Entre Segredos e Bonecas escrita por Lize Parili


Capítulo 2
Antes da volta às aulas.


Notas iniciais do capítulo

Aqui realmente inicia a história. Espero que gostem.

Inicialmente a história é leve, mas posteriormente, quando a trama começar a se desenrolar, vocês conhecerão a mente, o coração e a vida de todos os personagens da história e não apenas da protagonista. Vocês descobrirão que eles são como nós, que têm problemas, medos, dúvidas, inseguranças e que nem sempre sabem o que fazer diante determinada situação e cometem erros, assim como em alguns momentos, se mostram mais responsáveis do que realmente parecem.

(Aproveitando que estou sem PC para revisar e fazer as devidas adaptações - 01/11/16)



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# 10/01 #

Janeiro, mês em que a branca, macia e gelada neve toma conta de boa parte da Europa. Enquanto muitos turistas lotavam as cidades esbranquiçadas, outros tantos lotavam as cidades onde a neve caía como chuviscos no verão, sujando ruas, telhados e os capôs dos carros, mas nada além disso. Cidades como a badalada Nice, localizada no litoral sul da França, na região da "Cote d'Azur", onde o inverno não era dos mais intensos e as pessoas, quando queriam sentir os ossos congelarem e os pés afundarem na neve precisavam fugir para os Alpes Marítimos em busca de alguma estação de esqui.

A quinzena de férias de Natal e Reveillón havia terminado fazia quatro dias, mas devido a uma reforma, os alunos da Sweet Amoris, umas das instituições de ensino particular mais bem conceituada da região puderam estendê-la por mais uma semana, então só retornariam as suas práticas estudantis no 14º dia daquele mês, o que lhes dava mais quadro dias para curtir as férias. Tudo bem que até as férias de inverno, que naquele ano cairia na segunda quinzena de fevereiro, eles teriam que ir à escola às quartas feiras, para repor a semana "perdida". Mas para aqueles alunos, cujo único desejo, era estender a curtição e preguiçar o máximo que pudessem antes de encarar o 2º semestre do ano letivo, valia o sacrifício.

Mas nem todos os jovens daquela escola puderam gozar toda aquela semana extra de férias, tendo que retornar para a escola na 5ª feira, três dias (letivos) antes dos outros, pois se voluntariaram, por livre e espontânea pressão da diretora, a Sra. Shermansky, a organizar a escola antes das aulas recomeçarem, pois alguns dos funcionários estavam de férias.

Nathaniel, um dos alunos mais responsáveis da Sweet Amoris, se não for o mais, como presidente do Grêmio Estudantil - e braço direito do Coordenador Pedagógico da escola - não era voluntário. Assim como os demais funcionários, desde que assumiu a gestão do grêmio, no último ano do collège, ele voltava antes que os demais alunos para organizar a documentação, - salvo no verão, pois oficialmente seu contrato findava com o final do ano letivo - pois suas funções como presidente do grêmio se resumia em separar, vistoriar e arquivar os documentos do colégio, desde os prontuários dos alunos, professores e demais funcionários, aos documentos acadêmicos, como provas, grade curricular, boletins, documentos dos clubes, entre outros, reportando-se diretamente à equipe gestora da escola, função esta que lhe rendia uma bolsa integral.

Na verdade, o presidente do grêmio não poderia ter acesso a maioria destes documentos. Nathaniel era uma exceção naquele cargo. Suas habilidades administrativas, seu comprometimento e principalmente, sua discrição deram a ele tamanho grau de responsabilidade e confiança.

Para Nathaniel ser considerado pela equipe profissional da Sweet Amoris como "o aluno de confiança", um dos pouquíssimos a ter atribuições tão importantes no grêmio desde que o S.A. foi fundado, há 25 anos, era gratificante e ao mesmo tempo um fardo, pois enquanto os profissionais que trabalhavam naquela escola viam nele um garoto em quem podiam confiar seus documentos, a maioria dos alunos via nele alguém para se desconfiar, um delator, um puxa-sacos, o queridinho dos professores e da diretora, mesmo ele tendo, por diversas vezes, dado provas que não era assim, colocando seu cargo e sua bolsa em risco por acobertar os colegas e até por fazer vista grossa em muitas situações que na certa resultariam em algum tipo de punição mais grave, como suspensões.

