One and Only escrita por Jessie Austen


Capítulo 13
Décimo Segundo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu demorei >.< Podem me xingar (mentchira U.U)
Espero que gostem dessa dobradinha.



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Quando Mary finalmente conseguiu retornar para casa, o relógio marcava mais de meia noite.

Antes deixou Victor no hotel após passar o dia todo com ele no pronto socorro. No caminho comprou algo para comer em um restaurante chinês barato. Ainda tinha muitas coisas para resolver do casamento que se aproximava!

Pensou que encontraria John dormindo ou até mesmo pensou que não o encontraria lá, mas a cena que encontrou foi um tanto quanto inesperada.

Lá estava ele, esperando por ela na sala com suas coisas arrumadas em duas malas grandes e a casa com as luzes de todos os cômodos ligadas.

– Ele está bem se é isso que o fez me esperar acordado. – disse tentando parecer calma, mas sentia que havia algo de muito errado naquilo tudo.

– Venha até aqui, por favor.- o médico sussurrou mostrando o espaço que tinha ao lado dele no sofá.

Assim que os dois se olharam, ela pode ver a expressão confusa e triste dele.

– John...o que é tudo isso? E o que foi aquilo hoje à tarde? - respondeu obedecendo.

Watson então se aproximou, segurando suas mãos de maneira carinhosa, sobre seu colo.

– Eu sinto muito. Por tudo.

– Tá, eu sei...mas o que são essas malas? Para onde você pensa que vai?

– Eu, eu não posso fazer isso...me perdoe.

– Isso o quê, John? Por que você ta assim?! Está me assustando...

– Eu não posso me enganar mais...eu não posso mais me casar com você, eu sinto muito. – ele sussurrou, de olhos fechados e cabeça baixa, fazendo Morstan se levantar.

– O quê?! Que tipo de brincadeira idiota é essa?!

– Não é brincadeira, eu jamais brincaria com você assim, por favor...tente me escutar.

– Não! Não! Você me pediu em casamento...lembra? Você...e mesmo achando muito cedo, eu aceitei, John! Sabe por quê? Porque eu te amo...mesmo às vezes você sendo você...eu quero isso, eu quero uma vida ao seu lado...quantas vezes nós teremos que discutir ainda...

– Eu não posso mais fazer isso, Mary...

– Escuta aqui, nós estamos brigando muito, eu sei. Quando nos casarmos as brigas não vão passar, elas fazem parte, meu amor. Mas tenha só um pouco mais de paciência e eu logo não estarei mais tão estressada...é que você sabe, to muito nervosa, você sabe como minha família é e eu...

– Shh...Mary, Mary, você é perfeita...eu é que estou confuso...eu não posso fazer isso. – o loiro se aproximou segurando seu rosto – Eu...eu menti para mim mesmo todo esse tempo e acredite, isso é a pior coisa que estou fazendo. Te enganar e magoar, Mary...é a última coisa que eu queria para nós.

– Então pare de falar besteiras, John...e de fazer idiotices como essa...vamos, vamos guardar suas coisas. Pare com isso agora.

– Não, por favor. Me escute. Mary, eu não posso...

– Por quê? Por que não?!

– Eu, eu...eu sou apaixonado por outra pessoa. – este revelou de uma vez após os dois se encararem.

– O quê?! Quem?! Por quem?Tire suas mãos de mim...por quem? É a sua ex, não é? Qual o nome dela, Janete?Eu não posso acreditar que você fez isso...

– Não, não é a Janete, acredite em mim.

– Mas quem é então?Me fale agora! Você me traiu?! – a jovem se distanciou agora enquanto os dois se olhavam – Eu não acredito nisso, quem é ela?!

– Mary...

– Você tá me traindo? Eu não posso acreditar...John, você...

– Mary, por favor. Deixe me falar. Tudo é muito confuso para mim ainda...e apesar de não ser recente, é novo. Eu mal sei o que pensar de mim mesmo...

Mary então se sentou no sofá sem conseguir acreditar, largando sua bolsa no chão.

– Por que não me disse desde o começo? Quem é?!

Os dois se olharam e vendo que o médico não conseguiria, a jovem começou a chorar.

– Eu...eu sinto muito, Mary...ter deixado a nossa situação chegar nesse ponto, mas eu estive tão cego com meus receios e medos. Eu sempre estive apaixonado. Desde o começo. Muito antes de te conhecer...

– Ah, que ótimo! Então eu que cheguei tarde...

– Não,eu gosto de você. Ter te conhecido foi maravilhoso, mas eu...

