Mestiça escrita por Mandy Sunshine


Capítulo 1
Capítulo 1: A Verdade


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma das minhas primeiras fics (Que eu teno certeza que eu não vou excluir. Espero que vocês gostem . Comentem por favooor >.



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Acordar com o sol na cara não é uma das melhores coisas do mundo. E ainda mais quando se tem um pássaro irritante na sua janela olhando para você, soa tão normal, mas é inquietante.

Desde que me entendo por gente não há um dia em que eu não acorde sem um animal na minha janela. De gato a pássaro, de presa a caça. Algumas pessoas achariam fofinho, não é todo mundo que acorda com um animal diferente por dia lhe observando através do vidro da sua janela. Mas é tão perturbador imaginar em uma razão lógica para isso. É como se eles me vigiassem. No final das contas, eles sempre vão embora depois que percebem que eu estou “segura” e que não estou me sentindo nem um pouco confortável com seus olhos sobre mim.

São pensamentos como esse que levam a minha mãe a me mandar para uma psicóloga todo sábado. Talvez eu tenha mesmo um parafuso a menos na cabeça, como minha mãe costuma dizer sempre que eu saio com alguma história estranha.
Levanto. Penteio os meus cabelos loiros, quase brancos. Que ficam em contraste com os meus olhos chamativos.

E aqui estou eu. Indo para o consultório da Dr.ª Rebecca, como sempre. A mesma rotina comum, cachorros, gatos, ratos me seguindo, sempre revezando para seguir cada passo que eu dou. É. A paranoia já esta começando e ainda tenho todo o dia pela frente.

– Bom dia, Srtª. Katherine. O que temos para hoje?

– Mais sinais de loucura – Digo. Não me classifico como uma louca, até porque eu sei que não passa apenas de uma simples paranoia minha.

– Que animal foi dessa vez? Uma formiga? – Diz ela meio sarcástica. Se observarem apenas uma sessão minha irão perceber que essa psicóloga não vai muito com a minha cara.

– Não. Dessa vez foi um pica-pau, com os olhos pretos e bem pulados, igual ao seu – Falei, na tentativa de irritá-la.

– Então você esta querendo me dizer que já viu algum canário que não tenha o olho preto. Azul talvez? Impressionante, mais sinais... – Escreve algo na caderneta tosca dela. Sabe, às vezes acho que sou melhor da cabeça do que ela. Eu não acredito que um ser com cem por cento de sanidade insinue que uma pessoa esta mostrando sinais de loucura por que simplesmente quis acrescentar que o pássaro tinha olhos pretos.

– Eu apenas quis acrescentar que ele tinha olhos pretos – Falei tentando não mostrar aborrecimento

E assim se prosseguiu mais duas horas de perguntas e respostas sem sentidos de uma sessão com uma psicóloga.

Agora eu estou indo para casa com a minha frota. Os animais que me perseguem, é claro. Não há nada melhor do que ter essa sensação de “segurança” que eles me passam.

– Bem que você poderia me levar nas costas – Mas o máximo que consigo fazer é com que o cachorro olhasse com a cabeça torta para mim. Pude quase ouvi-lo dizendo um “como se eu pudesse com o seu peso” – Pronto. Estou entregue. Sã e salva. Agora já pode ir embora. Parabéns pelo seu comprometimento de me vigiar. –

Algumas pessoas me observavam. Não é muito estranho falar com cachorros, mas é estranho ver alguém falar como eu falei.

Passando pela porta da minha casa pude observar o cachorro ir embora.

Entrei sem fazer barulho e pude ouvir uma gritaria na cozinha. Fiquei escutando a conversa atrás da parede, para entender o que de tão sério meus pais discutiam.

– Mas ela não precisa saber Augustus. – Gritou minha mãe

– Ela tem que saber Virginy. Falta uma semana para ela completar seus 15 anos. Ela vai entender, já tem maturidade o suficiente para isso. – Explicou papai

– Katherine é tão matura que acha que os animais estão perseguindo-a – Retrucou mamãe

O que eu sei até agora é que o assunto discutido sou eu e que eu preciso saber de uma coisa que ainda não me contaram, e pelas gritarias é bem sério. Mas o que poderia ser?

– Um dia ela vai saber, sendo pelas nossas bocas ou não.

– As únicas pessoas que sabem disso sou eu e você.

– A mentira tem pernas curtas. Ela corre em um deserto sem parar. E um dia, de tanto correr, ela vai morrer desidratada.

– Belo discurso – aplaude minha mãe – Agora prepare algo parecido como isto para dizer a ela. Porque eu não vou dizer. As palavras que vão piorar a saúde mental dessa menina vão sair da sua boca.

