Condenado escrita por Gil Haruno


Capítulo 1
Capítulo Único - Condenado


Notas iniciais do capítulo

Capítulo único pessoas!Espero que gostem, beijos!



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Os olhos negros se concentravam em um pergaminho, aparentemente contendo informações confidenciais, mas no estado de culpa que Sasuke se encontrava, aquele papel velho, e extenso, só lhe servia para preencher aquelas malditas horas de tédio.

Nada era capaz de chamar sua exigente atenção, nem mesmo o trabalho designado a ele diretamente pela Hogake, no entanto, uma simples e humilde porta dobradiça já o atraía a um bom tempo.

Era insano seu olhar fixo na maldita porta do banheiro! Quem o visse ali, segurando um pergaminho de extrema importância, mas com os olhos vidrados no banheiro, diria que o Uchiha tinha perdido algo muito valioso lá dentro. Realmente o que havia dentro do pequeno cômodo era de muita importância na vida do moreno, mas nem de longe estava perdido, ao contrário, estava sob o olhar espreito de um homem tentado pelo ciúme.

Exatamente quando o ponteiro pequeno do relógio chegou ao número sete, Sasuke se convenceu de que já era hora de bater na porta em foco, e verificar o que havia de errado com a mulher que estava atrás desta, trancada há quarenta minutos.

–Sakura?

Chamou pela esposa, convencendo-se cada vez mais de que ele deveria confiscar a demora dela, mas seu pensamento fora interrompido pelo som de uma porta escorregando para o lado.

–Falou comigo?

Calmamente a mulher de cabelos róseos andou até a cama, se posicionando em frente desta.

Ele observou-a deslumbrado. Normalmente sua esposa não tinha muito tempo para ser vaidosa. Além de enfrentar os dias turbulentos das missões fora da vila, Sakura tinha que se responsabilizar pelo hospital, e pequenos problemas, assim como ele, dentro de Konoha. Faltava tempo a ela para se preocupar com cabelo e vestidos. Mas, de vez em quando, a senhora Uchiha dedicava algumas horinhas a ela mesma. Entretanto, naquele dia, Sasuke achou que lhe faltavam motivos para ela está tão bem vestida e perfumada.

–Eu só queria saber se estava tudo bem.

–Uh.

Ela murmurou sem ter o que comentar, e, mesmo se tivesse, não queria trocar mais que três palavrinhas com ele.

–Preciso achar minha sandália de salto.

Ele estreitou os olhos, crispou os lábios, se perguntando se sua mulher ia mesmo ao cinema. Vendo-a pelas costas, ele coçou o queixo, fazendo-se inúmeras perguntas.

Não era do seu feitio mostrar vulnerabilidade quando estava tenso ou, precisamente, arrebatado pelo sentimento de nome ciúme. Mas como diabos ele poderia fingir que, não via sua Sakura se produzir toda para sair, e o acompanhante não era ele, de fato? Afinal, com quem sua querida esposa iria ao cinema naquela noite?

–Sakura? – Chamou por ela e, imediatamente, obteve a atenção desejada. –Você ainda não me disse quem lhe fará companhia.

–Eu ia falar disso quando tentei conversar com você ontem à noite. Lembra-se? – Perguntou pegando as sandálias. –No fim, fiquei chateada, e dormi cedo.

–Isso ainda não é a resposta da pergunta que te fiz.

Olhou-o ligeiramente e, ignorando a urgência do marido, se sentou na cama, calçando as sandálias.

–Não se preocupe. Sou temida e respeitada por toda vila.

–O que você está tentando dizer? Que vai ir sozinha ao cinema?

–Eu pretendia ter sua companhia, mas você está cansado demais para levar sua esposa a um simples programa. – Disse sem se virar para vê-lo. –Aliás, lembro-me bem da última vez que saímos juntos. Faz quase dois meses.

–Por que temos que andar pela vila juntos quando podemos ocupar o bairro Uchiha sozinhos?

–Essa é sua opção de programa a dois?

