O Presente Perfeito escrita por Raio chan


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

****** AVISO *****
Não recomendado para quem sofre de diabetes. Doce e meigo demais. OUEAHOUEHAOUHEOUAHEOUHEOAH

Minha primeira fanfic do meu shipper favorito no mundo, aaaw ♥ Feliz, apenas.
Aproveitem a leitura~



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Era aquela semana de dezembro. Mas Barnaby não conseguia mais se sentir sozinho ou com medo.

Depois de um certo Wild Tiger ter entrado em sua vida, não havia mais sossego ou solidão quando se tratava de festas e feriados, principalmente o Natal. Kotetsu sabia que desde os quatro anos aquela era a época mais difícil para o loiro, e suspeitava de uma possível depressão que o parceiro poderia vir á ter. Por mais que achasse que, na maioria das vezes, o mais velho era desnecessariamente protetor e grudento, não tinha como não se sentir especial.

E era exatamente por causa da exclusividade que tinha no coração do moreno, que Bunny resolveu retribuir, mesmo ciente de que nunca seria capaz de agradecer integralmente por todo o amor e atenção que lhe eram dirigidos.

Mas ele tinha que comprar algo! Só não sabia o quanto ia ser difícil… E o pior foi que, ao perguntar ao próprio o que queria de Natal, recebeu um despreocupado: “nah, qualquer coisa serve, desde que venha do Bunny-chan, haha”.

Já estava no dia 20, e não fazia a mínima ideia do que agradaria Kotetsu. Bom, sabia… Sabia que qualquer coisa o agradaria (desde que venha do Bunny-chan, haha). Mas o Brooks não era gente de dar qualquer coisa, oras! Ele era exigente até consigo mesmo, imagina com Tiger!

A primeira coisa que pensou foi em dar-lhe um chapéu. “Velhos gostam de chapéus”, riu ao observar a vitrine. Mas, ao analisar com maus cautela, viu que nenhum outro chapéu cairia tão bem nele quanto sua velha e famosa boina branca e preta. E, teimoso como era, tavez nem usasse, tsc. Velhos…

Próxima opção: um relógio. Um belo Rolex dourado que viu quando foi comprar outra (mais uma, né) armação para seus óculos. Isso! Pareceu fácil até.

Mas… Ao pensar melhor, Bunny lembrou-se que, no aniversário Oji-san, quando ganhou um relógio de parede dado por Bison, reclamou: “isso é uma indireta pros meus atrasos? Foi ofensivo!”

Ok, nada de relógios. E nada de presentes que remetam á falsas indiretas. Ou seja, a terceira alternativa seria descartada, pois ao receber uma colônia, Tiger pensaria que o parceiro estaria lhe chamando de fedorento.

Próximo… Um casaco! Perfeito! O inverno estava bastante rigoroso naquele ano, e o loiro viu um casaco negro e sofisticado, que, do fundo do coração, adoraria ver nele. “Ou vê-lo tirando…” Urgh! Maldita convivência com aquele velho safado!

Quando o bom senso e a vergonha deram o ar da graça, o coelho deixou fora de cogitação qualquer tipo de roupa, para não gerar piadinhas constrangedoras, ou até piores, por parte do outro. Era a cara dele falar essas coisas. E outra, era sofisticado demais. Ele provavelmente estragaria em duas semanas, dizendo que dá trabalho de lavar o catchup que ele derrubou sem querer.

Um CD de músicas? Nope. Eles tinham gostos musicais completamente diferentes, e Barnaby não fazia ideia de qual era o cantor favorito dele. Tinha ouvido algo sobre, mas foi tãaaao desinteressante, que o arquivo recebeu um shift e delete.

Sapatos… Não. Seria mais outra coisa pra escolher. Seria chato também se o modelo fosse pequeno e ele tivesse que trocar, e chegasse com um outro sapato.

Um celular? Não, não, o dele era novo… Teve que comprar outro depois de conseguir deixar cair o antigo na banheira. Na banheira! “Como pode…”

Algo de comer não era válido, já que sabia que ia acabar comendo também, e bebida… Em hipótese alguma! Kotetsu era INSUPORTÁVEL quando bebia - porque além de ficar setenta e três vírgula quatro vezes mais grudento, quando Bunny finalmente cedia, ele tinha a audácia de dormir no meio do rala e rola.

