Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 101
Esqueci a parte da dança dos dragões.


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta pessoal, sobrevivi ao período eleitoral mas eu ainda mato 1



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Um novo dia amanheceria sem o calor humano de Frota, um grande amigo e uma ótima pessoa.

 

Distante de terminar, muitos desafios ainda se localizavam nesse dia. Shan Gri La busca derrotar Rufus para recuperar o emprego dos sonhos e Robin ainda batalha contra o Xupa Cabrinha possuído pelo Caos e pela fixação em sangue da espada Gram.

 

Como o dia terminaria?

 

Em um outro dia, em um outro lugar do universo que pode parecer muito distante para nós, mas na realidade está bem do nosso lado, Mario e 1145 tiveram a oportunidade de conhecer uma das entidades criadas pelo cosmo de mente humana,

 

Baskario não poderia esperar que Mario e 1145 compreendessem toda a imensidão representada pelas esferas que eles estavam utilizando. Apesar de toda a inteligência de Doutor Mario, ele ainda não poderia compreender nem se estudasse por todas as milhares de vida que a Sociedade dos Marios o oferecesse.

 

Mario tinha estudado demais. Estudado por muitos dias e anos e milênios.

 

A partir de uma breve e ligeira equação, que relacionava diretamente a questão exponencial das possibilidades e dos quadrados criados com um valor chamado Estado de Continuidade. Sendo o Estado de Continuidade menor que a integral da Realidade na equação de Tempo-Realidade de Vivialdi, o universo estava em estado de continuidade não-degenerado.

 

Assim, e com muitas outras equações, aproximações, constantes e integrais triplas feita no lápis e papel mesmo, e com muitas arbitrariedades devido à modelagem humana da ciência da própria humanidade, conseguiram calcular o evento que daria fim à realidade. Esse evento poderia acontecer em diversas realidades em diversos momentos diferentes. Tecnicamente, o universo teria pelo menos mil e vinto quatro bilhões de chances de ser completamente desmontado e desestruturado.

 

Mesmo assim, conseguiram encontrar um valor mínimo. Um valor que, em coordenadas tempo-espaciais,  era representava por diferentes Valores de Estado que poderiam ser possíveis através de várias equações diferenciais.

 

Doutor Mario, junto com a consciência e inteligência de todos esses outros Marios na Sociedade, conseguiu desenvolver esse sistema complicado pra saber quando apertar o botão de reset na realidade, mas não teria a menor inteligência para compreender com todas essas esferas que estava lidando.

 

Ele chegou à conclusão que precisaria das esferas para poder salvar o universo, mas não sabia o que elas eram ou como realmente utilizá-las. Baskario deu ao Doutor a chance de compreender, mas Mario…



… Não compreendeu nem um pouco. Nem 1145.

 

Isso significa que estive utilizando erroneamente as esferas, meu caro? - perguntou Mario, confuso demais para conseguir chegar à alguma conclusão sobre suas ações.

 

Baskario conseguiu, com essa indagação, perceber que Mario não tinha entendido quantas variáveis estavam envolvidas quando se tratando dessas esferas. Ainda mais da forma que ele estava tratando. Não era tão simples quanto dizer que estava fazendo certou ou errado. Existem várias formas diferentes de utilizar as esferas. Pode ser que essa forma funciona, mas só testando pra ver.

 

Foi isso que pensou em responder, mas Baskario decidiu responder nada e mudar de assunto completamente.

 

Os símbolos já foram espalhados. É tarde demais para julgar se foi certo ou foi errado - disse Baskario. A estabilidade do universo não o preocupava, logo não pensava em prol da manutenção do mesmo.

 

Já Mario, temia o fim do Estado de Continuidade do tempo mais do que temera reprovar Cálculo Diferencial e Integral I em seu primeiro período na universidade. Isso era muito pior do que tirar uma nota ruim e esse provavelmente foi o maior medo de sua vida burguesa e farta em riquezas.



Perdão, meu caro… Se compreendi bem, há como compreendermos o funcionamento das esferas, não há? E como direcionar esses símbolos em um sentido único?

 

O homem do castelo, que vestia-se bem como um nobre e olhava cansado como uma pessoa que atravessa sinais de cidades sujas enquanto traga um cigarro amargo, olhou para Mario tentando compreender se esse homem não via que não era digno para compreender a realidade dos símbolos.

 

O que você faz, Mario, é humano e tolo. Buscar dar direção aos símbolos, sendo que são os símbolos que dão as direções para si mesmo. A Verdade e a Possibilidade se guiarão.Dar símbolos ao universo sem dúvida lhe dará vigor e vontade, mas os símbolos se esgotam. - Pensou em terminar aqui o discurso, mas percebeu que não ajudaria nada na jornada dos dois ou na compreensão de quais ferramentas estava usando. Mas, bem, eles não conseguiam compreender mesmo, então provavelmente nem tinha mesmo como ajudá-los nesses sentidos.

