Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 61
O começo do amanhã talvez termine hoje.




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O maior problema em continuar uma história é quando não se lembra o que é que foi escrito no capítulo anterior. A história prossegue já que esse não é o caso. Mas poderia ser. O futuro é incerto, e as memórias que você terá no futuro também.

Poucas coisas são certas nesse mundo e não venha dizendo que a morte é algo definitivo. Você provavelmente não conhece uma espécie de coelhos de duas cabeças e duas pernas que vive em um universo paralelo onde os sapos dominam o mundo e exterminaram os humanos. Esses coelhos são tão envergonhados que simplesmente não morrem. Sim. Ué, por que não? O universo tem grandes possibilidades, imensas, infinitas. E essa é a única coisa definitiva no universo. Que ele é indeterminável. Que ele é infinito? Nunca parei pra contar e acho que nunca ninguém irá parar, mas qualquer progressão geométrica tem um limite em sua soma e já foi explicado muito bem que a forma com que as linhas do universo se alteram é na forma de uma progressão geométrica. Não sei se estarei vivo para perceber que o universo prossegue se expandindo. Não sei nem se poderei novamente ter aquela vista magnífica e chocante dos Confins do Universo. Aquele templo agora está vazio. Don Ramon, Xupa e a Anciã cega já deram o fora de lá, pelo menos posso ter certeza disso nesse universo. Seus objetivos até agora não podem ser calculados pela mente do narrador. Muito menos o destino desses seres.

Você tem certeza que lei exatamente o parágrafo que acha que leu? Tem certeza que não interpretou incorretamente alguma coisa? Tem certeza que sabe o que é uma progressão geométrica? O narrador, bonzinho, decidiu uma coisa muito legal. O narrador preferiu não fazer o leito voltar para reler o parágrafo anterior, mas agora vai escrever um parágrafo idêntico ao de cima, mas talvez de uma forma mais clara. Leia o parágrafo abaixo, baseado numa simples afirmação:

Xupa e Don Ramon foram enfrentar uma ameaça que repentinamente havia surgido na Terra sobrevivente. A aparição deles era um mistério, mas Ramon tinha uma hipótese bastante viável: “Acho que as viagens de Shangri La estão bagunçando demais as dimensões”. E ironicamente estavam agora viajando em Shangri La. A imensidão dos universos passava ao redor deles como um vento feroz que não provocava som e nem havia a sensação tátil de que uma grande maré de vento estava os atravessando. Não estavam se afogando nos ventos. Não havia ventos, era uma simples impressão. O cérebro humano tem a mania assimilar movimento veloz com o enfrentar de uma grande resistência de ar e assimilações dessa forma acontecem sempre quando se está viajando pelo espaço. Explosões e super-novas são presenciadas sem que uma onda sonora seja propagada, a falta de matéria inviabiliza qualquer senso de realidade que se tenha e é comum que a loucura atinja seu ápice após de algum tempo percebendo que todas as suas experiências em um planeta são completamente fúteis perto das experiências inertes e isentas de emoção que o espaço pode proporcionar. Óbvio que as figuras multicoloridas das galáxias são espetaculares, mas isso com o tempo traz tédio. O amor pelo espaço é quase que platônico. Você não pode ouvi-lo, não pode senti-lo, apenas observá-lo distante o suficiente para que ele prossiga sendo belo e fantástico.

– Pelo menos vamos poder destruir antes essas forças malignas – disse o homem de terno branco.

– Eu não acho que isso seja o lado bom da coisa. A força desses homens é imensurável.

– Como assim. Nem tu, ó mestre, consegue medir a força de tamanhos inimigos?

– Isso não é algo tão absurdo assim, discípulo. Até mesmo a força de vocês, meus aprendizes Imperadores Solares, já não consigo mais medir a força. A força de vocês é tão tremenda que é incontável, pelo menos no sistema de medida que eu uso. Não sei se sua força se compara à deles, se é inferior ou superior. Mas eu tenho certeza que essas batalhas não serão fáceis da maneira como você ousou insinuar agora. Há um grande problema, também são utilizadores de energia e suponho que utilizem a energia solar, mas não devem dobrar a energia da forma que conhecemos, eles vêm de outro universo.