Mas diabos! Era difícil assim escolher um presente pra uma pessoa tão simples como o Kotetsu?

Todas as vezes que Barnaby visitava o centro comercial de Sternbild, caminhava vagarosamente com o olhar nas vitrines. Nada o agradava, nada! Apelou até pra pesquisas na internet, mas além de ver as mesmas opções, - com chatos comentários femininos - se deparou com tantas safadagens, que na terceira posição sugerida, foi obrigado á fechar a janela de navegação.

Depois de um suspiro, veio a decisão.

É… Ele tinha que pedir ajuda aos universitários.

xxxxx

23 de dezembro, e o que tinha era um belo de um nada.

Bunny já estava quase desesperado, e quase foi pego três vezes, pois em meio á algumas conversas, Wild Tiger falava sozinho, recebendo um silêncio distraído e incomum do amante. Ainda choramingou: “está escondendo algo de mim, Bunny-chan!”, mas o loiro conseguiu contornar dizendo que estava pensando no que comprava para Kaede e a senhora mamãe Kaburagi.

Deixando isso de lado, aquele era o último dia da semana na academia. A Apollon Media pararia nos dias 24 e 25, e como domingo não era dia de trabalho, o retorno para as últimas atividades do ano seria só na segunda 27.

Os olhos verdes estavam distantes, enquanto Barnaby fazia uma pausa para o descanso dos exercícios. Estava sozinho com seus pensamentos e ideias, sentado num banco longe dos aparelhos de ginástica e do restante dos heróis, quando percebeu companhia.

– Você parece pra baixo hoje - Barnaby pareceu aliviado ao ouvir uma voz diferente da de Kotetsu. - O que houve? - Dragon Kid se sentou e apoiou-se nos joelhos, sustentando o queixo com as mãos.

O silêncio parecia querer ser longo.

Se já era meio chato pensar naquilo, quão embaraçoso não seria falar com outra pessoa? Virou o rosto. Não ia falar.

– Nada.

– Não parece ser nada, Barnaby-san - insistiu, com seu tom inocente. - Eu posso ajudar em alguma coisa?

Os olhos grandes e de mesma cor que os dele o encaravam. A língua coçou. Ela parecia mesmo disposta á ajudar no que fosse.

Mas, antes, um pequeno raciocínio, Barnaby.

Era lógico que ele teria que pedir ajuda, visto que não conseguia pensar em mais nada por si só. Então já que era pra ser assim, que fosse por eliminatória: Kotetsu já estava fora; Antonio ido mais cedo, além de ser quase certo que ele iria sugerir algo com alcóol. E outra que as ideias dele nunca eram boas; Keith diria “não sei, e mais uma vez, não sei” a julgar pela cabeça nos ares que tinha, ou seja, o mesmo que nada, além de provavelmente falar alto o suficiente para que Wild ouvisse; Karina daria um piti e diria algo como “como vou saber?” com toda a ignorância que seu tsunderismo permitisse (não que Barnaby não tivesse isso também, mas o dele era menos potente, pois tinha bem menos TPM em sua fórmula); Ivan também não saberia o que dar, visto que pediu ajuda na escolha do presente do amigo oculto, que era Tiger; E Nathan… Bom, provavelmente indicaria um ótimo sex shop, o que Bunny queria distância - pelo menos por enquanto.

Pao Lin era a última e melhor opção. Era sincera, e mesmo que não fosse conhecer exatamente bem o tigre, era melhor do que perguntar aos outros. E quanto menos gente sabendo, melhor.

– Bom… - começou, mas logo parou, sem jeito. Não sabia como começar a conversa.

Pensou de novo. Não! Iria falar de uma vez!

– Eu não sei o que poderia dar de presente de Natal pro Kotetsu-san - terminou de uma vez.

