My Soldier escrita por LilyCarstairs


Capítulo 8
Chapter VIII


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. :(
Obrigada a quem está acompanhando! ♥
Espero que gostem.



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No dia seguinte, quando estava voltando da escola acompanhada de Jonathan, resolvi perguntar sobre a mãe dele e como ela se sente com tudo isso do exército na família e tudo mais. Ele respondeu, com um sorriso:

– Eu acho que ela se orgulha e se preocupa ao mesmo tempo.

“Se orgulha e se preocupa ao mesmo tempo” definiria perfeitamente meu sentimento.

Caminhamos algum tempo em silêncio. Estávamos passando em frente a casa de Ryan quando ele saiu de casa, sentando no degrau e colocando a cabeça entre as mãos. Jonathan trocou um olhar comigo e caminhamos até lá. Ryan não pareceu nos notar até estarmos bem próximos dele. Seus olhos estavam vermelhos, ele estava chorando. E muito.

– O que aconteceu? – Jonathan perguntou, sentando-se ao lado do amigo.

– Você sabia que Juliette está namorando outra pessoa?! – ele perguntou rispidamente para mim.

Arregalei os olhos. Como ela pôde fazer isso?! Peguei meu celular e atravessei a rua para discar o número dela. Assim que ela atendeu, eu falei:

– Está namorando outra pessoa? – ela ficou em silêncio, entendi como um sim. – Como você pôde fazer isso com Ryan?

– Liz... – a voz dela estava baixa, quase triste. – Foi uma maneira de tentar esquecê-lo. Talvez eu me apaixone por outra pessoa e consiga superar isso.

– Você não precisa fazer isso. – falei, tentando controlar a irritação. Olhei para o outro lado da rua, onde Jonathan consolava o melhor amigo.

– Liz, você sabe que não é fácil para mim saber que ele pode morrer e me deixar aqui, eu simplesmente não aceito isso. – ela estava chorando, sua voz entre soluços. - Não sou como você, não consigo viver com a distância.

– Julie...

– Eu o amo mais do que já amei qualquer um, mas não consigo! – seu choro estava cada vez mais alto. – Eu não quero magoá-lo, mas não existe um jeito fácil de fazer isso. Não espero que me entenda, Liz, apenas não deixe de ser minha melhor amiga por isso.

– Eu jamais faria isso. – falei, agora meu tom de voz não tinha raiva alguma. Como poderia depois de ouvi-la dizer tudo aquilo?

Ela se despediu rapidamente, com um pedido de desculpas e desligou. Fiquei alguns minutos parada, olhando para o nada e refletindo sobre o que minha melhor amiga acabara de me contar. Eu tentei sentir raiva dela, mas não consegui. De algum modo estranho, ela não tinha culpa, mesmo que estivesse agindo errado, estava fazendo isso para tentar amenizar a dor de ambos. Não era de propósito.

Voltei para perto dos dois. Jonathan me olhou triste, enquanto abraçava o melhor amigo. Não consegui olhar para a cena durante muito tempo sem pensar em como Julie também estava arrasada. Não parecia justo isso acontecer com um casal tão bonito como eles eram. Não é justo. Desviei os olhos para o outro lado da rua, onde senhoras passeavam com seus cães e olhavam feio para a cena, como se um garoto de coração partido fosse algo repugnante. Retribui o olhar feio e elas mudaram o olhar para outra direção, constrangidas.

Ryan começou um discurso sobre Juliette estar cometendo um terrível erro ao deixar o garoto que a ama e blá blá blá. Eu não estava ouvindo. Dei as costas para ele e pedi que Jonathan fizesse companhia ao garoto em prantos, pois eu precisava ir embora. Na verdade, eu não precisava, mas não queria ouvi-lo falando mal da minha melhor amiga, ou chorando por ela.

Corri até a casa de Julie e entrei, usando a chave que ela havia me dado há muito tempo. Ela estava deitada em seu quarto, com as cobertas cobrindo tudo, exceto seu rosto. Aproximei-me dela e suspiramos ao mesmo tempo, uma olhando para a outra. Ela estava me olhando com seus olhinhos tristes, quando se levantou pra me abraçar.

– Ele não chorou, né? – ela perguntou baixinho.

– Chorou. – sussurrei triste. – Ainda deve estar chorando.

Silêncio. Ela continuou com a cabeça apoiada em meu ombro, mas não falou mais nada. Cinco minutos, dez minutos... Finalmente perguntei:

– Quem é?

– Você se lembra daquele garoto da loja com artigos para arte?

