Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 21
Garanhão de meia-tigela.




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Nem mesmo se as nuvens fossem triviais que o que Xupa presenciava era trivial. Não bem trivial, porém dispensável. Esse último termo que estava devidamente relacionado com seu capanga ao outro lado da rua, vazia. Olhava-o com um ódio tremendo por não conseguir aturar a inutilidade de seu subalterno. Em suma, tudo apontava que escolher os primeiros assassinos que bateram sua porta foi um grande erro. Deveria ter pesquisado outros mais competentes e menos impotentes.

Não que isso seja algo relevante no decorrer dos fatos, mas uma curiosidade bastante interessante é que as ruas onde o enredo se passa estão praticamente vazias, o que sempre gera nos personagens uma sensação de incerteza e solidão.

Xupa não sentiu a incerteza.

Muito menos a solidão.

Sentia uma raiva enorme causada pelo tédio que era causado pela incompetência de seu subalterno. Também não esperava nada demais dos outros, que pareciam nunca terem erguido o punho antes. Colocava a mão esquerda na testa fazendo uma expressão de “eu tinha mais esperanças” e “eu esperava mais”.

Robin era um Hitman, uma cópia de um Imperador Solar, porém nem por isso poderia ser considerado um. Uma cópia imperfeita, principalmente porque sua energia não era ilimitada no sentido de quantidade. Na verdade era limitada em ambos os sentidos, tanto em quantidade quanto em qualidade.

Era uma decepção para o seu patrão ver, ao decorrer que a sujeira era carregada pelo vento e sujava o seu terno branco, as diferenças entre aquela cópia pacata e um real Imperador Solar. Não que estivesse se gabando por ser um herói de guerra ou algo do gênero, afinal não lembrava nem ao menos da própria guerra. A única coisa que lembrava, na verdade, a primeira, era uma pessoa com um nome bastante peculiar e um frio tremendo. Segundo essa pessoa peculiar, que Xupa já não conseguia mais lembrar o nome – sim, sua memória sempre foi espetacular –, o homem de terno branco havia passado mais de vinte anos, aliás, muito mais que isso, congelado em meio às planícies e rochas congeladas de Pinball Wizard.

O Imperador Solar em questão acabou sendo congelado por uma criatura um tanto bizarra e intrigante em meio a tais planícies, onde, inclusive, a batalha aconteceu. A mídia, que não sabia disso, acabou dando-o como morto na época – ou desaparecido, há que não encontraram corpo algum.

– Admito, eu esperava mais – revelou o Imperador Solar.

Xupa não se lembrava de como lutar, por exemplo, o que o deixava bastante intrigado já que sempre fora associado, desde que se lembrava, a um herói de guerra com golpes excepcionais e poderes anormais. Não fazia a mínima do que de fato era esse poder anormal.

Voltando as atenções agora para Robin, que não gostou nem um pouco do comentário anterior de seu patrão, estava de certo incerto da certeza de seu poder. Graças aos comentários pouco amigáveis de Xupa, começava a questionar caso realmente é tão forte assim ou não. Xupa estava tirando conclusões precipitadamente sobre o poder de seu subordinado, isso era óbvio.

Julgava-o momentaneamente como um lixo, descartável ao invés de reciclável. E isso ofendia Robin, já que o seu chefe não havia visto sua força por completo.

Apenas para informação alheia, na batalha contra Ino, ou contra o samurai – batalha que Robin fora facilmente nocauteado – o assassino estava com menos de cinqüenta por cento de seu poder pelo fato de que no dia anterior havia utilizado bastante de sua força contra a tira em questão.

– Quanto tempo mais eu terei que esperar?

– O tempo necessário – respondeu Robin de mau humor. Não gostava de ser subestimado e por isso o mau humor mencionado na frase anterior.

– Espero que o necessário não seja muito.

– Pois saiba – disse, de forma masoquista – que é.