–Você não reclama quando deitamos em qualquer canto e fazemos amor.

–Eu não reclamo por que... – Virou-se para ele bruscamente. –Eu só acho que merecemos esse tempinho juntos.

–Menos hoje.

Sakura respirou profundamente e, mais uma vez perdendo a discussão, foi à procura dos últimos acessórios para sair de casa.

–Por que hoje não?

Perguntou procurando entendê-lo.

–Estou muito cansado e tenho que entregar esse pergaminho à Hogake amanhã, sem atrasos.

–Claro. Um pergaminho tem mais prioridade que eu.

–E uma sala cheia de gente fazendo barulho, comendo pipoca de boca aberta, e fazendo comentários idiotas, tem mais prioridade que meu trabalho?

–Pelo menos hoje, tem! – Chateada ela deu as costas a ele e procurou vasculhar a caixinha de bijuterias.

–Deve haver um motivo muito importante, presumo. Você não se arrumaria toda para ficar no escuro.

Fora um tanto inocente as palavras que ele usara para chegar ao X da questão, mas ao dizer, acabou entrando em um verdadeiro conflito. Por que o escuro?

–Sakura! – Levantou-se indo a ela e, quando finalmente cruzou seus olhos enraivecidos com os da esposa, segurou-a pelos ombros. –Onde você está indo? E com quem? E por que diabos tem que ser no escuro?

Os olhos inocentes da jovem piscaram quatro vezes, mantendo em foco o olhar exasperado e impaciente do homem que a segurava à espera de três respostas.

–Vou ao cinema. Eu já disse. – Explicou se desvencilhando dele.

Aquilo estava errado! Ele sentia! Podia farejar algo de muito irregular em sua rotina com a jovem médica! Sakura não era tão persistente quando queria arrastá-lo para algum lugar, principalmente ao ouvir duas recusas dele, e tão pouco ficara tão chateada.

–Sakura! – Abriu a porta do banheiro, encontrando a esposa penteando o cabelo. –Quero saber o que há de errado.

–Sasuke...

–A verdade. – Exigiu fazendo-a olhar.

–Por que teria algo errado? – Indagou voltando ao quarto. –Você não quer sair comigo e eu vou respeitar isso. Eu, no entanto, vou me distrair sozinha. Isso responde sua primeira questão, certo?

Ignorando-o, ela pegou a bolsa, e foi à porta.

–Você não vai sair daqui enquanto não esclarecer as coisas comigo, mocinha. – Decidido, o rapaz tapou a passagem da jovem. –Por que você está vestida dessa forma? Como se fosse a um encontro?

Aborrecida, Sakura respirou fundo.

–É exatamente isso que vou fazer! Vou a um encontro!

Sakura só podia está gozando da cara dele! Não era possível! Nunca, nem em um milhão de anos, sua esposa se atreveria a sair com outro que não fosse ele. Mas ela, claramente, arrebentava a confiança de um Uchiha abertamente, como se, facilmente, fosse tê-la de novo.

–Sakura... Você não... – Ao olhá-la tão magoada, as palavras lhe faltou.

–Essa noite é muito especial para mim, Sasuke. – Seu olhar era de insatisfação. –Seria para você também, mas, pelo visto, você não vê um único motivo especial para sair comigo agora. Então... Eu vou fingir que você está ao meu lado, compartilhando o mesmo momento comigo.

–Do que você está falando?

Seu tom de voz era brando, embora ele não conseguisse atingir aquele enigma.

–É nosso aniversário de casamento.

Soara ao ouvido dele como sendo um velho refrão de uma ladainha antiga, usada no assombro de homens ridiculamente esquecidos. E era estranho que, se tratando da boa memória que tinha e uma boa conduta dentro do matrimônio, ele estava incluso naquela lista extensa de meros mortais.

–Eu tinha certeza que você ia lembrar.

–Não pense que eu não me importo. – Pela cara mal humorada de Sakura, nada mudaria a infelicidade dela, por isso ele não perderia tempo dando desculpa. Aliás, que tipo de desculpa o livraria daquela cova? –Se você sabia que eu não ia me lembrar, por que ficou calada?

