A Esquina Esperanza escrita por EliotBridge


Capítulo 1
O sorriso.


Notas iniciais do capítulo

Um tempo um pouco afastado né? Bom volto com força total (dessa vez é sério.). Espero que gostem!



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Acordara na cama de um quarto escuro. Não tenho certeza se tinha mesmo acordado, era mais como se tivesse simplesmente me materializado ali. Olhava pela janela e via a chuva cair, agredindo violentamente o vidro da janela. De tempos em tempos, todo o quarto era inundado pela luz de relâmpagos. As bordas do meu campo de visão eram borradas e as formas pareciam dançar aos meus olhos. A madeira podre rangia aos meus pés e quase se partia a cada passo. Talvez não houvesse energia elétrica no lugar, podia ver apenas a cama, uma velha cadeira, uma escrivaninha, papéis por ela espalhados, tinta e pena. Estava de volta ao século XVI? Talvez.

Saí do quarto para o corredor que parecia não ter fim para a esquerda, tampouco para a direita. Começara a pensar como tinha chegado ali quando ouvi... Passos largos. Eram de corrida? Uma luz verde começa a iluminar o local, vejo algo tão aterrorizador que não consigo descrever, fiquei paralisado de medo. Surgia pela direita então um ser de forma irreconhecível, parecendo apenas uma fonte gigante de luz bruxuleante verde.

Quando estava prestes a ter certeza de que a vida não existiria daqui a poucos segundos, sinto uma presença atrás de mim, fraca, porém reconfortante. Viro-me para ver o que era: uma garota. Não consigo definir sua idade, olhos cinza que combinavam com seu cabelo pálido, também em harmonia com sua pele, seu vestido branco emanava luz da mesma cor que o resto de seu corpo. Ela me olhou com um tom de desespero, encarei-a e percebi que me convidava a segui-la, então aconteceu: eu corri. E corri, como se minha vida dependesse disso, pera... ela dependia!

Passamos por corredores e me sentia cada vez mais perto da “entidade” que me perseguia, mas, também me sentia mais perto de uma saída. A luz verde chegava mais perto, ficava mais clara em volta de meus pés, quando atravessei a porta, podia sentir a respiração do perseguidor no meu cangote – desconfortabilíssimo por sinal. Achei realmente que tinha acabado, nunca estive tão enganado em minha vida... Estava cercado, por todas as direções possíveis. Se eu pudesse arriscar diria que tinham entidades voadoras sobre mim. Virei para trás para olhar meu perseguidor, junto a mim, minha guia se virou. Tentei reparar na figura que me mataria, mas já era tarde demais, e não era para mim. Por algum motivo, ao cruzar o olhar com minha guia, todos os perseguidores haviam desaparecido e eu agora olhava para uma porta entreaberta. Pensei em perguntar o porquê de ela não ter feito isso antes – porque, venhamos e convenhamos, é bem mais confortável do que fugir de espíritos verdes gigantes com hálito de menta no seu cangote. Porém fui interrompido por um sorriso, singelo, e tão triste quanto preocupado, pensava em perguntar o motivo daquele sorriso, mas nesse momento tudo escureceu, eu teria por fim acabado de acordar.

Levantei da minha cama, me sentia cansado como se tivesse acabado de correr uma maratona (ironia, não?). Dirigi-me ao banheiro, me olhei no espelho: Eu era um garoto moreno de aproximadamente 1m e 74 cm, tinha olhos castanhos mel que às vezes variavam para o verde, meus cabelos eram de um tom castanho escuro e eram lisos, até a altura do pescoço, na verdade, precisava tomar um bom banho. Durante meu banho, percebi o quão real e amedrontador tinha sido meu sonho, parecia até que sentia minhas pernas tremendo do cansaço da corrida... Não tinha tempo para isso, foi apenas um sonho, tinha que voltar aos meus afazeres. Sai da minha casa em direção ao colégio, estava pensando no sonho ainda, não conseguia tirar aquela última imagem, aquele sorriso...

– Liam! – Disse uma voz feminina me empurrando para o lado e interrompendo minha linha de raciocínio, mal tinha percebido que estava na rua, ia acabar atropelado se não fosse por ela.

– Opa! Essa foi quase hein? – acho que ela já sabia disso – Como vai Michele?

