Acordo com um barulho muito forte de algo se quebrando no chão, percebo que era um ninho de vespas se partindo no chão. Elas vieram em cima de nós, corri balançando as mãos e os braços, tentando não ser picada pelas vespas, Glimmer ficou para trás, ela acabou caindo, queria salva-la, mas eu já estava muito na frente e as vespas foram todas nela.

De repente tudo começou a girar, minha cabeça doía, não sabia para onde estava indo, era horrível.

Eu andava com as mãos na frente para não tropeçar em nada, mas eu caia toda hora.

Eu sempre ouvia vozes, pareciam ser do meu pai, como se ele ainda estivesse ali, depois a voz muda para a da minha mãe. Só ouvia gritos, gritos e mais gritos. Eu tampava o ouvido mais ainda escutava, me contorcia no chão, aquilo não parava, era insuportável.

Assim que os gritos pararam, vejo alguém. Uma menina com cabelos negros e pele escura.

Me aproximei dela. Ela apenas ficou parada, imóvel. Ela se aproximou de mim instantes depois.

–Pai, pai! Por favor, não me mate. Sou eu! Clove!-digo ainda ao efeito das vespas.

Eu não ouvia nada, só os gritos que voltaram, mas eles voltaram com alguns assobios, eram tordos, tordos que gritavam, era uma loucura.

–Parem de gritar!Parem de gritar!Parem de gritar!-grito repetidamente.

A menina falava algo, era para eu escutar, mas eu só ouvia os gritos dos tordos.

–Por favor pai, faça os tordos pararem de gritar!-grito.

A menina foi embora e eu fiquei no chão apenas com o barulhos dos gritos.

–Pai!Pai!Pai! Os tordos!Os tordos!Os tordos!Eles me machucam.-grito.

Levanto ainda com os gritos, mas logo me acostumo com aquilo. Mas assim que menos espero os gritos somem.

Ouvia outro barulho, um barulho de rosnados. Era um bestante! Corri depressa, no caminho via tordos, borboletas gigantes, rãs por todo lugar.

Até que acho um rio. Um rio de sangue, os bestantes bebiam lá, e havia dois bestantes lutando perto do rio.

O bestante que me seguia desapareceu, eu só observava os dois bestantes lutando no rio.

Os dois bestantes louros, um com olhos castanhos e o outro com olhos azuis.

De repente um dos bestantes se machuca na perna e cai no chão, mas e o outro já estava bastante cansado e tonto e ele notou minha presença.

–Vá embora Clove!-diz o bestante.

A voz desse bastante é familiar... pelos louros, olhos azuis...

Eu volto caminhando, agora só vejo borboletas gigantes que pousavam em mim.

Os gritos pararam mas ainda sentia a presença dos tordos, eles implicavam com as borboletas gigantes, mas as borboletas comiam os tordos.

Eu andava e observava as borboletas comendo os tordos. Vejo de longe uma menina com uma trança, se distanciando de um corpo no chão. Me aproximo sem que a menina me veja.

Era uma menina no chão, estava com duas tranças, era loira e seus olhos pareciam diamantes.

Sua pele estava cheios de calombos, ela não se mexia, era assustador sua imagem no chão. Senti vontade de chorar, alguma coisa me dizia para chorar, eu me sentir triste, mas eu não a conhecia.

Passei a mão em seu rosto, tentando me lembrar de quem ela era, provavelmente foi muito importante para mim, pois senti uma lágrima escorrer do meu rosto.

Saio dali com o coração partido, não sabia quem ela era, mas eu sabia que ela foi importante.

Me distancio da menina e vejo uma forte luz em meus olhos, parecia uma nave espacial, tinha um menino lá perto da nave, ele estava deitava no chão, onde tinha grama.

Vi uma borboleta gigante se aproximar e eu grito para ele.

–Ei! Cuidado! Tem uma borboleta gigante em você!-grito.

Ele levantou e a borboleta o comeu. Mas o menino ainda estava ali.

Eu me aproximei dele e vi se estava tudo bem.

–Menino! Tudo bem? Você foi comido por uma borboleta gigante! Elas são minhas amigas! Pensei que só comessem tordos, me desculpe.

Pela primeira vez consigo ouvir a voz de alguém.

–O que você está falando Clove?-ele perguntou.

–Você fala!-grito.

–Sim eu falo.-ele disse.

–Quem é você? e porque não foi comido pela borboleta gigante? Porque o tordo não gritou quando você falou?-perguntei.

–Clove, você está em efeito das...-de repente não conseguia ouvir mais nada do que ele dissesse, os gritos dos tordos voltaram.

Os tordos apareceram, eles se revoltaram com as borboletas e por isso estão assim tão agitados.

–Por favor! Faça eles pararem! Eles não param! Parem tordos! Parem de gritar!-grito.

O menino falava comigo, mas cada palavra que ele dissesse era mais um grito de um tordo ainda mais alto. Tampo o ouvido e espero aquilo passar e aquilo não passa. Estava deitada na grama faz um tempão e vi que os tordos conseguiram vencer as borboletas, fico feliz por eles.

Levanto e vejo que apareceu aquele bestante que estava no rio, o bestante louro de olhos azuis.

–Tira esse bicho daqui!-grito.

–Ela está em efeito das vespas ainda.-diz o menino que foi comido pela borboleta.

O bestante falou alguma coisa com o menino mais não consigo entender, pois só ouvia rosnados.

–Efeito das vespas? Que vespas? Que vespas? Eu estou ficando tonta, as vespas... não! as vespas!

De repente vi que os tordos se transformaram em vespas e foram na minha direção, eu tentei correr mais o menino não deixou, ele apenas deu uns tapas na minha cara.

–Saiam vespas! Saim!-digo balançando os braços, mas o menino me segura com força e me dá um soco que me faz desmaiar.