– O que quer dizer?

– Vocês dobram a energia da forma que eu vos ensinei, e nesse universo há apenas essa forma de emissão e transformação de energia porque, sem querer me gabar, fui o primeiro mortal a descobrir as vibrações energéticas que se propagam no espaço. Logo, foi o primeiro e o único a criar uma tese de utilização das energias.

– Como assim? Mas nossas formas, minha, de Molly, de Wilson, de Krom, são completamente diferentes, não são?

– Mas elas têm a mesma base. Vocês usam a energia como manifestação da matéria.

– Mas essa não é a única forma?

– Não. – Don sabia o que estava falando. Sabia o tipo de brutalidades que os outros mortais de outros universos podiam fazer e faziam com as vibrações energéticas. Utilizavam embasamentos completamente distintos do seu e geravam cenários caóticos em cada um de seus universos. Ramon queria dizer o quão problemática a situação seria caso se encontrassem com algum Imperador caótico, como foi o caso de Mary no capítulo anterior, mas Don sabia que dizer apenas preocuparia Xupa Cabrinha e isso era completamente desnecessário agora. Esse Xupa Cabrinha, o verdadeiro, havia acabado de retornar e já havia presenciado uma tremenda reviravolta.

A história vem girando demais nesses últimos capítulos.

Foi quando chegaram velozmente à atmosfera do planeta que sentiram uma forte resistência atmosférica, mas foi por um tempo tão pequeno que praticamente não a sentiram. Shangri La não pousou, mas sugeriu que os dois pulassem para aquela área rural. Havia plantações de soja por todo o canto e Xupa acabou por estragar uma pequena parte da safra com sua descida atrapalhada enquanto Ramon foi o mais sutil possível ao pular. Falar que Ramon pulou é uma coisa meio idiota porque ele, na verdade, fez uma coisa incrível. Era mestre demais dos macetes do mundo, mas não trapaças, para simplesmente pular e cair no chão. Ele voou por pequenos segundos pela imensidão daquelas partículas da atmosfera, usou-as como uma prancha de surfe e simplesmente ao chão pisou seus pés. Na verdade metaforizar como uma surfada seria errado, era como se fosse uma escada, ou melhor, uma rampa. Xupa, por mais treinado que fosse, não tinha olhos para conseguir ver tamanha velocidade e genialidade. Xupa simplesmente pulou, esse sim era um homem bruto, e estava literalmente anos luz de distância das habilidades de Ramon.

Xupa Cabrinha se lembrava daquele local. E de onde estava, em cima de um prédio gigantesco de concreto erguido numa floresta de ferro, conseguia observar muito bem o que acontecia. Uma pessoa comum não teria olhos bons os suficiente para isso, mas Ramon tinha mais do que isso, tinha mais do que olhos bons, seus olhos conseguiam olhar toda a imensidão do universo presente e passado com um simples piscar. Não precisava disso, só precisava de olhos de águia para conseguir enxergar o que acontecia. E enxergava muito bem, enxergava o grande problema.

Era Molly. Era realmente Molly, o Molly que estava se descontrolando e também estava sendo assustado pelo fantasma de Krom Hellrock, seja lá o que fosse na verdade. Não estava simplesmente ali, estava batalhando contra alguém. Quem era esse alguém? Era alguém bem forte, sentia dali. E o pior havia se tornado realidade: utilizava um embasamento completamente distinto na manipulação da energia. E não era uma espécie de energia qualquer. Era claramente um Vril. Um Vril, arrepiou, há quantos tempo não sentia essa presença tão ameaçadora e dolorosa?

A aura de todo ser humano costuma ser uma aura em formato de plasma. Uma aura que não consegue abater ou esfaquear inimigos. Entretanto um Vril consegue ser tão poderoso que a energia emanada por sua energia vital simplesmente colide fortemente com a matéria e o alvo de todo o seu espírito assassino acabará sentindo fortes pontadas simplesmente por estar encarando o sujeito Vril. Esse caso não era diferente, Molly estava sentindo fortes vibrações em todo o seu corpo e forças pontiagudas no tronco inteiro.