– No shopping? Aquele que você deu um fora?

– Maxwell, sim.

– Por quê? – me afastei um pouco, a fim de olhá-la nos olhos.

Ela encolheu os ombros.

– Ele soltava indiretas todas as vezes que eu ia até lá. Então, quando terminei com Ryan, ele soube e me pediu uma chance. Eu aceitei.

Tive que me esforçar para não bater nela. Maxwell... O pobre garoto estava sendo iludido, e Ryan estava sofrendo. Julie sofria, fingia que não, tentava esquecer... Meu Deus, isso não faz sentido. Garotas fazem coisas sem sentido para (tentar) não sofrer.

~

Julie me convenceu a dormir em sua casa, alegando que isso a faria se sentir melhor. Eu sabia que ela precisava de uma companhia, e eu sou sua melhor amiga, então liguei para minha mãe, avisando e dormi lá. Por que não, né?

Acordei com ela cutucando minha testa, avisando que deveríamos correr para a escola, pois já estávamos atrasadas.

– Isso é culpa sua, Liz. – ela resmungou, enquanto nos apressávamos para a escola. – Ficou conversando comigo durante a madrugada, e por isso estamos atrasadas.

– Você pediu para eu conversar com você! Cale a boca.

Chegamos na escola tarde, tarde demais para que nos deixassem entrar. Sentamos na porta da escola durante alguns minutos, reclamando.

– Podemos ir para o shopping. – ela sugeriu.

– Pra você contar ao Maxwell que ainda ama o Ryan? Ótima ideia! Talvez ele ainda lhe aceite de volta. – soltei, sem querer.

Julie olhou surpresa para mim, depois pareceu ofendida, levantou-se e foi embora, sem mais nenhuma palavra. Continuei sentada, olhando para a silhueta da minha melhor amiga até que ela sumisse no outro quarteirão. Ela precisa de alguns tapas da realidade. Não se pode simplesmente trocar seu namorado porque ele vai para o exército...

Levantei-me e segui meu rumo para o shopping, para falar com Maxwell. Eu sabia que Julie não fora para lá, pois o shopping ficava na direção oposta à que ela foi. Provavelmente estava indo para casa chorar e se perguntar o motivo de não parar de sofrer por Ryan... Julie, Julie... Teimosa e impulsiva desde sempre.

O vento estava gelado e as ruas, quase desertas. Ninguém queria andar no frio de manhã. A neve começou a cair aos poucos enquanto eu caminhava para o shopping, a cada passo, eu sentia mais frio. Quando entrei no shopping e seu aquecedor, agradeci a seja lá quem tenha inventado aquecedores. Comprei um chocolate quente e fui até a loja com artigos para artes.

Esperei vinte minutos até que a loja abrisse completamente. O shopping todo ainda estava abrindo as portas, afinal era cedo. Fui a primeira a entrar na loja, e encontrei Maxwell logo na porta. Seu sorriso de vendedor se desfez quando me viu.

– Oi. – ele cumprimentou.

– Sabe que a Julie está te usando, não sabe? – perguntei, tentando não parecer cruel.

Ele me olhou durante uns segundos e depois suspirou.

– Eu sei. – respondeu, parecendo conformado. – Ela só precisa achar que está esquecendo o garoto que vai para o exército.

– Ryan.

– Certo, certo. – ele fez um gesto indiferente com a mão. – Ela só quer esquecer o Ryan, mas ambos sabemos que ela não vai conseguir. Uma hora ou outra, ela vai voltar correndo para os braços dele, chorando e dizendo que o ama.

Olhei surpresa para ele. Não pude discordar do que Maxwell falou, só não esperava uma resposta dessa, achei que o pobre garoto estava iludido com o “amor” repentino de Julie por ele.

– Se sabe disso, então por que aceitou? – perguntei.

– Ela precisava disso, e eu precisava me livrar de uma ex-namorada. – Maxwell deu de ombros, como se não se importasse. – Sua amiga está tão desesperada, tentando parar de sofrer, que não percebe que a resposta é simples: Voltar com o Ryan.

Suspirei. Nossa conversa estava acabada. Ele sabia que estava sendo usado e não se importava, pois também estava usando a situação a seu favor. Ele também sabia que uma hora ou outra Julie perceberia que estava indo pelo lado errado da coisa. Decidi desistir de ajudar ela e Ryan naquele momento. Se ela percebesse a tempo, ela o teria de volta, caso contrário, eu teria uma melhor amiga chorando durante muito tempo.