Além de Nathaniel, Melody, a representante de uma das turmas dos alunos do último ano do collège, por ser sua assistente, função que executava com muita dedicação, também teve que voltar mais cedo.

Entre os voluntários estava Lysandre, um dos alunos mais calmos e reservados da Sweet Amoris, porém, não era dos mais sortudos. A diretora o incumbiu de organizar os livros da biblioteca, que recebeu uma grande doação nas férias e precisavam ser catalogados e colocados nas prateleiras. O grande problema é que Lysandre tem déficit de memória curta, além de ser muito distraído, e foi sua distração que o levou para a escola mais cedo, ele esqueceu que no último dia de aula os voluntários seriam escolhidos e ficou na escola por mais tempo, procurando seu bloco de notas, sendo visto pela diretora e assim, escolhido.

Se ele mal conseguia manter seu bloco de notas no bolso, perdendo-o com frequência, quanto mais diversos livros na biblioteca.

Como se não bastasse, Ambre, a patricinha mais metida e folgada do collège também foi enviada para a biblioteca, porém, como punição por ter aprontado na confraternização de fim de ano da sua turma. Além de perdido entre tantos livros, Lysandre estava bem arrumado com a ajuda da Ambre. Se ele pudesse, teria se perdido junto com seu bloco de notas, que por sinal, já havia perdido novamente e não tinha ideia de onde poderia estar.

Castiel era o voluntário mais estressado. Ele, Charlotte e Li, duas patricinhas folgadas, foram enviados para a coordenadoria da escola, sendo encarregados de organizar dois dos clubes da Sweet Amoris. As garotas eram amigas da Ambre e estavam ali pelo mesmo motivo que ela, punição, Li por ter ajudado a amiga a aprontar na confraternização e Charlotte por não participar, praticamente o semestre todo, dos encontros no clube a qual estava inscrita. Castiel já estava ali por enrolar demais para voltar para a sala de aula todas as vezes que saía para ir ao banheiro ou beber água. Apesar de ter presença nas aulas, por responder a chamada, perdia boa parte delas nas suas saidinhas, então, não pôde negar o voluntariado. Era isso ou vários trabalhos para compensar suas "ausências".  

Tanto Li quanto Charlotte não queriam fazer nada e tudo acabaria sobrando para o Castiel se ele não fosse um carinha de marra, obrigando as duas a ajudarem, sendo que elas se encarregaram do clube de jardinagem, enquanto ele se encarregou do clube de basquete.

Logo no primeiro dia de trabalho Castiel se estressou com a Charlotte, que ao invés de ajudar, passou a manhã inteira sentada no banco do pátio lendo a Vogue.

— E ai Charlotte, vai colocar a mão na massa, ou não? — ralhou ele, com as roupas sujas de poeira e louco por alguma besteira para comer, pois já passava das 13 horas e ele caiu na besteira de torcer o nariz para o almoço por não gostar de espinafre, quanto mais de lasanha de espinafre. — Eu me matando no ginásio, fazendo o levantamento do material e você aqui, lendo uma porcaria de revista!

— Não enche, Castiel! — respondeu ela, grosseiramente, desfolhando a revista. — Eu que não vou sujar as minhas roupas limpando aquela selva. Vá você fazer isso se quiser, afinal quem está com problemas de presença é você, e não eu! — ironizou, deixando o rapaz, irritado.

— EEEEIIII! DEVOLVA ISSO! — gritou ela ao ter a revista arrancada de suas mãos de forma brusca.

— EU NÃO SOU UM DOS NOOBS[1] QUE VOCÊ E SUAS AMIGAS COSTUMAM ZOAR PELOS CORREDORES DA ESCOLA! — lembrou-a aos brados, enquanto rasgava a revista. — NÃO TENTE BANCAR A ENGRAÇADINHA COMIGO, OU VOCÊ VAI CONHECER UM LADO MEU QUE NEM EU GOSTO, QUANDO MAIS VOCÊ! — jogando-a no cesto de lixo.

