A Dama Solitária escrita por Alice Zahyr


Capítulo 24
Sentença de Morte Assinada - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Notas finais ~



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Mirty tinha algo pendente a resolver. E sabia que só quando estivesse sozinha conseguiria fazê-lo.

Dias atrás, um monstro antigo invadiu Cineres e atacou a transmorfa, Elizabeth. E, honestamente, esse tipo de coisa não acontecia desde... Bem, há muito tempo.

"O que diabos uma quimera fazia por aqui?" Mirty questionava-se.

Os monstros da Dimensão não tinham vontade própria, por assim dizer. A maioria vivia na Floresta Cinza, pro lado da Terra das Sombras, e eram mandados por Gwen até que Mirty aniquilou parte de seus poderes. Felizmente, nessa parte inclui-se o domínio dos monstros. Infelizmente, essa parte não fora o bastante. Mas Gwen era extremamente poderosa naquela época, e a mentalista tê-la enfraquecido foi quase um milagre. Quase, porque não a matara.

A dama tinha um lugar para ir. Um lugar especial. E secreto. Esperava que as irmãs estivessem ocupadas o bastante com Ashley para não sentir sua falta.

Os mentalistas são conhecidos por sua extrema inteligência e astúcia. No entanto, poucos sabem que isso tem um preço. Na verdade, um preço acessível a todos. Simples - livros. Era de lá que tiram tanto conhecimento.

Mirty possuía inúmeras bibliotecas em Cineres. Bibliotecas a que apenas ela tinha acesso, escondidas em portais mágicos no Castelo Bellator. E ela estava indo pra uma dessas o quão rápido podia.

***

Ashley abriu os olhos.

Seu corpo estava fraco, como uma gelatina. Olhou ao redor, e tudo o que viu foi... Branco. Paredes brancas.

Estava presa num quarto.

Forçou os dedos na cama em que estava deitada para conseguir sentar. Sentou.

A dama da água deu uma rápida olhada ao redor. Onde estavam suas irmãs?

Quando olhou para trás, viu uma parede de vidro cinza que a separava das outras.

Ashley suspirou, aliviada.

– Diana? - chamou-a. A dama do ar estava logo ali, observando-a. - Que bom que você está aqui, eu... Acho que desmaiei.

A loira riu, nervosa.

– Já pode... Me tirar daqui. - Anunciou. - Agora - enfatizou.

Mas Diana apenas balançou a cabeça, tristemente.

– Ash, você está em supervisão - Diana disse.

Ashley franziu o cenho.

– O que?

Maya tomou a palavra, tentando apaziguar a situação. Ashley costumava ter um gênio explosivo, o que era irônico. Ela era a dama da água, não do fogo.

– Irmã, você teve um acesso de poder repentino enquanto estávamos na Sala do Trono - Maya explicou. - Não sabemos o que houve com você, mas precisamos que fique aqui.

– Para que? Para vocês ficarem seguras? - Ashley vociferou.

Maya balançou a cabeça.

– Não, irmã. Para você ficar segura.

Ashley pôs a cabeça entre as mãos e respirou fundo, tentando não explodir.

– Estão me mantendo como uma louca encarcerada - disse.

Diana apressou-se:

– Ashley, não se trata disso! Você não faz ideia do que aconteceu! Por causa do que você fez, a Sala do Trono está destruída. Nós iremos reconstruir o que pudermos enquanto você se recupera. Nessa sala, você não tem poderes.

Ashley franziu os lábios com desgosto.

– A Sala de Contenção de Mirty.

Diana olhou para ele com uma expressão triste, mas determinada. Ashley secretamente admirava isso na irmã. Sua capacidade de manter a calma e determinação em situações difíceis era o que fazia dela uma líder tão forte.

– Por favor, prometa que vai tentar - Diana pediu.

Ashley encostou-se na cama e fechou os olhos.

– Pode pelo menos dizer o que eu fiz?

– Enquanto olhava seu aquário, de repente você... Se tornou outra pessoa. Seus olhos estavam negros, e você quase afogou todas nós. Por isso a sala está destruída. - Diana explicou.

Ashley meneou a cabeça.

– Não não não - repetiu, sussurrando para si mesma. - Não pode estar acontecendo de novo. De novo, não.

Diana franziu o cenho.

– Ash?

A loira olhou para ela e deu um leve sorriso.

– Tudo bem - disse. - Prometo.

***

Mirty sabia exatamente qual livro pegar. Com o tempo, as bibliotecas se tornaram tão familiares quanto a palma de sua mão. Algo sobre a origem de monstros talvez pudesse ajudar.

E, se não ajudasse, então ela teria de partir para seu método preferido.

Ir atrás daquela espécie e amedrontar algumas quimeras até abrirem a boca.

"Ah, a tortura" Mirty divertiu-se. "É um método tão divertido".

***

Levi não encontrou nada. Mas sua desconfiança não passou. Muito pelo contrário, deixou-o mais irritado ainda. Sabia - podia sentir - que mais alguém estava ali. E alguém que não pertencia as sombras.