Já que estava lá, resolvi comprar artigos para pintura, Maxwell foi legal me ajudando. Mas claro que alguma coisa tinha que aparecer pra me irritar. Essa coisa chama-se Natally, ela apareceu quando eu estava me retirando da loja. Ela se colocou a minha frente na porta, me impedindo de sair.

– Por que não está na escola? – ela perguntou, com sua voz irritante.

– Por que você não está? – retruquei, revirando os olhos.

Ela respondeu alguma coisa, mas eu não ouvi. Estava ocupada demais pensando em como ela era irritante sempre. Nunca tinha notado que ela revirava os olhos enquanto falava e gesticulava falsamente, como uma daquelas garotas artificiais de filmes. Continuei sem prestar atenção no que ela falava, até ouvir uma piada sobre Julie.

– O que? – perguntei, me aproximando. – Chamou Julie de que?

Ela repetiu. O tipo de palavra que usamos para definir garotas fúteis e fáceis, como a Natally, não como a Julie. Olhei para os lados em busca de algo para jogar em Natally, mas tudo que vi foi meu chocolate quente – que mesmo depois de quase quarenta minutos ainda estava quente. Deus abençoe os copos térmicos.

– Cale a boca, Natally. – sem pensar muito, joguei meu chocolate quente nela. Seu rosto, sua camiseta e seu cabelo agora estavam sujos de chocolate quente. Ela pareceu surpresa, mas não esperei para ver o resto de sua reação, pois já estava saindo de perto dela.

Foram os quatro dólares mais bem gastos da minha vida.

~

Julie me ligou vinte minutos depois de eu ter saído da loja onde Maxwell trabalhava.

– Por que você foi lá? – sua voz veio irritada pelo outro lado da linha. – O que disse para ele?

– As notícias se espalham rápido. – comentei.

– Não venha com gracinhas, Elizabeth Wright!

– Não falei nada demais, apenas perguntei sobre o namoro de vocês. – respondi.

– Por que se intrometeu nisso? – ela estava realmente irritada.

– Sou sua melhor amiga desde sempre, Julie... – tentei não parecer sarcástica. – Isso me dá um passe livre para me intrometer em sua vida.

Ela resmungou algumas ofensas e avisou que eu não deveria me intrometer mais nesse assunto, pois eu “estava julgando suas atitudes”. Em seguida, desligou o telefone.

Como eu não iria ligar para Julie ou insistir no assunto, não me sobrou nada para fazer além de andar pelo shopping até o fim do horário em que eu deveria ter aulas, se não tivesse chegado atrasada. Sai de lá por conta de um telefonema de Jonathan, me pedindo para encontrá-lo no local onde o time de hóquei treinava. Estranhei, pois hoje o time não treinaria e não havia um motivo para ele pedir que eu fosse até lá.

O vento continuava forte fora do shopping e tive que correr até a escola para não congelar. Cheguei vinte minutos depois do telefonema e Jonathan me esperava em frente a escadaria principal da escola. Sorri para ele, que retribuiu com seu sorriso maravilhosamente infantil. Ele começou a andar pelos corredores da escola - que a essa hora estava quase vazio, apenas as pessoas que faziam parte dos clubes/times/organizações da escola ainda estavam por ali.

– O que aconteceu? – perguntei, seguindo-o.

Chegamos ao local onde o time treinava. Tudo estava vazio, já que não haveria treino hoje.

– Gostaria de patinar no gelo comigo? – ele perguntou, oferecendo sua mão, como garotos fazem quando pedem para dançar com garotas. Nesse caso, patinar no gelo.

– O que? – perguntei, olhando para ele confusa. – Você me chamou aqui pra isso?

Ele encolheu os ombros e concordou com a cabeça. Sem mais nenhuma palavra, colocamos os patins e começamos a patinar no gelo onde geralmente o time de hóquei treinava. Eu já havia patinado algumas vezes e consegui me manter em pé, mas Jonathan fazia parecer tão fácil. Ele segurou minha mão e continuamos em silêncio durante algum tempo, apenas deslizando pelo gelo.

No silêncio eu tive a (brilhante) conclusão de que não fazia sentido ele ter me chamado ali apenas para isso. Jonathan parecia ansioso com alguma coisa, e eu precisava saber o que é. Olhei para ele e fui direta:

– Diga a verdade: Por que me chamou até aqui?

Ele suspirou muitas vezes antes de contar:

– Fui convocado para o exército.


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Notas finais do capítulo

Se gostou/não gostou/tem dúvida/sugestão só mandar reviews, ou mandar mensagem, ou me contatar em algum lugar.
Até a próxima. :)



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