Provação escrita por Diana


Capítulo 1
Provação


Notas iniciais do capítulo

Oneshot bobinha Kardia e Dégel

Espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/452459/chapter/1

Provação

Estava retornando de seu caminho da biblioteca na casa de Aquário. Após a morte do grande mestre, Sage, e do cavaleiro de Altar, Hakurei, Atena precisava ainda mais de seus conhecimentos.

Decidira sair um pouco. Espairecer. Direcionou seu olhar para cima, na direção da longa escadaria que levava à sala do mestre e ao templo de Atena. Rapidamente, caiu sob seu olhar o templo de Peixes. Albafica. Uma tristeza enorme invadiu-lhe. O belo guardião do décimo segundo templo teve uma morte honrosa, mas muito cruel.

Olhou para baixo. Capricórnio. El Cid. Fora uma das perdas mais recentes. Arriscou tudo que podia para salvar Sísifo. Suspirou. Entre aqueles dois havia algo mais que amizade, entretanto, o senso de dever de ambos não lhes deixou sucumbir ao mais humano dos sentimentos.

Foi descendo as escadarias, como se uma força o impelisse a ir adiante. Adentrou ao templo agora vazio de Capricórnio. A presença de seu guardião não era mais notada, mas era possível, caso se concentrasse bastante, perceber que seu cosmo ainda não abandonara completamente o local. Era uma forma de encorajar os que ficaram, especialmente Sísifo.

Sísifo... Após a perda de Hakurei, o cavaleiro de Sagitário ficava dia e noite com Atena. Sua fidelidade era incontestável, assim como sua tristeza... Quantos mais teriam que ser sacrificados para que essa guerra santa chegasse ao seu fim?

Asmita... Dohko... Manigold... Aldebaran... Fora outros cavaleiros de bronze e prata... O Santuário, antes tão cheio de vida, nobreza e alegria, se transformava, pouco a pouco, num local abandonado, silencioso e triste... Um local que talvez o deus do submundo desejasse.

Como um raio, um pensamento egoísta invadiu-lhe. Pelo menos, ele ainda estava vivo. Não conseguia imaginar os dias sem sua presença. Por mais que durante seu treinamento de cavaleiro, tentara aprender a ignorar esses sentimentos.... Mas...

Mas, toda vez que via aquele sorriso, enchia-se de alegria... E toda vez que o outro caía em febre e seu coração quente dava sinais de fraqueza, desesperava-se.

- Não é um pouco tarde para visitar os outros? – A voz grave lhe tirou de seus pensamentos. Quando chegara ali?

- Kar...Kardia!

- Ora, e quem mais seria? Perdeu o caminho de casa, foi? Aqui é o templo de Escorpião! – O sorriso debochado... Os cabelos rebeldes... A postura arrogante... Quando deu por si, não conseguia ficar um dia sem desfrutar de sua companhia.

- Desculpe-me. Estava divagando e, quando dei por mim, você me chamou. – Sim, a única voz que conseguia lhe tirar da realidade. Por aquela voz, por aquele homem a sua frente estava disposto a abandonar tudo, até seu posto de cavaleiro. Depois de conhecê-lo, depois de... de se apaixonar por ele, começara a duvidar da bondade dos deuses.

- É, percebo. E parece que continua divagando. – O outro diz e se deita no chão, colocando os braços atrás da cabeça... Olhava as estrelas. Sentou-se ao lado dele e pôs-se a admirar suas feições.

- O que elas te dizem? – O outro pergunta, sem sequer notar que estava sendo observado.

- Hm?

- Dégel, o que elas te dizem? As estrelas! – Só então percebera do que o amigo estava falando. As constelações guias dos cavaleiros sempre ditam os seus destinos. Como o cavaleiro mais sábio daquela época, “ler” as linhas preciosas delas era seu dever. Entretanto, após tanto sangue, tanta tristeza, deixou um pouco essa tarefa de lado.

- Elas dizem que vamos passar por uma terrível provação.

- Ah! Disso já sabemos, não? – Pela primeira vez na noite, seus olhares devidamente se cruzam. Kardia sorri para o amigo. – Afinal, somos cavaleiros de Atena... Não somos do tipo que podem planejar uma felicidade duradoura!

Assustou-se. Era isso o que ele, sempre tão brincalhão, pensava? Não havia um futuro feliz para os guerreiros sagrados? Eles só existiam para proteger a paz e a felicidade dos outros, mas não podem lutar pelas suas?

- Kardia, não deveria dizer isso! Atena quer o nosso bem! – Quando lágrimas formaram em seus olhos? Podia sentir o calor que elas emanavam.

