Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 33
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Que negligência a minha, eu jurava ter postado esse capítulo!
Já podem soltar a respiração, tem coisa boa vindo aí. E uns facepalms tbm, pra dar aquela pitada.

Para relembrar, trouxe novamente links de quem "vejo" nos personagens - sintam-se livres pra escolherem os seus, ok?

Flávia - Dianna Agron (Glee, Eu sou o Número 4)
http://s1286.photobucket.com/user/alexisklets/media/MoE/dianna-agron-fox-all-stars-party_zps623cf5af.jpg.html?sort=3&o=19

Aline - Rachel McAdams (Para Sempre, Diário de uma Paixão, Meia-noite em Paris)
http://s1286.photobucket.com/user/alexisklets/media/MoE/aline_zpsdec7a6f3.jpg.html?sort=3&o=6

Vinícius - Hayden Christensen (Jumper)
http://s1286.photobucket.com/user/alexisklets/media/MoE/eye-candy-hayden-christensen-0_zpsa219ae8f.jpg.html?sort=3&o=18

Enjoy!

P.S.: sugiro que leiam a nota lá de baixo (rs)



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Flávia estava sendo uma boa amiga. E boas amigas fazem de tudo para amenizar e/ou enrolar. Certo?

– Vamos falar de coisa boa. Pin up, caribean ou apimentada?

Aquele sofá já tinha lidado com maiores dramas e dúvidas, Flávia havia dominado a mesinha também, mesmo ainda estando bamba – desde o incidente de meu sumiço, que Murilo quebrou várias coisas em sua loucura, ainda não tínhamos trocado nada, o que dona Bia muito estranhou, mas também não perguntou. Quando Flávia chegou, a primeira coisa que fez após um longo abraço que demos foi abrir a bolsa e despejar todo um material lá em cima. Disse:

– Ou eu ficava em casa e suportava minha tia ou dava um jeito de sair e te ver. Eu só preciso voltar com as unhas feitas.

Então, abusando da teoria Elle Woods (Legalmente Loira), de fazer as unhas no meio de uma crise como sendo a atividade mais terapêutica do mundo, foi isso que minha melhor amiga me propôs. Melhor que talvez o jogo de Uno que eu pretendia pegar para jogar com Murilo se ele ao menos abrisse a porta para mim. Aline me disse para confiar que ele estava bem e aquilo era só um contratempo. Que, a propósito, me deixou louca da vida.

– Se não escolher, vou pintar uma cor ao aleatório. Ou talvez as três alternadas?

Quem diria que era essa a forma de Flávia dizer “ok, você pirou, mas já está tudo bem, tão bem que dá até para escolher uma cor”. De qualquer maneira, ainda me sentia a pessoa mais idiota do mundo. Uma idiota que pelo menos poderia estar consciente para poder indicar uma cor, nem que fosse uma qualquer sem prestar muita atenção, minha cabeça estava longe.

– Essa ciano aí.

Flávia me conserta:

– Caribean.

Eu nunca decorava esses nomes excêntricos para esmaltes, já ela, era capaz de citar todas as gradações de cores. Ao passo que reviro os olhos por ela me repreender até nisso, suspiro e aí já não posso dizer que era sobre esmaltes. Ou cores. É Flávia quem toma a iniciativa, havia contado tudo enquanto ela estava preparando as minhas e as suas unhas. Fazia tempo que não conferia tempo em “dedos”: foram 18 para contar o rolo todo e 2 para me lamentar de minha loucura.

– Mi, ela tem razão. A Aline, digo. Você estava sendo paranoica. E não sei bem, ainda parece estar sendo uma. Não tem mais problema, o Murilo não vai ser arrastado pela S.W.A.T.

Ela me conhecia bem demais para dizer uma coisa daquelas.

Tanto da paranoia, quanto sobre a S.W.A.T.