Charlotte olhava para Castiel, assustada. Ela sabia que ele era pavio curto e embora não soubesse de nenhum incidente mais agressivo dele com alguma aluna da escola, preferiu não arriscar.

— Ok, ok! Não precisa se estressar, esquentadinho! — resmungou, indo para o clube de jardinagem. — Mas antes eu vou procurar a Li, que foi até a secretaria pegar algumas folhas para fazer o levantamento do material e não voltou.

— Pode deixar que eu mesmo vou atrás dela! — enfatizou ele, pois sabia que se Charlotte fosse atrás da amiga, ambas lhe dariam um perdido. — Vá para o jardim e faça o seu trabalho, antes que eu mesmo te leve até lá!

— Já estou indo! Mas antes vou trocar de roupa. Não quero sujar o meu look!

— Se você procurar direito encontrará algum avental no meio daquelas plantas, afinal, aquilo é um clube de jardinagem. — ironizou Castiel, de braços cruzados e a cara amarrada enquanto a colega de turma caminhava na direção do jardim, resmungando baixinho com medo dele a ouvir.

— Estúpido! Não precisa falar comigo deste jeito! Não sei o que a Ambre viu em você.

— ESTÁ RESMUNGANDO O QUÊ, CHARLOTTE? — bradou, ouvindo-a, mais para assustá-la, conseguindo, pois ao ouvir seu brado ela se calou a apertou o passo para o jardim. Ele riu e foi atrás da Li na secretaria, encontrando-a sentada no sofá da recepção, retocando a maquiagem. Ele ficou tão irritado que tomou seu batom e seu espelho, jogando-os na lixeira.

— Seu imbecil! Tem ideia do quanto custou este batom e este espelho? — reclamou a chinesinha vaidosa, levantando do sofá. — Você vai me comprar outro!

 

— Eu vou é te dar uns cascudos se não for ajudar a Charlotte agora! Sua folgada! — ralhou o rapaz, e Li não questionou, pois se tratando do Castiel era melhor não pagar pra ver, embora não acreditasse que ele seria capaz de tal coisa. Ela pegou sua bolsa e foi para o clube de jardinagem, a passos largos.

— O que foi isso, Castiel? — perguntou Lysandre ao melhor amigo, que estava na secretaria pegando a lista dos livros recebidos na biblioteca, para conferência. — Eu nunca vi você falando assim com uma garota! Você seria mesmo capaz de bater nela?

— Não diga besteiras, Lysandre! — respondeu o rapaz, cujos cabelos vermelhos contrastavam com seus olhos acinzentados. — Você sabe o que eu penso sobre homens que agridem mulheres. Um bando de fils de chienne covardes! — afirmou. — Mas elas não precisam saber disso. — disse aos risos.

— Mas e você, o que faz na secretaria? — perguntou ao amigo, que àquela altura já estava com os prateados cabelos, quase brancos, cinza e sem brilho de tanto tirar pó de livros velhos. — Pelo que eu sei você tem muito trabalho na biblioteca, procurando livros. — ressaltou, caindo na gargalhada, pois sabia que ele mal conseguia encontrar o seu bloco de notas, quem diria os livros da biblioteca.

— Não ria da minha situação, Castiel! — resmungou Lysandre, que apesar de não ter gostado do deboche do amigo, não era do tipo que brigava ou discutia por pouca coisa. — Já basta a Ambre me atrapalhando.

— Desculpe-me, Lysandre. Foi uma brincadeira. — justificou-se. — Mas foi engraçada, admita.

Embora Lysandre estivesse visivelmente desanimado, ele acabou rindo, pois não tinha como negar a si mesmo que ele não era o mais indicado para arrumar os livros na biblioteca.

— Nem me lembre do meu bloco de notas. Não faço a mínima ideia de onde o deixei. — comentou, com seus olhos bicolores perdidos, indicando que ele tentava buscar em sua memória alguma pista do seu tão precioso caderninho.