– Você tirou ele no amigo oculto? - a loirinha parecia feliz por descobrir isso, mesmo parecendo conhecer a irrelevância da pergunta quanto ao assunto. Recebeu um suspiro e um manear com a cabeça. - Estranho. Vocês são parceiros, certo? - ela aparentava conhecer o sentido empregado na palavra “parceiros”, que significava um pouco mais do que uma equipe. - Oh, entendi! Você sabe o que ele gosta, mas não sabe exatamente o que ele quer, né?

– Isso - era surpreendente como a garota era esperta e perceptiva.

– Do que ele gosta? - perguntou, mais motivada ainda com a ajuda.

– Bem… - sem muita surpresa, 90% do que lhe veio á cabeça foi sobre sapequices e brincanagens. Corou sem perceber. “Eu não posso falar isso pra ela…”– Muitas coisas…

– Encontre então o que essas coisas têm em comum - balançou os pés que mal tocavam o chão.

Bunny piscou duas vezes.

– Eu - a resposta foi simples.

Recebeu de volta um sorriso infantil.

– Já sei o que pode fazer!

xxxxx



Véspera de Natal.

Mesmo com o frio puxando o Brooks Jr. pra cama, o moreno companheiro e os seus próprios planos o fizeram levantar cedo.

A programação do dia era a seguinte: tomar o café da manhã na cafeteria predileta de Kotetsu, pegar Kaede e a senhora Anju na rodoviária, um loooooongo passeio pela cidade em quarteto, almoçar em um restaurante escolhido pela pequena Kaburagi, mais passeio, voltar para casa e se trocar, ir para a festa da empresa, levar as duas visitantes ao hotel, e dormir. Não. Entregar o presente de Kotetsu e tentar dormir.

Bunny nunca pareceu tão sinceramente prestativo quanto naquele dia. Não era nada difícil se divertir na companhia de uma mocinha tão energética. Tudo o que comeu durante o dia foi saborosamente bem escolhido, mesmo que um certo herói de meia-idade fosse levar um puxão de orelha do personal trainer dos heróis por ter extrapolado na comida - e consequentemente na maionese. E a não ser pela visita ao túmulo de Emily e Barnaby Brooks, o dia foi tomado por risos da parte de todos; os de Bunny mais contidos, os de Kaede agitados, os de Tiger sempre escandalosos e brincalhões, e os da senhora Anju carinhosos e aconchegantes.

A festa da Apollon Media foi feita no salão da empresa, e todas as ligas de heróis participaram. O loiro ganhou de Karina uma bela jaqueta azul escura, e presenteou um herói da segunda liga com um suéter, que só de olhar você já se sentia quentinho, combinando com um cachecol cinza de igual bom gosto.

Antes de se dirigir ao seu apartamento, Barnaby recebeu um olhar meigo da mãe de seu parceiro, e as palavras roucas de senhora dizendo: “boa noite, durmam bem”. Sabia que no fundo ela queria agradecer por cuidar de seu filhote.

Enfim, chegaram. Cansados, mas com o sentimento de que tudo o que havia pra ser feito, foi feito de forma alegre. Quase toda a programação do dia foi cumprida, o de cabelos dourados sabendo muito bem o que estava faltando.

Era tarde, mas ainda era dia 24. Ou melhor…

– Ah! É meia-noite! - os olhos âmbar brilharam ao encarar o grande relógio na entrada. - Feliz Natal, Bunny-chaaaaaaaan~ - cantarolou, se aproximando para um abraço, ou quem sabe uns algos á mais.

– … - o abraço aconteceu, mas a resposta ao voto não.

Não demorou nada para que ele correspondesse, mas levou cinco para que a boca de lábios rosados e finos começasse á falar.

– F-Feche os olhos.

– Huh?

– Mandei fechar os olhos! - apertou as sobrancelhas com vergonha, e a temperatura das bochechas claras aumentou. - Vou te dar o meu presente agora.

3, 2, 1.

O tigre parecia agora mais um cãozinho alegre, com o que poderia ser o seu presente. Obedeceu prontamente, com um largo sorriso infantil e uma das mãos estendida.

