O relógio apontara as horas. Tempo. Ela vinha contando os segundos para que o dia chegasse ao fim mas, não um fim qualquer, seria o fim que antecede um começo. Uma questão de estratégia. O ritmo era lento e gradual, emitia um silêncio dolorido na ponta da língua. A boca que se estreitava em busca de palavras, para sua infelicidade, era atingida desnorteadamente por elas em questão de segundos. Os mesmos segundos que havia contado durante seus dias solitários.

Á beira da cama, lá estava ela. A tal paciência. Desabando seu tempo sobre a pobre menina, ela agia. Calma. Segura. Devagar, levava a eternidade. Esperar. A garota dedilhava os dedos pela boca seca e amargurada pela inutilidade. Mesmo que soubesse as respostas, não havia perguntas.

Os olhos não dizem. Não contam. Não transmitem. Minimamente uma visão, que segue restritamente sua função. Não há erros. Está vazio. O tempo corria para sua existinção interior. Simplesmente. Há solidão e paz que nunca conseguira. Paciência.

Memórias não estavam sendo construídas. Sua espera incessante jorrava dores por seu corpo, que não demonstrara esperança. Algo calunioso. Afinal, a esperança é substantivo próprio de quem se espera. Uma crença fiel do tempo. Tabu da paciência.