– É só que... tanto aconteceu por debaixo do meu nariz que achei estar perdendo meu irmão. Que ele estaria no limbo, sei lá. E o fato de me deixarem no escuro só corroborou. Quer dizer, foi sensato pensar aquilo.

Basicamente? Primeiro fui tapeada. Quando Filipe ligou, eu estava dormindo, Vini atendeu e eles marcaram um encontro na minha casa mesmo. Rolou TUDO comigo apagada, ninguém teve a consideração de me avisar. Ninguém mesmo!

Aí que de madrugada eu acordei bem desnorteada, por um tempo eu fiquei bastante lenta. Vinícius ressonava ao meu lado, foi o que percebi quando abri os olhos e, lerda, me encontrei deitada à meia luz de um abajur. A cabeça de Vini estava um pouco abaixo da minha, fora do travesseiro, enquanto que um braço me circundava por baixo do lençol, nos mantendo mais juntos. Seu estado de inconsciência sempre me trazia um pouco conforto e admiração, pois, ao meu mínimo movimento, ele se movia junto a fim de não permitir que eu me afastasse, pelo menos não com facilidade. É como se fosse um pedido silencioso de “não vá”, o que era muito difícil de não conceder, pois olhar para ele e se afastar, era como negar toda a paz que merecia.

Não fazia ideia de que horas eram, chutava algo como 10h ou 11h da noite, talvez fosse cedo ainda, nada me parecia urgente. Quando acordo assim, geralmente não sou confiável. Se não tenho uma cota boa de sono para me sustentar, posso ficar por um bom tempo lerda lerda, que se caísse uma bomba na minha cama, era capaz de eu querer brincar com o fogo, como fazia antes quando, boba, me divertia com palitos e velas assim que a luz faltava. Quem nunca, né? Não tinha nada mais pra fazer.

Minha sonolência não me deixava despertar e realmente eu não sabia se queria aquilo. O ambiente era tão aconchegante e sereno que me mexer era a última de minhas vontades, então só me mantive um tempo ali, como se minha mente tivesse se apagado, eu não compreendendo o que era a situação, mas tomando-a como um amparo necessário.

Era como estar num espaço paralelo. Que não se sabe por que está lá, o que ia fazer, o que devia esperar. Então, se as respostas não viriam, por que não aproveitar aquele momento, que há muito – pelo menos isso eu sabia – não tinha?

Simplesmente amava o jeito de Vinícius dormir, era... relaxante. Como ele se esforçava até mesmo não consciente para se manter próximo, e, sempre sereno, era convidativo o bastante para me fazer voltar a dormir. Acarinhando-o o cabelo e o rosto, deslizei pelo travesseiro e fiquei mais frente a frente com ele, que também se reajustou ao movimento. Mais concentrada, já não pude desfrutar tanto assim de tão memorável aconchego, porque me perguntei o que Vini estaria fazendo ao meu lado, que sorte teria sido aquela.

Porque o Murilo não deixaria aquilo de graça!

Só assim eu despertei de verdade, só assim a verdade ignorada por minha mente retomou seu posto. Isso me fez praticamente saltar da cama, um movimento brusco que decerto acordou o outro, que, assim como eu uns minutinhos atrás, não tinha noção alguma do que acontecia, perdido. Enquanto ele me chamava e perguntava o que era, minha cabeça trabalhava num ritmo que já dava para acompanhar e, dotada de certa adrenalina, procurava adoidado por meu relógio-despertador na cômoda ao lado pra saber que horas eram mesmo.

Lento, Vini chegou a perguntar o que tanto eu saía em busca.

– Meu relógio, meu celular... cadê?

Atordoada, fiquei fuçando minhas coisas sem entender como tudo não estava ao simples alcançar da mão. Foi aí que uma voz fraca, porém mais orientada que a minha, me explicou dados que, de primeiro momento, eram praticamente lançados sem muito nexo.

– Desconectei eles.

– O quê? Mas...

– É de madrugada, amor.

– Madrugada?