— Mas e a Ambre, ela não está ajudando? — perguntou Castiel, que sabia o quanto a loira era desagradável.

— Ela ajudaria mais se sumisse da biblioteca. Mas me contento em vê-la desfolhando as revistas de moda. Pelo menos não me perturba. E é melhor eu voltar para lá, antes que ela resolva procurar algum livro sobre moda no meio dos que eu já separei.

— Eu vou até a lanchonete da esquina comprar um x-burguer. Quer que eu te traga alguma coisa? — perguntou, mas Lysandre não quis nada. Ele não adorava a lasanha verde que as cozinheiras da escola preparavam, mas também não achava das piores. Era como as servidas em qualquer restaurante popular, bem preparada, mas sem o toque especial dos grandes chefs.

Após se despedirem cada um seguiu seu rumo, Cast em busca de algo "saboroso" para matar sua fome e Lys devolta aos seus afazeres; mas a poucos passos da biblioteca este lembrou que havia esquecido a lista sobre o balcão da secretaria, voltando para pegar sem nem tocar na maçaneta da porta da sala dos livros, encontrando Melody no caminho com a lista na mão.

— Obrigado, Melody. — agradeceu, meio que sem graça. — Eu já perdi a lista que o Nathaniel me deu pela manhã, se eu perdesse essa não ia ter coragem de ir na secretaria pedir outra. — comentou, mas Melody sorriu e disse que se ele precisasse de outra lista era só pedir para ela. Ninguém ficaria sabendo. Lysandre agradeceu novamente, desta vez com um sorriso.

— Até que enfim você voltou! — ralhou Ambre assim que Lysandre entrou na biblioteca. — Onde você esteve afinal de contas?

— Por que ele está tão interessada em saber aonde eu estava? — ironizou o rapaz, que não estava muito afim de papo com a patricinha. — Vá ler uma revista de moda e me deixe trabalhar!

— Este é o problema! — reclamou Ambre, indignada, possessa. — A diretora esteve aqui e me pegou lendo a Vogue, e adivinhe só, ela tomou a minha revista e disse que ia colocá-la no meu prontuário, com uma observação bem grande caso eu não começasse a trabalhar! — contou. — Então diga logo, o que eu tenho que fazer!

— Nós temos que conferir os livros que chegaram de doação, catalogar no sistema da biblioteca, separar por categoria e arrumar nas prateleiras corretas. — explicou o rapaz, mostrando a lista para ela.

— O que é isso? Quantos livros! — espantou-se a garota ao contar dezessete páginas constando os dados de cada livro. — Você insere os dados no sistema, eu confiro as caixas. — propôs ela, tentando se livrar de ficar os três dias inteiros sentada diante do computador da biblioteca. Mas assim que abriu a primeira caixa e sentiu o cheiro de livro velho e empoeirado, se arrependeu.

— Mas que droga! Só tem livro velho nesta caixa! — bradou ela, limpando as mãos. — E estão cheios de pó!

— Mas é claro, Ambre! São doações que vieram de uma biblioteca particular. — contou Lysandre, explicando que os livros pertenciam a um senhor que falecera. Os filhos haviam doado.

— Eu em! Para ter tantos livros ele não devia ter vida social. — comentou a loira, com desdenho.

— Se você quer mesmo saber, Ambre. Ele era ator e diretor de teatro e muito conhecido no meio. — contou Lysandre, indignado com a futilidade da loira, que não quis saber de mais conversa. Ela queria terminar logo tudo aquilo, pois queria sua revista de volta.

— E quer saber, eu vou digitar! — impôs-se ela, tomando a lista das mãos de Lysandre. — Eu não vou me sujar toda de pó, como você.

Lysandre não se fez de rogado. Ele preferia se sujar de pó do que ficar sentado na frente do computador digitando todos aqueles dados. Na certa estava se livrando de dores nos dedos.

Enquanto isso, no grêmio, Melody separava alguns documentos, colocando-os em ordem alfabética. Já Nathaniel estava na secretaria separando alguns prontuários para atualizar os dados, tendo que dar uma pausa para atender uma mulher de cabelos longos e violáceos que chegara no balcão.

