Hoje é o dia em que Perseu Jackson irá se casar com Rachel Elizabeth Dare, o casamento ocorrerá daqui a pouco mais de uma hora e a noiva já estava pronta, esperando apenas o sinal para entrar na igreja, que estava começando a encher de convidados.

Percy já se encontrava nesta igreja, vestindo um terno preto e gravata verde mar, exatamente igual a cor de seus olhos. Seus cabelos um pouquinho compridos haviam sido milimetricamente penteados para atrás por um cabeleireiro mas foram bagunçados pelo noivo, os fazendo voltar ao normal.

Ele estava no altar mas sua mente não, tudo em que ele conseguia pensar era em uma garota, não, não era em sua noiva e sim em sua melhor amiga desde a infância.

18 anos antes

Atena levava sua pequena filha, Annabeth Chase, para seu primeiro dia de aula na Goode High School. A Sra. Chase esta um tanto nervosa e apreensiva em deixa-la na escola, queria continuar a criar e ensinar sua filha ela mesma, mas com o divorcio do pai de Annabeth, Frederick, tudo ficou mais difícil para a Sr. Chase, teve que voltar a trabalhar como professora para alunos de arquitetura numa universidade.

Como já estava no meio do ano letivo, Atena, teve bastante dificuldade de conseguir uma escola para filha mas lembrou-se de uma amigo da faculdade, Quíron Brunner, que havia se tornado vice-diretor de uma escola no centro de Manhattan e perto de seu novo emprego. Logo tratou de falar com esse amigo, e ele prontamente se propôs a aceitar Annabeth em sua escola.

— Annie, filha, não fique assim, — falou docemente a filha que estava fazendo uma expressão de que não estava feliz.

Annabeth tinha cabelos louros claros e olhos cinzas, vestia um short-saia azul royal, com um GHS amarelo, blusa branca com o simbolo da escola em azul e sapatilhas pretas.

— Mas mãe, eu quero ficar com você — resmungou manhosa, Atena abaixou-se.

— Eu prometo que se você ficar aqui com o tio Quíron, — Apontou para seu amigo que estava se aproximando — Mais tarde, quando a mamãe vier te buscar, iremos naquela sorveteria que você gosta —

Os olhos cinzas tempestuosos de Annabeth se iluminaram e ela sorriu. Atena cumprimentou Quíron e se despediu de ambos indo para seu novo emprego.

Quíron olhou as horas, ainda faltavam 30 minutos para o horário de entrada da escola, suspirou. Não havia mais nenhum aluno ali além de Annabeth e de outro menino, Perseu Jackson, que sempre chegava 40 minutos antes do horário.

— Annie, vamos conhecer um coleguinha, — Annabeth assentiu e foi com Brunner até o parquinho aonde um menino de não mais de 5 anos estava sentado num balaço de cabeça baixa. Ele possuía olhos verdes mar, cabelos pretos bem escuros e estava usando o uniforme da escola.

— Percy, — Quíron o chamou enquanto ia até ele com a menina. — quero que conheça Annabeth, ela vai ser da sua sala agora, acho que você podem ser amigos e brincarem juntos —

— Oi — falou para a menina que sorriu.

— Oi — respondeu.

Atualmente

— Vamos Annabeth, você não pode ficar assim por ele, por uma pessoa que não merece nem mesmo sua amizade — falava a si mesma diante do espelho do banheiro.

Mas a pessoa que estava refletida não era Annie, não mesmo, seus olhos estavam num tom opaco, sem vida, vermelhos e com olheiras profundas ao redor. Sua pele estava pálida de um jeito doentio, seus cabelos estavam bastante bagunçados e não havia seu tipico sorriso feliz em seu rosto.

O por que disso tudo era um pouco simples de se entender, ela estava há exatamente uma semana sem falar com o melhor amigo de infância, Percy, por causa do casamento dele, Annbeth tentou fazer-lo desistir porém ele não lhe deu ouvidos. Sempre soube que ele não era uma pessoa tão inteligente mas não a esse ponto.

“E lembrar que eu pude ter meu primeiro beijo com aquele idiota” pensou se lamentando e lembrando daquele dia.

10 anos atrás

Era aniversário de 12 anos de Annabeth e sua mãe havia preparado uma festa para a filha em sua casa, convidou todos os amigos dela. Annie estava super feliz e animada com essa festa até Percy lhe contar que estaria viajando no dia e só retornaria 2 dois dias depois. Tudo pareceu perder a cor, a menina não tinha mais animação para a comemoração.

No dia, tentou parecer que estava feliz e sorrir mas tudo parecia – e era – tão forçado que até sua mãe percebeu.

— Filha o que aconteceu? — perguntou Atena a sua filha, quando ela foi a cozinha e ambas ficaram sozinhas.