– E Filipe ligou. Ele veio. Já acabou. Está tudo bem.

Como assim?

Engoli a urgência que me tomava e me virei pra ele a fim de exigir respostas. Antes que eu pudesse jogar minha frustração por ter perdido tudo, Vini tratou de despertar e me acalmar, que devia estar bem aloca.

– André aceitou o acordo. Não tem porque mais por que se preocupar, então...

Apesar da adrenalina momentânea, meu cérebro ainda não tinha chegado a uma capacidade boa de absorção que entendesse bem a situação. O que fora dito ficou por uns segundos rondando minha cabeça como que procurando seus devidos sentidos, porque eu simplesmente não podia acreditar que tudo havia passado e eu nem visto!

Devo ter parecido mais maluca ainda por esse meio tempo ter ficado de boca aberta como uma idiota tentando acompanhar como tudo teria acontecido. Tentei exigir explicações sobre aquilo, e Vini, a todo custo, quis – e conseguiu – me dobrar. Me chamou de volta para cama, que voltasse a dormir, estava tudo bem, Murilo também se tranquilizava.

Como ele poderia estar tão calmo?

Se Vini não tivesse tido a bondade de se levantar e me guiar de volta ao travesseiro, eu poderia ter ficado horas esperando meu cérebro voltar a funcionar. Mesmo lerda, eu protestava.

Claro, não acreditava que haviam me deixado dormindo!

– Eles não fizeram por mal, você sabe.

Foi o que Aline afirmou ao tentar intervir. Isso foi mais cedo, após o almoço, antes de Flávia aparecer. Murilo permanecia recluso, e Vini havia saído, tinha que passar em casa e na faculdade. Encontrei Aline perambulando pelo terraço de minha casa numa ligação quando fui acompanhar Dona Bia à porta após seus serviços. Ao rosto, minha cunhada trazia umas olheiras, apesar de ter uma aparência mais aliviada, o que devia ser a minha, mas ainda também muito triste por apenas terem me afastado e nem terem me dado opção, apenas escolheram o que “seria” bom pra mim.

Aline esperou dona Bia ir embora para poder falar comigo. De começo eu não quis, sentida, aí ela se fez presente e percebeu que eu precisava de mais que meias palavras que já tinham me dito. Afinal, Vini era outro que também não havia explicado direito e Murilo... Murilo nem me atendia quando eu batia na porta do quarto dele. Quer dizer, não tinha raiva deles, entendia, e pela milésima vez na vida que me protegiam, não fiquei zangada, só chateada mesmo. Podia tudo estar bem, mas me sentir bem era outra história.

– Você ficou aborrecida, não? Pelo que teve ontem.

Claro que fiquei.

Quase não acreditei quando me disseram que tudo estava bem, que o acordo estava selado. Isso Vini, não Filipe quem me afirmara. Até Luciano ligou, Vini também tratou uns detalhes com ele, já que sabia do meu plano. Mas ter perdido o encontro com Filipe, eu fiquei... bom, ressentida.

– Não estou zangada, só... poxa, eles me deixaram totalmente de fora. Não sei nem o que falaram pro Filipe e Iara, pois também não atendem minhas ligações. Se está tudo bem, o que está havendo agora?

– Nada, Milena. Quer dizer, seu irmão só quer um espaço, ele se sente ainda muito mal. E ainda mais por não ter podido ter feito algo a respeito disso para consertar. Dê só esse tempo a ele, sim?

– E ele precisa ficar longe de mim para isso?

Aí uma coisa perpassou na mente, minha cabeça trabalhou rápido. Temi o que aquilo poderia repercutir em meu mano. Ele estava numa luta que devia ser travada apenas por ele contra ele mesmo e, como a briga com André, deveria escolher o melhor momento para sair de cabeça erguida.

Mas... ele sairia desse limbo de fato?

– Agora? Ele precisa. Não quer que o veja daquele jeito.

Como ela poderia ficar tão tranquila? Eu fiquei besta.

