Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 43
Capítulo 42


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaa!

Hoje tem... OURO.
Mais ouro do que a Milena possa pensar.

Tenho "novidades" lá nas notas finais, viu. Dá uma olhada lá o/

Enjoy!



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Eu já fui melhor habilidosa com papeis de presente.

(Um tutorial no youtube talvez salvasse mais).

Iara nem tentava, já tinha declarado que não tinha jeito pra essas coisas, só não deu para pedir embrulho do atendente porque ela teve que pegar umas peças na lavanderia, que fechava cedo, senão teria pedido ao carinha da loja para fazer. Saímos direto do trabalho para comprar, já que essa semana teria o aniversário de uma das meninas do seu departamento, e corremos – leia-se Iara correu de moto comigo na hora do rush da cidade e dessa vez eu nem enjoei – para a lavanderia. Era um pouco ruim equilibrar o pacotão de peças de cama e banho com a gente na garupa, mas de moto, era o jeito.

Como Vini ficaria até mais tarde no trabalho hoje – de novo – por causa de uma promoção em que ele está de olho, e de um projeto complicado que estão desenvolvendo, não o veria tão cedo. Gui até me ofereceu carona pra casa, mas acabei ficando com Iara, que lembrou de última do aniversário e ficamos discutindo possíveis presentes até que eu disse que ia com ela até a loja. Como tínhamos de deixar o pacote da lavanderia no apê, aceitei ficar lá até Filipe chegar ou Murilo poder ir me buscar. Compramos o jantar e eu tava tentando dar um jeito no embrulho enquanto Iara arrumava a mesa.

Aí me surgiu uma dúvida.

– Sabe, você nunca me disse seu aniversário.

– Ah, é em novembro.

Novembro. Fiquei tentando lembrar o que eu tava fazendo em novembro passado e Iara deve ter captado isso quando passou por mim, terminando de colocar os utensílios sobre a mesa. Ela senta-se na minha frente, de repente sabendo tudo e mais um pouco sobre aqueles dias.

– Foi um pouco antes de você mandar aquela mensagem ao meu pai, propondo uma conversa. Eu tava com ele na hora. A gente ia celebrar depois, porque ele tinha ficado bem atarefado na época com uns problemas de gerenciamento de filiais e aí ele teve que volt...

– Ai, não, eu interrompi o plano de vocês!

– Era o Vinícius, não importava.

Ela deu de ombros simplesmente.

De fato, com um filho em coma, ou acordando de um coma totalmente desconhecido, nada importaria. Mas ainda assim, pelo que Iara já havia contado sobre seu tempo morando na outra cidade, estar com Filipe era um dos poucos momentos que ela era feliz, e interromper, bom, parecia até maldade.

Mas era o Vini. Não importava.

Um suspiro um pouco triste sai de mim, ainda ajeitando o embrulho. Eu tentava fazer um modelo que lembrava ter visto em algum lugar, com prensas estilosas, só que agora só pareciam umas dobras sem graça. Meu disfarce em nada deu certo, pois Iara bem que saca no que eu estava a pensar.

E dá de ombros novamente, mostrando que estava tudo bem.

Mas estaria mesmo? Arrisco questionar.

– Então... Sempre se tratou dele?

Iara começa abrindo as sacolas com nosso jantar, para melhor dispor sobre a mesa. Para mim, ela parece bem tranquila. Vai ver não se importava mesmo, ou se se importava, ela já havia deixado para trás.

– Não sempre. Mas meu pai... ele não diz, só que dá pra ver o quanto isso mexe com ele. O quanto ele fica doido. E pelo jeito, vocês pegaram uma maré de tempo ruim dele.

Era um convite a rir com ela pela maneira com que comenta sobre o “pai”, o que acaba afastando o meu pesar do início da conversa e repenso mesmo sobre eles, que se mantiveram juntos. Eu admirava a harmonia entre Iara e Filipe, era uma coisa bonita de ver. Como se apoiavam, cuidavam de si e tal. Ele a salvou de uma família desgraceira. Ela o salvava dele mesmo.