— O Percy mãe, queria que ele estivesse aqui comigo — respondeu triste.

— Filha, eu sinto muito, mas ele não pode, você sabe, o Percy esta fazendo uma viajem ao Havaí com a família. Mas, aposto que ele não iria gostar de saber que você esta assim, triste, na sua festa. Tente se divertir um pouco, ok? — Tentou anima-la mas em vão.

— Não da mãe, não da —

Annabeth estava linda, usava um vestido branco com pequenas flores verdes que ia até os joelhos, sapatinhas verdes e seu cabelo estava trançado.

A menina foi até os fundos de sua casa, aonde havia um balaço antigo, uma arvore e mais ninguém. Estava escuro pois já deveria ser uns 20 horas.

Ela estava de costas para o pequeno portão verdelho descascado, a única entrada do local e distraída, lagrimas começavam a se formar em seus olhos quando sentiu alguém a abraçar por trás. Assustou-se e rapidamente se soltou da pessoa.

— Sentiu minha falta? — perguntou Percy sorrindo.

A única reação que ela teve foi abraça-lo e sorrir. Sua felicidade agora estava de volta. Seu melhor amigo estava ali, no dia de seu aniversário. Percy vestia uma calça jeans, tênis e blusa preta.

— Claro né? Você é meu melhor amigo — respondeu soltando-o.

— Fico feliz em saber que você não colocou outra pessoa nesse cargo — falou rindo.

— Impossível, ou é você ou o cargo nunca será ocupado — respondeu — Mas, uma pergunta, como chegou aqui?

— Acho bom — brincou — Bom, meus pais deixaram eu vir mais cedo, dizendo que devia ser muito importante. Mas na verdade, eu acho é que eles não aguentaram me ouvir reclamando de tudo —

Ambos riam.

Naquele momento, começava a tocar uma musica mais calma dentro da casa, uma musica um tanto romântica. Perfeita para o que Percy pretendia.

— Deve ter sido por isso mesmo, eu te conheço e sei o quão chato você é —

— Ai — pós a mão no coração — essa doeu —

Annie riu.

— Mas tenho que concordar, é verdade. — falou se aproximando — Mas, eu vim porque queria te dar uma coisa —

— Não dava pra esperar mais dois dias não? — perguntou.

— Não... — respondeu colocando a mão no roste dela e acariciando — Precisava ser hoje —

Ele aproximou mais o seu rosto do dela e a beijou.

Atualmente

A mente de Percy estava começando a trai-lo, o coração já tinha o traído a uma semana, o tempo em que deixara de falar com Annabeth, sua melhor ex-melhor amiga.

Não conseguia parar de pensar se o que estava prestes a fazer — Se casar com Rachel — era o certo. Parte dele tentava se convencer de que sim , a outra já havia se negado a isso. Ele estava nervoso com isso e começava a ficar evidente, seus padrinhos e amigos, Nico e Grover, já haviam perguntado a ele se estava bem, ou se alguma coisa o preocupava. Apenas negou e falou que era o casamento. Após essa pergunta até tentou relaxar e tentar pensar em outra coisa, mais sua mente realmente estava o traindo, apenas conseguia mudar seus pensamentos.

Enquanto estava de pé, no altar, pensando em desistir ou não de seu casamento quando lembrou de uma promessa, uma promessa que fez a Annabeth quando a mãe dela morreu.

7 Anos atras

Era sábado, a tarde, quando Annie foi informada da morte de sua mão, Atena, que havia falecido devido a uma parada cardíaca*, enquanto fazia compras num super mercado Tinha apenas 41 anos e não tinha histórico de doenças do coração em sua família. Os médicos foram chamados mas não foi possível reanima-la.

A única coisa que ela conseguiu foi ligar para Percy, não falou nada, apenas chorou. Ele desligou a ligação e em 10 minutos já estava na casa da menina, pronto para ajuda-la e consola-la. Ele ligou para o pai de Annabeth explicando o que havia acontecido e se trancou no quarto dela com ela.

Eles ficaram sentados na cama, abraçados. Annie chorou muito e Percy a reconfortou. Após um tempo, o choro havia ido embora, mas a tristeza ainda prevalecia no ambiente. Agora, conversavam e haviam, sem querer, tocado no assunto amizade.

— Não sei se esse é o melhor momento mas eu quero prometer uma coisa para você, não importa o que acontecer, não importa quando acontecer, sempre estaremos juntos, mesmo estando longes um do outro. Não importa aonde estivermos e o que seremos, a nossa amizade sera imortal, independente do que acontecer no futuro —

Atualmente

Annabeth já havia se decidido, não ficaria se deprimindo enquanto o homem que ama se casava com outra. Ela iria até a igreja e interromperia aquele casamento, nunca pensou que fosse capaz disso mas era preciso, ela não desistiria até falar com Percy tudo que sente.