– Acontece que assim ele me deixa no escuro. Não sei o que pensar, o que fazer...

Entendia que Murilo poderia levar um bom tempo se restabelecendo, mas fazer aquilo sem mim era... Fechei os olhos, tapei-me o rosto com uma mão, ao perceber que eu era uma bela hipócrita. Como pude chegar a tanto?

Ao ver meu estado, Aline se compadeceu um pouco e quis me consolar. Ouvi quando aproximou e logo veio um aperto aos meus ombros, ela tentando me trazer de volta. Só que, por mais que ficasse afirmando que nada mais aconteceria, que não era para eu me martirizar, era o mesmo que me incitar àquilo. E bom, foi isso mesmo que aconteceu. Tudo se embaralhava novamente, porque minha mente dizia que ia sim, e aquilo poderia ser só o começo de uma história que se repetia. Eu havia sido a protagonista da última, agora era a vez de meu irmão? Que brincadeira sem graça o universo fazia?

Poderia Murilo não ir preso, mas de alguma forma ele agora estava preso nele mesmo. E não me deixava entrar. Sabia muito bem eu como funcionava aquilo e agora estava em seu lugar. Logo meus olhos voltavam a se encher e...

– Você não entende... A história está se repetindo.

– Que história?

– A minha com o Murilo. Passamos anos perdidos nela e agora estamos voltando à estaca zero?

Notando que as coisas desmoronavam de novo, Aline puxou minha mão do rosto e quis que eu a olhasse. Aquele escuro todo de informações me comia os nervos.

– Mi, não. Não! Acalme-se. Não está tendo nada, nenhuma história está se repetindo. Muito pelo contrário! Sua força desde o primeiro momento mudou o jogo.

– Do que está falando?

Por que ninguém falava às claras comigo? Qual era o problema?

– Murilo está bem na medida do possível, claro, mas também não está em ruínas. Por todo o tempo ele fica dizendo que quer melhorar, que quer apresentar o melhor de si e, se no momento não consegue, pelo menos não o melhor, ele prefere esperar. E não é que te deixaram de fora, ou no escuro, só houve muita coisa ao mesmo tempo para se assimilar. E fraca como você vem se sentindo, eles só quiseram te poupar de algo mais. Acho que não podiam imaginar que você se desesperaria mais. Vinícius só me disse que você costuma ficar desnorteada quando se cansa muito, então estávamos esperando que melhorasse.

– Então eu tô pirando sozinha por motivo algum?

Totalmente! Interpretei tudo errado.

– Bem... sim. Foi muito importante cada coisa que você fez, Milena. Tenha certeza disso. Nada se compara àquela velha briga de vocês, afinal, vocês já estão acertados, não é mesmo?

– Sim, mas...

– Seu irmão está consciente. Com certeza não será o mesmo por um bom tempo, claro, contudo, não irá regredir. Ele não é o mesmo imprudente de antes, embora tenha feito aquilo com o...

Praticamente cuspi, por força de hábito:

– André.

– Sim. O que esse ser fez não tinha como passar despercebido, Lena. Ou que havia maneiras de segurar seu irmão, quem extrapolou foi esse André. Ao que parece, ele já te provocava faz tempo, não?

Fiquei sem resposta. Primeiro porque eu fui tola o bastante de levar tudo para o caminho errado, como a boa paranoica que tenho o costume de ser, e segundo que isso ainda enfatizava o quanto eu errava em simplesmente ignorar meus problemas a ponto de não ver a bola de neve que virariam depois – nesse sentido, falo pela questão de André.

Pelo menos Flávia concordava comigo que aquilo poderia ser algo de se esperar, dado meu infeliz histórico.

– Tá, foi um pouco sensato em vista de terem mesmo te deixado no escuro, mas pelas circunstâncias, foi compreensível o que fizeram. Só a sua paranoia que não ajudou muito.

