Entre Segredos e Bonecas escrita por Lize Parili
#12/03#
— Eu não vou usar isto! — reclamou.
— Ah, vai sim. Nem pense em sair do banheiro enroladinho numa toalha. — referiu Sol diante da porta do banheiro do seu apartamento.
Por conta da chuva forte eles desistiram da pesquisa e foram para o apartamento de Emília. Castiel teria ido embora, mas Maitê, que desceu para abrir a portaria, pois Sol havia esquecido de colocar a cópia da sua chave no chaveiro, não deixou. A chuva estava muito forte e ele já estava encharcado demais para ficar mais tempo debaixo daquele pé d'água. Ela fez os dois tomarem um banho quente para não adoecerem.
— Coloque o roupão! — ordenou Sol segurando o riso, só por imaginar em ver o ruivo trajando seu roupão atoalhado cor de rosa.
— Eu estou ouvindo seu risinho, Emília!
— Para de frescura, veste logo isso e sai daí! Temos que decidir qual das duas receitas que escolhemos vai ser a que vamos usar no concurso, para amanhã cedo fazermos a pesquisa e comprarmos tudo o que precisarmos.
— Que nós escolhemos? — resmungou ele, sentado sobre a tampa do vaso sanitário, nu, olhando para o roupão da garota, que além de rosa era pequeno para ele. — Conjugue este verbo direito. Que vo-cê escolheu!
— Tá, que seja! Agora saia já daí! — ordenou, começando a se irritar. — Minha tia logo estará de volta da lavanderia com suas roupas lavadas e sequinhas. Nem vai ficar muito tempo de r...
— O que foi, nunca viu um garoto sem camisa antes? — a cara de espanto de Emília ao ver o ruivo de peito nu foi um prato cheio para as ironias daquele rapaz de cabelo úmido despenteado e bagunçado. Ele vestiu o roupão como ela pedira, mas como era pequeno soltou a parte de cima, deixando cair sobre o quadril. — Eu sei que sou bonito, mas não precisa perder a fala por isso.
— Eu não vou te contrariar. Vai que é doença! — debochou a jovem, tentando disfarçar que ficou extremamente sem graça diante do ruivo, como se ele não tivesse percebido a cor rubra de suas bochechas.
— Vamos logo decidir entre as duas receitas que "você" escolheu, antes que você fique da cor do meu cabelo! — debochou com um sorriso malicioso, dando-lhe as costas e indo para o sofá, sentando-se.
— Iiii. É doença!
— Cast apenas riu da amiga que foi até a sala de jantar e abriu o livro nas páginas marcadas para ver as receitas, explicando-lhe como eram – ela queria ficar longe dele.
— Eu prefiro o strogonofe de chocolate! — opinou Sol.
— Mas eu prefiro o pudim gelado! — rebateu Cast.
— Mas a outra receita é de mousse de pêssego, e não de pudim! — referiu ela fechando o livro.
— Mas eu escolho o pudim gelado! — sem nem olhar para ela, de braços cruzados, recostado no sofá, como se quisesse apenas relaxar.
— Este pudim não está na escolha, é o estrogonofe de chocolate ou o mousse de pêssego! — enfatizou.
— Eu não sou fã do mousse de pessego e não quero nada com bolacha. Vamos fazer o pudim gelado! — disse ele olhando-a de lado, e ele não parecia estar brincando.
— Aff's... Você só pode estar de brincadeira!
— Quem está de brincadeira é você, iluminada, que quer decidir sozinha sobre o que NÓS vamos fazer! — reclamou postando-se no sofá de modo a ficar de frente para ela. Sua cara era de poucos amigos.
— Em primeiro lugar, é SOL e não iluminada. Para de graça com meu nome! — ralhou e antes que ela dissesse mais alguma coisa ele a rebateu.
— É tudo a mesma coisa!
— É e não é! — rebateu de volta.
— Ou é ou não é. Decida-se! Sai de cima do muro! — Ele queria perturbar a garota com uma única intenção.
— É a mesma coisa porque o sol ilumina, mas o meu sobrenome é Solles, Sol-les! Por isso meus amigos me chamam de Sol. ENTÃO PARA DE GRAÇA COM MEU NOME E ME CHAME DE SOL! — ter sua permissão para chamá-la de Sol, pois isso significava que eram amigos e não apenas colegas de classe. Mas ele nunca pediria, nem perguntaria.
— Ok, já que insiste. — disse com um sorrisinho, satisfeito. — Nós vamos fazer o pudim gelado, Soolll!
— Mas eu quero fazer o strogonofe de chocolate! — bateu o pé, irritada. — Esquece esse pudim gelado, deve ser uma droga, já começa pelo nome, pudim gelado, como se pudim fosse quente.
— Pode esquecer você, esse farelo de bolacha com brigadeiro no copo. — impôs-se levantando do sofá, indo na direção dela. — E é pudim gelado porque ele parece que está congelado! — contou.
— Piorou. Não estamos no verão para comer sobremesa congelada!
— Deixa de ser bête[1], ele tem a aparência de congelado por causa da gelatina sem sabor. — contou sem saber se ficava irritado ou tirava sarro da cara de Emília, que já estava mais que nervosa com ele.
— Não me chame de bête, ou eu te chamo de neandertal... — ralhou ela, finalizando a frase quase que se emudecendo. Cast parou bem de frente para ela, a menos de um palmo; ela podia sentir o cheiro do sabonete líquido de sua tia na pele dele.
— Então chama! Quero ouvir! — pediu, calmo e altivo, quase que coladinho a ela, cujo perfume adocicado do xampu que ela usou para lavar os cabelos invadiu suas narinas. Ele pôde sentir seu próprio coração bater mais rápido.
"Eu devia ter dado a ele o roupão azul da minha tia, como ela mandou!" — pensou ela, que quis sacaneá-lo e o tiro pareceu sair pela culatra.
— C-Como é esse ta-al pudim, afinal! — cedeu, com a vista voltada para o lado, pois se olhasse para cima fitaria o rosto do ruivo, para frente o peito dele, para baixo, o ventre envolto apenas por um roupão atoalhado cor de rosa e pequeno para ele, cujas coxas grossas não passaram despercebidas ao seu olhar enquanto ele caminhava em sua direção. Cast tinha razão, ela ficou da cor do cabelo dele.
— Posso saber o que vocês dois estão fazendo?
De tão distraídos com suas rusgas e receitas não ouviram Maitê entrar com o cesto de roupas secas nos braços. Ela estava calma, mas seu tom de voz já dizia tudo, se a explicação não fosse convincente, estariam encrencados.
— Por que seu roupão está pela metade, Castiel? — Agora era o ruivo que estava da cor do próprio cabelo.
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[1] Bête: burro, idiota, bobo, tapado