"Que merda? É isso que você me diz Lilian? O meu pai acabou de morrer por sua culpa!" -- Antes que minha mãe pudesse responder, eu acrecentei -- "E por favor, não me procure mais, nem sequer olhe na minha cara."

O dia amanheceu e eu quebrei o cofre que meu pai tinha, havia pelo menos cinco mil reais lá dentro, dava para sobreviver por enquanto. Com uma mãe completamente dependente de drogas como Lílian, eu não teria condições de me sustentar sem dinheiro.

Desci as escadas e Lilian estava na cozinha, injetando em si a agulha de uma seringa.

" Como é o nome daquele sujeito? " perguntei sem me importar com que reação ela teria.

" Não vou te falar, Kate. Você não pode se meter com esse sujeito, ele é barra pesada, entende? "

Uma raiva súbita veio à tona e eu a segurei forte pelos braços, a chacoalhei, pressionando para que falasse : " Vamos, diga agora o nome dele. Acha que a filha da louca não tem capacidade? "

" Alex!! Esse é o nome dele, Alex! Não vou te falar mais nada. E tome cuidado " Ela gritou, estremecida.

" Você é quem deveria ter 'tomado cuidado' há 10 anos atrás." Acrescentei.

Eu sabia que não poderia tirar qualquer informação de Lilian, ela estava sobre os efeitos das químicas que usava. Por isso, peguei minha bicicleta e fui pedalando ao departamento policial de Seattle. Logo que vi o delegado entrando, perguntei:

" Descobriram o paradeiro de Alex? "

" Descobrimos Kate, e eu só vou te passar porque sei que você amava muito seu pai, porém não sei o que uma garota de 13 anos pode fazer com essas informações na mão. " O delegado Rubens disse, com um meio sorriso. Eu agradeci com um gesto com a cabeça e ele me passou a ficha e o paradeiro do sujeito.

Bom, eu já tenho por onde começar.

Peguei uma passagem para o mesmo dia e já estou em Rochester, me alojei em um hotel da avenida principal, que tinha uma rua que dava direto para a de Alex. Modéstia parte, para uma menina de 13 anos eu até que estou me saindo bem, isso porque eu já havia estado em Minnesota antes e também porque eu tinha um RG falsificado, no qual eu aparentava ter 16 anos. E claro que a minha mãe deu a autorização para a viagem e assumiu qualquer responsabilidade com os meus atos, porém 16 anos aqui nos Estados Unidos já se pode até dirigir, por isso também que consegui o hotel na avenida principal.

Depois de descansar um pouco, me dirigi ao meu destino verdadeiro, a rua da família imprestável que deixou a minha em ruínas.

Quando cheguei lá, vi um garoto de aparentemente uns 17, quem sabe 18 anos.

"Olá, sou Peter, como vai?" ele disse educadamente.

"Olá Peter, eu estou bem. E você?" respondi.

"Bem, obrigado. O que uma garota linda e educada como você faz por aqui?"

"Me chamo Kate. Estou à procura de um par de olhos verde escuros"

"Venha, eu te apresento para o meu pai."