– E bota maré nisso! Já hoje, vê-lo assim, nem parece. Que brigávamos ou implicávamos tanto. É estranho pensar. Mas você sabe que nunca o vi como pessoa ruim, não sabe? Filipe não é daqueles que só quer o mal da pessoa, que tem o prazer de deixar os outros mal, embora às vezes Djane intuísse isso dele... Só acho que desde o primeiro instante... eu vi humanidade nele.

Enxergar isso através das pessoas se tornou uma busca minha involuntária desde acho que o caso com Denise, porque confiei que ela era uma boa pessoa e logo se revelou algo totalmente oposto. Não sei dizer se isso é algo meu mesmo ou se foi efeito colateral, o fato é que procuro sempre nas maneiras intrínsecas das pessoas esses traços e isso que importa. Pelo menos de maioria, porque até hoje Sávio é uma incógnita pra mim.

– Meu pai está nesse “jogo” faz muito tempo, Lena. Só nunca achei que ele iria algum dia desistir. Ele já havia feito tanta coisa, que nem o próprio se orgulha, mas estava lá, tentando, insistindo, procurando brechas, chances. E de repente, tem esse lampejo. De deixar Vinícius livre. Foi... absurdo! Absurdo demais!

Me passando a travessa, ela complementa, dessa vez suspirando em algum tipo de alívio misturado ao cansaço.

– Eu não sei o que Murilo disse a ele, mas, Deus, eu agradeço demais. Meu pai não quis nem me mostrar a papelada e, provavelmente por estar muito a ligada a ele, foi mais fácil para Murilo agir. Eu tenho esperanças. E você tem que desistir desse embrulho!

– Mas eu tava já pegando o jeito.

– Pega depois. Cadê aquela fome toda que você falou quando sentiu o cheirinho da lasanha?

Como criança que hesita em acatar, e quando faz, faz toda penosa, eu deixei as coisas do lado, de bico. Iara tenta me consolar.

– Ela nem vai notar toda sua dedicação nesse embrulho.

Assinto, preenchendo meu prato.

Assim como todo grande sacrifício, é o que ressoa em minha cabeça, as pessoas não veem senão o resultado, e não se atentam para o real trabalho para se chegar àquele ponto.

Mas um dia, quem sabe.

E quem sabe eu poderia invadir a festa de aniversário da Ellen só pra dizer que tinha embrulhado aquele presente. Não custaria nada tentar.

~;~

Pelo jeito, eu não desistia mesmo daquele presente. Já estava ficando tarde e até Filipe disse que eu tinha perdido a batalha contra o embrulho. Ele ligou quando estava saindo da casa de seu Júlio – ele geralmente o visita pelo meio da semana, pra não ter que dar de cara com Vini aos domingos – pra saber o nome de um analgésico que não lembrava, e Iara contou que eu ainda estava lá com ela, brigando com o papel. Me cortei até!

Por isso mesmo eu ia fechar aquele troço de qualquer maneira, porque virou questão de honra! Mesmo eu tendo estragado duas folhas de embrulho já. Ainda bem que Iara tinha umas em casa.

– Ela vai rasgar tudo, Lena.

Iara tentava me convencer a deixar mesmo, mas eu continuava firme e forte com o tutorial do youtube na tela do notebook dela. Tava em inglês, o que não foi problema, e ajudou bastante mesmo ter o vídeo me indicando os passos. As dobras estavam mesmo ficando mais estilosas, diferente do que eu tinha em mente, porém, melhor que nada.

Já sentia o gostinho da vitória quando vi que ia ter que cortar umas pontas.

– I, tem alguma tesoura aí?

Enquanto eu me esforçava, Iara atualizava uns dados em sua agenda pessoal, sentada comigo ainda na mesa da copa. Apontando para a estante da sala que tinha a TV, ela me indica onde procurar:

– Acho que a minha usual levei outro dia para a empresa, mas tenho a impressão de ter visto uma naquela gaveta de baixo.

E lá fui eu remexer na gaveta misteriosa, cheia de bagulhos. Vistoriando melhor as coisas, pesquei um tomagooshi de lá. Costumei ser viciada nesses joguinhos. Tive um cachorrinho chamado Murilo só pra provocar meu irmão. Murilo vivia sumindo. Era a peste do meu mano escondendo o bichinho só de mal.