Em 45 minutos, conseguiu tomar um banho, trocar de roupa, fazer uma maquiagem rápida, apenas para esconder as olheiras, e já estava em seu carro a caminho da igreja em que seria realizado o casamento. Agradeceu a Deus pelo casal ter escolhido uma não muito longe de sua casa, pela suas contras estaria lá em 15 minutos, o tempo exato para o casamento começar.

Annie dirigia numa velocidade absurda, até chegando a ultrapassar o limite de 60 km/h da pista em que estava. Ela precisava falar com Percy, era só o que desejava, se depois ele ainda quiser se casar, por ela, tudo bem.

Do nada, as lembranças de sua briga com Percy vieram em sua mente.

1 Semana atras

Eles estavam na casa de Percy, após uma visita á uma loja de móveis e eletrodomésticos para ver como estava a lista de desejo dos noivos e comprar algumas coisas que faltavam para o novo apartamento. Ele havia pedido ajuda de Annie por ela ser uma ótima decoradora, de acordo com seus amigos e com ele próprio.

Conversavam sobre um assunto qualquer até que o celular de Percy tocou, mensagem de Rachel. A amiga limitou-se a bufar e revirar os olhos enquanto ele digita sua resposta com um sorriso bobo no rosto, típico de alguém apaixonado.

Quando enviou o pequeno texto à namorada, voltou a olhar para a mulher a sua frente que tinha uma expressão seria no rosto.

— O que foi? — Perguntou desconhecendo o motivo.

— Nada, é só essa garota… — Respondeu gesticulando.

— O que tem a Rachel? — questionou cansado da mesma resposta, era sempre assim, Annie não gostava dela e quando perguntava o por que, a resposta era a mesma. Era meio obvio que ela não gostava da sua noiva, já havia deixado isso muito claro mas Percy queria saber o porque, ainda mais agora.

— Você sabe Percy, não gosto nenhum pouco dela… — retrucou seguindo um suspiro.

— Tá, isso eu já sei, mas me conta o motivo. Você sempre fala isso, agora já chega, vou me casar com ela em uma semana, eu realmente preciso saber o porque — Era aparente que ele já estava nervoso, sempre ficava quando ouvia da sua melhor amiga isso.

— Ok, já que você quer a verdade, então eu vou falar. Ela só esta contigo por estar, ou por sei lá o que. El não te ama realmente Lembra de quando tínhamos uns 14 anos, a época que ela entrou na Goode? Você corria atrás dela desde o momento que a viu e ela? Só te despesava e esnobava o tempo todo. Você dava flores, se declarava e ela apenas revirava os olhos te chamando de idiota — Ela praticamente gritava as palavras que fluíam de sua boca, estava, finalmente falando tudo aquilo que esteva preso há um certo tempo — Ai, quando voltamos das ferias, como num piscar dos olhos, ela simplesmente chegou pra você e falou “Te quero”, logo já estava atrás dela feito um cachorrinho, realmente acha que ela gosta de você? Eu a ouvi comentando com sua fiel seguidora, Drew, um dia antes de começar a namorar você, ambas estavam no banheiro e a sua “amadinha” — Fez aspas com as mãos — disse “Você viu aquele Percy, ele ficou bonitinho, sabe, ele sempre me quis. Se soubesse que ele estaria tão lindo esse ano, já teria ficado com ele, vai ser perfeito agente juntos, todas vão morrer de inveja de mim” - imitou a voz repugnante, de acordo com ela, de Rachel — Percy, por favor, use esse celebro que Deus lhe deu e pense! A garota nunca te deu aten… —

Ele interrompeu o que Chase estava falando:

— Já chega! — A loira se assustou com o seu tom, nunca ouvira Percy assim, tão irritado — Para de mentiras. Rach pode até não ter gostado de mim quando começamos a namorar, mas agora ela me ama. Eu sei porque você não a suporta — a essa altura do campeonato há estava frente a frente com Annie e seus olhos estampavam sua raiva — Sente inveja dela, Rachel me tem, você não, era isso que sempre quis, eu. Mas eu nunca trocaria ela por você —

Jogou as palavras com desprezo aparente e a sua ex-amiga segurava as lagrimas. Não iria chorar na sua frente, não mesmo.

— Acorda, é ela que eu quero e sempre quis, não você. Agora, saia da minha casa! —

Ela ergueu sua cabeça, seu coração havia falado mais alto quando disse toda a verdade a Jackson, agora, seu orgulho era quem estava em alta.