Barnaby engoliu seco, e achou que, mesmo ensaiando inúmeras vezes aquele momento em sua mente, a realidade era vinte vezes mais constrangedora. Pensou também em dizer que era brincadeira, e ir apenas dormir, mas… Não. Não iria andar pra trás agora.

Foi até o sofá e pegou um grande laço vermelho, apertando-o forte em sua mão. Suspirou, buscando determinação.

– P-Pode olhar agora - falou depois de pigarrear.

O Brooks Jr. esperava de tudo. Risadas, chacotas, estranheza, e até mesmo piadinhas safadas. Esperava de tudo, menos o que viu.

– O-O q… - as bochechas de pele bronzeada coraram. - O que é isso, Bunny-chan…?

– O laço foi ideia da Pao Lin… - entre um cochicho e um gaguejar, preferiu a primeira opção.

– Dê você mesmo de presente para ele! - a garota parecia reluzir com a ideia brilhante.

– O quê? - ele deveria saber que não tinha que perguntar uma coisa dessas pra uma criança.

Mas, antes que ele dissesse um “esqueça”, ela voltou á falar:

– Se divirta o dia inteiro com ele. Faça tudo que você sabe que vai deixá-lo feliz. Tudo mesmo! Dê muitos doces para ele, porque todos gostam de doces! Faça de tudo para que seja um dos melhores dias da vida dele. E no final do dia, coloque um laço bem bonito no topo da cabeça e dê o melhor presente de todos: a sua sinceridade e o seu coração. Pelo pouco que eu conheço o Wild Tiger, ele vai ficar muito feliz em saber o que você pensa sobre ele. O seu coração vai ser o melhor presente que ele vai poder receber no mundo todo, melhor até que um caminhão de chocolates.

O laço foi um pouco bizarro, mas ainda sim, aceito. Dragon Kid ás vezes parecia uma menina avoada, gostadora de carrinhos e bonecos de ação, nada vaidosa, mas era mesmo assim, uma garota de ouro. Barnaby estava diante de uma questão tão óbvia e simples de responder, que não percebeu. De tão perto que estava de seus olhos, não enxergou.

Aquele era o primeiro Natal como companheiro amoroso de Wild Tiger, mas eles não se conheciam há dois dias. Desde o início sabia como o moreno o considerava, apesar do primeiro encontro e primeiras impressões um tanto turbulentas e engraçadas. Era claro o jeito que sempre era alvo das preocupações do mais velho, o que com um pouco de tempo virou necessidade de proteção, e acabou com amor. E todas as vezes que brigavam, seja qual fosse o motivo, Kotetsu sempre pedia duas coisas: confiança e sinceridade.

Se, depois de tempos tentando abrir de verdade o coração de Bunny, Kotetsu recebesse finalmente uma brecha, nossa… Realmente não tinha presente de Natal, aniversário, ou qualquer outro presente no mundo que fosse melhor.

A única coisa que Bunny estava sinceramente com um pouco de medo, era um enfarto no velho coração do tigre. Mas, isso já é outra história, papinho daquele lado maldoso e zoeiro em Barnaby.

– Então… Você é o meu presente de Natal…? - o moreno de olhar brilhante deu dois passos á frente, querendo pegar o seu “presente”.

– Não exatamente - o de cabelos dourados recuou. - Fique onde está, se não, não tem presente. E calado, por favor!

– O-Ok… - o cãozinho abaixou o olhar e as orelhas, obediente.

Depois de tossir e limpar a garganta, os olhos esverdeados foram tomados por seriedade, enquanto as mãos de Barnaby iam pra trás de seu corpo, parecendo um tanto formal.

Começou á falar:

– Bom… Nós nos conhecemos há um tempo, e mesmo agora, as impressões que tive de você á primeira vista não mudaram muito. Você é um velho desastrado, espalhafatoso, não consegue não chamar atenção, curioso, bem grudento quando quer, enxerido, de certos pensamentos antiquados e desatualizados…

– Oe, oe, Bunny! - as sobrancelhas castanho escuras se juntaram e a feição de Kotetsu era completamente ofendida. - Seu presente pra mim é um discurso de xingamentos? - cruzou os braços. - Vou emb…

– Não me interrompa, oji-san - apertou minimamente os olhos. - Como eu dizia, você age por impulso, é imprevisível, só confia em instintos e não tem um pingo de classe.