– Ok – disse, como isso não fizesse muita diferença em sua vida. É claro que fazia, mas não queria admitir ao reclamar com Robin, o que faria com que tal abrisse um sorriso correspondente a um ataque de masoquismo.

Levantou-se e olhou para todas as direções possíveis e decidiu andar pela aquela que mais lhe parecia familiar.

Na verdade era sempre uma paisagem similar, todas as direções eram melancólicas e continham prédios desmoronados e o que havia sobrado deles. Preferia à direita, pois era destro e até onde lembrava era com a perna direita que costumava ser o artilheiro de seu time de futebol na infância.

O caminho que seguiu, lentamente, era apenas reflexo de sua teimosia ligada à raiva que tinha com o fato de que seus subordinados eram uns imprestáveis e, por mais que achasse uma ótima opção, seria mais prudente apenas esperar Robin recuperar-se do que meter uma bronca e deixá-lo mais raivoso ainda – pois já estava impaciente com a subestimação do patrão – o que consequentemente levaria o assassino a ignorar a presença de Xupa e partir sozinho de volta ao seu planeta, deixando aquele que causara a raiva com um sermão típico de um velho sozinho e arrependido por dar aquele sermão na hora errada já que dependia daquele cuja raiva havia sido criada por si.

Deixara o sermão para depois e andara mais alguns quilômetros para destruir seu tédio correspondente à incompetência de Robin.

– Hitmans, de fato cópias ridículas. Deveriam ter feito algo melhor, como podem se comparar a nós, Imperador Solares? – Indagou a si, mesmo não sabendo a capacidade daquele que denominava com o pronome na primeira pessoa do plural. – Temo que fosse melhor procurar capangas melhores. Mas, não! Tive que aceitar o primeiro que bateu a minha porta! Sensacional, sou muito inteligente.

Xupa era inteligente, sim. Mas a impaciência no momento em que aqueles bateram a sua porta era maior. Queria executar seu plano o mais rápido possível – não que se lembrasse do plano – e para isso deveria completar a etapa A que era conseguir capangas. A etapa B, C, D, E, F, G e H, não havia mais em sua mente – causa de sua amnésia.

Não muito longe dali, onde o nome do suposto assassino era gritado pelo fato de ser o suposto assassino, estava um homem de bigode geométrico.

– Mas que droga, realmente não me parece que ele está por aqui. Será que aquilo que terceirizou meus ouvidos era realidade? Bem, de nada sei, vou tentar de novo – também tinha óculos redondos e cômicos.

Colocou os dedos entre os olhos como se estivesse em certa série japonesa e tivesse em seu cérebro a intenção de se teletransportar. Estava suando, o que pretendia fazer necessitaria bastante, sim, bastante, concentração. O que infelizmente não tinha por enquanto.

– Desgraça! Então era mentira! – Exclamou. – Então ele não está em Economist! Fizeram-me viajar a toa! Boiolas... – aparentava estar deveras raivoso.

– Eles vão pagar, e não serás barato – ameaçou Ikovan.

Irmão do ex-presidente e um dos únicos membros da ABC Works que decidira rejeitar aquele governo corrupto para buscar por si mesmo a justiça, Ikovan era um homem muito bem decidido e com graves problemas de audição. Não acreditava nem um pouco na informação de que Xupa Cabrinha matara seu irmão e nem se o pagassem conseguiria acreditar. Era, assim como qualquer outro membro da organização, um usuário da famosa doença Cell Darkness. E digamos que os sintomas de tal doença, assim como em qualquer outro usuário, eram um tanto interessantes em incomum.

Quando se trata de Cell Darkness, ultrapassasse o espaço-tempo ou conseguisse destruir um prédio seria um sintoma comum.

Na verdade a situação do bigodudo era um tanto difícil. Precisaria enfrentar toda a organização que rejeitara pelo fato de ter informações muito preciosas e saber quem estava armando toda aquela palhaçada contra o Imperador Solar em questão. Primeiramente, a missão dada a si por si mesmo era a de impedir aquele que estava caminhando para a batalha contra o suposto assassino, que na realidade não matou ninguém.