O cenário era até que interessante. A cidade estava por boa parte para baixo, mas não por causa do Vril. Molly havia se irritado por coisas que o leitor já sabe porque o narrador já contou e acabou colocando a cidade no chão. Após a chegada de Ino, dizendo “Ei mestre, vamos procurar Xupa Cabrinha”, Molly disse “tudo bem”, mas não encontraram Xupa Cabrinha e Molly recebeu a missão de derrotar uma arma de destruição em massa que havia surgido repentinamente na mesma cidade que havia destruído. Coincidência? Sim, coincidência demais.

Vrils não eram novidade para Molly, já havia enfrentado um e inclusive morrera para derrotá-lo. Na verdade sequer o havia derrotado, o máximo que conseguiu foi amaldiçoá-lo e explodir-se para garantir que Frota conseguisse prosseguir em sua jornada pela Okami Kenon. Eram outros tempos, e não é nessa história que estamos focando. Mas Molly, por isso, era o homem mais qualificado para isso. Não que os oficiais soubessem dessa batalha do caolho contra o Vril. Não sabiam mesmo, até porque na época Molly era um desertor. Simplesmente estavam loucos porque o homem estava fazendo uma bagunça gigantesca: colocou algumas crianças do parquinho para correr e tinha destruído um banco. Um BANCO CARA!! UM BANCO NÃO!! ISSO É UM ABSURDO.

Molly observou bem o oponente de face bem familiar. Parecia um amigo seu, se não fosse pelo aspecto barbudo e pela falta de músculos. Mas o adversário pelo menos tinha uma belíssima roupa, digna de um samurai do espaço ou algo assim. Pois é, utilizava uma espada e ao mesmo tempo vestia uma espécie de traje espacial feito de poliéster. Era bem resistente, mas devia estar tão quente lá dentro. Ainda mais nesse calor. Molly ia torrá-lo todo com sua energia amarela, se já não estivesse torrando com esse traje ridículo. Podia ver sua face levemente porque havia um capacete transparente abaixo do nariz e acima do nariz. Será que ele tem algum trauma com o nariz? O adversário nada comentou enquanto o Imperador Solar o observava. Simplesmente encarou fortemente o caolho. Será que ele não fala a minha língua? Não sei.

Molly gostava de receber algumas alfinetadas do seu adversário antes da batalha, no sentido conotativo, e o fato desse cara não ligar muito para a conversa fiada deixava Molly meio irritado. Por sorte era um grau de irritação muito mais baixo do que antes quando estava quase destruindo sem nem perceber.

– Vamos ver esse nariz – disse o caolho.

O homem não sacava a espada, que estava ainda muito bem guardada em um local apropriado alojado em seu cinto. Não se moveu, não disse nada, nem piscou os olhos. Molly tornou-se a energia e moveu-se com uma velocidade que nós já estamos acostumados, né gente, mas pra um ser humano qualquer é impossível mover-se nessa velocidade. Até porque Molly não era um ser humano no momento em que se movia, agora era a luz, e também porque Molly não é nem um pouco normal.

Quando Molly, como energia, estava próximo do Vril, já havia se tornado novamente humano e acertado um poderoso punho no capacete, que não reagiu. A reação foi logo após. Como uma máquina, sacou a espada e focou sem misericórdia em Molly. Foi um banho de sangue, um ato de pura crueldade por olhos que sequer demonstravam algum sentimento. Xupa Cabrinha, ao lado de Ramon, procurou saber o que estava ocorrendo quando avistou algo. Era um pequeno objeto que brilhava assim que a luz do sol incidia sobre ele. Quando avistou o chão rubro, percebeu que era uma poça de sangue e que aquilo era a cabeça de Molly. Apenas a cabeça, não sabia onde estava o seu corpo. Isso o chocara, olhou pra Ramon, assustado, e esse prosseguia com sua serenidade de costume.

– M-mestre??? Não me diga que....

Ramon prosseguiu calado e olhando para o adiante. Ramon não havia se desesperado por algo simples.

