Avatar: A Lenda de Zara - Livro 1: Água escrita por Evangeline


Capítulo 7
Cap 6: Respostas




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Passou toda a manhã treinando, e na hora do almoço foi convidada a almoçar com Yue na varanda do quarto da mesma. Zara sentia que podia confiar em Yue sempre, sobre tudo. Ela era alguns anos mais velha do que a própria Avatar.

Zara não era muito de falar, e sim de perguntar, mas as duas perguntas martelavam tanto em sua mente, que na hora do almoço ela nada perguntou, apenas olhava para o gelo das paredes, tentando pensar nas respostas.

– Zara? – Chamou Yue com sua voz doce. Em alguns pontos, a Princesa lembrava muito La, o espírito da Lua.

– Sim? – Disse Zara olhando para a princesa.

– Como estão os treinos? – Perguntou gentilmente.

– Ah, estão indo bem. Não é tão difícil quanto parece. – Disse a menina. Yue olhou melhor para Zara, percebeu o quão aérea ela estava.

– No que está pensando, Avatar? – Perguntou casualmente.

– Ah, estou tentando arranjar respostas para algumas... – Ia começar, quando percebeu que Yue havia a chamado por “Avatar”. Arregalou os olhos para a princesa.

– Tudo bem, Zara, eu já sabia. – Disse rindo, colocando mais uma garfada na boca. – E não se preocupe, apenas eu e seus pais sabemos. – Completou. A menina suspirou aliviada. – Mas agora já pode voltar ao mundo físico. Diga-me, por quê está tão aérea? – Perguntou.

– Bem... é que você me lembra muito La. – Disse Zara.

– E não por coincidência. – Falou chamando a atenção da menina. – Quando eu era bebê eu nasci sem chorar ou rir. Eu estava prometida de morte. Então meus pais me banharam nas águas do Oásis Espiritual, então La me emprestou um pedaço de sua vida, meus cabelos ficaram brancos desde então. Quando eu morrer, este pedaço de vida retornará para La. – Explicou. Zara parecia estupefata. Não sabia que era possível algo tão incrível.

Depois de algum tempo digerindo a nova informação, Zara olhou para o horizonte, pensando e sua própria morte.

– Quando eu morrer, minha essência voltará em outro corpo. – Disse a menina. Yue assentiu brevemente orgulhosa. – Yue... Se me permite... – Começou a falar, ainda com o olhar preso no horizonte, aérea. – Posso me retirar? Preciso falar com Tuí e La. – Disse a menina.

– Mas é claro, pode ir. – Disse a princesa. Num surto, Zara levantou-se e correu pelos corredores até o Oásis Espiritual. Não estava com pressa, não tinha tanta pressa, mas queria chegar.

Ajoelhou-se diante do lago e pela primeira vez demorou um pouco para conectar-se com o Mundo Espiritual.

– La? – Chamou Zara num sussurro.

– Diga, menina. – Consentiu o espírito.

– Vocês são, o Yin Yang, certo? – Perguntou a menina, certa do que dizia.

– Continue. – Disse Tuí.

– Você são o equilíbrio. O mar e a Lua. O que eu devo buscar, o equilíbrio. Por que não existe equilíbrio sem os dois lados, o bom e o mau. Não existe o dócil sem o grosseiro, ou o claro sem o escuro, nem o bem sem o mal. – Dizia a menina. Quanto mais falava, mais o seu raciocínio parecia correto. – Assim como Tuí é rígido, feminino, o carpa preto, La é o seu extremo oposto, dócil, masculino, o carpa branco. – Disse Zara.

– Está certa, Avatar. – Disse a voz de Tuí.

– Eu sou aquela que deve promover o equilíbrio no mundo. – Disse surpresa com sua missão. – Mas como posso promover o equilíbrio no mundo se mal o conheço? – Questionou-se, finalmente com a interrogação correta.

– Conheça-o. – Disse Tuí.

Zara abriu um breve sorriso aguado e preocupado.

– Calma, menina. Preocupar-se e temer nunca ajudou ninguém. – Disse a doce voz de La. Zara assentiu.