– John, por favor. Não quero ouvir nada disso. Só me machuca ainda mais. – ela respondeu cobrindo seu rosto com as mãos enquanto ele sentava próximo dela de novo.

– Desculpe por ter colocado você nessa situação... Mas, mas eu...é o Sherlock.

Mary então o encarou completamente transtornada e respondeu em tom de escárnio:

– Você...você é gay?! Desde quando, pelo amor de Deus...ontem?! Era só o que faltava! E a nossa situação? Nosso relacionamento agora se tornou uma “situação” para você?

– Por favor... – este respondeu encarando o chão.

– Só agora você descobriu?! Semanas antes de se casar com sua noiva?! Depois de se envolver com um monte de mulheres durante toda a sua vida?!

– Mary, eu amo você...não duvide disso nenhum instante, mas é a maneira como eu me sinto, é difícil pra mim... não é da mesma forma como eu me sinto com ele e...

– Cale a boca! Eu não preciso entender nada! Eu não quero entender nada, John! Sherlock Holmes, pelo amor de Deus...eu duvido até hoje que ele seja uma pessoa de verdade! Saia agora da minha casa...eu quero que você saia! Desapareça e esqueça que me conhece...como você pode ter feito isso! Eu te odeio! – Mary foi pra cima aos prantos, enquanto ele segurava seus braços.

– Mary. Você...é a última pessoa do mundo que deveria passar por algo assim...- John a abraçou muito forte em resposta, imobilizando-a enquanto essa chorava.

– Eu estou muito cansada...e tenho tanta coisa pra terminar, as lembrancinhas...por que você fez isso, John?Meu Deus...Sherlock! Essa sua piada é tão ruim. Ele nem ao menos te merece.

– Eu sei...- ele tentou sorrir de si próprio sem conseguir.

– Vocês dois...

– Não.

– ...você poderia ter me dito que sentia algo, que tinha dúvidas, você sabe, teria te ouvido. Por que você brincou comigo desse jeito? Você não tinha direito.

– Porque eu fui completamente cego, egoísta.

– Ele sabe? Sobre você? – ela perguntou abraçando-o.

– Definitivamente. Deve saber desde o primeiro dia, aquele cretino. – John respondeu sentindo-se ainda mais triste.

– Meu Deus, é tudo tão óbvio agora. Vocês dois...o jeito como ele te olha...os dias que você preferiu ficar lá ao invés de ficar comigo...o soco no Victor...– Morstan sussurrou fugindo dele e indo para o quarto, deitando-se na cama - Estou tão cansada, John. Você não faz a menor ideia. Eu só quero dormir. Vai embora daqui. Agora. Amanhã conversamos...

– Não, eu vou cuidar de você, Mary...por favor. Só esta noite. Eu sinto muito, por favor...- ele pediu ajoelhando-se enquanto as lágrimas agora cobriam seus olhos.

Respirou fundo ele pensou que tudo aquilo era muito absurdo. Ver Mary daquele jeito, completamente magoada. Quebrada.

Jamais poderia prever aquele rebuliço, aquela revolta que havia nascido dentro dele e que havia destruído tudo o que acreditava ser completamente certo em sua vida.

Pensou em Sherlock e em seu beijo e o quanto queria mais, muito mais. Lembrou-se de Victor e no que eles eram um para o outro e o que já tinham vivido juntos. E nada daquilo que ele provava agora era justo ou nobre, e ele sentiu vergonha. Remorso.

Logo ele, que julgava sempre preocupado com os sentimentos alheios, pela primeira vez quando olhou para os próprios, para suas vontades, havia causado um dano que jamais poderia ser reparado. Sabia que teria que pisar nos destroços que havia causado.

– Só quero dormir, John. Vá embora. – Morstan pediu baixinho, virando-se de costas para ele.

– Não. Eu não vou a lugar nenhum. - o médico disse sentando-se ao seu lado, acariciando seus cabelos, enquanto a loira continuava a chorar baixinho.

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Alguns anos antes...

Victor beijou levemente os lábios de Sherlock e deitou-se ao seu lado na cama, sorrindo, ambos completamente ofegantes e alheios de suas roupas.

Holmes sentia seu corpo inteiro tremer levemente, e ainda que relaxado agora, tentava descrever, classificar em uma escala mental tudo o que estava sentindo.

– Uau. – Trevor se ajeitou, encarando-o enquanto este acendia um cigarro de maconha e bebericava o vinho barato que haviam comprado,observando a decoração do quarto de hotel onde os dois estavam hospedados e trancados a quase três dias – E...então?

