Aqueles que se amam e são separados podem viver sua dor, mas isso não é desespero: eles sabem que o amor existe.

Faz semanas que não falo diretamente com Sam. Estive evitando ele todo esse tempo enquanto procuramos Crowley e Tresh, penso que é melhor assim... Ele de um lado e eu de outro, apesar de não conseguir tirar ele da cabeça, assim evitamos mais dor e sofrimento afinal todos nós já tivemos o bastante de tudo isso, e não precisamos de mais.

Vou pegar um lanche na cozinha quando sem querer escuto Sam e Dean sentados á mesa conversando.

– O que houve com vocês dois ? - Pergunta Dean.

– O que ? - Sam finge não entender.

– Você e Julie, digo antes não se desgrudavam e agora nem conseguem olhar um no olho do outro mais, qual é Sammy eu não sou cego, vocês dois estavam tendo alguma coisa né ?

– Não estavamos tendo nada, ou estavamos sei lá... Eu gosto dela e sinto que ela também gosta de mim, mas quando eu beijei ela - ele fez uma pausa.

– Ela se afastou completamente né ? - disse Dean.

– Sim, e o pior é que eu nunca gostei de ninguem depois da Jessica, e quando começo a gostar... talvez ela me abomine por causa de Ellen e Jo.

– Não cara, ela gosta de você isto está claro, vai ver ela ta com medo de sofrer, quer um conselho ?

– Seu ? Não. - Sam fala rindo.

– Parte pra cima cara, vai com tudo, agarra ela pega e...

Achei melhor não continuar escutando então entrei na cozinha e Dean parou de falar. Olhei para Sam e ele estava olhando para mim então voltei meu olhar para Dean e disse:

– Fofocando na hora do café, meninos ? - Perguntei rindo.

Sam parecia sem graça ou com raiva, não consegui definir muito bem, então ele se levantou pegou sua cerveja disse para Dean sem nem olhar na minha cara.

– Vou ver se acho algum caso.

– Ele está bem ? - Perguntei para Dean depois que Sam saiu da cozinha.

– Você acha que ele está ? - Dean falou e em seguida também saiu da cozinha piscando para mim.

A culpa que eu senti nessa hora doía tanto quanto a dor que senti quando estava sendo torturada, então fui para a varanda e lá estava Sam.

– Bela pesquisa. - Disse tentando amenizar o clima.

– Talvez eu devesse faze-la em outro lugar. - Sam disse tão seco que quase desmontei nessa hora.

– Sam... poxa, está tudo bem ?

– Ham! Que ironia, normalmente eu te pergunto isso. Mas não, Julie, não está tudo bem, aquela noite, nós dois, estava indo tudo tão bem e de repente você nem olha mais na minha cara, isso foi por causa do beijo ?

– Sam... - eu disse interrompendo.

–Não Julie, eu quero saber, porque nos ultimos dias eu só consigo pensar em você, e eu não to sabendo lidar com a falta que você está fazendo, não to sabendo lidar com você estando tão perto e ao mesmo tempo tão longe de mim, então é pedir muito que você dê uma explicação ? Bom , eu espero que não né.

Nesse momento a única coisa que eu queria dizer era que eu também não estava conseguindo parar de pensar nele mas eu não podia, eu não conseguia dizer.

– Sam você tem que entender, nós dois... Não ia dar certo, nem que nós quisersemos.

– Fale por você. - ele se levantou e foi para o quarto.

Eu não consegui conter minhas lágrimas quando ele saiu, eu só precisava sair dali também. E foi quando eu sai correndo e passei por um beco próximo então senti. Senti o odor de enxofre, fiquei desconfiada e entrei no beco. Não havia nada lá, olhei na lata de lixo e a minha surpresa foi tão grande que eu soltei um grito. O corpo de uma mulher e de um homem, completamente esfaqueado com as iniciais P.S.P cravado em sangue. O que isso me lembrava ? Casal esfaqueado, enxofre, a unica diferença foram as iniciais. Tresh. Um pico de ódio subiu a minha cabeça e senti meu sangue fervendo. Corri para casa de Bobby onde estávamos ficando e fui pesquisar. Passei o dia e a noite em claro trancada no quarto só lendo e pesquisando quando descobri que P.S.P é uma sigla de uma antiga organização de demônios que visava roubar almas em troca de poder. Pelo que eu entendi PSP em latim, "Pact.Sanguinem.Potestatem.", queria dizer Pacto, Sangue, Poder. Eram seis horas da manhã, acordei todos na casa e expliquei o que tinha descobrido.

