A Esquina Esperanza escrita por EliotBridge


Capítulo 7
Fenda


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Espero que gostem.



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A noite estava confortável. O tempo estava levemente nublado, a garoa e o vento sopravam meus ouvidos como se estivessem me contando um segredo e meus passos ecoavam pela rua deserta quase em um compasso. Tudo estava calmo e tranquilo no mundo real. Chegava a ser surreal imaginar como poderia ficar em algumas horas. O chão do mundo dos sonhos era tudo que separava o real do imaginário e eu já tinha pisado nesse chão. Ele era fino e frágil como se fosse feito de vidro, não duvidava que poderia ser destruído por causa de duas crianças imaginárias que decidiram jogar futebol onde não deviam.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo barulho da rua, finalmente chegara na parte movimentada da rua, o parque. Crianças pulavam e dançavam como se fosse um festival de verão, carregando nesse movimento todos seus sonhos e esperanças. E pensar que tudo poderia acabar com os mesmos sonhos que ajudaram a construir suas vidas. Vejo também um casal de apaixonados do lado contrário ao movimento do parque. A garota apoiava a cabeça no colo de seu par, que lhe retribuía com gentis caricias. Ela me lembrava vagamente Lilian, o suficiente para que me fizesse sentar perto deles.

Meus olhos se perdiam novamente no meio da cena do parque. O que aconteceria quando o chão rompesse? Eu teria que correr de fantasmas verdes com hálito de menta? De novo não! Pelo menos eu espero. Mas realmente não me imaginava no meio de uma batalha entre o mundo imaginário e o real, porém, não me imaginava em um parque pensando em como poderia fazer meus sonhos deixarem de ser mortais até pouco tempo atrás.

Algo interrompeu meus pensamentos. Um grito. E minha mente se enche de desespero ao presenciar aquela cena. Vejo uma arma, ela flutuava sobre a garota com seu gatilho sendo levemente pressionado por algo ou alguém, aparentemente, invisível. Não tive tempo de reação, o sangue se espalhava pelo local e o parque que até pouco tempo era um local tranquilo e pacífico, se transformara em um vulcão ativo. Pessoas corriam, crianças gritavam, mas nada disso importava para mim. A arma cai de maneira sutil no colo do garoto. Ao mesmo tempo ouço sirenes. Os olhos vazios do garoto incrédulo se viram para mim. Se pudesse juraria que não existia mais ninguém naquele corpo, sua pele estava pálida e seus olhos tinham virado dois buracos negros e sem vida. Ele aponta a arma para própria cabeça, mas já era tarde, antes que pudesse atirar é rendido pelos policiais.

Ao sair da delegacia, e claro, responder todas as perguntas dos meus pais de maneira que eles não me achassem maluco, fui para casa conseguir respostas. Ainda estava em choque com tudo que havia presenciado. A arma voando, a reação do garoto, finalmente minha ficha do quão grave aquela situação poderia ficar caiu. Deitei em minha cama e adormeci rapidamente.

O sol cegava meus olhos, ouvia o barulho das ondas e do vento e ao longo da praia, mesmo que só a silhueta, consigo avistar Lilian.

– Oi. – Cumprimentei-a com um beijo.

– Oi. – Respondeu ela com um sorriso pálido.

– Aconteceu algo.

– O quê?

– Mais alguém morreu dormindo. – Ao final dessa afirmação Lilian pareceu mais atenta.

– Mas isso já não vem acontecendo há tempos?

– Sim. Porém dessa vez vi o que aconteceu ao lado do lado de fora do sonho.

Após terminar de explicar tudo que acontecera para ela, sentamos e começamos a refletir no porquê de tudo estar assim. As paredes do mundo dos sonhos estavam destruídas e não havia nada que pudéssemos fazer? Como poderíamos reconstruir os limites? Todas eram perguntas sem resposta. Decidimos que só tinha um jeito de descobrir, teríamos que voltar à fronteira.

Lilian rapidamente nos guiou até lá – Teria que perguntar como ela faz isso alguma hora. – e logo reparamos diferenças no local. O clima que era vazio e calmo, agora estava denso. Me sentia mais fraco à medida que me aproximava do centro da sala. Porém, algo tinha focado demais minha atenção para que reparasse na fraqueza. Havia um buraco, ou fenda, ou seja lá qual for a nomenclatura. Mas sabíamos agora o que havia de errado. A fenda criara um portal para o mundo real.

– Já sei! – Lilian gritou com um mesclado de frustração e felicidade. – Fui burra de não perceber isso antes.

– Poderia compartilhar sua magnifica epifania? – Disse com tom de deboche.

– Idiota. – Disse Lilian. – Descobri uma maneira de trancar a front-

O momento estava bom demais para ser duradouro. Antes que pudesse perceber, algo surgiu da fenda. Um pesadelo. – Fácil de reconhecer quando se vê. – O pesadelo olhou para mim como se eu fosse um estorvo em seu caminho. Em um movimento rápido colocou Lilian nos braços e correu. Tentei correr atrás dele, mas finalmente reparei no quanto estava fraco, ao tentar dar o primeiro passo caí.

O ventilador rodava sobre mim, sentia uma ardência no joelho e a luz do sol voltara a aparecer. Mas dessa vez não estava na praia, estava no meu quarto, acordado.


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Notas finais do capítulo

Então, 4° bimestre e provas são palavras chave da minha desculpa para ficar sem escrever essa semana. Faltam apenas 3 capítulos então espero que tenham gostado.



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