– Alto lá, meu queridíssimo – disse alguém que tinha a típica voz de um “meu amo”.

Um homem forte, com músculos escondidos e com um cabelo aparentemente muito mal raspado – não totalmente raspado, ainda era possível ver uma rasa cabeleira – andava acima do prédio onde também estava Ikovan. Andava na direção desse segundo, e parecia que estava com um olhar ameaçador já que aqueles olhos normalmente eram calmos e sensuais. Vestia uma camisa normal e social – o que não era nada normal e social na época – e uma calça típica de um funcionário qualquer de uma firma que passava o dia inteiro fazendo contas relacionadas ao lucro da empresa. Usava uma gravata dourado e fora de moda e, o mais estranho de tudo, era quer não vestia um terno.

A gravata era enormemente formal e era cafona, porque não é normal encontrar um empresário sem terno e com uma gravata dourada. A ausência do terno era o mais estranho afinal, e ressaltava a falta de moda da gravata.

– O quê? Quem és tu?

– Prazer, sou Dom. Dom Picone. Não pude perceber que tu estavas em cima do prédio de minha empresa, a qual sou dono, digo, sócio. Recebo quarenta por cento do lucro total, mas nem por isso meu nome vem depois do nome do dono quando é mencionado o nome da revista “Blanks e Dom Picone”. Na verdade meu nome nem é mencionado, até porque és um nome belo demais e as damas cairiam na tentação ao ouvi-lo.

– Dom Picone, um nome de fato belo e muito ousado – disse Ikovan, que não ligara para o restante das afirmações do empresário.

– E o que faz sob o teto de minha empresa?

– Procurando alguém, e sejamos francos, aqui é o ponto culminante do local. Não há lugar onde seria mais possível reverenciar essa bela festa que acontece pelas ruas. Aliás, como sabe que eu estava pisando no teto de seu prédio?

– Gosto de chamar o teto de meu prédio de minha laje – disse Picone. – É apenas um trauma de infância, nada que precisaria de um flashback para retratar.

– Entendo, e como soube que eu estava andando pelo seu teto?

Mostrou um celular daqueles tijolos que apenas seria utilizável para fazer chamadas, enviar mensagens e jogar o “jogo da cobrinha”.

– Minha visão não é tão boa assim, meu caro – revelou Ikovan.

– Informaram-me que estava por aqui, e por isso fui obrigado a vir aqui. Não que acho um problema de estar pisando sem autorização na laje de meu prédio, aliás, esse prédio nem meu é. Não tem meu nome, como pode perceber, e sempre fico deprimido quando percebo isso. Enfim... Não posso negar uma coisa – sempre foi muito intimo das palavras –, sou da ABC Works e tenho ordens de matar você meu queridíssimo.

– Perdão... Acho que ouvi errado – e realmente ouvira.

– Eu te amo.

– Seu amor não poderá ser correspondido.

– Já esperava uma resposta dessas... Mas o que tenho a tratar com o senhor são coisas muito mais importantes. Por acaso sabe quem eu realmente sou?

– Sim, seu nome é Dom Picone – respondeu o bigodudo.

– Acalme-se, acha que me conhece apenas por saber meu nome? Vai colocando a purpurina de volta no pote, pois ainda tenho muito a dizer-te sobre mim.

– Pois bem, diga, por mais que eu não queira escutar.

– É claro que quer escutar, sou mais forte que você, e por isso é obrigado a escutar.

– Eu não diria isso.

– Eu não diria que você não diria isso. Bem... Isso foi meio confuso. Meu amor, eu fui escolhido por, sabe quem? Sabe quem? Fui escolhido pelo dedo de Dom Ramon e por isso sou seu substituto. O velho anda muito velho – disse Dom.

– Blasfêmia. Como pode dizer isso? Então tu serias... Um discípulo de tal?