– Putz! Pensei que nunca mais veria um desses na vida.

– Ah, não é meu. Deve ser do Vini. Até hoje encontro umas coisas dele por aí e enfio nessa gaveta, outras já estavam aí.

Fico curiosa, não nego. Na verdade, me entrego. Me viro para Iara e...

– Se importa em eu dar... uma olhada?

– Não, pode ver.

Volto-me para a gaveta, sentada no chão já, com carinha de traquina imagino. Assim esclareço antes de pensar que sou alguma maníaca ou algo do tipo. Bom, talvez eu seja, mas não por isso, claro.

– Não ache que sou “fuçadeira”, é que... Só conheço coisas dele sobre a época que viveu e vive com Djane, ele quase não comenta sobre quando viveu com Filipe.

– Com meu pai é o contrário, ele vive me contando essas histórias. Gosto como o olho dele brilha só de falar no “seu garoto”.

Quase soltei um sonoro “awn”, pois consigo imaginar bem a empolgação de Filipe. Realmente, os olhos dele brilham quando fala do filho. É um orgulho bonito. E sendo amoroso, ele consegue ser a coisa mais fofa do mundo.

Meu Deus, eu amo meu sogro mesmo!

– Que fofo! E que injusto. Tenho que arrancar as coisas do Vini praticamente e...

Não. Não. Não.

Não acredito no que meus olhos veem.

No que minhas mãos tocam.

Ouro puro e brilhoso.

– Iara, olha isso!

Balanço a fotografia para ela, que ri do outro lado do cômodo. Uma fotografia de Vinícius abraçado com uma moça. Eu não me liguei ao fato de ele estar abraçando a garota porque o ouro mesmo se tratava de outra coisa.

Vinícius DE BIGODINHO.

Era hilário demais pra me sentir enciumada com o resto!

– Pensei eu que nunca veria ele de bigode. Meu pai me contou que foi uma fase um pouco de birra, porque o Vini quis deixar crescer pra ver como ficava e Filipe não perdia a chance de dizer que tava horrível.

Santo Cristo, horrível era elogio. Aquilo era pedir pra ser zoado!

E ele preocupado com as fotos de criança que Djane me mostrava, tsc, tsc.

– Tenho tanto ouro na mão que acho que mal posso segurar.

Iara TENTA, tenta, me repreender. Porque ela também tá rindo a danar.

– Milena!

– O quê? Ele tem é sorte! Se caísse na mão do Murilo, ele tava era ferrado.

Ela reconsidera.

– É, muito provavelmente. O que vai fazer?

– Vou guardar, claro. Nunca se sabe quando pode ter que usar uma chantagem e é preciso recursos. BONS recursos.

Revelando-se a melhor pessoa – do tipo que eu gosto, claro, não aquela que tenta preservar a imagem do outro – Iara só acrescenta, entre risos e anotações. Ela era mesmo das minhas!

– Só pra constar, eu não sei nada disso, tá?

– Tá.

~;~

– E cadê o outro?

Murilo demanda do meu lado como quem não quer nada. Estava na propaganda do filme. Cheguei em casa e perdi outro capítulo da novela – que eu nem acompanhava, mas era o William e eu queria ver porque estava chegando ao fim. O que eu sabia dela era só o que Alexandra, em trabalho de parto no carro do Vini, me contou ao aleatório com as perguntas que fui fazendo pra distraí-la das contrações. Péssima referência, mas a que eu tinha. Poucas vezes tinha assistido a essa novela, e em todas eu dava uma babadinha do tal William. Havia me prometido me despedir dele, mas eu tinha esquecido mesmo. Já cheguei no início do filme, Murilo tava terminando de fazer pipoca. Filipe que me deixou em casa mesmo, ele insistiu.

– Que outro? O Gui?

Eu sabia que ele queria saber do Vini, mas o quanto eu podia enrolar por pura graça meu mano, eu enrolava com gosto. Murilo, por outro lado, fica perdido com minha referência a meu melhor amigo.

– O Gui? E o Gui é teu namorado por acaso?