Tiger virou a cara, num misto de irritação e mágoa.

E mesmo que não tivesse ensaiado suas palavras, era exatamente essa reação que Bunny esperava. Bom, só ás vezes Wild era previsível. Transparente é a palavra certa.

– Entretanto… Nenhum desses são defeitos. Foram nos melhores momentos da minha vida que eu pude descobrir esses seus lados, e que na verdade, você se mostrava assim pra mim, e por mim. Queria se meter bos meus problemas e na minha vida, mas por puro sentimento de ajuda e proteção. Mesmo as discussões, que eram tão frequentes no começo, agora eu vejo que foram boas. Você brigava por preocupação. Mesmo hoje eu sou egoísta demais, porém você me aceitou mesmo assim. Com o tempo eu notei que você não iria me dar sossego nunca, pra mais tarde perceber que eu é que não conseguiria ficar sem esse sossego por sua parte. Há uns anos atrás eu sequer imaginava que estaria aqui, hoje, numa madrugada de Natal, acompanhado e principalmente feliz. Eu não conseguia ter um Natal normal, uma vida normal. Mesmo que eu ainda esteja machucado pelo assassinato dos meus pais, grande parte da cicatrização dessa ferida foi por sua causa; consegui superar por sua causa. Nunca me diverti tanto nessa época do ano. E sei que se não fosse por você, enxerido, protetor, antiquado e escandaloso, eu nunca me sentiria feliz assim.

O de cachos dourados percebeu o quanto as outras palavras afetaram o outro, e que mesmo assim, ele não se virou de novo. Mais uma coisa acrescida á lista: Kotetsu era teimoso. E adorável.

Com um tom bem mais suave que o começo da conversa, Bunny continuou:

– Eu fiz esse dia pra você. Quis que ele fosse perfeito, junto com sua família; com tudo o que você mais gosta ao lado das pessoas que mais ama, e que, me perdoe a pretensão, obviamente me inclui. E como real presente, trago o que você sempre me pediu, mas eu nunca quis abrir mão, por orgulho.

Agora era a parte mais difícil. E só de imaginar o que viria á seguir, não foi mais possível manter o rosto sério e branco como no começo. Ainda estava sério, mas agora vermelho, e os olhos por trás das lentes estavam mais sinceros do que nunca.

O moreno finalmente havia se virado, e o encarava comovido.

Droga. Aqueles olhos âmbar iriam, com toda certeza, fazer a voz de Barnaby falhar. Mas era tarde para parar, ainda havia muito o que ser dito.

– E-Eu sei que nunca serei tão especial e bom pra você quanto Tomoe-san, que descanse em paz nesse momento… Mas eu… Eu… - “merda!” a voz estava mesmo falhando, como o previsto. Os olhos verdes se fecharam, e o jovem herói aspirou um pouco de coragem. Continuava: - Mesmo não merecendo, sei que você é perfeito pra mim. É egoísmo, sim, só que se for por sua causa, eu nunca vou deixar esse defeito de lado. Muito obrigado por tudo. Obrigado pela minha nova vida, obrigado por você. Nunca vou poder agradecer tudo o que você fez por mim, m-mas aceite meu c-coração. Narcisista, sem senso de humor, cheio de falhas e até mesmo um pouco insensível em certos momentos… M-Mas é o que eu tenho de melhor pra te dar.

Os óculos de armação fina estavam na ponta do nariz da cabeça que ia se abaixando com o decorrer da declaração. Não tinha mais nem um pouco daquela seriedade inicial, mas havia pura e simplesmente toda a sinceridade guardada por tanto tempo.

O silêncio deixou o loiro de cabelos cacheados ansioso e incomodado. Ao erguer os olhos, eles duplicaram de tamanho ao verem o resultado de suas palavras. Os ombros largos estavam encolhidos e uma das mãos cobria parte do rosto corado.