 

O símbolo tem seu próprio significado, independente de como usarmos - concluiu 1145.

 

Mario encontrou em si uma pequena faísca que significava que poderia começar a compreender a partir dali. Mas precisava de mais combustível para poder queimar efetivamente e compreender melhor.

 

A origem das esferas, meu caro, pode dizer-me?

 

Elas são produtos da interpretação humana, apenas. E regem aqui como algo que o cosmo há de contemplar por reconhecer sua existência.

 

O cosmo reconhece a existência da Verdade e da Possibilidade… - raciocinava Mario.

 

Coisas humanas - concluiu. - Isso é prova evidente dos princípios inexistentes que são humanos e que os próprios buscam encontrar no mundo. Como o próprio princípio do sentido ou da razão, da verdade e da possibilidade. Não há possibilidade. Coisas acontecem, apenas. Não há razão para contabilizemos o que não ocorre, mas contabilizamos mesmo assim. E é esse raciocínio que está… - Mario pensava e dizia ao mesmo tempo. Seu raciocínio incessante queimou e percebeu que a combustão estava completa. Baskario também percebeu. Mario havia compreendido, através de um raciocínio que levasse em conta que havia um universo com morais e que ele buscava reconhecer sua existência e de tudo através de seus valores e suas morais.



Era o único Cosmo que possuía valores. Não havia outros Cosmos que reconheciam a existência da verdade ou da possibilidade.

 

Você finalmente compreendeu com o que está jogando. Agora, teremos a prova para concluirmos se esses valores, ao serem implementados à entidade humanas, vão ou não dar estabilidade.

 

Ah, estabilidade… - Baskario segurou seu riso. Doutor Mario voltava a usar conceitos humanos. Era de se esperar de Mario, não é mesmo? Trabalhara demais com conceitos humanos, então os repetia e continuava errando.

 

Estabilidade não se busca, Mario - disse 1145, cuja mente vinha sendo iluminada pela profundidade que sua mente vinha se associando com as distantes paredes do universo que encostava.

 

Estabilidade simplesmente existe. - Era óbvio, mas um pensamento facilmente desviado pela natureza humana.



Então Mario percebeu que, é, não é tudo que o ser humano consegue controlar e buscar. Não era um tubo de saio que poderia favorecer a reação aquecendo ou resfriando-o. Era o universo imenso e não tinha os meios para fazer alterações. Tudo que poderia ser, já era. O conceito de estabilidade não dá uma intepretação correta. Sua Teoria do Valores do Estado Contínuo precisaria ser revista, assim como a função de Vivialdi e provavelmente toda a Teoria do Espaço-Tempo Quântico-Clássica. Precisaria rever muitos conceitos e já estava começando a pensar no seu trabalho futuro…

 

Há muito para compreendermos ainda. Mal reconhecemos nós mesmos, como poderemos reconhecer o universo e reconhecer os fatores para salvá-lo? - 1145 estava realmente iluminado, e isso foi reconhecido pelos outros dois.

 

É verdade, meu caro… - Mario não conseguiu entender o que indicava o tom de 1145 ou pegar completamente a mensagem que o detetive tinha dito.

 

É, 1145 - concordou Baskario.

 

O que você vai fazer, Doutor Mario? - Baskario decidiu indagá-lo, tinha interesse na forma que o Doutor vinha raciocinando e como buscaria as respostas seguintes. - Retornar para os tempos infinitos de estudo?

 

Era sua ideia. Depois dessa pergunta precisou refletir. Baskario perguntava se Mario retornari para os tempos infinitos de estudo.

 

O viajante no tempo e professor na extinta universidade no seu extinto universo sentia que precisava fazer alguma outra coisa para poder encontrar mais respostas. Não foram seus estudos que lhe deram respostas, mas a reflexão sobre os conceitos humanos.

 

Precisava quebrar com esses conceitos humanos.

 

Não.









E, com toda sinceridade, Robin não tinha chances de derrotar a espada Gram. Feita para derrotar deuses, a espada não via nele seu objetivo final. Eram os deuses o seu prato principal. Mas, por hora, o sangue de Aristóteles dava-lhe incentivo para prosseguir acordada e em busca de carnificina.

 

A espada poderia lembrar mais, depois de tantas eras passadas, mas não fora criada para batalhas.

 

Gram fora criada para dar aos de menor gratidão e felicidade uma chance de lutar. Não reconhecia esse como seu objetivo final por nunca ter sido empunhada com esse objetivo. Xupa foi o primeiro a empunhá-la, já possuído pelo Caos, que Gram também sentia dominar sua essência.

