"Ele começou a me tocar intimamente, estava assustada. Como permiti que chegasse assim tão próximo? Tentei fugir mas não conseguia, até que papai chegou...".

Estava tão amedrontada, tivera mais uma vez aqueles pesadelos sobre O dia, aquele no qual tento esquecer todas as noites e que me deixou perturbada desde que meu pai se foi. Levanto-me, tomo banho, arrumo meu material e vou à escola. Chegando, era o mesmo tormento de sempre, era como se eu fosse invisível, por um lado era bom, odiaria ter todas aquelas pessoas se aproveitando de mim. Diante de tanta gente sinto-me tão frágil e impotente, às vezes gostaria de poder mudar isso, recomeçar.

Fui ao meu armário e encontrei Clarice, a menina mais popular da escola, a mais bonita e adorada pelos hipócritas. Como sempre, ela tentava arruinar o meu dia. Ela olhou para as minhas roupas largas, que uso para esconder o meu corpo, com desprezo e disse:

" -Se eu fosse você me mataria ao invés de usar essas roupas masculinas, sua aberração."

Naquele corredor, mal tinha percebido que todos os alunos estavam olhando com deboche em minha direção. Humilhada fui correndo chorar no banheiro sem olhar para trás.