui e deu uma surtadinha. Só isso.

– O quê? Como ele... como ele percebeu?

– Djane, as pistas tavam bem claras, né. Só cego não via. Que o carro de Renato ficou no mesmo lugar. Vinícius viu quando chegou de noite, viu quando foi sair de manhã. E não havia ninguém no quarto de hóspedes...

– Ai, meu Deus, como fui descuidada!

– Descuidada nada, Vini que exagerou. Não tinha o que exigir se ele já havia feito o mesmo.

– Bem que eu notei ele meio estranho ontem, só não imaginei que... Ai, o que meu filho deve ter pensado de mim!

– Acho que a senhora é um pouco grandinha pra se preocupar com isso, não?

– De fato, mas não impede que isso o atinja. Tenho sido bem cuidadosa para não pressioná-lo demais. Vinícius desde o começo ofereceu resistência quando o assunto era Renato.

– A senhora não devia se guiar por isso, só acho. Pra todo caso, é só ir com jeitinho, que o Vinícius vai aceitando melhor.

– Não aconteceu nada, Milena.

– Hey, eu não tô perguntando.

– E eu só tô dizendo. Ele decidiu ficar comigo porque... eu senti um mal-estar. Só isso. Como não quis comentar com ninguém mais, Renato quis ficar. Só isso.

Mas eu diria isso pro Vinícius? Nãaaaaaao.

Ai minha mãe, minha mãe, minha mãe, ressoa em minha cabeça. Se não bastasse esse rolo todo, ainda tinha minha mãe que já sabia o babado todo. Pelo menos foi mais esperta que o namorado, não entregando o esquema de vez. Diferente de outras pessoas.

Mas menciono isso ao Vini? Também nãaaaao.

– Minha mãe tá deitada agora, aquietou ainda há pouco. Já fiz todas aquelas maldades que tu fez comigo quando eu gripei. Só que com muita dor no coração, viu.

– Agora tu entende.

– Mi, teu coração nem tremia.

– Oxi, seu dramático. Tremia, doía e enternecia. Se eu permanecia firme e forte, era o cérebro, a razão, que dava as ordens. Porque se dependesse do coração, quem tava ferrada era eu.

– Sei.

– Agora sim tu sabe.

~;~

Trilha citada/indicada: Avril Lavigne – Things I’ll Never Say

2:39

Yeaaaaah

La da da da la da da da la

Da da da da la da da da la la la la da

Da da da da da da da

Yeah

La da da da la da da da la

Da da da da la da da da la la la la da

Da da da da da da da

Eu cantarolava alegre enquanto formatava umas planilhas para impressão que meu chefe esperava. Checava uns últimos detalhes e a música da Avril Lavigne não saía da minha cabeça. Depois de ter encontrado Iara num corredor, de o celular dela ter tocado essa parte específica que se repete no radinho do meu cérebro, e de eu ter recebido a melhor notícia para esse dia, eu não me importava com nada.

– Alguém tá feliz hoje.

Quase me destrambelho toda quando Filipe surge por trás e me assusta ao falar bem pertinho de mim. Eu tenho coração, sabia? Um que salta como louco. Mas digo isso para o chefão? É claro que não.

Apenas inspiro e tento não parecer tão pateta assim.

– Thiago tá na sala dele?

– Não, ele foi na recepção ainda agora. Deve voltar num minuto. Quer deixar recado? Ou prefere esperar?

– Não, tudo bem. Só entregue esse pacote a ele. E a propósito... hã... Também me pego cantando esse trecho.

FILIPE CANTANDO AVRIL LAVIGNE?

É tanto ouro que eu não consigo guardar que me seguro na mesa pra não cair pra trás com cadeira e tudo.

– E eu nem sei quem é essa cantora. Iara botou uns toques no celular dela e fica com uns sons lá no apartamento que acabo adotando por osmose. Tem umas bem bonitas até. Ela disse que anda ouvindo tudo dos anos 90 e 2000. Pra mim, essas músicas que são novidade.

Eu juro, juro que não dá pra ficar melhor que isso. Fico curiosa de perguntar quais são os artistas, mas muito provavelmente Filipe não teria como os descrever. Tento ao máximo disfarçar.

– É, eu ouvi o toque ainda agora e grudou. Aproveitando que o senhor está aqui, conto a boa nova do dia.

– Que vocês sequestraram Djane? Já tô sabendo. Até meu pai tá no meio pelo jeito. Peguei Iara e aquele seu amigo Guilherme cochichando.

Tá, o universo está me testando para ver o quanto eu aguento? Até inspiro forte pra não me deixar dar na cara que queria rir demais. Era tanta coisa junta que eu nem saberia dizer pelo quê eu estaria rindo.

Mas, boazinha que sou, trato de esclarecer sobre o nome de Gui ao menos.

– Na verdade é Aguinaldo, não Guilherme. Ele que não gosta muito do nome.

– Sério? Sempre o chamei de Guilherme, ele nunca me consertou.

Filipe desconcertado me faz atingir altos picos de felicidade instantânea e fofura que nem sei. Como tão pouco pode me dar uma reação dessas?

Deve ser porque tô feliz mesmo.

– Vai ver ele que prefere ser chamado de Guilherme. Mas o que eu ia contar não era sobre Djane e o esquema complicado de manter ela sob um cativeiro. Eu recebi uma ligação não faz muito tempo lá da faculdade e... ADIVINHA, ADIVINHA, ADIVINHA!

Meu Deus, eu quase salto em cima do homem de tão emocionada. Antes mesmo que eu diga o motivo, Filipe parece se contagiar pela minha animação. Praticamente estou batendo palminhas e pulando no mesmo lugar.

Sou a pateta mais feliz do recinto!

– Eu nem tenho parâmetros pra adivinhar.

– André trancou a matrícula dele. Ele não vai mais cursar com a gente!

– Ah, sim, ótima notícia.

– Ma-ra-vi-lho-sa notícia!

– Como você sabe dessas coisas?

Apenas dou de ombros, como quem não quer nada.

– Tenho contatos fiéis.

Vulgo Luciano.

– Misteriosa.

– Pra quem a sequestra sogra, eu tinha que ser, ué. Acredita que Djane ligou pra minha mãe? Pra ME denunciar?

O sorriso de meu chefe se alarga quando me vê de mãos na cintura.

– Acho que acredito.

– Ela falava do Vini fazendo birra pra escapar quando tava doente e faz pior.

Sou decente de segurar a informação de que uma vez ameacei chamar Filipe pra convencer Vinícius de se aquietar. Não seria uma informação agradável, quero dizer.

– E como meu filho está?

– Tá se fazendo de babá agora. Logo mais vô pra lá.

– Bom saber, agora tenho que ir. Não se esqueça de entregar esse pacote.

– Ok, chefinho. Pode deixar, chefinho.

Eu era uma pateta mesmo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Dessa vez, não tem post sobre curiosidades dos bastidores =/ Sabe como é, fim de ano é tempo de aperreio. Masssssss... Enquanto isso, vou apenas deixar um trechinho misterioso aqui do próximo cap. pra que vcs fiquem pensando sobre quem se refere...

"- Nós precisamos conversar, sabe. Alguma hora dessas...
Assentindo, também quieta, repliquei.
— Sim. Eu tenho... tantas perguntas.
— E eu tenho várias respostas, só esperando uma oportunidade."

Arriscam dizer quem?

Até!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mantendo O Equilíbrio - Finale" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.