– Tem gente que acha, acredita?

– Quem?

Aline, do meu outro lado no sofá, inquere. Sou vingativa, estou sentada entre os dois pombinhos. Murilo fazia tanto isso comigo e Vini que tenho que retribuir.

Passo a bacia de pipoca pra ela e conto sobre essa história lá do estágio, rindo sozinha e besta por esse absurdo. Não se pode ter amizade entre um homem e uma mulher afinal, se não tiverem ligações sanguíneas. Ah, que besteira! Gui só não era meu irmão porque ter o Murilo já me bastava. Imagina dois marmajos na minha cola?

Bom, os dois marmanjos já ficam na minha cola.

– O supervisor dele que acha. Foi só ver a gente abraçado uma ou duas vezes que encasquetou com isso.

Murilo mete a mão na bacia de pipoca nos atravessando sem licença. Se eu reclamasse, ele diria que tá na casa dele e com a pipoca que ELE fez. Já disse que ter essa peste como irmão me era o bastante? Ainda ousa concordar com o cara!

– Dando motivo, fica difícil.

– Seu chato, eu gosto de abraçar meus amigos.

– Mas sim, e o Vini?

Eu sei de novo que ele tá perguntando o porquê de o Vini não ter dado as caras hoje, e por esses últimos dias andar meio sumido mesmo. Acho que nem deve tá ligando pra criatura, por falta de tempo. Coitado do meu Vini. Mal tem ligado pra mim, às vezes ficamos só na sms. No almoço de domingo ele nem pôde ficar muito.

Mas eu continuo de zoação com o Murilo, esticando a história do Gui.

– Ele diz que se garante.

– Ô, coisa, não sobre isso. Quero saber dele.

Teatralmente me viro para a senhoríssima namorada da criatura, que ria aparentemente da palhaçada, também vendo bem o que eu fazia. Toco delicada na perna dela pra lhe dar um alerta, que só ri mais ainda. Mas não pelo alerta, pelo comportamento infantil de Murilo mesmo.

– Olha, Aline, se você não tivesse aqui, eu diria que o Murilo anda interessad...

Uma almofada atinge meu rosto. Eu não paro.

– ...demais n...

Outra almofadada. Aí já é demais!

Me viro me fingindo de enfezada pelas duas almofadadas – embora merecidas – e respondo finalmente à questão dele.

– Ele não pode vir, seu chato. Tá fazendo maratona no trabalho e... Ih, sms dele.

Mal o celular vibrou do meu lado, vi o nome na tela e apertei pra ver. Soltei um sonoro “awwwn” de saudades do meu Vini. Ele até tinha me chamado mais cedo para ir para sua casa, porém, eu bem sabia que ele tava ocupado, eu que não ia ser uma distração. Ele precisava se concentrar, isso sim.

Mostro a mensagem pra Aline, que também enternece. Já a criatura do outro lado tenta bisbilhotar, sem muito sucesso.

– Quê que ele disse?

– Eita, mas tu tá curioso hoje!

Aí que Murilo se faz de enfezado, mas diferente de mim, um enfezado de verdade por toda a trollagem gratuita que eu aprontava com ele. Reviro os olhos e acabo lendo o conteúdo pra ele.

– Ele escreveu “faz quanto tempo que não te vejo? Mil anos? Quanto mais eu faço conta, menos o tempo parece passar.”

Murilo faz cara feia e resmunga, besta que é. Eu defendo meu namorado.

– Ai, meloso.

– Meloso nada! É fofo!

Aí é Murilo quem revira os olhos pra mim.

– Mana, nenhum cara, em sã consciência, quer ser fofo, ser chamado ou considerado fofo. Ser fofo não é fofo coisa nenhuma!

Eu já retrucar, mas minha cunhada tomou a vez primeiro que eu. Tomando uma atitude desse jeito, olha, nem reclamo.

– Ele só tá aporrinhando porque ele mesmo já me escreveu umas...

E que felicidade me dá por ver que ela tava do meu lado da história. Eu abraçaria primeiro a Aline se ela não tivesse me contado desse suposto ouro. Caramba, seria muita benção para um mesmo dia! Eu já o queria em minhas mãos!