Não, não ajudou mesmo. Aquilo sim era fazer tempestade, ciclone, desastre em copo d’água e só provava mais que estava me saindo cada vez mais uma pessimista. Era irremediavelmente uma tola por interpretar tudo errado. Céus, eu só queria me enfiar num buraco e esperar a chuva passar, por assim dizer.

Mas o que me restava era afundar no sofá. Isso sem poder mexer a mão.

– Só... nunca imaginei que poderia ser tão ou mais tapada que meu irmão.

Minha melhor amiga para de pintar a minha segunda unha e me olha séria, pensando consigo mesma. Balançando a cabeça numa negativa e voltando a passar o esmalte, declara:

– Isso eu já sabia.

– Obrigada pela parte que me toca, dona Flávia.

– De nada.

Acho que a fito tão intensamente por ela ter dado de ombros que minha amiga vem a complementar-se:

– Só acho muito bom ver como você anda interpretando as coisas.

Concentrada em tirar o excesso de esmalte de uma unha e sem mesmo me dirigir uma olhada, Flávia faz aquela expressão combo sua de levantar as sobrancelhas em ênfase e assentir, como se tivesse me apontando algo. Era sua forma gentil de dizer “só vi verdades”. Se falasse na “minha língua”, diria que era um lucro e que eu deveria não só aceitar tal como adotar.

Bom, acho que começava mesmo a reconhecer isso...

– Mas não se sinta mal, ok? E vamos falar de coisa boa. Onde estão as senhas do casamento?

Pressentia eu que ela tinha um plano máster sobre isso. Já não sabia se minha melhor amiga fazia isso por distração ou embromação. Estaria eu sendo paranoica de novo?

De qualquer forma, apreciava o esforço dela.

~;~

– Vamos falar de coisa boa?

Agradecia muito o esforço e cuidado de Vinícius, mas se ele repetisse essa “pérola” mais uma vez, eu desistia dele.

Brincadeira!

É só que Flávia havia dito isso a tarde quase inteira que passou comigo.

Cheguei a me questionar seriamente se eu só falava sobre besteira, preocupações e coisas ruins do tipo, isso até ver que era uma nova forma sua de abordar um assunto. Até parecia que ela era filha de meu pai! De qualquer maneira, não importava a entrada ou como ela fazia, alguém enfim me trazia boas novas e COM detalhes.

Primeiramente, Flávia não precisava roubar mais a senha do Vini para ir ao casamento porque ela conseguiu a sua. Como? A família do Gui foi convidada, ele ganhou uma senha para acompanhante e claro ou com certeza que ele iria levá-la? Ri muito quando minha amiga comentou sobre como descobriu que iríamos ao mesmo casamento:

– O Gui só disse que era um casamento e eu brinquei com um “é de um enfermeiro?” e ele parou no meio da minha sala, com a cara bestificada. E aí eu fiquei bestificada junto porque ERA! Aí ele quis saber de onde eu conhecia a peça, como eu sabia do casamento e eu só pensava “meu Deus, é capaz de a Lena nem acreditar nessa coincidência e achar que vou de penetra!”.

Não minto, era provável, apesar de ser um pensamento brincalhão. Flávia era muito certinha às vezes para “causar” assim, de penetra numa festa. Se fosse, teria de ser empurrada. Provavelmente por alguém como eu ou Dani. Ou Gui. Ou mais uma lista de pessoas, eu não sou a única a corromper pelo jeito.

Segundo, ela teria que comprar um vestido para o casamento também, o que foi uma alegria só, porque faz tempo que ela não saía para compras assim, porém notou uma coisa. Eu fiquei um tanto duvidosa... por ter lembrado que parte do dinheiro extra que eu tinha reservado para essas compras havia sido gasto com o serviço de Luciano. Me vi sem alternativa se não ter que contar sobre isso, o que Flávia não só considerou um absurdo como também me deu uma almofadada na cara – que mereci ao fim das contas.