– Exato, acertou muito bem. Creio ser seu melhor discípulo para que ele escolha-me para substituí-lo – gabou-se, mesmo não querendo gabar-se.

– Então me mostre sua verdadeira força, se diz ser tudo isso. Aparenta ser novo demais, duvido que fosse vencer minha experiência por mais que seja forte! – Exclamou Ikovan, elevando seu espírito ao máximo.

Ikovan tinha um nome a honrar e nunca perderia. E já percebendo que seu companheiro prédio-acima era um de seus oponentes, um membro da ABC Works, a luta seria iminente.

– Não vim aqui para lutarmos meu caro, estou aqui para conversar e começou retirando a gravata.

Jogou a gravata prédio-abaixo, o que gerou a alegria e a formosura de um pobre mendigo que era o único a perecer dormindo em meio àquele enorme barulho.

Estava começando a retirar a camisa, o que gerou a Ikovan uma sensação estranha e demonstrou-a com uma expressão facial que representava muito bem essa sensação estranha. Depois, ao ver que a camisa fora jogada – assim como a gravata – prédio abaixo, o que novamente causou a formosura de um pobre mendigo, estava com dúvidas sobre o gênero do jovem em sua frente.

– Não lembro ter pagado pelo strip-tease – disse Ikovan, por mais que quisesse ver aquela belezura de cuecão de couro, não estava em uma situação financeira que permitisse isso.

– Não seja tolo, não estou aqui para mostrar meu corpanzil. Tenho outras intenções.

– E quais seriam? Estou ficando curioso – disse o bigodudo.

– Temos que conversar Ikovan. E uma conversa muito séria por sinal.

– Despiu-se... Apenas para que pudéssemos conversar? E que tipo de conversa? – Indagou Ikovan, indignado.

– Uma conversa – fez uma pausa dramática – muito séria.

– Diabos. Pode falar de uma vez por todas? Não tenho o dia inteiro, pois tenho compromissos.

– Compromissos... – refletiu. – Com quem? Quem é a moça da vez?

– Você – ironizou Ikovan que já não agüentava o homem em sua frente.

– Certo, falarei o que devo falar – abraçou uma mão a outra como se estivesse prestes a orar.

Forçou seus músculos ao máximo e liberou uma aura sensacional. Bem, de fato era uma força digna praquele que fora escolhido pelo dedo de Ramon com finalidade de substituí-lo. E era uma aura devastadora, que cobria provavelmente toda a área onde as palmas existiam e as pessoas comemoravam a morte do irmão de Ikovan.

“[i]Força excepcional[/i]” pensou Ikovan que agora poderia afirmar que a força daquele jovem poderia facilmente derrotar a sua experiência.

Os músculos pareciam vulcões. Prontos para soltarem todo aquele magma e meter o pau nos cretinos que estiverem infelizmente nas proximidades. É claro que inocentes morreriam, diga-se de passagem, mas o vulcão nada tinha a ver com isso e é claro que continuaria com sua diversão ao ver os cretinos tomando uma palhinha de como é o mármore do inferno.

– Tudo isso para uma conversa? – Ainda não estava convencido que o sucessor de Dom Ramon estava liberando sua força apenas para dizer algumas palavras.

– Como eu já lhe disse: uma conversa muito séria e importante que talvez até lhe faça refletir sobre os princípios da vida – disse Picone, cansado de repetir o mesmo e de encher a voz com o mesmo tom de suspense e drama.

– Então fale de uma vez – estava cansado de ouvir as mesmas palavras e de escutar aquela voz com o mesmo tom de suspende e de drama de anteriormente.

– Vou falar...

– Você não pode me derrotar, é melhor desistir – disse Picone.

– Ninguém aqui mencionou em lutas.