- Atena, sim... Os outros deuses não! – O cavaleiro de Escorpião continuava impassível, olhando para cima. Era como se não se importasse com as lágrimas do outro. Suspirou cansado – Bem, isso não importa... Eu sinto que estou próximo de encontrar o guerreiro que fará meu coração arder até o infinito!

Com orgulho, mostrava a unha vermelha, o ferrão do Escorpião. Seu tesouro. Sua única razão. Amuado, desistiu de conversar. Talvez, ele nunca o entenderia, talvez ele nunca aceitaria os sentimentos que um dia queria ofertar-lhe. Deitou-se e pôs a fitar o mesmo céu que o outro. Acima deles, a constelação de Órion estava praticamente em cima da casa de Escorpião. Lembrou-se rapidamente do mito que envolvia Órion e Escorpião.

- Tudo que quer é gastar sua vida, não é? – Perguntou-lhe, sem dar espaço às lágrimas. Cada vez mais, a certeza de que a sorte não lhe sorrira era evidente. Apaixonara-se perdidamente por aquele homem ao seu lado. Entretanto, como ele mesmo disse, não poderiam planejar uma felicidade duradoura. Poderia estar disposto a abandonar o Santuário, mas Kardia jamais o faria.

- Sim, gastar minha vida. Fazê-la queimar ao máximo.

- Como Antares...

- Como Antares. Mas, mudando de assunto, o que você tanto pesquisa na sua biblioteca? Aquele lugar não pode ser tão interessante assim! – Lançou-lhe um olhar bravo antes de responder.

- Estava pesquisando sobre Poseidon.

- Poseidon? Por um acaso, Atena quer atacar o deus dos mares também? – Já notara o brilho crescer nos olhos do outro.

- Não! Atena busca algo para chegarmos ao Lost Canvas.

- Ah....- Desanimou-se. – Um deus seria um oponente mais que bem vindo!

- Por um acaso tudo que deseja é a morte certa? – Descontrolou-se. Virou-se para o outro com raiva e tristeza. Notou o olhar assustado sobre si, antes do mesmo olhar se transformar em irônico e orgulhoso.

- E o que mais nós, cavaleiros, podemos desejar? A vida? A felicidade? Ora, vamos, Dégel... El Cid, Albafica, Asmita e tantos outros!

- Eles desejavam proteger Atena! – Falava, encarando as estrelas, como se elas pudessem aplacar sua fúria, seu desespero e sua paixão pelo Escorpião.

- Tudo tem um preço! – Não daria o braço a torcer.

- Além de Atena, El Cid desejava, a todo custo, proteger Sísifo... – Era o argumento fatal. El Cid e Sísifo ou Dohko e Shion.

- Sinto muito. – Foi a única coisa que o outro sibilou momentos após a breve discussão.

Não agüentava mais. Após o pedido não muito claro de desculpas, virou-se para o outro e recostou a cabeça em seu peito. Passou a mão pelo peito forte.

- Ei, Dégel! O que está havendo?

Não respondeu-lhe. Apenas debruçou-se sobre o corpo do outro, deixando os cabelos verdes encontrarem a face do outro e se espalharem pelo peito do amigo. Fez seus olhos se encontrarem e se fixarem. Desviou para a boca vermelha. Debruçou-se cada vez mais até diminuir ao máximo a distância entre eles.

Um contato curto foi estabelecido. Fechou os olhos e pressionou os lábios contra os do amigo. Sentiu o outro gelar por um instante até que a língua do cavaleiro roçasse em seus lábios finos. Ofereceu-lhe passagem, que o outro aceitou de bom grado.

Suspiros, gemidos. Sentiu as mãos do outro viajar por seus cabelos e suas costas. Acariciava-lhe o peito e o rosto moreno. As línguas se tocavam, se instigando, num ritmo desajeitado e só deles.

Incontáveis minutos até o contato se abrandar e lentamente os braços do moreno o largarem gentilmente. Os olhos se encontraram novamente. Viu refletido os olhos azuis do outro não mais o escárnio habitual, mas sim carinho e até compreensão...Sorriu e deixou sua testa encostar-se na do outro.

Levantou-se calmamente, vendo o outro fazer o mesmo. Não precisavam mais de palavras. Era o momento que ambos esperavam desde que se conheceram.

- Dégel... – Já ia começar a subir as escadarias rumo a sua morada quando o outro o chamou. Deixou seus olhos se encontrarem e se falarem. – Eu não desejo apenas a morte certa...

- Hm? – Encarou-o um pouco temeroso.

- É egoísmo de minha parte, eu sei... Mas se pudesse escolher, desejaria a morte certa apenas se fosse ao seu lado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?
Até!