Death Scarlet escrita por Midichan


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Um "obrigada" muito especial pra a Larissa Amorim que tá me ajudando a postar essa história (porque estou viajando e a internet é escassa) e a Ana Carolina Mei Diná Linda que me ajudou a entender um pouco mais os personagens de FT para que essa história fosse escrita. Eu definitivamente não sei nada sobre esse anime/mangá (e também não sei nada sobre escrever horror/terror, é minha primeira vez nesses gêneros, SOS) então muito obrigada gente!



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Gritos.

Altos, estridentes, ensurdecedores.

Onde ela estava? O que estava acontecendo? Como havia ido parar ali?

Eram muitas perguntas, mas nenhuma resposta. Lembrava-se apenas de ter acordado e encontrado somente a escuridão. Seu corpo todo doía como se um caminhão houvesse lhe atropelado repetidas vezes, esmagando sem piedade todos os seus ossos. Sua cabeça girava, parecia ter levado uma pancada na cabeça.

E, bem, era uma possibilidade bem provável.

Ainda sentindo-se perdida, tentou levantar, mas algo a impediu. Tateou o chão e o corpo, até onde conseguiu, procurando por correntes ou algo que lhe prendesse ao chão. Não havia nada.

“Levante-se!”

Erza não era uma pessoa fraca, muito pelo contrário. Seria uma heroína, sim, mas não gostava de se ver assim. Queria apenas proteger a todos.

“É minha obrigação, meu dever.”

E, naquele momento confuso e medonho, todos os seus instintos maternais e protetores gritavam, tentando alertá-la. Erza tinha certeza absoluta: Havia alguém que precisava de ajuda naquele lugar. Ela tinha que se levantar, percorrer aquele local, encontrar uma “luz no fim do túnel”.

Respirou fundo, esperou por algum tempo para que sua visão se adaptasse precariamente ao local, e então, depois de mais uma longa respiração, conseguiu erguer-se.

“Preciso saber onde estou... Começando por um ‘tour de reconhecimento’.”

Forçando-se a andar, tateou o ar a sua volta, procurando por qualquer indicio que indicasse como era o local onde estava. Andou para os lados e logo achou as paredes, percebeu que era um lugar bem estreito. Assim que se afastou das paredes, uma fraca luz piscou rapidamente a sua frente, e Erza vislumbrou a bifurcação do que parecia um labirinto, por alguns instantes.

Foi ai que os gritos começaram.

Primeiro, pareciam apenas lamúrias. Um frio percorreu sua espinha e aquela sensação de ter alguém clamando por ajuda intensificou-se, consternando-a. Decidiu dar alguns passos à frente, em direção aos sons, para descobrir o que estava acontecendo.

E então aumentaram. Gritos incessantes e enlouquecedores, vindos de todos os lados. Algumas vozes pediam por socorro, outras apenas gritavam, como se estivessem nas piores das torturas. A cacofonia apertava o coração da ruiva, tudo que ela mais queria era descobrir o que estava acontecendo, como sempre, querendo ajudar.

Mas, antes que chegasse a pequena bifurcação do labirinto, ouviu algo que a deixou completamente em pânico.

Uma conhecida voz gritou o seu sobrenome.

— Scarlet!

Seu coração ficou apertado, e a lembrança de como ganhara aquele sobrenome veio a sua mente.

“Jellal...”

De repente todas as suas amarras invisíveis haviam se soltado, e Erza correu. Correu como se não houvesse amanhã, e talvez realmente não houvesse. Escolheu um dos caminhos sem nem parar para pensar, apenas seguindo aquilo que seu coração lhe dizia. Precisava encontrar Jellal e salva-lo do que estava acontecendo com ele.

Mas nada na vida era tão simples assim.

Depois de algum tempo correndo sem chegar a nenhum lugar, Erza ouviu passos atrás de si. Pareciam sons de alguém se arrastando, engatinhando na sua direção. E então um som metálico e mórbido atingiu seus ouvidos, como se alguém lixasse um machado ou coisa parecida no chão. Ficava cada vez mais forte e próximo, aterrorizando a ruiva. O arrastar de passos e o som metálico se juntaram a uma espécie de risada fantasmagórica e medonha, que atingiu suas entranhas e revirou seu estômago.

Estava completamente apavorada. A ruiva já havia lutado contra muitas coisas e em muitas circunstancias, mas nunca passara por nada parecido. Parecia ter entrado em um filme de terror muito mal feito, mas ainda assim assustador. Ela decidiu então parar de prestar atenção no que vinha ao seu encalço e voltou a correr, mas não funcionou muito bem, pois logo os gritos voltaram. Ficavam cada vez mais altos e difíceis de ignorar. Ainda correndo, encontrou uma escada e por pouco não saiu rolando pelos degraus. Desceu com o máximo cuidado que pode, tateando as paredes.

Ao terminar de descer os sete degraus – de acordo com o que havia contado – uma fraca luz surgiu acima de sua cabeça, e então viu que era uma lamparina velha com o pavio quase no fim, pendurada ao teto por uma fraca corda. Esticou-se o máximo que pode, conseguindo assim capturar o objeto. Quanto mais andava, dessa vez conseguindo enxergar precariamente o caminho, mais os gritos aumentavam.

