Avatar: A Lenda de Zara - Livro 1: Água escrita por Evangeline


Capítulo 10
Cap 9: Prisioneiro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/452955/chapter/10

– Gumo. – Falou seriamente, chegando a dar medo no menino. – Quero que fique aqui. Não o descongele, nem escute nada do que ele disser. Também não fale com ele, nem deixe ninguém falar. Se necessário o congele inteiro de volta. – Declarou a menina. – Vou levar Tuí de volta. – Disse por fim começando a correr e sumindo para dentro do palácio.

Aquela invasão fora claramente uma maquiagem para o verdadeiro objetivo. Levar Tuí. Um exercito de pouco mais de três dúzias de guerreiros contra toda uma nação de dobradores d’água, era como um suicídio. Mas o Cavaleiro da Ave Negra não parecia tão impotente quanto os outros invasores.

A ideia de que havia um traidor no palácio deixara de ser uma teoria, agora ela tinha certeza.

Chegando ao Oásis Espiritual, dobradores de água guardavam as portas, protegendo La e Yue dentro da clareira.

– Não pode entrar, menina. – Disse um dos guardas.

– Yue! – Gritou para que quem quisesse pudesse ouvir. E é claro que Yue ouviu. O guarda olhou abismado para a “menina insolente”, pronto para leva-la dali, mas em poucos segundou Yue apareceu na porta da clareira.

– Que pensa que está fazendo, seu irresponsável, deixe-a entrar! – Gritou Yue enfurecida. O guarda temeroso deixou que Zara passasse.

A menina sequer olhou para Yue, correu para o lago onde soltou Tuí, com um suspiro aliviado dado por ambas as meninas.

– O que houve? – Perguntou Yue.

– Não posso explicar agora, Gumo está com o sequestrador de espíritos de refém lá fora. – Disse antes de sair correndo de novo em direção ao seu amigo, que havia deixado para trás.

Chegando lá, o refém parecia ter desistido de se debater, e Gumo estava encostado numa pilastra, dobrando pequenas gotículas nas pontas dos dedos.

– Vamos, Gumo. – Chamou Zara enquanto arrastava o gelo com dobra d’água. O menino se desencostou rapidamente e a seguiu até os fundos do palácio, onde a Avatar retirou a venda do rosto do refém para vê-lo.

– Gumo. – Disse a menina, como um pedido para que o colega interrogasse o rapaz que montava a ave negra.

Era um rapaz de cabelos pretos presos perto da nuca, tinha olhos castanhos e o rosto rebelde. Gumo olhou com cautela para o rapaz. Com Zara ao seu lado, sentia-se seguro para se aproximar e observar melhor as vestes, a cela do pássaro, a ave em si, e até mesmo o rosto do rapaz.

– Que está olhando, pirralho? – Falou quase cuspindo em Gumo. O rapaz parecia ter em torno de dezesseis anos.

– Mais um insulto e te deixo pros guardas. – Disse Zara sombriamente. Depois de algum tempo em silencio com Gumo olhando melhor para o rapaz, Zara s aproximou dele. – É muita audácia da sua parte entrar aqui para pegar Tuí. – Comentou ainda muito séria. Gumo já temia Zara, mas estava ciente que ela só era daquele jeito, assustadora, durante momentos de tensão, não era difícil deduzir. – Gumo? – Disse pedindo as informações que o menino conseguira colher apenas olhando para o rapaz.

Gumo se aproximou mais dela e do invasor, e encarando-o deu um breve sorriso.

– Diga-me, onde conseguiu essas espadas? – Perguntou o menino referindo-se as duas espadas presas ao cinto do invasor. O rapaz nada respondeu, apenas virou a cabeça. Percebendo que foi uma pergunta retórica, Zara deixou que permanecesse em silencio.

O colega se aproximou da Avatar com um meio sorriso triunfante.

– É um mercenário. Se lhes pedissem para mata Ozai, O Senhor do Fogo, ele tentaria por uma boa recompensa. – Disse o menino. – Eu diria que é da nação do fogo, graças às espadas, as botas, a ave e o símbolo antigo do fogo no cinto. Mas é do Reino da Terra. O resto dos invasores devem ser amigos dele. – Quanto mais Gumo falava, mais o rapaz preso no gelo franzia o cenho. – Ele tem o rosto sujo e monta errado na ave, é do Reino da Terra. Nenhum cidadão, por mais pobre que seja, da Nação do Fogo se deixaria passar por tamanha “humilhação”. – Disse aplicando uma dose de sarcasmo na ultima palavra. Zara assentiu satisfeita com o amigo que fez.