– Então...?

– Sexo é ainda melhor do que as pessoas falam, certo?

– A primeira vez nunca deve servir como base. Essa é uma regra muito óbvia, para qualquer tipo de análise.

– Pois eu adorei...mas eu concordo, devemos tentar muitas e muitas e muitas vezes...- Trevor procurou por seus lábios, mas Sherlock desviou, sentando-se.

– Não, por favor. – Sherlock respondeu rapidamente.

– Qual é, Sherlock? Você é a única pessoa que mesmo com tesão, chapado e levemente bêbado não consegue relaxar...- este gargalhou.

– Por isso mesmo, não estou no meu estado normal. E nada que eu faça agora serei eu mesmo. – este respondeu mal humorado indo até o banheiro, encarando-se no espelho.

– Ei, venha aqui resmungão...- Trevor correu abraçando-o por trás – Você é uma delícia, sabia? Eu nunca vou esquecer hoje, o jeito como você...

– Cale a boca, Victor...eu imploro.

– Você não sabe quanto eu sonhei com isso, com você assim...ei, olhe para mim!

Os dois então se encararam e Victor sorrindo o beijou calmamente, segurando sua coxa contra a dele.

– Eu sou louco por você. Mas é claro que isso você já sabe.

– Você é louco por qualquer um que use calças e troque meia dúzias de palavras inteligíveis...- Sherlock sorriu ao ver a careta que Trevor deu em resposta.

– Assim você magoa os meus sentimentos!

– Sem essa conversa, lembra? Você prometeu: apenas trocas de experiências. – Holmes voltou para o quarto e começou a colocar suas roupas enquanto o outro o assistia atentamente.

– Certo. Certo. Mas no final eu me pergunto se isso de “só sexo” realmente existe? Me diga pelo menos o que achou...da experiência em si.

– Tolerável.

– Não foi isso o que o seu corpo demonstrou...- Victor riu.

– Foi bom.

– Não...

– Ok, Victor. Foi ótimo. Satisfeito?

– Por hora sim. Mas eu quero mais...

– Você sabe que não. - Holmes deu mais um último gole em sua taça.

– Eu duvido que não. Você eventualmente vai querer também...é a natureza humana!

– Relevante. Querer não é o suficiente para mim, você sabe disso. E relações físicas são tão confusas e cheias de detalhes. Não me sujeitaria novamente. Nem por prazer, algumas garrafas de vinho ou cigarros de maconha.

– Você chegou aonde eu queria! Duvido que esses meros detalhes o farão não querer nunca mais...e se um dia você se apaixonar?! Vai ser conseqüência...

– Não acontecerá, Victor. Porque primeiro: eu não sou você. E segundo: “O amor é para os distraídos”...e eu estou sempre muito ocupado. Com coisas melhores. E muito maiores.

Victor sorriu em resposta e isso fez Sherlock encará-lo, agora completamente vestido e com sua taça e cigarro.

– Você se acha tão imune a esse tipo de coisa, né? “Sexo e amor é mundano, tão burro...não é para mim. Não perco tempo com isso”. Um dia você encontrará alguém que o fará mudar completamente de idéia...e você não vai poder controlar. Ninguém consegue.

– Oh, cale a boca! Já começou com seus contos de fada de novo? E o que mais? Essa pessoa será você? E daí eu mudarei completamente e serei do jeito que você espera que eu seja...e seremos felizes para sempre? Por favor, não confunda as coisas, Victor...e o que aconteceu hoje, não vai acontecer de novo. Espero que você tenha a certeza disso. - o moreno o encarou com seus olhos azuis claros muito frios.

– Você é um completo idiota, Sherlock. – respondeu após não ter o que dizer.

– Faço seu tipo no final das contas...- este respondeu saindo do quarto.

– Ei! Aonde você vai?

– Buscar mais bebida! – bateu a porta do quarto se arrependendo do que havia feito e falado para seu melhor amigo no mesmo instante.

Enquanto isso, ainda completamente sem roupas, Victor deu um longo suspiro, pois sabia que não adiantava tentar argumentar com Holmes. Nunca.

Ligando a TV, acendeu um cigarro enquanto o clipe de “I Know It's Over” do The Smiths começava a tocar na MTV.

– Pfff. Eu odeio essa banda. – Trevor disse enquanto reconhecia o quanto estava apaixonado.


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Notas finais do capítulo

Dedico especialmente à Lua pela belíssima indicação à fic e é claro, a você, que esperou pela atualização. Obrigada. =*



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