–É nosso primeiro aniversário de casamento! Como pode esquecer a data dos nossos votos?

–Não esqueci. Só não me atentei a data.

–Claro. Você fez o que noventa e oito por cento dos homens fazem; pensou em um milhão de coisas ao mesmo tempo, menos em datas que, somente as esposas neuróticas, guardam na mente como se fosse um pedacinho do céu. – Cansada do diálogo, ela desistiu de passar pelo marido. –Eu ia mesmo comemorar essa data sozinha, mas agora penso que eu não quero ter uma lembrança deprimente para sempre.

Ela não seria a única a carregar aquele fantasma. Vê-la tirar o belo vestido oriental de qualquer jeito, já era uma imagem lamentável para ele, que testemunhou o quão bela sua esposa estivera naquela noite.

Uma semana se passou e, para Sasuke, foram os dias mais longos do ano. Naquele curto período, desde que ele havia manchado sua reputação de bom marido, não tinha muito no que pensar. Na verdade, evitava pensar que a esposa o ignorava há dias, e que a mesma, tão pouco, lhe direcionava a palavra.

Era frustrante para ele está, há sete dias, enfiado em uma guerra silenciosa com Sakura, e o motivo era somente dele; toda a avalanche de culpa era inteiramente dele. Mas o que, afinal de contas, ele poderia fazer ou dizer para mudar sua condenação? Já tinha confessado –, e estava absurdamente nítido –, que ele, assim como milhões de maridos pelo mundo a fora, esquecera a data comemorativa do próprio casamento.

Sabendo que, seus dias em Konoha eram duas vezes mais agitados, Sakura poderia ter levado isso em conta. Mas seria muito ingênuo e fantasioso da parte dele pensar daquela seguinte forma. Ele estava lançado à fogueira e só não queimaria mais se o erro que cometera fosse concertado.

–Isso é um grande problema, meu amigo. – Naruto bateu de leve nas costas do amigo. –Eu também esqueci e Hinata não falou comigo por dois meses. Até me obrigou a dormir no sofá.

–Isso é ridículo. – Reclamou Sasuke já que estava quase na mesma situação que o futuro Hogake. –Mas o que você fez?

–Como sou meio lento para entender certas coisas, passei dois meses tentando dialogar com Hina, mas eu piorava minha situação. Então, decidi que eu faria algo que recompensasse aquele dia.

Sasuke focou os olhos no lago, pensativo.

–Eu levei Hinata para jantar, dei presentes a ela, e flores.

–Isso não vai funcionar com Sakura. Tenho certeza.

–Uhhh. – Naruto murmurou ainda mais pensativo que Sasuke.

–E se... – Esperançoso Sasuke se virou para Naruto. –E se tirássemos férias?

–Eu acho que Sakura-chan iria adorar. Tô certo!

Ninguém seria capaz de entender o grande alívio de Sasuke Uchiha naquele exato momento. Ninguém, além dele, entendia tão bem o significado de sua Sakura o chamando pela casa carinhosamente, ainda usando aquele sufixo Kun como nos velhos tempos de criança. E ele, escancaradamente, admitia para si que já não aguentava mais tanto silêncio. Além do que, a ausência da esposa grudada a ele enquanto dormia, tinha se tornado um hábito todas as noites.

Naquele mesmo dia um homem quase desesperado bateu à porta da Hokage. Diretamente Sasuke pediu licença para sair de férias com sua esposa, mas, de imediato, teve que se sentar e ouvir as controversas de Tsunade. Apesar da paz em Konoha, toda vigilância era necessária. Para qualquer tipo de imprevisto, a vila da folha tinha bons ninjas a sua defesa.

–Um mês é muito tempo, Sasuke. Além disso, o time de Kurenai e Guy está em missão. – Disse a Hokage, avaliando a situação de defesa da vila. –Se você puder esperar mais um pouco, voltaremos a conversar daqui um mês.

