Abismo escrita por Yale


Capítulo 1
Reflexões sangrentas




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Nostálgico. Aquele tempo em que eu vivia, realmente. Aqueles momentos únicos, indescritíveis, insubstituíveis. Momentos que jamais irão voltar.

A não ser que...

Passar uma lâmina pontiaguda num pescoço alvo de uma bela donzela, deliciar-me com seus gritos desesperados, aqueles rostos deliciosamente aterrorizados, as palavras sofridas, os gemidos arrastados, o sangue puramente escarlate escorrendo lentamente pelas minhas mãos, pelo corpo delas.

A não ser que...

Corpos repletos de suor, corações palpitando freneticamente, pensamentos paralelos e suicidas, ódio, medo, morte. O ambiente emanava sensações intensas para ambos os lados, tudo que se há para temer, para odiar, para morrer e para matar.

A não ser que...

Um comportamento encantador era tudo que mais precisava para conseguir saciar o meu vício doentio, diabólico. O resto me vinha como meros bônus, como uma boa aparência, e inteligência para fazer aquilo que é proibido, aquilo que é mal. Garotas choviam aos meus pés, sem nunca as mesmas imaginarem quem eu sou; o que eu sou; o que me tornei e o que fiz para ser desse jeito.

A não ser que...

Garotas. Sedução. Tranquilizante. Captura. Tortura. Sangue. Tristeza. Sangue. Medo. Sangue. Estupro. Sangue. Assassinato. Sangue. Morte. Fogo. Inferno. Desespero. Agonia. Ignição. Histeria. Demônios. Lágrimas. Eternidade. Abismo.

A não ser que...

Sim, pessoas teriam nojo de um ser sem coração, sem ressentimentos, sem alma, sem sentimentos como eu.

Um homem que nada teme nada ama.

Não tenho medo de morrer. Não tenho medo de ser torturado. Não tenho medo de ser preso. Não tenho medo de perder algo, pois não tenho nada. Eu já desisti de ter humanidade, já desisti de ter algo monótono como família, filhos, esposa perfeita, vida feliz.

Eu só possuo esse desejo repugnante de matar, de tirar vidas, de tirar a felicidade das pessoas. Rio com a desgraça delas, eu piso nelas, esquartejo as mesmas, as torturo, as engano, as roubo, as destruo, as mato.

Não me importaria se alguém me matasse. Mas, convenhamos...

Não existe alguém corajoso o suficiente para renegar sua estúpida existência covarde e vir me matar, seja por qualquer maneira, vingativa, ou vir apenas me matar.

A não ser que...

Um ser com uma faca de cozinha me esfaqueasse inúmeras vezes, e risse do meu rosto alarmado e lambesse seus próprios lábios por ver eu me engasgar com meu próprio sangue.

Aos poucos eu sentia o gosto da morte,

Para sempre.


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Notas finais do capítulo

Bem cocô, não é? KKKK



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