 

Era uma batalha de Robin contra o Caos. Do herói contra o Caos. Representava, de alguma forma, a Possibilidade. A Verdade já estava morta.

 

Por mais que falte sentido nessa batalha e significado para toda a história e também para os quadrados a serem formados, era uma batalha de vida ou morte. Frota morrera por defender Edésia. Robin lutava para defender Frota, já falecido.

 

O espírito do Herói fervia em Robin. Ele buscava reter o controle de suas ações. Tornar-se o Herói não era algo que buscava. Não era algo negativo, de forma alguma, mas preferia ainda controlar a si mesmo e não ser tomado por uma outra personalidade ou sei lá o que é isso. De qualquer maneira, essa efervecêscia aquecia seu espírito de batalha. Estava tão pronto para essa batalha como se os últimos 20 e poucos anos tivessem acontecido para se preparar para esse momento.

 

Esse espírito radiante fez com que esquecesse Frota momentaneamnete e todo seu foco estava em seu adversário, tão perigoso. Os movimentos de Xupa com a espada não eram inconsequentes ou falhos. Eram movimentos certeiros que apresentavam perigo à Robin e também à cidade que os cercava. Foi danificada e queimada pelas chamas de Gram com seus ataques viciosos.

 

Robin acompanhava os movimentos e buscava uma brecha. Enquanto isso, o cenário da cidade se transformava em um campo de guerra. A brecha não surgia. Não era o tipo de jogo que, com um ganhando, o outro perderia. Robin não ganhava e ao mesmo tempo não perdia. Cada instante se baseava no momento de esquiva e seus ataques estavam distantes demais da precisão necessário para derrubar Gram ou Xupa.

 

Robin voava e as labaredas o seguiam. Robin esquivava-se e o calor raspava em seu corpo ameaçando acariciar-lhe de verdade da próxima vez. Robin estava em uma situação que não tinha como retaliar. Não percebia isso, sua mente era a batalha apenas.

 

É recordado pelo leitor que em alguns capítulos atrás, Picone tinha esquecido demais que era o novo defensor da Terra, título herdado pelo seu mestre falecido Don Ramon. E que ele também ouviu uma explosão e compareceu à cidade.

 

A explosão veio quando a boca de Shan Gri La desceu dos céus e houve luz.

 

O feixe de energia de magnitude irreconhecível para as magnitudes conhecidas de catástrofe não caminhou, mas permaneceu completo durante os instantes do ataque de Shan Gri La.

 

O dragão, descendo dos céus, explodiu as poucas cinzas que ainda restavam na região de embate de Xupa e Robin. Foi o que o mundo viu naquela tarde ao olhar para os céus.

 

Logo após o feixe e a explosão, o silêncio e a escuridão teve gosto amargo para o planeta e para o universo. Tamanha energia, mesmo que contida para apenas atacar o inimigo do Caos, desestabilizou a continuidade do tempo.

 

As cinzas da cidade de cinza passaram a um roxo escuro. Deixaram de existir as chamas provenientes do combate. O silêncio fazia parecer com que uma catástrofe destruíra aquela região e os céus se diferenciavam do céu do restante do mundo.

 

Tanta destruição ocorreu em tão pouco tempo. E tão pouco sentido poderia ser encontrado nela.

 

Não haviam pedaços de concreto em cima de Robin ou qualquer coisa que tivesse o soterrado. Robin estava caído no que fora antes uma praça. Seus olhos estavam fechados e beirava à inconsciência. Não fora atingido pelo golpe do dragão e permanecia com sua vida inteira. Não compreendia o que estava se passando, mas levantou-se e começou a refletir se o homem com a espada estava próximo.

 

Com o sangue novamente frio, pensou em Frota e arrependeu-se por não ter passado mais tempo com Frota nos últimos meses… Seu coração reconhecia a morte de Frota como verdade mesmo sem lamentar sobre seu corpo. A destruição dizia aos seus ouvidos que o mundo trilhava o pior caminho. E para Robin, significava uma dura tristeza que lamentava com lágrimas como uma estátua nesse desolado e escuro lugar do mundo.

 

Sem deixar-se tomado pelas lágrimas, o Herói afirmava repetitivamente que a batalha ainda não havia terminado e Robin buscava pelo planalto desolado e de cinzas roxas, com prédios e residências quebrados no meio do caminho, a espada e seu homem.

 

Sua alma sentia saudades de Frota com a certeza infeliz que não o veria mais. Robin estava possuído pela tristeza, poderia ser diagnosticado pelo olhar de sua silhueta caminhando. A chama de seu viver se apagava depois dessa transição.

 

Eram tantas vozes que se foram. As cinzas não falam.









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