A cabeça de Molly explodiu em um clarão. Era uma bomba de luz, não era uma espécie de ataque, não visava danificar o Vril e nem nada do que estava ao redor, era simplesmente uma bomba de luz. Xupa, mesmo distante, teve que usar seus braços para tapar os seus olhos e não tornar-se cego. Enquanto isso, Ramon ainda conseguia enxergar perfeitamente com toda clareza o que acontecia:

O Vril permanecia parado, sem qualquer vestígio de movimento. Molly surgira repentinamente em frente ao homem e disse alguma coisa que Ramon não ouviu – não tinha os melhores ouvidos. “Você caiu na pegadinha”. Molly bem lentamente colocou-se em posição de batalha, e o cara não moveu um dedo. Fechou suas duas mãos, a não ser pelos dedos indicadores. Eles estavam apontando, para onde? Para todos os pontos em que Molly paralisaria o seu inimigo. Um aperfeiçoamento fantástico da Defesa Indicadora, o Vórtex Indicador. Sem que novamente seu inimigo se movesse, porque ele nunca se move mesmo, Molly encontrou setecentos e vinte pontos para que pudesse paralisá-lo. Foi minucioso, mas no qüinquagésimo ponto teve uma infelicidade: seu inimigo começou a reagir.

– CHEGA DE BRINCADEIRAS, SEU BABACA!! – Era uma voz tão grossa que não poderia ser expressa por letras minúsculas. Com a espada em sua mão, a apunhalou em todas as direções. Molly escolheu a alternativa mais difícil entre as do que fazer naquele momento: desviar dos golpes e prosseguir acertando os pontos para tentar paralisar de vez o homem.

502. 503. 510. 520. 550. 590. 650. 712... Algo problemático havia acontecido. Molly perdera o seu braço esquerdo.

Esse braço já estava fora de jogo quando Molly percebera que a espada ia acertá-lo certinho. Não havia brecha, e então pensou em algo fantástico. Assim que a espada estivesse pronta para cortar-lhe os nervos, os ossos e os demais tecidos que ligam seu braço ao seu corpo, Molly faria com que aquilo explodisse. Mas explodisse mesmo. Assim que sentiu que algo cravava seu ombro, fez com que todo o seu braço explodisse como se em um ataque surpresa. O inimigo foi pego de surpresa e foi bombardeado para bem distante de Molly. Fora um impacto surpreendente, o calor foi tanto que até mesmo Molly teve seu rosto queimado. Mesmo Molly que tinha nas células de todo o seu corpo uma camada fotofosfósrica teve metade de seu rosto queimado. Essa parte já estava horrível mesmo porque era o lado em que o tapa-olho se mantinha firme e forte. Estava pronto para retirá-lo caso a situação piorasse e esse era o seu pressentimento. Não queria morrer, não de novo.

Via um corpo distante caído nos escombros da destruição da cidade feita por suas próprias mãos em um momento de fúria. Sentia que a morte já era certa para aquele homem, o sangue jorrava redor daquele corpo tão rubro e sem expressão alguma. Até foi interessante ver aquele adversário se expressando um pouco quando mostrou sua voz poderosa junto á sua fúria interminável. Não, disse Molly eu tenho que ter certeza.

Molly apontou o dedo do único braço que o restava para o adversário.

– Você foi um inimigo tão sem graça. Morre, vai. – E uma rajada fina e pontiaguda de energia amarela saiu por aquele dedo indicador, atravessando o crânio do oponente e o derrotando de vez.

Ramon disse para si mesmo “Não, não é só isso.”

Foi uma história bem interessante a daquele homem. O nome dele era Cracker Jhonson. Um nome bem estranho e sem nenhuma graça. Seus amigos o chamavam de Richard, não pergunte o motivo. Na realidade seus amigos eram meio que viciados demais em drogas e por isso não sabiam sequer seus nomes. Ficavam tão chapados que simplesmente não conseguiam mais se concentrar e balbuciavam palavras aleatórias e a conversa não tinha nexo algum quando se reuniam para o piquenique no trabalho. Sabe o que eles eram? Eram os Salvadores da Galáxia.


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