— Erza... Erza... – uma voz aguda e desconhecida começou a chamar por si, e o eco do local só piorava a situação. A criatura que se arrastava pelo chão sabia quem ela era e chamava por si. Erza tinha que ser mais rápida.

Voltou a andar, dessa vez a passos rápidos e largos. Viu que as paredes do local eram feitas de pedra, cobertas de mofo e lodo, e iam ficando cada vez mais largas. Encontrou outra bifurcação e parou rapidamente para decidir por onde seguir.

Ouviu então uma voz fina e bem conhecida.

— Juvia! – gritou com todo ar que havia em seus pulmões e correu na direção do grito. – Juvia! Onde você está? Juvia?!

— Erza! – ouviu em resposta. Logo chegou a uma parte mais larga, e a primeira coisa que fez foi tentar visualizar as paredes. Não as via. Quando olhou para frente, entretanto, levou um susto. A lamparina caiu de suas mãos, batendo no chão e quebrando o vidro que a cercava.

Juvia estava pendurada ao teto, com ganchos fincados em seus pés e mãos, e uma corda fina apertava seu pescoço.

— Erza... – chamou, antes de fechar os olhos e não mais abrir.

Outro grito. Dessa vez, porém, era um grito de Erza.

Um grito de horror.

No meio da confusão, mãos frias apertaram o braço da guerreira. Virando-se bruscamente e com outro grito preso na garganta, ela pode ver Gray, todo esfaqueado e ensanguentado, lutando para permanecer em pé. Ele apontava para um canto do local, tentando dizer alguma coisa, mas Erza não conseguia entender. Parecia tentar falar, mas nenhum som saia de seus lábios. Quando abriu a boca, ela viu.

Sua língua havia sido arrancada e faltavam-lhe quase todos os dentes.

— Gray... – disse com uma voz horrorizada, passando o braço direito do rapaz por seus ombros, arrastando-o consigo. Precisava desesperadamente sair dali, antes que ela morresse também. Precisava encontrar ajuda para Gray e se ver livre daquele lugar. Todas as suas lembranças mais recentes se resumiam a ter ido dormir e acordado ali, naquele local horrível.

Continuou andando, até que sentiu o peso por cima do seu ombro se aliviar. Gray caíra no chão, estava morto.

Contendo o choro, a ruiva continuou andando. Se havia mais alguém ali, ela precisava salvar, era o seu dever. Como deixar alguém morrer diante dos seus olhos?

Como ver a morte terrível de pessoas que ela tanto admirava?

Forçou-se a dar um passo depois do outro, ansiando e ao mesmo tempo com medo do que poderia encontrar. O corredor estranho fazia uma curva, e logo depois dela Erza viu uma cena de apertar o coração:

Lucy estava caída no chão, uma poça de sangue a sua volta. Em cima dela, Natsu, com lágrimas nos olhos, segurando uma faca que atravessava o corpo da menor.

Ambos estavam mortos.

Foi ai que ela teve certeza absoluta. Jellal estava ali, e precisava de sua ajuda.

Voltou a correr, dessa vez com mais desespero e intensidade. A certa altura, havia perdido completamente o fôlego, parecia correr e não chegar a lugar algum. Mais uma vez, sentiu mãos apertando seus braços, mas não era um aperto acolhedor.

Uma pessoa alta, forte e com um capuz na cabeça apertava seus braços com toda a força que tinha. Doía. Mas ela não era fraca.

Virou-se o mais habilmente que pode, acertando um chute bem dado no meio das pernas do cara. Por um momento a dor do golpe fez com que ele soltasse os braços de Erza, e ela aproveitou para correr novamente, até chegar à outra escada.

Algo lhe dizia que finalmente havia encontrado o amor da sua vida.

Sim, amava Jellal mais do que amava a si mesma. Agradecia aos céus por ter conhecido aquele garotinho e por ter crescido ao lado dele. Não queria ser uma “manteiga derretida”, mas sentia seus olhos arderem sempre que se lembrava de como seu nome havia se tornado “Erza Scarlet”.

Desceu com tudo os degraus, não se importando ao fato de que estava novamente no escuro e de que não sabia o que iria encontrar. Quando por fim sentiu seus pés encontrarem um plano, soltou novamente um grito.

Quantas vezes havia gritado naquele dia?

Dessa vez, porém, realmente doía. Doía como se houvessem enfiado uma faca em seu peito.

O corpo de Jellal estava caído no chão. Ele ainda parecia vivo, mas estava muito machucado.

— Jellal... – as lágrimas escorriam livremente pelo seu rosto e os soluços trancavam brevemente sua garganta. Sentiu quando alguém veio por trás de si, apunhalando fatalmente Jellal na sua frente.

Sabia que seria a próxima vitima, mas não se importava. Tudo que conseguia fazer naquele momento era gritar o nome do seu amor, que morria em seus braços.

— Jellal!

E foi ai que ela acordou, algum tempo depois, suada e em pânico. Os lençóis de sua cama estavam encharcados e ela gritava. Sua garganta doía.

Tudo que mais quis naquele momento foi virar-se para o lado e ver Jellal, vivo e bem.

Mas, como sempre, ele não estava lá.


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