– Vi gente falar que tava rolando vírus adoidado em algumas páginas e nunca, nunca, nunca poderia imaginar que você tinha algo a ver!

Bom, o Luciano teve que se virar para cumprir o prometido, e dessa forma, acabou infectando mais coisas do que devia, só para não ficar evidente que o alvo era sobre a confusão. Foi isso que o Vini me informou quando ele tentou resumir os acontecimentos essa manhã. Até liguei para o Luciano para ter certeza. Só não revelei sua identidade a minha amiga, o que ela ficou chateada.

Quer dizer, era para a segurança dela. Só soube que ele era da nossa faculdade, eu não disse se era funcionário ou não, estudante ou não. Só de lá mesmo.

E terceiro, diz que a vaca desgrac... quer dizer, a mãe do Gui ficou feliz quando ele afirmou que iria ao tal casamento e não “se importou” se ele levaria ou não a Flávia. Foi aí que descobri que o que ele tinha mencionado na segunda-feira, quando íamos para a faculdade, era justamente sobre isso.

– Apesar das coisas boas que a Flávia me contou hoje, talvez eu precise de mais boas notícias para fechar minha cota.

Na verdade, eu precisava era me manter na ativa, como que algo para dar um up na minha sanidade. Conversar com Vini, nesse sentido, ajudava muito, pois Murilo continuava fora de vista e nem mesmo na hora do jantar deu as caras. Por mais que eu respeitasse seu pedido e tentasse assimilar melhor aquela situação, ficava uma clara falta tremenda dele. Ele estava na porta logo ao lado, mas, uma vez trancada, e trancada para mim, tudo mudava. Não me importaria de vê-lo para baixo se assim se sentisse, eu só queria... bem, meu irmão.

Mas já que querer não é poder e que Vini sempre me puxava quando eu cogitava fazer uma nova tentativa, o jeito era deixar mesmo isso para trás e me atentar para o que estava ao meu redor. Mais precisamente, quem estava ao redor.

– Lembra-se de que dia será sexta?

Imagine perguntar isso para quem ainda não se recuperou bem de um atentado ao seu cérebro. Era bem provável até que se estivesse com a cabeça no lugar, daria um branco daqueles. Não haveria jeito então.

Respondi, cautelosa:

– Deveria?

Vinícius assente para si mesmo como constatando que não havia mais fio algum de esperança de eu ter noção o que seria sexta-feira. Ele já tinha se livrado da faculdade por esse semestre, o que mais poderia ser? A verdade é que eu não sabia que dia era hoje. Quer dizer, era quarta, mas em numeral, era melhor que ele não soubesse desse desnortear, pois a simples resposta que lhe dei foi o bastante para resultar em um crispar de sua boca. Eu perdia algo.

Mas o que seria?

Até então eu mexia no meu notebook a fim de investigar mais sobre o que rolava online sobre o caso de Murilo, mas aquilo de repente me chama atenção demais que me permito esquecer por um momento. Hiberno a máquina, abaixo a tela e coloco na cômoda ao lado de minha cama, para então voltar-me a Vini, a uma pouca distância, sentado a minha frente, que parecia ter perdido aquele seu sorriso de minutos atrás.

O que havia o deixado tão empolgado? E por que o feel morreu tão rápido assim?

– Vini?

Quando ele toma um ar de apaziguador, já fico suspeita.

– Não deveria lembrar por exato. Imaginei que não tinha cabeça para isso, então não tem problema ter esquecido, ok?

– O que foi que esqueci?

Ele não me olha. Quanto mais calado fica, mais o suspense intensifica. Quando quase falto o chacoalhar, ele solta, com um meio sorriso de quem diz que não se importa, mas que de alguma forma importava sim.

– Nosso aniversário. De 6 meses.

Oh no. Salto os olhos. Salto mais e mais. Tomo uma almofada da cama ao rosto e me jogo de lado apenas querendo sumir por tamanha falta minha. Ele devia ter planos! E eu deveria ter uns também. Me deixei levar fácil pelas circunstâncias e que PÉSS...