– Bom, acabei de salvar sua vida, acho que estou triste por não ter recebido um obrigado.

– OBRIGADO! – Uau, que convincente!

– Agora sim! – Não é que a tonta caiu?!

– Indo para escola tão cedo? – Tentei mudar de assunto

– Sim, e você? Parece que alguém não dormiu hoje. – Disse ela soltando um sorrisinho. Eu não tinha percebido, mas realmente não me sentia descansado como na maioria das vezes que você dorme (Acho que é essa a intenção, cara, você tá quase lá...), ao invés disso, sentia um peso de um sorriso misterioso e de um sonho sem nexo que pareceu ser real, talvez até demais...

– Eu passei a noite tentando resolver um quebra-cabeça maldito que ganhei de natal – não tinha percebido o quão era ruim mentindo até esse momento.

– Sério? Quantas peças? Devem ser bastante para te manter acordado tanto tempo. – meu deus, que garota burra!

– Na verdade, eu apenas perdi uma peça. – disse pensativo. O rosto de dúvida começava a se formar em Michele, mas tínhamos acabado de chegar à escola.

A primeira aula era de matemática, o que, dava um bom motivo para continuar pensando no sonho, e em todos os seus detalhes, cada parede da mansão ainda estava nítida para mim, cada porta, cada quarto, mas o que mais retratava minha memória era o vestido branco cintilante da minha guia, ela não me conhecia, por que se preocupou comigo? Por que me ajudar a fugir? Por que seus olhos cinza me encaravam com tanta tristeza e esperança? Perdido em pensamentos comecei a me dar conta.

– Puta que pariu! Estou apaixonado por um sonho?! – Infelizmente gritei isso um pouco mais alto do que desejaria, tive que sair “discretamente” – embora não acredite que discretamente signifique correndo igual uma vaca louca – da sala.

Achei que nunca mais passaria um constrangimento tão grande, não no terceiro ano do ensino médio, para uma pessoa de dezessete anos gritar que está apaixonada por um sonho, das duas uma, ou está na seca, ou está maluca. Eu acho que tinha um pouco das duas, mas o que eu podia fazer? Ela não saia da minha cabeça... Se eu pudesse encontrá-la mais uma vez, e perguntar o porquê daquilo tudo, perguntar o motivo daquele sorriso... Mas foi apenas um sonho, não é real. Uma ideia iluminou a minha cabeça nesse momento, por mais que fosse idiotice (acho que essa palavra não exprime o completo sentido da frase, eu estava literalmente ficando doido), e se eu sonhasse de novo com ela? Eu poderia perguntar para ela. Um sonho lúcido! É disso que eu preciso. Só uma pergunta resta, como isso acontece? Saí correndo da escola, não precisava de aula naquele momento, acho que isso estava transparente no meu rosto, pois ninguém se pronunciou para me parar.

Ao chegar em casa liguei o computador e pesquisei em quantos sites eu podia, estranhamente tinha vários resultados no Google para: “como ter um sonho lúcido?”, deitei em minha cama e fechei meus olhos tentando imaginar que estava em um sonho (Acho que estava acreditando demais nesse tipo de coisa, mas já não me importava mais com isso.), tentava imaginar que estava vendo ela, estava de volta à mansão, qualquer coisa que me ligasse a ela. Finalmente, adormeci.

Acordei em meio à grama, não tenho certeza se era uma floresta, porém estava cercado de arvores. Sabia que tudo aquilo era um sonho, e também sabia o motivo pelo qual estava ali, o que já era um bom começo – ou não. Infelizmente não tinha nenhum sinal da minha guia misteriosa, quanto mais andava, mais me sentia perdido, procurei em cada fresta e em cada arbusto naquele maldito lugar, mas não tinha nenhum sinal de que ela estaria ali, fechei meus olhos e me forcei a acordar.

Continuei a repetir esse processo de sonhar, procurar, e acordar milhões de vezes (Calma Liam, olha o exagero!), mas não importava o quanto eu repetisse, nunca achava ela, nunca podia finalmente cruzar seus olhos, estava desesperado, e no último sonho que me recordo, acho que derramei algumas lágrimas. Estava prestes a desistir.


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Notas finais do capítulo

Nossa, estou curioso agora. Será que liam irá encontrar a garota? Será que não? Por que ela é tão importante assim? Ela não é só um sonho? Esperemos para ver.



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