– Eu mencionei. E afinal, sabendo agora que não nego ser um dos membros da ABC Works, provavelmente o senhor iria falar palavras clichês como “seu bastardo, eu vou te matar!” e daí começaria uma batalha. Já vou adiantando que minha força, como pode ver, é muito mais do que você pensa e sou mais forte que você, consequentemente. Agora, por favor, se entregue a polícia por Traição, Desacato a Autoridade, Agressão, Homicídio Doloso e Cárcere Privado.

– O que? Desacato a Autoridade? Agressão? Homicídio Doloso e Cárcere Privado?

– Sim, é só pra você ficar na cadeia mais tempo e não revele a “outros” a real intenção desse governo mais que corrupto. Não que eu o acho corrupto, mas poderia muito mais justo. Concorda? Enfim, se resistir, será inútil e terá que agüentar todo poder que aprendi com meu mestre – curto e grosso, porém exagerara um tanto nas palavras.

Por mais que fosse intimo com as palavras, Picone e elas eram apenas amigos e nada mais. Não eram namorados e provavelmente Dom nunca aceitaria isso pelo fato de gostar de comprometer-se, afinal tinha certo trauma relacionado a casamentos que também fazia parte por traumas sobre tetos e telhados. Nada que de fato fosse relevante o suficiente no enredo para que fosse necessário um flashback para demonstrar a origem desse trauma.

– Você fala demais, - disse o bigodudo, solene e sagaz, já quase abrindo um sorriso – vejamos se realmente poderá me derrotar.

– Viu? Sabia que acabaríamos tendo que lutar – pôs-se em posição de ataque e emanando o máximo de sua força possível.

– Sim, entretanto sou capaz sim de derrotar-te. E o farei com prazer.

Não que esse fosse o ataque mais poderoso do bigodudo, porém aproximar-se e tentar atingir o oponente com seu punho direito era um dos golpes primordiais para alguém que ousa chamar-se de lutar, pugilista, espião ou guerreiro das estrelas. Por mais que soubesse que aquele golpe era algo inocente, típico de um amador e totalmente imprudente, era apenas para testar seu oponente. Ou era isso ou ficaria eternamente esperando pelo ataque de seu oponente, que provavelmente nunca sairia. Não tinha tempo para perder, também na verdade não tinha tempo para ficar testando Dom Picone, mas isso era necessário caso quisesse sair daquela batalha vivo ou no mínimo ileso.

O soco não era tão forte, não precisaria ser necessariamente forte porque a real intenção de Ikovan não era fazê-lo um golpe forte. E sim um golpe que exigisse ao oponente uma reação que demonstrasse seu real poder.

É, mas aquilo que Ikovan via não era esperado para um real poder. Sim, era uma Cell Darkness e esquecera que todos os sintomas que a envolvem não são necessariamente normais e nunca seriam. Sempre eram anormais ou clichês – típicos de super-heróis. Mas não esperava que a gravidade estivesse em jogo, mexer com a física e com uma das regras principais da galáxia era algo que poucos conseguiam fazer e não esperava que Picone fosse um desses poucos.

Ikovan estava parado, com o punho erguido, como se alguém tivesse dado [i]pause[/i] no aparelho de vídeo e risse da cara que o bigodudo fazia ao atacar o adversário. Era uma pose ridícula e que bastaria umas boas risadas para esquecê-la após compartilhá-la com seus amigos no [i]Facebook[/i] que também riram e continuaram compartilhando a face ridícula do irmão do presidente.

– Sinta o real poder da gravidade.


– Não me diga que fora tu que fizeste isso – disse apavorado.

– Duvidaste de meu poder, certo? Agora podes dizer o mesmo? Tu podes mover-te, porém dar um passo a frente ou para trás será impossível, a gravidade está te chamando para baixo de uma forma exorbitante – e enchia o punho para dar o ataque mortal, junto com alguns gemidos dispensáveis.

Usando seu mais rebuscado inglês, Dom Picone elevou a força de seus músculos braçais ao máximo para acertar seu oponente.