Sinto um movimento na cama conforme ele se mexe e se aproxima de mim, logo uma mão dá de encontro com minha cintura e me sinto pior por ser ele quem tenta melhorar a coisa toda. Vini me chama e tenta puxar a almofada que me cobre o rosto. A vergonha é tanta que não quero mesmo dar as caras, mas como ele insiste, eu respondo às suas tentativas ainda de cara para a almofada. Isso faz com que minha voz saía um pouco abafada:

– Santo pai! Sou uma péssima namorada, só isso.

– Amor, não se culpe. Com tanta coisa rolando era de se imaginar isso. E não me importo. Estou com você afinal e... que foi?

Ele falava docemente até eu meio que choramingar ainda na almofada. Minha voz continua a sair abafada de lá:

– Você é apenas a melhor pessoa do mundo e olha como te retribuo. Com confusões, coisas ilegais e...

Escuto uma risada baixa e há uma aproximação maior dele. Logo o seu peso na cama fica bem mais junto do meu e, se ele não consegue me alcançar por ter um obstáculo fortemente seguro entre nossos rostos, Vini se esquiva e me ataca com doces palavras sussurradas ao ouvido, enquanto faz carinho pela área e move umas mechas de meu cabelo de lá.

– E nem por isso deixei me abater. Apesar de tudo isso, continua sendo a melhor pessoa que poderia ter entrado em minha vida. Que poderia ter tropeçado e ter levantado três dedos para testar minha sanidade.

Apenas invejava a memória tão límpida dele. Ele lembrava até das coisas estúpidas que eu fazia, dos três dedos que o fiz contar após acordar do coma e dos cinco CDs que ele quis comprar na loja de conveniência. Como poderia ele quebrar a cabeça e ainda assim ter uma melhor que a minha?

– Sou uma idiota mesmo.

Ele bem sabia seu efeito sobre mim. Me provocava então com breves selinhos ao redor da orelha enquanto fazia pausas em seu discurso. A qualquer custo, Vinícius tentava me fazer desistir de me esconder. Só que o fato de ele fazer mais declarações pra me derreter me dava era mais culpa!

Como pude esquecer? A gente nem pôde comemorar o dia dos namorados!

– Não é uma idiota. É alguém com... muita bondade... no coração... que luta pelo que acha que é certo. Isso apenas me dá mais orgulho de você... De nós. Minha trambiqueira.

Eu sabia que meu comportamento era infantil, mas o dele era sacanagem! Busco então tomar um fôlego e afasto minimamente o rosto da almofada que segurava e o encaro, tão tão tão próximo, para logo depois focalizar em qualquer outra coisa, pois ainda me envergonhada me minha falta para com ele, para conosco.

– Você... tinha planos?

Sua mão desliza para meu queixo, ele tenta me prender a si, fica difícil mesmo não desviar desse seu ato ou mesmo de suas palavras. Inspiro e desisto de tentar fugir de suas investidas, me pego é vindo a admirá-lo. Mais que beleza, me mostrava em transparência que ele não estava mesmo triste por aquilo e fazia de tudo para eu não me martirizar. Estava muito seguro de si, então acho que eu deveria apenas aceitar também.

– Tinha. Tenho, na verdade. Eles podem esperar, você sabe.

Trilha indicada: Daughtry – Start of Something Good

– Acho que na minha atual posição, só posso prometer recompensar. E pedir desculpas. Muitas desculpas. Muitas, muitas, muitas.

– E na minha atual posição, só posso agradecer. Ao contrário do que vem pensando, você me traz muita felicidade. Até quando é travessa e me esconde mundos e fundos.

– Vini!