–Nem pensar. – Com a postura firme e olhar estreito, Sasuke arrancou um suspiro cansado de Tsunade. –Preciso dessas férias agora.

–O que diabos você aprontou por aqui, Uchiha? Por que tanta urgência para deixar a vila?

–É um assunto pessoal. – Respondeu evitando certos detalhes.

–Argh. – Pensativa, a Hokage se inclinou na cadeira. –Bem, você tem conquistado a confiança de todos cada vez mais. Não tenho comentários negativos a seu respeito. Quanto a Sakura, ela é meu braço direito no hospital, seria muito embaraçoso não tê-la lá.

Sasuke respirou cheio de tédio. Odiava quando alguém não conseguia ser direto com ele, ainda mais naqueles momentos de extrema urgência.

–Acho que, dessa vez, vou quebrar seu galho, Uchiha. – Voltou ao assunto sorrindo. –Considere isso como um presente de aniversário de casamento. Se não estou enganada, vocês completaram um ano de casados na semana passada, certo?

Constrangido, ele balançou a cabeça. Até mesmo Tsunade tinha se lembrado! E como poderia ser possível? Ela ficara bêbada em trinta minutos de festa! Como, em um ano depois, aquela destrambelhada se lembrou da data do seu casamento?

A noite tinha chegado e nenhum contato ele tinha feito com Sakura durante o dia, e se dependesse da rosada, isso não aconteceria no leito do casal. Mas Sasuke sabia como abordar sua querida esposa que, mais uma vez ignorando-o, deitou na cama, apagou o abajur, e lhe deu as costas. Fora exatamente daquela forma que ela o evitara durante aqueles dias, mas o mau humor de sua mulher estava com os segundos contados!

–Sakura? – Chamou por ela, se sentando na cama. –Está acordada?

–Estou. – Respondeu sem se virar para ele.

–Temos que conversar.

–Se vamos debater sobre aquela noite, saiba que eu já esqueci o que aconteceu.

–E continua me ignorando pelos cantos da casa?

–É sua punição. – Calmamente ela ligou o abajur e se sentou na cama, sem olhar Sasuke ao seu lado. –Fiquei muito chateada, mas descobri que não sou a única decepcionada em Konoha. – Olhou-o. –Eu realmente me esforcei muito para que tudo fosse perfeito.

–Eu sei disso. – Beijou a mão dela demoradamente. –Se eu pudesse voltar no tempo seria um homem perfeito naquela noite. – Disse trazendo-a para mais perto de si. –Como eu não posso mudar aquele dia, vou tentar me redimir a partir de agora.

Ela sorriu docemente, aconchegando a cabeça no peitoral do amado.

–Estaria disposta a sair de férias com seu marido idiota?

–Férias? – Perguntou afastando-se para vê-lo melhor. –Férias?

–Férias. – Confirmou arrancando dela um sorriso escancarado. –Tsunade nos deu um mês longe de Konoha. Agora preciso saber para onde você quer ir.

–Bem... – Maravilhada com a notícia, tão cobiçada há muito tempo, ela chorou de felicidade. –Eu não sei. Talvez... Vamos pensar nisso juntos. – Abraçou-o como há tempos não fazia. –Sasuke! Você está dizendo que vamos sair só nós dois juntos, sem ser em missão, não é? – Indagou constatando que não se tratava de uma pegadinha.

–Exatamente isso. – Beijou-a satisfeito por vê-la tão atônita e eufórica com a novidade. –Podemos viajar amanhã, se você quiser.

–É melhor que seja no dia seguinte. Eu preciso comprar roupa de banho, vestidos novos, e... três ou quatro camisolas novas. – Disse levemente ruborizada. –Não posso acreditar que finalmente vamos tirar férias.

–Isso significa que...

–Que você está perdoado.

Sasuke a deitou na cama, prendendo os pulsos delicados da esposa.

–Então, agora é minha vez de puni-la por ter me induzido à insônia todo esse tempo.

Fim


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Notas finais do capítulo

Bom 2014 para todos! =D



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