No entanto, depois que alguns pássaros já começavam a gorjear, o anjo resolveu que era hora de dar uma pausa e voltar ao castelo. Tentaria falar com Kyle sobre o problema da invasão dos malditos elementares.

– Levi? - alguém o chamou quando ele adentrou as altas portas do castelo. Levi virou-se para trás; conhecia aquela voz.

Era Morgan, a espiã de Kyle. A garota estava descendo as escadas apressadamente.

– Por que a pressa? - Levi questionou, franzindo as sobrancelhas.

Ela usava botas de couro negras e tinha um arco-e-flecha às costas. Morgan não costumava usá-lo; exceto em ocasiões especiais. Muito especiais.

– Kyle me chamou - ela respondeu, descendo o último degrau e virando-se para a mesa de bebidas. Tirou um copo e abriu uma garrafa de uísque com força. - Ele está perto da Floresta Cinza, acho que com Jennifer...

Levi fez uma careta de surpresa.

– O que Jennifer está fazendo lá? Pensei que ela tivesse de entregar uma mensagem de Kyle para Daniel.

Morgan deu uma risada seca e magoada.

– Levi - disse, derramando o uísque como se aquela fosse a última dose. - Daniel está morto. Morreu em combate com os elementares.

O anjo balançou a cabeça.

– Espera - respirou fundo. - O que?

Morgan bateu o copo na besa e apoiou as mãos nela. Sua fúria era visível. E ele sabia porquê.

– Ah, hum. - Levi balbuciou, colocando a mão no ombro de Morgan. Ele lhe deu um olhar solidário, o que não era de seu feitio e o fez sentir-se constrangido. - Eu... Sinto muito mesmo.

Morgan enxugou as lágrimas com força e respirou fundo, virando o copo. No entanto, Levi parou seu braço na altura do queixo.

– Morgan - ele falou, duramente, abaixando seu copo. - Não.

A espiã franziu os lábios em desgosto e tentou pegar o objeto novamente.

– Morgan! - Levi puxou-a dali. - Não adianta beber para esquecer a dor. Acredite. Eu já passei por isso. No fim... Só dói mais.

Morgan ergueu as sobrancelhas e cuspiu o pouco da bebida que havia em sua boca no chão, quase em cima dos pés dele. Então ergueu os olhos e disse:

– Obrigada pelo discurso. Se me der licença, tenho um trabalho para cumprir.

Morgan empurrou-o com força e seguiu para as portas do castelo.

– De fato - ela virou-se para Levi. - Não vou esquecer. Mas parece que você se esqueceu de algo. - Morgan arqueou uma sobrancelha. - Costumava ser um pouco mais malvado, Levi - comentou, cínica.

Levi riu de seu cinismo e pegou a garrafa de licor, arrancando a tampa com raiva.

– Não disse nada sobre licor - ele vociferou, já só.

***

Morgan chegou rapidamente até o lugar onde Kyle estava. Por ser a espiã do dono das sombras, conhecia atalhos como ninguém. Estava ansiosa e nervosa para descobrir o que diabos acontecera.

Quando avistou uma silhueta alta, magra e obscura, aproximou-se sem hesitar.

– Kyle? - Morgan chamou-o. Ele estava agachado, com as mãos tateando o chão a procura de algo.

Kyle virou-se instantaneamente e deu um suspiro de satisfação ao vê-la.

– Chegou rápido - disse. Ele se levantou e olhou para Morgan. - Tenho uma missão pra você.

Morgan assentiu com a cabeça. Ah, se ele soubesse o quanto ela queria 'aquela' missão! Poder vingar Daniel satisfaria por inteiro sua alma.

– Quero que você invada Cineres - Kyle ordenou, andando incessantemente de um lado para outro. - Mas, - avisou - diferentemente. Espione-os. Se infiltre. Aproveite que nenhum elementar a conhece. Afinal, - Kyle deu um sorriso sombrio - você é minha espiã. Poderia se passar por quem... Precisasse, não é mesmo?

Morgan sorriu de volta, concordando com o plano.

– E o que tenho de fazer depois que conseguir entrar? - perguntou.

– Ora! - ele riu amargamente. - Termine o trabalho de Jennifer.

A garota franziu o cenho, levemente confusa.

– Como?

Kyle sorriu.

– Mate a transmorfa. De uma vez só.

Morgan assentiu.

– Será um prazer.


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Notas finais do capítulo

Hehehe e aí people? Só as treta né? Todas as perguntas que eu lhes deixei no capítulo anterior serão respondidas em breve, portanto, fiquem de olho! Perguntinhas: o que acham que acontecerá com Elizabeth, a transmorfa? Será que ela vai morrer? E Kyle, alguém chuta seu segredinho? Tem algo a ver com a Clareira! Lembram-se desse lugar? Nos capitulos iniciais vocês vão se lembrar! É aquele lugarzinho que todo ser humano deveria evitar num passeio ao bosque e.e

Alice