A Esquina Esperanza escrita por EliotBridge


Capítulo 3
O Beijo


Notas iniciais do capítulo

Aeeee. Feliz natal! Ai fica um capítulo pra vocês.



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Acordei no dia seguinte devastado, arrisco dizer que foi o pior sonho que já tive. Poderia eu ter lido o nome do hospital? Meu deus! Como não pensei nisso? Tarde demais. Tomei um banho e me dirigi a escola, não entendo porque fiz isso, nesse momento não me achava com tempo de estudar, mas mesmo assim me arrumei e fui para a escola.

A rua parecia mais movimentada do que o normal, pessoas iam e voltavam como se fosse desfile de carnaval, mas para mim tudo estava triste e sórdido, ela estava na cama de um hospital, não fora apenas um sonho. Tenho certeza de que foi real, eu senti, eu vi, ela não pode acordar, não é como se eu estivesse apaixonado por um sonho (continua sendo para todos da escola, que estão quase me matando com comentários ridículos), sei que ela existe, mas infelizmente não posso ajuda-la.

A aula passou como uma rajada de vento de verão, meus pensamentos me desfocavam do tempo real, minhas necessidades humanas estavam desproporcionais ao meu desejo, sentia fome, sede, vontades que abriria mão por uma simples quantia de sono. Quem me dera fosse tão fácil assim.

Tentava de todas as formas dormir, contei tantos carneirinhos que meu nome deveria estar marcado em algum livro de recordes “pessoa que mais cantou carneirinhos no mundo: Liam”. O nome dela não saia da minha cabeça. Lilian. Outrora me sentia apaixonado por algo tão distante, agora tenho um pedaço da vida dela. Ela se torna mais sólida e tangível.

Perdido em tais pensamentos adormeci, tudo que eu precisava. Acordei encarando olhos cinza, olhos pelos quais me perdi por alguns instantes, porém fui interrompido por uma voz, uma voz que ainda não me era familiar, porém era tão confortável para mim quanto a voz de minha mãe. Era ela, Lilian.

– Oi. – Me disse ela com um tom de preocupação na voz, sentia um medo de aceitação naquela voz. Não pude me conter, abracei ele. Gentilmente e ao mesmo tempo de maneira feroz, ao sentir que já estava forçando para não chorar, me separei (Se fosse seguir essa lógica acho que o abraço nem teria começado).

– Oi. – Finalmente respondi. Consegui arrancar um sorriso dela. Me senti iluminado por um raio de sol, mesmo em coma, sorrindo ela parecia mais viva.

– Então meu stalker, como você vai? –Perguntou ela. Deveria ter ficado nervoso, mas não conseguia me irritar com ela.

– Saiba você, que me rendeu bastantes dores de cabeça. – Disse rindo. O local estava tranquilo. Infelizmente, por pouco tempo.

– Acho que te devo algumas respostas certo? – Disse ela um pouco mais tensa.

– Se você acha. – Tentei descontrair o local. Inutilmente, também estava tenso – Então?

– Vamos começar do início. – Disse ela. Se eu não estivesse muito apaixonado teria corrigido seu pleonasmo, mas não tinha mais tempo para isso. – No dia em que te encontrei na mansão estava fazendo um “reconhecimento de local”.

– O quê? – Disse eu. Confesso que fiquei confuso nessa parte. – Explique-se.

– Vamos lá. Aquela casa estava me chamando atenção a um tempo, sentia muita coisa negativa de lá. Como se fosse um mini inferno do reino dos sonhos me entende? – Achei a comparação um pouco tosca, mas não quis comentar. – Então um belo dia resolvi entrar e examinar o que acontecia ali. Minha surpresa ao entrar foi... – Ela não conseguiu terminar a fala. Não precisava faze-lo, sabia o que ela ia dizer. Ela não esperava encontrar alguém lá dentro. Muito menos um necrófilo fugindo de um espectro de luz bruxuleante verde com hálito de menta.

– Ok. Mas então por que me mostrar tudo aquilo? – A parte do sonho teria sido um acaso mas e o sonho em que ela teve o acidente?

– Como assim “por que”? – Perguntou ela. – Você ficou me caçando feito cão e gato por não sei quantos sonhos. Decidi te contar logo o motivo de eu não sair daqui.

Naquele momento tive vontade de me esconder. Era a mais pura verdade, eu tinha gritado por ela e as vezes até chorado em vários sonhos procurando ela, acho que não deveria perguntar o porquê de ela ter escolhido me mostrar as coisas. Deveria estar agradecendo. Acho que ela percebeu minha vergonha (talvez porque eu estava mais vermelho que pimenta malagueta em época de colheita), pois fez um sinal com a mão para que eu me acalmasse.

– Agora pelo menos você me entende, sabe que nunca poderei sair daqui. Sabe que nunca verei a luz do sol outra vez. Achei um certo tipo de egoísmo da minha parte ignorar tanta preocupação quanto a mim, mas não acho certo que você desperdice seu tempo com alguém como... – Não deixei ela terminar a frase. Beijei-a. Não sabia exatamente o porquê de ter feito isso, mas quando eu sei o porquê de algo? Senti seus lábios gélidos encostarem aos meus, seus braços fizeram um breve sinal de relutância, mas logo depois se aderiram ao beijo. Senti eles se entrelaçando ao meu corpo, senti o meu coração batendo mais rápido que bola de pingue-pongue em jogo de coreano, mas nada mais disso importava. Apenas o que me importava era o movimento dos lábios de Lilian. Beijei-a a quantidade de tempo que conseguimos manter a respiração, infelizmente acho que tinha a mesma resistência para isso quanto na vida real. Ou seja, bem pouca. Tive o pior pensamento possível nessa hora “se isso for um sonho, por favor que eu nunca acorde”. Seu imbecil! Óbvio que era um sonho. Senti uma força anormal me puxando para fora dos braços dela. Estava acordando. Podia sentir.

– Aliás, meu nome é Liam. – Disse como últimas palavras.

– A gente se vê por ai, Liam. – Respondeu ela com um sorriso estampado no rosto.

Acordei leve, e com as bochechas doendo. Também devia estar sorrindo, e como qualquer adolescente normal que acorda em uma manhã de sábado. Tudo que eu queria era voltar a dormir.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo. Mandem reviews e feliz natal pra todos!



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