– [B]MAKES SEVERITY: FIVE SPEAKERS FISTS[/B]

O primeiro soco foi fraco e na barriga; o segundo paralisou – mais ainda – o bigodudo pelo fato de ser um gancho que o acertara no queixo; o terceiro era o típico soco de um furioso moleque de rua que estava cansado de sofrer agressões e ser roubado pelos favelados da comunidade; o quarto não parecia muito forte quando era um espectador, porém para aquele que era golpeado era tão forte quanto o piso de um mamute fugindo de um rato; e o quinto, por final, era só uma praxe de Dom Picone que não era muito fã de números pares.

– Levante-se agora, e diga o mesmo que havia dito anteriormente, meu querido Ikovan. Duvido que seja ousado o suficiente para isso, agora que recebera meu poder! Não poderá afirmar novamente que seria páreo para o meu poder! Sinta novamente a fúria dos punhos falantes! – Estava claramente empolgado.

– Apelar para a gravidade é... Covardia – disse Ikovan.

– Não é, meu queridíssimo. Caso conseguisse criar uma onda gravitacional seguida por um campo gravitacional que se fundissem e fizessem um transtorno na gravidade, seria capaz de criar uma explosão gravitacional e destruiria o efeito de meu golpe, que é basicamente fazer com que o centro gravitacional do planeta seja o meu corpo e que ele exerça uma força P (peso) que expele toda a gravidade. Junto à força peso da terra, você basicamente não pode dar um passo à frente ou para trás.

– Você fala demais – disse Ikovan, o que não era novidade alguma para seu oponente – para um jovem.

– Sou um ator e devo ser tratado como tal, sou muito íntimo com as palavras e sempre fui um grande amigo dos sinônimos mesmo não sabendo utilizá-los... Vamos. Agora, me ataque de verdade já que aquele soco ridículo, já que era apenas para testar meu poder! Agora que sabes que minha força é mil vezes superior do que aparentava, deve estar espantado, mas não se preocupe, não vou te matar.

– Ninguém aqui falou em morte, só você – disse Ikovan.

– É, mas um grande problema para eu, que sou um autor, é que sou muito tímido, sabe... Não consigo atuar bem quando subo num palco – voltou-se a si, já que havia incorporado seu espírito de protagonista que era algo normal. – Bem, sobre morte... Estamos aqui porque alguém morreu... Certo? Seu irmão morreu e por isso você acabou ficando fulo da vida, soltou a franga, e agora quer fazer rebelião contra o governo, não é?

– Realmente não sabes o real motivo de eu estar aqui, Picone.

– Dom Picone, por favor – exigiu.

– Realmente não sabes o real motivo de eu estar aqui, Dom Picone. O motivo por trás de eu estar procurando um homem careca, caolho e muito feio.

– Esse nunca foi meu tipo, e também não sei do que está falando – disse o exímio autor.

– Agora tu poderás ver minha Cell Darkness, isso se não quiser ausentar-se agora mesmo – ameaçou.

– Sua Cell Darkness... Bem, não é algo tão “tão” assim, né? Vi-te utilizando-a a pouco e posso dizer que não era um sintoma que pode ser usado como se fosse um ataque, é mais um sistema de procura muito avançado implantado em seu corpo, certo? Mas creio que esse não seja seu único sintoma, afinal, se fosse assim não teria derrotado Raul Leão a ponto de deixá-lo com os orifícios faciais sangrando.

– Ele foi o primeiro traidor que matei, e tu serás o segundo.

– Não sei do que está falando.

Em um simples segundo, Ikovan encheu-se de escuridão e logo depois desapareceu em meio ao espaço-tempo. Não era um sintoma ofensivo, porém poderia ser facilmente utilizado para isso caso o bigodudo quisesse pegar seu oponente de surpresa, porém como não tinha tempo para isso e como a luta não era realmente necessária, apenas usou-o da forma mais simples. Fugiu.

– Desgraçado – resmungou Dom Picone. – Ao menos seja homem e honre suas bolas!


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