– Espera, o que você está querendo dizer é que você acha que Tresh está nessa organização e por isso matou seus pais ? - Perguntou Dean meio sonolento.

– O que eu estou querendo dizer, é que eu acho que Tresh e talvez Crowley estão trabalhando juntos, para reabrir essa organização e conseguir mais poder para não sei o que. O ponto é que que eles poderiam ter começado isso a anos atrás com meus pais, e faz sentido porque enquanto eu caçava Tresh, havia sempre um padrão de um homem e uma mulher esfaqueados, eu nunca soube das siglas e nem porque esses casais eram escolhidos, mas isso nós podemos descobrir. - O tom de intusiasmo na minha voz estava evidente.

– Eu tenho uma idéia. - disse Sam.

No outro dia, quando o relógio bateu meia noite, fomos para uma encruzilhada. Desenhei uma armadilha bem no meio da encruzilhada e quando Sam invocou o demônio dito e feito. O demonio caiu na armadilha. Pegamos ele e conseguimos levar para casa. Os meninos iam começar a tortura-lo e me perguntaram se eu queria sair.

– Não. Meus pais tem haver com o que ele sabe, eu quero ouvir ele falando. - disse decidida.

Então Dean e Sam começaran, primeiro jogaram água benta e perguntaram:

– O QUE VOCÊ SABE SOBRE A PSP ? - o demônio não respondeu.

Em seguida os meninos começaram a rasga-lo com a faca dos demônios, a dor em seu rosto era claramente visivel, mais água benta, mais cortes, mais socos, mais chutes, mais sangue. Estava com o estômago revirando só de lembrar que já passei por isso. E foi ai que ele soltou.

– Tudo bem, tudo bem. Vou dizer o que sei e vocês me liberam certo ? - disse o demonio com a voz agúda. Claro que ele sabia que ele não ia ser liberado, mas ele devia estar cançado de tanta tortura.

– FALA LOGO. - gritou Sam.

– Crowley está seguindo os mesmos passos da antiga organização, ele quer mais poder para... - ele relutou em dizer então Dean cortou o exterior de seus lábios com a faca.

– AAAAAAAH! - gritou o demônio em uma do aguniante. - ele quer mais poder para ser rei.

– Mas ele já o rei do inferno. - Eu disse confusa.

– Nós meros demônios também não entedemos o que ele diz com isso, ele não fala seus planos para nós, ele só manda e a gente faz. - disse ele com a voz trêmula.

– Eu sei que vocês estão matando as pessoas para pegar a alma delas, mas como vocês escolhem as pessoas ? - eu perguntei.

– Você não entende garota, -ele riu- não escolhemos só pessoas. Pelas leis do Pact.Sanguinem.Potestatem devemos escolher casais, cortá-los, deixar eles sangrarem até morrer, e enfim recolher as almas.

– MAS COMO ESCOLHEM ESSES CASAIS ? - eu gritei sem querer e o demônio riu.

– Escolhemos casais cuja as mulheres estão grávidas de 2 meses.

Meu mundo foi ao chão nessa hora. Minha mãe estava esperando um filho?, eu iria ter um irmão e Tresh simplismente o matou ? Uma criança... Minhas lágrimas cairam inesgotávelmente.

– Por que grávidas ? - Perguntou Dean e Sam.

– A alma de um bebê se desenvolve no segundo mês de gestação, quando nem mesmo a mulher sabe que está grávida. A alma recém criada é a mais pura e a que dá mais poder. A organização exige que coletamos a alma de um homem e de uma mulher que se amam, e a alma de uma criança que ainda não nasceu. E é isso que eu sei, me liberem agora. - disse o demônio olhando fixamente para mim.

Raiva. Ressentimento. Dor. Uma mistura de sentimentos estava saindo pela minha boca, então em um momento de loucura parti pra cima do demônio, atacando ele, dando socos, chutando, chorando. Sam me segurou e Dean o pediu para que me levasse para o quarto, minha visão estava embaçada e eu só conseguia chorar.

– Você vai ficar bem, Julie. - disse ele me abraçando.

Encostei minha cabeça no peito dele em prantos. Então quando percebi eclodiu um grito do meu estômago que eu não coseguia impedir de sair:

– EU VOU MATAR TRESH, CROWLEY E QUEM MAIS ESTIVER NISSO.