— Se é assim que você quer — pegou sua bolsa e se virou em direção a porta de saída e virou-se antes de atravessa-la — Se é nela que prefere acreditar, vá em frente. Só depois não diga que não avisei. Adeus Percy —

E se foi.

Mais tarde, nesse mesmo dia, ele chorou pela primeira vez na vida por uma mulher. Sentia seu coração doer e percebeu que havia tomado a decisão errada. Não devia ter dito aquilo a ela, devia ter ignorado como sempre fazia. Tarde de mais, infelizmente….

Atualmente

A noiva já havia entrado na pequena igreja escolhida para o casamento, nessa hora, já estava no altar ouvindo discurso todo sobre casamento que ela achava irritante. Só estava ali por interesse, nunca gostou realmente do seu futuro marido.

Annabeth achava que esta atrasada, culpa do transito, queria chegar antes da cerimonia começar. Virou a esquina na rua da igreja, parou o carro e correu até a igreja antiga e entrou, percebendo que era exatamente no momento certo, não o que era queria mas esse deveria ser muito melhor.

— Se alguém tem algo contra esse casamento, que diga agora ou cale-se para sempre… —

— Eu tenho — disse entrando e indo até o meio da igreja.

— Ah, não, o que ela ta fazendo aqui? — resmungou Rachel —

— Rachel… — repreendeu Percy, tentando fazer ela calar a boca.

— Não acredito nisso, qual o problema dela — continuou.

— Rachel… — tentou novamente.

— Que saco, agora ela quer acabar com o meu casamento, quer roubar o meu futuro mari… — estava falando novamente mas foi interrompia pelo seu noivo.

— Caramba, cala essa boca! — falou um pouco alto demais e a noiva fez uma expressão abismada e colocou a mão no coração.

Sua conhecida “Cara de vagabunda chocada” como Annie sempre dizia.

Percy desceu do altar, deixando Rachel lá. Ele parou a poucos metros de Annabeth e ela começou a falar.

— Sabe, eu não deveria estar aqui, não depois do que aconteceu há uma semana. Talvez eu esteja sendo uma burra, mas eu realmente preciso falar isso pra você. Sabe, eu sempre achei que não gostava do seu namoro por ter um mal persentimento sobre ele, só que eu percebi que não era por isso, e sim por um motivo maior. Percy, eu te amo, isso já faz um tempo. Sempre achei que fosse apenas amor de irmão mas hoje percebo que não - Nesse momento, Rachel já tinha sido, praticamente, arrastada para algum lugar dentro a igreja por Silena e Thalia, primas de Percy - não posso dizer exatamente desde quando esse sentimento mudou, acho que foi acontecendo devagar, com o tempo. Sei que voc… —

Ele interrompeu o pequeno discurso de Annie com um beijo, seguido de um abraço. Todos presentes no local observavam a cena com curiosidade, alguns, como os padrinhos, já haviam percebido que o amor deles não era apenas de amigos, outros, desconfiavam disso.

— Annie, eu também te amo, muito, mas só fui perceber depois do que aconteceu. Me desculpa por isso. Me desculpa, eu fui um burro — ele sussurrou no ouvido dela que, agora, tinha o maior sorriso do mundo estampado no rosto.

— Lembra daquele seu sonho de fugir para algum lugar — ela perguntou, nesse momento, todos que estavam ali pareciam ter desaparecido para ambos.

— Lembro — respondeu.

— Que tal realiza-lo agora? —

Ele sorriu desfazendo o abraço, segurou na mão dela e correram até o carro de Annabeth.

[...]

Gostaria de poder dizer a famosa frase “E viveram felizes para sempre…” mas essa historia não se trata de um conto de fadas e sim de um amor real, que pode surgir de uma amizade. Um amor que nenhum dos dois esperava. Um amor que surgi com o tempo e os pegou tão profundamente.

Além do mais, em todo amor de verdade não existe o felizes para sempre pois o que seria duma relação sem seus altos e baixos? Fortes e fracos? Momentos de dor e de alegria? Sem um drama? Sem suas discussões que terminam em uma longa noite? As briguinhas por nada que dão espaço para um beijo daqueles? O ciumes que serve como uma plaquinha do tipo “Ei, eu te amo, por isso sinto medo de perder”?

Sinceramente, eu acho que sem essas coisas, o amor morre ou, no minimo diminui consideravelmente. Um amor “perfeito” se torna imperfeito com o tempo e acaba. Já um amor “imperfeito” daqueles que se vive intensamente, se torna perfeito ao longo do tempo, pois todas essas coisinhas que no começo podemos até achar ruins, estão lá e só nos provam que realmente vale apena viver essa paixão.

Por isso, gostaria de terminar a historia desses dois, com uma frase um pouco estranha.

E viveram “imperfeitos” para sempre….