– Uia, tem uma aí?

Eu tinha que perguntar, claro!

– Deixe-me ver...

– Nãaao!

Mas, óbvio, o autor tinha que impedir. Ô, droga, Murilo se jogou por cima de nós duas que, pegas de surpresa, só deixamos ele fazer o que inventara de última: pegar o celular da Aline e esconder atrás de si. Isso era mais que uma certeza, era uma entrega de que ele tinha mesmo mandado umas sms para dona Aline. Ele deve ter enchido a pobre de versos melados e copiados de algum lugar.

Pensando bem, acho que eu não queria ver não.

– Ai, seu bruto. Quero ver isso mais não, tá. Do jeito que tu é besta, deve ser mais meloso que caramelo derretido. Ô coisa pra ser inventar de ser lindo.

O filme já tinha voltado, embora ninguém estivesse dando real importância. Era uma comédia romântica um pouco água com açúcar, que meu mano só aceitou assistir pra criticar tudo e porque, com o voto da Aline, a maioria ganhava.

A mocinha estava vivendo mais uma desilusão amorosa, então no casamento da irmã. E aí saiu com uma garrafa de bebida perambulando perto da festa. “Quando em Roma...” era um filme perfeito para o Murilo passar a sessão toda botando defeito e nunca admitindo que faria coisas bestas de filme pra conquistar uma mulher.

– Deve ser porque EU sou LINDO... Mas, mudando de assunto, a irmã da Aline nos convidou para um jantar na sexta-feira, na casa dela. Convidou o Vini também, só que andei ocupado e agora não consigo falar com ele. De qualquer forma, acha que pode ir?

Já mencionei que Murilo apaixonado tinha a cara de tapado mais incrível da face da terra? Bom, ele tinha, principalmente quando se referia a algo que envolvesse a Aline. Confirmo com a cabeça e pego mais pipoca, a bacia agora em meu colo. Meu irmão pega umas também, mas não consegue puxar a bacia para si. E ele tentava.

E eu enrolava.

– Posso sim. Algum motivo em especial para esse jantar?

– Nada, só pra te conhecerem mesmo.

Me senti! Me virei pra Aline e fiz todo um teatro, comemorando. Já minha cunhada aproveita essa deixa para me contar umas coisinhas. Por certo, Aline foi a melhor escolha que a coisa do meu mano poderia ter feito. Ela entra no jogo de qualquer artimanha minha. Isso diz muito de uma pessoa.

– Uia, sou estrela agora? Celebridade?

– É só que o Murilo... adoooooooooora falar sobre você, então querem te conhecer.

Awwwwwwn. Não tem jeito, eu me esparramo por cima do ombro de Murilo e assisto suas bochechas lhe entregarem que ele se encabulava todo e olhava pro lado pra não se entregar mais. Murilo estava genuinamente um fofo – embora nunca fosse admitir. Mas aí me toquei: Murilo falando de mim?

Saí do ombro dele de imediato pra lhe lançar essa:

– Que tu tanto fala de mim, hein, coisa?

Murilo nem se dá o trabalho de responder, só dá uma almofadada na minha cara de novo depois de revirar os olhos. Ele fez facepalm até. Facepalm pra mim!

Ele só não podia contar que Aline era parceira comigo. Porque ela desembucha quando Murilo insiste em não o fazer:

– Ele vive dizendo que você é essa pessoinha que ele mais ama no mundo.

Dotada de um belo sorriso, eu só continuo a comer a pipoca, balanço as sobrancelhas e encaro meu mano, que continua querendo se desviar de toda a atenção repentina e fica inquieto. Não era algo que me admirava ele falar, Murilo pode ser um cara muito doce quando quer, principalmente quando se trata de quem ele tanto ama e protege, e não esconde isso para ninguém. Na verdade, mete a cara e dá no focinho de quem se meter a besta por isso.

Vai ser um terrível e maravilhoso pai por isso um dia. E é, acho que vou ser a tia mais trambiqueira que alguém pode ser, aceito esse destino.

