Camaleões escrita por Hoshikawa


Capítulo 1
Sobre os camaleões


Notas iniciais do capítulo

Dedico esse texto pra todos os camaleões existentes no universo, aqueles que conheço, desconheço e que ainda hei de conhecer.



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Desde que me entendo por gente ou talvez um pouco depois, já que me entendo por gente desde muito cedo, me vejo como um camaleão. No começo não entendia muito bem o motivo disso, mas com o passar dos anos consegui compreender melhor o porquê de tal pensamento. Todos devem saber que camaleões mudam de cor com o objetivo de se camuflarem e não serem vistos pelos predadores, certo? Bem, já “mudei de cor” tantas vezes para que nenhum predador me encontrasse... O problema é que sempre me encontram! E ao invés de acabarem com tudo de uma vez, os predadores normalmente gostam de torturar suas presas. Não só a mim, como a tantos outros pobres camaleões por aí. Sinto pena de todos eles, porque sei pelo o que eles estão passando.

Mas o ruim de ser um camaleão, além de ser pego normalmente pelos predadores – sinto que sou um camaleão daltônico – é que vez ou outra posso esquecer-me da minha “cor original”. Ao contrário dos camaleões que vivem pela natureza, nós camaleões do asfalto precisamos esconder nossas cores originais dia após dia. Para que a família nos aceite, para não virarmos objeto de repulsa, para vivermos tranquilamente em nossa sociedade. E com um acervo de cores tão grande guardado na nossa memória, como saberemos qual era a nossa cor original? Como saberemos como realmente éramos antes de mudarmos para agradar aos outros?

Eu, particularmente, já questionei-me muitas vezes sobre isso. Qual a minha verdadeira cor? O que eu realmente sou? Por que os predadores gostam tanto de correr atrás de nós, pequenos e indefesos camaleões, para que sejamos vítimas de suas torturas? E principalmente, por que nós camaleões não conseguimos revidar? Por que o medo gosta tanto de se apossar de nossos corpos para que não lutemos e passemos madrugadas a fio chorando, pensando em coisas ruins e até mesmo nos questionando sobre a nossa existência?

Ainda não encontrei a resposta para todas essas perguntas, mas consegui achar algo tão importante quanto: a minha verdadeira cor. E estou disposta a usa-la, não me importa se os predadores me atacarem como sempre fazem. Não entrarei em pânico e me camuflarei para que o medo vomite suas consequências sombrias em mim horas depois, pois quero que todos a vejam e percebam que ela é algo completamente inofensivo, que diz respeito apenas a mim. Que ser diferente não é nada demais, e que aceitar as diferenças é necessário para que vivamos em completa harmonia.

Então, caso você seja um camaleão assim como eu, te proponho que encontre a sua verdadeira cor e que a use. Não tenha tanta pressa em usa-la e caso o momento não seja dos melhores, segure mais um pouco. Mas não fique adiando para sempre até que esqueça quem realmente é e acabe vivendo uma vida de arrependimentos. Por favor, só temos uma vida da qual realmente lembramos, então devemos aproveita-la da melhor maneira possível!

E caso você esteja se questionando se é um camaleão ou não, por favor, ponha na cabeça que não é. Ser um camaleão é algo deveras doloroso, e a última coisa que eu gostaria de ver nesse mundo seria mais uma pessoa sofrendo. Por isso, enxergue-se como uma pequena lagarta. Frágil, indefesa e que desconhece seu verdadeiro potencial. Como toda lagarta, claro, você passará algum tempo adormecido – aproveite esse momento para questionar sobre quem você realmente é, mas nem pense em mudar suas ideias por causa dos predadores – e quando você menos esperar, terá se transformado numa magnífica borboleta.

E eu sei que você será tão bela quanto.


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Notas finais do capítulo

É só isso aí. Se quiser deixar um review tudo bem, se não quiser, sem problemas. :3



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