– A dobra de água a ajudará a absorver melhor tudo isso. – Complementou Tuí. – Não se esqueça que a água é o elemento da mudança. Sempre mudando, nunca estático. Você nasceu entre os dobradores d’água, Avatar. Você deve carregar a mudança e o desapego em seu coração. – Disse Tuí.

A menina então decidiu que era a hora de voltar ao trabalho. Despediu-se dos espíritos e concentrou-se para voltar ao mundo físico.

Levantou-se devagar e compareceu a aula.

Os outros alunos já estavam esperando, no mesmo lugar do dia anterior, hoje todos com os trajes azuis da tribo da água. Dara, assim que a viu, repreendeu-a com um olhar maldoso, mas Yokusen apenas a cumprimentou e mostrou-a seu lugar no final da fila.

Todos, lado a lado, diante do lago foram instruídos para mover a água do lago até um vaso do outro lado de seus próprios corpos. Com certa facilidade, Zara e Gumi realizaram a tarefa, seguidos por Dara e Koi. Vesto e Rin demoraram um pouco antes de finalmente encherem o vaso.

Yokusen os instruiu a congelar a água do vaso, tarefa om a Avatar realizou com esplendida facilidade. A tarde foi seguida por técnicas de mudança de estado físico da água. Quando o sol estava próximo de se pôr, todos ajoelharam-se de costas para o lago, diante de seu mestre.

– Qual é a característica física mais poderosa da água? – Perguntou mais uma vez o professor. Zara parou um pouco para pensar. Todos permaneceram calados, cada um em seu próprio raciocínio. Lembrou-se de Gumo seguindo-a pelo corredor, e do modo como se camuflara em seus passos. Algo naquilo a surpreendeu. Nunca havia pensado na água como um método de luta em si, e sim em uma forma de vida, de defesa.

– A camuflagem. – Disse por fim, ainda olhando para o gelo abaixo de seu corpo.

– Como? – Perguntou meio confuso o professor.

– A camuflagem, Mestre. A água está em tudo. – Disse a menina, cada vez mais certa de si. Parecia que quanto mais falava, mais correto parecia ser o seu pensamento. – Nas plantas, nos corpos de cada animal. Cada bebida ou comida, até o deserto mais quente tem água. Nosso corpo a produz sem cessar. O mar, as nuvens. Tudo é movido à água. A característica física mais poderosa, mais vantajosa para os dobradores de água, é que ela está em todos os lugares. – Terminou seu raciocínio enfim olhando para seu professor com um sorriso harmonioso e vitorioso no rosto.

– Exato. – Foi apenas o que Yokusen pode dizer. – Amanhã, quero que cada um traga uma maneira inédita de usar a água como uma poderosa ferramenta. Menos você, Zara. – Acrescentou. A menina olhava surpresa para o professor, afinal, já havia pensado numa maneira incrível de se usar a água, mas nada questionou.

– Estão dispensados. – Disse o professor.

Zara permaneceu em seu lugar sentada. Ainda não podia ir embora, não estava com as energias esgotadas.

– Mestre, por que não eu? – Perguntou. O professor suspirou e sentou-se na frente da menina, casualmente.

– Eu e você sabemos que você já pensou em algo esplêndido. Tenho medo do que possa ser e quero que mantenha apenas para si. – Falou calmamente o professor. Zara não conseguia entender. Por quê ele não queria saber?

Mais uma vez ele suspirou.

– Menina, você tem um talento aí dentro, um enorme talento para a água. Seu corpo flui com sua mente, com seu Chi. – Disse o mestre. – Creio que com um elemento mais descontrolado ou rígido como o fogo ou a terra, você teria alguns problemas. Isso se você fosse dobradora de outra coisa. – Insinuou o mestre, mas a menina continuou imparcial.

Yokusen esperou um longo tempo antes de abrir a boca para suspirar mais uma vez.

– Como pensou naquela resposta? Camuflagem. – Perguntou o professor.

– Não sei, mestre. Apenas andei observando a água. – Falou a menina. Se ele não queria saber de suas genialidades, ele não saberia. O homem suspirou e então levantou-se para o treino intensivo.

Treinaram até o sol nascer. O professor ficou exausto e tiveram que parar, mas Zara ainda tinha energia para dar e vender. Apenas tinha fome. Já havia passado duas noites em claro.

Assim que amanheceu, decidiu visitar os espíritos.


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