– Que seja. Contanto que ela saiba. E ela não é nenhuma louca.

– Não é o que a psicóloga diz. Ela já esta muito velha para dizer que animais perseguem-na.

– Isso é só uma fase.

– Poderia ser Augustus, se ela tivesse 7 anos.

Essa história já esta indo longe demais e eu estou muito curiosa para saber do que se trata. Vou me intrometer.

– Eu posso saber o que eu tanto preciso saber?

– Desde quando você esta escutando essa história, mocinha? – Perguntou minha mãe

– Pouco tempo. Mas deu para perceber que vocês escondem algo de mim. O que é?

– Bem... – Começou meu pai, porém, foi interrompido por mamãe

– Não é nada. Vá para o seu quarto. Agora! – Ordenou. Com a voz um pouco trêmula de nervosismo.

– Não. Kathy irá saber disso agora. Sente-se minha filha – Obedeci e sentei na cadeira que ele apontou, bem ao lado dele.

– Não conte Augustus...

– Ela precisa saber Virginy. E pare com o seu egoísmo, isso me irrita.

– Parem de brigar e me contem logo o que eu preciso saber – Falei já exaltada com tanto “Não conte”, “Mas ela precisa saber”, “Por favor, Augustus”.

– No ano de 2000, há quase 15 anos, eu e sua mãe estávamos caminhando na floresta quando escutamos um barulho não tão distante de onde estávamos. Corremos. E quando chegamos ao local onde se encontrava o barulho, avistamos uma mulher, aparentava ter os seus 20 anos e tinha cabelos loiros, quase brancos, de olhos azuis bem chamativos, era muito parecida com você. – Como assim? Parecida COMIGO? - E ela chorava muito enquanto segurava um bebê em seus braços. Ele dormia. Sua mãe perguntou o motivo de tanto choro e ela disse que não poderia ficar com o recém-nascido, para a proteção dele. Suplicou para que nós ficássemos com ele. Nós tínhamos 25 anos e sua mãe não podia ter filhos – E COMO EU NASCI?! – O bebê era lindo. Mas ele tinha uma marca no pulso, uma lua, parecia que a tiraram do céu e a encolheram para colocar no pulso daquele recém-nascido – Que alívio. Cheguei a pensar que fosse eu – Mas ela disse que não era problema, e, passando o dedo no pulso da criança, apagou a marca por completo, depois nós achamos que foi alguma coisa removível, não nos importamos – Não estou gostando dessa história, estou começando a me desesperar – Nós aceitamos. Ela disse o nome dele, quando ele nasceu e mais outras coisas sem importância. Aí descobrimos que era uma menina. E a mãe dela deixou-a com um colar, também em forma de lua, e deu um beijo em sua testa. Quando íamos agradecer pela menina a mulher correu.

– Mas porque você esta me contando essa história? Eu não entendo qual a minha relação com essa recém-nascida

– Aí é que esta o problema. Essa recém-nascida é você – Terminou mamãe

– Vocês estão me dizendo que eu sou adotada?

– É isso mesmo – Respondeu minha mãe (se é que eu ainda posso chama-la assim) com rispidez

Essa recém-nascida é você. Essa palavra ecoava na minha cabeça enquanto eu corria pelas ruas da Califórnia e escutava meus pais adotivos chamando pelo meu nome na porta de casa.

Como puderam esconder isso de mim por tanto tempo?
Isso não é qualquer coisa que podemos relevar porque não faz importância, pois isso faz muita.

Até que chegam os meus “seguranças leais”. Se eu fosse a chefe deles, dobrava os seus salários. Eles são muito ágeis.

Só um momento. Para onde eu estou indo? Eu realmente não sei. Eu não tenho amigo nenhum, nessas horas um faz falta. Não gosto de interagir com as pessoas da minha escola, elas são tão... Não tenho tempo para pensar em como elas são.

As únicas verdades que eu sei até agora é que eu sou adotada, meu nome é Katherine, tenho olhos azuis chamativos, meu cabelo é quase branco e animais me perseguem.

Falta algo? Claro que falta. Eu estou PERDIDA. Era só o que me faltava.

Eu pensei tanto que esqueci que estava correndo e que estava seguindo os animais. É. Eu estou seguindo esses animais. Vai que eles me levam para algum lugar interessante ou talvez eles me percam mais nessa floresta. Porque eu estou cada vez mais me emaranhando dentro dela.

Que legal. Uma casa. Estou completamente perdida. Perto de uma casa que provavelmente tem um morador. E mais o que? Como eu pude esquecer! Essa pessoa pode me fazer mal.

E nesse exato momento a porta esta se abrindo...


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!



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