Gumo era realmente inteligente.

Naquela noite Zara contou a Yue o quê Gumo descobrira. Depois de interrogarem todos os invasores, os guardas chegaram a mesma conclusão que um menino de onze anos havia chegado interrogando apenas um.

Durante a madrugada, Zara foi escondida até as celas. O Cavaleiro da Ave Negra estava numa cela isolada, onde Zara pode ficar a sós com ele. Ajoelhou-se diante da cela o encarou, sentado no canto mais escuro do pequeno cômodo.

– Se vai me perguntar quem me contratou, desista, eles já tentaram. – Cuspiu o rebelde. Zara inclinou brevemente e cabeça, observando-o.

Não pretendia falar nada quando foi à cela dele. Apenas queria ver de perto o dito “inimigo”. Ele não era nada ameaçador.

– Você não me dá medo. – Falou baixinho a menina, mais para si mesma do que para o rapaz.

– É o quê? – Perguntou incrédulo. Ela olhou para ele com raiva por ter interrompido o raciocínio dela.

Ele não me dá medo... Ele deveria ser medonho e cruel, mas parece apenas um menino problemático, como todo mundo é... Ele deve ter algum motivo para ter entrado nessa vida de mercenário, não acho que foi porque quis. Ninguém escolhe arriscar a própria vida sem um motivo maior... Pensava.

– Ei, menina! – Chamou a atenção de Zara com um sussurro, fazendo a menina olhá-lo irritada novamente. – Que está fazendo aqui? – Perguntou. Ele parecia realmente confuso.

– Ah sim... – Disse casualmente. – É só que eu não sei o seu nome. – Explicou fazendo o rapaz levantar uma sobrancelha. Deu uma gargalhada maldosa antes de olhar novamente para ela.

– E nem eu o seu. – Falou ainda rindo um pouco.

– Zara. – Disse a menina séria. Não era muito de rir, e realmente não via graça. O rapaz olhou para ela tentando ler algo em sua expressão, mas não conseguia.

– Airon. – Disse. Zara parou por um instante para pensar sobre o nome. Airon.

– Gumo estava errado. – Sussurrou perdida em seus pensamentos.

– Não totalmente, aquele pirralho é muito esperto. – Disse Airon casualmente.

– Pode explicar? – Pediu olhando para ele. O rapaz, incomodado com as alfinetadas do olhar de Zara, resmungou baixo.

– Mercenário sim, e tudo o que eu estou vestido ou usando ganhei com meus trabalhos. – Confirmou sem pestanejar. – Mas não sou do Reino da Terra. – Disse por fim.

Olhando melhor para ele, qualquer um acharia que era realmente do reino da terra, exceto por um detalhe.

Zara sorriu.

– Nação do Fogo. – Falou ela. – E você é dobrador. – Falou sem sombra de dúvidas do que falava. O Chi de Airon era quente, e seu Chakra era bagunçado. Incomodado, o rapaz começou a imaginar como ela poderia saber que era dobrador.

– Ele errou mais uma coisa. – Falou tentando sair do assunto “dobra de fogo”.

– Sua idade. Ele disse aos guardas que tinha em torno de dezesseis, no máximo dezessete e no mínimo quinze. – Falou a menina. – Mas eu diria que não passa de quatorze. Teve ter treze. – Falou sorrindo vitoriosa.

Airon via o sorriso da menina de pele alva, ficando cada vez mais abismado e curioso. Ela acertara na mosca a idade dele.

Bufou e se encostou na parede atrás de si. Depois de vários minutos de silencio, a menina olhou novamente para o prisioneiro.

– Como aprendeu a dobra de fogo? – Perguntou.

Airon a olhou curioso. Para quê uma dobradora de água precisaria habilidosa se importaria com a dominação de fogo?

– Sozinho, nos campos perto da minha casa. – Falou. Era muito estranho para Zara. Gumo lhe explicara que dobradores de fogo estavam sendo extintos, mas ela estava com um bem a sua frente. – Escondido. – Completou fitando o chão.

A noite ainda teria muitas perguntas e muitas respostas. Zara parecia ter sede de curiosidade quanto ao elemento do fogo, e Airon tentava ler algo naquela menina estranha. Ela não parecia dobradora de água, assim com ele não parecia dobrador de fogo.

Mal sabia ele que ela era bem mais que uma dobradora de água. Se entendesse um pouco sobre as Tribos da Água, saberia que mulheres dobradoras não lutam. Mas Zara parecia, com facilidade, ser uma das mais habilidosas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!