Barnaby já o viu feliz, abatido, cansado, irritado, desesperado, desconfiado, excitado… Mas nunca pode presenciar o momento em que Wild Tiger estivesse emocionado.

Os olhos quase amarelados pareciam irritados com uma quantidade maior de água em seus cantos. Kotetsu realmente estava chorando?

– Isso foi… - começou fracamente, depois de um suspiro. - A coisa mais linda que eu ouvi nesses últimos cinco anos… - limpou o rosto com rapidez e mostrou o melhor de todos os sorrisos.

Não havia recompensa melhor do que aquela.

Qualquer outro presente, comprado em qualquer lugar, o mais caro e precioso ou o mais simples e sutil, não traria aquela expressão bela no rosto de Tiger. Foi impossível não sorrir de volta.

O loiro ainda tinha muito o que aprender com o outro, principalmente no quesito sinceridade, pois com apenas um sorriso, Kotetsu conseguia transmitir exatamente tudo o que sentia.

– Aw, Bunny, eu te amo tanto…! - dois passos largos e apressados os aproximaram, e o moreno jogou-se para abraçar o amante. - Eu queria que fosse Natal todo sia, só pra você falar coisas bonitas e embaraçosas assim pra mim~ - disse brincalhão, apertando o outro como se fosse um urso.

– Não se acostume, oji-san - respondeu com pouco fôlego pelo abraço apertado, mas aquela pitada divertida de sarcasmo não faltou. - Mas eu tenho certeza que existem muito mais coisas á serem ditas… - disse baixo, para que apenas o justiceiro ouvisse, mostrando o quão impagável era tudo o que fez.

– Oh Deus! O Bunny-chan quando começa á falar, não pára de jeito nenhum! - brincou de novo. O citado se afastou e mostrou um olhar que queria dizer: “quem é que queria mesmo que fosse Natal todo dia?” - Temos o resto do dia para falar sobre o coração. Aliás, eu ficaria feliz em ouvir mais do seu discurso na cama, huhu… - distribuiu três beijos no pescoço alvo do coelho branco, que não apresentou objeção.

A surpresa chegou acompanhada de um quase grito, quando o herói mais novo foi pego no colo, como duas vezes já havia feito com Kotetsu, mas tantas outras aconteceu consigo.

– Você comeu direito hoje? - os olhos cor de mel questionavam os olhos esmeraldas. - Está mais leve do que de costume.

Cinco segundos foram usados para pensar na resposta e repensar suas refeições.

Bunny tinha comido sim, até mais do que deveria. Mas não era isso que o tornava leve.

– Oh - sorriu pequeno, e aninhou-se, circundando o pescoço do moreno. - Não se preocupe, comi bem sim.

Suas palavras haviam tirado muito peso de seus ombros, apesar de ser o coração que se sentia leve.

E foi sendo levado ao próprio quarto carinhosamente, que Barnaby percebeu que o presente de Natal que deu á Kotetsu, não foi apenas para ele. Foi também á si mesmo.

Passaram a madrugada um nos braços do outro, e não havia presente melhor do que o amor que compartilhavam.

O presente perfeito, que proporcionou o Natal perfeito.



Fim


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Notas finais do capítulo

Não tenho muito pra dizer hoje, só que estou SUUUUUUUUUPER feliz em ter feito essa fanfic. Na minha cabeça se passou milhares de possibilidades de lemons pra fechar a história, mas... Não consegui macular uma coisa tão meiga como essa.
Ah! Outra coisa. Tenho certeza que todos repararam na minha necessidade de incluir uma terceira pessoa nas tretas. ADORO a Pao-Lin, minha personagem feminina favorita, e minha terceira de todos, depois do Kotetsu e o Keith. *-* E não sei se notaram, mas não gosto da Blue Rose. /recalque.

Espero que tenham gostado. Obrigada por lerem! E um "talvez na próxima" pra quem esperava lemon - leia-se "um se fode ae pra Mariana". EOUAHOUEHAOUHEOUAHOUEHOUHAE Vou compensar vocês com um lemon bacana na segunda parte de "Feliz Pós Natal!", haha.
Feliz Natal pra todos. ♥♥♥



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