O Alvorecer das Chamas escrita por Matheus Cavallini Amaral


Capítulo 4
Capítulo 4 - Ascenção


Notas iniciais do capítulo

E mais um capítulo saindo haha, espero que gostem, eu pessoalmente gostei deste.
Obrigado!



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A manhã estava calma, no céu poucas nuvens apareciam, os campos verdejantes estavam serenos, o pouco barulho do local, vinha dos homens saindo de suas pequenas casas para mais um dia de trabalho na vila. O local era simples, algumas dezenas de casas faziam a vila, esta era cercada por uma simples paliçada, os humanos nela viviam em paz, a guerra ainda não os alcançara, no entanto sentiam o peso da perda de seus filhos, que seguiam ou por obrigação ou por senso de aventura para os campos de treinamento nas maiores cidades, como a vila era pequena demais para um capo de treinamento próprio.

A vila era sustentada basicamente pelo campo, crianças e homens de idade ajudavam uns aos outros para manter a vila instável desde que os jovens foram para a guerra, como de costume os garotos de dezessete anos partiam para a guerra, eles no entanto eram a força braçal principal da vila, então aos poucos estes foram sendo substituídos por crianças.

Em uma das casas um jovem acordava, tinha apenas dezesseis anos, seu cabelo era castanho e caía-lhe aos ombros, os olhos também castanhos eram profundos, mesmo após anos de trabalho no campo não era musculoso ou forte como a maioria, mas sempre estava disposto a ajudar.

–Semana que vem vai ser meu aniversário de dezessete anos! - O garoto dizia para sua mãe, o pai a muito fora para a guerra e nunca mais voltou, os enviados do rei nunca declararam a morte dele, porém a chance do mesmo estar vivo era muito pequena. -

–Se acalme Gwerth, logo chegara o seu tempo, não queira se apressar, vai ver que sentira muito a falta deste local, por mais simples que ele seja.

O garoto não se acalmava, havia muito tempo que queria partir para a guerra, a calmaria da vila não o agradava, contava cada dia para sair de lá, porém sabia que no fundo sentiria saudade do lugar, um último recanto de paz, em um mundo tomado por chamas e medo.

A única cosia que prendia Gwerth na vila era uma garota, ela se chamava Irebelle, uma garota morena, seus cabelos eram relativamente curtos chegando até pouco abaixo dos ombros, era pequena medindo um metro e sessenta de altura, seus lábios eram um pouco cheios e seu rosto fino, tinha pequenos olhos castanhos, era uma garota simples, porém linda, o povo da cidade a adorava, diziam que era doce como a rainha, mas quando estava brava podia parecer um dragão.

Eles se conheciam a muito tempo, desde que eram jovens e brincavam de corrida e de esconde-esconde pela vila, conforme cresceram formas e tornando amigos mais íntimos, ela sempre temia o aniversário de dezessete de Gwerth enquanto ele ansiava que o mesmo não demorasse a chegar.

Quando a guerra começou Gwaerth estava com treze anos, seu pai partiu no primeiro ano da luta, assim como muitos de seus tios, e vários de seus amigos mais velhos, muitos nunca mais foram vistos, um ou dois conseguiram voltar para a vila, mas nunca mais foram os mesmos, estavam sempre com medo da própria sombra, ou então cada barulho por mais insignificante que seja, eles ficavam em alerta prontos para uma batalha.

Os jovens, mesmo depois de verem o estado dos que sobrevivem, queriam ir para a batalha, talvez um destino diferente os aguardasse, talvez uma vida de herói os estaria esperando, todos sonhavam com isso, uma vida de aventuras contra a vida calma de um fazendeiro, o mais sábio dos homens, escolheria a segunda, porém onde esta a sabedoria na juventude?

Os dias passavam e Gwerth começava a ficar cada vez mais tenso, como se o dia que esperara chegar a tanto tempo, agora não tivesse um sabor tão doce. A vila possuía uma pequena cabana onde os homens que completassem dezessete anos deviam ir para se alistar, caso tentassem se esconder dos guardas da vila eram enviados para busca-los. Os guardas eram idosos que já haviam pego em armas alguma vez em sua vida, como a força bruta estava sendo enviada para o campo de batalha estava-lhes apenas isso para oferecer uma precária defesa contra qualquer coisa que aparecesse.

O pouco tempo que tinha com Irebelle começou a parecer ainda menor, os dias se passavam rapidamente, como se o próprio mundo quisesse que Gwerth saísse da vila e arriscasse a sua vida em troca de glória.

No último dia antes de seu aniversário Gwerth faltou em todas as suas obrigações nas terras locais, para poder ficar com ela, passaram o dia juntos, fizerem um piquenique a beira de um lago próximo, revieram os tempos de crianças correndo uma trás do outro em uma interminável brincadeira, e no fim do dia ele a levantou e deu um beijo, em seu pensamento o mundo podia parar ali, o tempo não precisaria mais correr e poderia ficar para sempre com sua amada, mas o chamado tempo, era cruel e devorou as horas como se não fossem nada, e então o novo dia raiou, agora completava dezessete anos, e finalmente o dia que esperava por anos havia chegado.

O tempo estava nublado, o dia amanheceu triste, uma chuva fina caía sobre os campos, os poucos raios de sol que passavam as nuvens geravam uma iluminação triste, o clima fúnebre do dia em nada ajudou Gwerth.

O sino da vila começou a soar como em toda manhã, vários idosos e crianças saíram para os campos, Gwerth se levantou e se arrumou, fez a sua mala e estava pronto, tinha de ir até a cabana da guarda para se alistar, o dia finalmente chegou, pensou consigo mesmo, saiu de casa e então se virou, viu a velha construção de madeira e perguntou se iria viver para voltar para aquele local, em seguida foi se despedir de Irebelle, ela estava linda, sentada no banco de sua varanda, seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, seu amado iria partir para talvez nunca mais voltar.

–Irebelle, não chore eu vou...

O sino soou apressado, algo estava errado, ao longe um urro podia ser ouvido e então o céu foi tomado por chamas, a sombra das gigantescas asas de um dragão pairava sobre a vila, seus olhos eram vermelhos e suas escamas negras como a noite, ele olhou para a vila e então urrou, o fogo dominou a pequena cidade, o grito de desespero das pessoas tomou a manhã, superando até o poderoso urro do dragão.

O dragão sobrevoou a vila novamente e então mais uma rajada de chama os atingiu, desta vez a cada de Irebelle foi atingida, e em chamas ela desabou, Irebelle ajoelhou e olhou os destroços de sua casa, seu olhar estava vidrado na casa, onde estavam os seus pais e seus avós e irmãos pequenos, lagrimas jorravam de seus olhos, Gwerth tentava puxa-la e trazê-la para um local seguro, no entanto ela permanecia imóvel, a fera de olhos vermelhos voltou para um último golpe de misericórdia, o seu último urro tomou a vila inteira, todos morriam, Irebelle foi atingida por uma das ondas de fogo e morreu imediatamente, seu corpo queimava como uma tora, Gwerth ficou parado olhando o corpo dela, lagrimas jorraram de seus olhos, o dragão foi embora com um último rugido.

A vila, as pessoas que mais amava, tudo foi destruído pelos dragões, Gwerth então, decidiu que usaria sua vida para vingar a morte de sua amada, e que pelas suas mãos todos os dragões morreriam.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo vai ser lançado dia 17 ou 18.



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