Por isso mesmo implico, implico porque é de nossa natureza ser meio cão e gato:

– Deixa mamãe ouvir essa... E ainda diz que não é fofo, Aline.

Quando cutuco a cunhada com o cotovelo, Murilo bufa de novo, por ser o centro da atenção e não do modo que ele gosta. Pode ele não esconder de ninguém seu apreço e zelo, mas quando focam nele por isso, ô coisa pra ficar todo sem jeito.

– Dá pra parar, vocês duas?

– Amo tu, seu besta.

– E eu amo as duas, agora podem parar de ficar me enchendo? Vocês juntas não dá certo, já vi.

Ainda não viu foi nada!

É o que eu diria, porém, preferi outra abordagem, que enfocava melhor minha parceria com a Aline:

– Eu bato ou tu bate?

– Te dou as honras, sou visita.

Era tradição de nossa família dar um tapa na cabeça do Murilo assim que saísse muita besteira dele, mas um bom tapa na testa já valia muita coisa e tinha o mesmo efeito. Era clássico ele ficar emburrado, o que não é diferente dessa vez. Ele só arranca a pipoca de mim e decreta que não ia mais dividir com a gente por má criação nossa.

Aí é Aline quem toma as rédeas da situação:

– Eu roubo ou tu rouba?

– Te dou as honras, cunhadinha, é mais fácil ele ceder contigo.

Murilo parece pensar melhor e devolve a bacia antes de qualquer ataque. Rimos as duas quando ele não deixa de resmungar. Melhor, gargalhamos.

– Santo Pai, essas duas juntas não dá certo não. Pois deixem, deixem, o que é de vocês vai ficar guardado.

E aí quando eu finalmente achei que voltaríamos a ver o filme, Aline dá o golpe de misericórdia, provando que conosco ele sozinho mesmo não podia.

– Sei, Murilinho, sei.

Aline pode não ter me cedido o ouro em sms, mas decerto me cedeu o diamante em forma de apelido. Eu simplesmente amava essa minha cunhadinha.


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Notas finais do capítulo

O capítulo foi "inspirado" num caso semelhante de um ator que uma amiga minha gosta. Estávamos assistindo o filme do cara no cinema qnd de repente o ator aparece com um bigodinho e foi uma baita surpresa que até hj lembramos. Não tava feio, só engraçado. Aí que eu vi umas cenas de um filme do Hayden Christensen (Nova Iork, eu te amo) e ele tem um bigodinho que o deixa engraçado tbm. Assisti esse filme outro dia e não é tão bom assim, é basicamente uma exaltação à cidade de NY e não tem hst propriamente dita.

Ok, tô enrolando e essa não é a NOVIDADE que eu queria trazer. Bom, não por exato.

Como bem sabem, estamos de reta final... E aí pra nos despedirmos aos pouquinhos, pensei em a cada capítulo postado eu trazer alguma curiosidade sobre essa saga toda que foi escrever MoE. Tem muitas coisas legais, umas que já comentei em alguns capítulos e outras que, sei lá, acho que vocês gostariam. Sempre virão aos fins de capítulo.

Então atenção, viu!

Antes de iniciar esses "mimos", só vou deixar uma dica de leitura que fiz essa semana e adorei. O humor é bem a la MoE e tem umas reviravoltas interessantes, me lembrou da Milena, da Flávia e até da Marguerite e Oliver (essas personas se encontram nas shortfics The Big Wedding e The Brand New Surprise, respectivamente, que estão no meu perfil - são de minha autoria). Mas devo dizer que o livro despertou mais que lembranças... talvez cenas... para uma próxima fic que já está em desenvolvimento :) Sobre essa "novidade" eu já não tenho muito a dizer, só que se chama "Conexão" e espero em breve (não sei quão breve) poder compartilhar com vocês.

Voltando à leitura que mencionei, o nome do livro é O Sorriso das Mulheres, de Nicolas Barreau. Vcs podem baixar aqui: http://minhateca.com.br/FlaGimenes/Livros/PDF/O+Sorriso+das+Mulheres,3209773.pdf

Obrigada pelas visitas e leituras. Espero que MoE continue deixando todo mundo doido como os próprios personagens são.

Abs,

Alexis.



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