Quando eu achava que não podia me sentir pior, ele me passa essa faca. Mas passa também amor, pelo menos no fim das contas. E segurança e confiança. Elas brilham de seus olhos indo direto para os meus, me cedendo e me tirando o ar e fazendo meu coração bombear ligeiro, tão ligeiro que pus a mão ao peito e quase o apertei para não saltasse maluco dentro mim daquele jeito. Mas era um pouco impossível dar as ordens quando me via com incontrolável felicidade de ver essas verdades que me Vini me dizia. Porque ali ele estava sim sendo extremamente sincero.

– Eu te amo, Milena. Isso que quero dizer. Não preciso de ocasiões especiais, nem datas comemorativas. Porque eu sinto todos os dias, todas as horas... Te amo. Como eu te amo! Até quando de mim esconde o rosto e sente que falha comigo – eu sei o que vejo. Até quando me vem com ideias e planos e... Céus, eu te tenho e confio em dias melhores. Eles virão, amor, confie em mim.

Apenas um TANTÃO morrida e enternecida, mal posso eu responder de volta. Emocionada e desprevenida, não tinha boas palavras para retribuir. Quando se tratava de Vinícius, eu me sentia assim mesmo, sem ter o que dizer, me permitia apenas sentir. Como uma tontura segura, um fôlego perdido. Não sei, não sei o que era. Apenas era.

E era tão tão bom ser assim reconhecida.

Melhor: amada.

– E-eu também t-te amo, Vinícius. Te amo de um jeito... difícil de explicar.

Com um brilho divino ao olhar, meu Vini sorri um sorriso daqueles seus de me encher o peito e, uma vez ainda me segurando o queixo, desliza sua mão por meu rosto enquanto o leva o para o seu e...

– Então não explique. Me mostre.

Uniu-nos, delicado. Não importava essa coisa toda de merecê-lo ou não. Quer dizer, eu merecia tanto quanto ele, e por isso mesmo trataria de recompensá-lo. Porque, por mais que escondesse dele meu rosto, não teria porque esconder dele toda a plenitude que me dá. Isso sim seria injusto. Mais que injusto, não digno. Se falhei, haveria de consertar.

Por muito tempo pensei que se tratava de sorte – sorte dele que acabava por me contemplar. Mas em nada minha sorte mudou, por assim dizer, se continuo a me meter em confusões e delas extrair mais confusão ainda.

Eu mudava essa sorte era conforme meu caráter seguisse, percebi tardiamente que era esse caráter quem me jogava em caminhos duros e difíceis, e por ele ser forte assim, capaz de amar e ser amada, continuaria me fazendo pessoa e mulher. Era, inevitavelmente, minha forma de me sedimentar e ainda assim mudar. Crescer.

Ao meu lado, também o tinha. Vinícius. Também acreditava em dias melhores e, Deus, como eu já os queria. Tempo era nossa resposta, pois estar juntos já estávamos. Realmente o admirava, ele mais consciente e respeitoso, cansado talvez, mas que não estava se deixando abater fácil. Esperançoso enfim, o que antes ele não era tanto. Ao ocupar o espaço de minha cama, esse espaço que sempre achei desnecessário, e exercer peso em dado lado dela, eu sentia que assim era em meu coração. Poderia até ser uma cama de solteiro, mas tinha certeza que até nela Vini se espremeria e não se importaria, do mesmo modo que faria – e fez – para conquistar meu coração.

De fato, não precisávamos de ocasiões especiais, nem datas comemorativas. Um do outro e com o outro até então nos era o bastante. Sentindo o calor vir de sua pele, o sentimento se materializar em pequenas atitudes nossas, o deslizar de seu amor e cuidado, e o fato de ambos estarmos entregues, meu eu só afirmava “e como era o bastante!”.


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Notas finais do capítulo

Preciso contar pra vcs: estava acompanhando esses dias umas matérias da Copa e vi uma em especial com o jogador Oscar (https://pbs.twimg.com/media/BqW0-LdIcAAuUGt.jpg). Não sei vocês, mas ele é muito Vini! Hayden me olha feio quando considero o Oscar uma booooooa crise de identidade hahaha

Volto em breve,
Alexis.



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