— Eu posso te ajudar em alguma coisa, senhora. — perguntou ele, com um sorriso tranquilo nos lábios.

— Sim, obrigada rapaz! — respondeu ela tirando uma pasta de sua bolsa tamanho família. — Eu vim fazer a matrícula da minha sobrinha! — entregando-lhe um envelope de documentos.

Nathaniel abriu o envelope para conferir os documentos e deu por falta das fotos. Maitê procurou na pasta e como não achou virou a bolsa sobre o balcão da secretaria, tentando encontrar o pequeno envelopinho com as duas fotos. Ao perceber a bagunça que fizera sobre o balcão e ver que o rapaz a sua frente sorria discretamente, por ser educado demais para rir, ela riu de si mesma enquanto voltava sua bagunça para dentro da bolsa.

— Eu sou louca assim mesmo, mas sou inofensiva, eu juro. — brincou ela com um sorriso largo, sorriso este que despertou uma rápida curiosidade no rapaz, pois lhe pareceu familiar. Mas de onde? Essa era uma curiosidade que ele não ia sanar, ela estava ali para matricular a sobrinha e como ele não era funcionário da escola e sim um simples presidente de grêmio, não podia atender o público, então chamou Alícia, a agente admistrativo para atendê-la, mas esta estava tão ocupada pelas colegas estarem pela escola fazendo outras coisas, que pediu a ele que efetuasse a matrícula e depois só colocasse sobre a mesa dela para ser inserida no sistema, lembrando-o, claro, de não dizer que era aluno, pois ela poderia, e com razão, reclamar.

— Então. Eu esqueci das fotos. Terei que te trazer depois.

— Eu não posso efetuar a matrícula sem as fotos. Sinto muito, mas é uma regra interna da escola.

Maitê entendeu, mas dali ela já viajaria para buscar a sobrinha. Se não fizesse a matricula naquele momento, só na semana seguinte. 

— Eu não me importaria em fazer a matrícula na segunda feira, mas tenho até hoje para fazer isso. Minha irmã conseguiu a bolsa com muita dificuldade e eu acabei deixando a matrícula pra última hora, por causa do trabalho. Se eu não efetuar hoje, minha sobrinha perderá a bolsa.

— Entendo... Olha, vou abrir uma exceção, para ajudá-la, mas por favor, preciso que traga as fotos na 2ª feira e entregue diretamente para a agente Alícia, antes mesmo da sua sobrinha se apresentar na sala de aula.

— Muito obrigada, rapaz. E não se preocupe, minha sobrinha te entregará as fotos na 2ª feira, sem falta. — prometeu. Ele sentiu que podia confiar naquela mulher.

— A senhora tem uma procuração dos pais dela? É preciso para que possa assinar a matrícula por eles.

— Não se preocupe. Eu tenho a guarda provisória dela. — contou, pegando o documento da sua bolsinha de documentos, pois havia esquecido de colocá-lo na pasta com os outros documentos. — Minha irmã está de mudança para Londres com o esposo, a trabalho, e ela vem morar comigo.

Minutos depois a jovem Srta. Solles estava matriculada na Escola Secundária Sweet Amoris, uma escola bem diferente da que ela estudou desde o Maternalle. Ela teria que se dedicar muito para manter suas notas altas e assim, manter a bolsa. Maitê se despediu e pegou a estrada e Nathaniel entregou a ficha de matrícula e os documento da nova aluna para Alícia, que ficou nervosa ao ver que não tinha foto.

— Cadê as fotos, Nathaniel?

— Ela esqueceu, mas pedi que ela trouxesse na 2ª feira sem falta e entregasse diretamente pra você.

— Como assim? Você não podia ter feito a matrícula sem as fotos! Sabe que é uma norma da escola. — repreendeu-o. — Que merda! A Marieta vai falar um monte no meu ouvido e a Shermansky vai me matar!

Ele odiava cometer erros e mais ainda, que outra pessoa pagasse por aquilo. Porém, como ele ia saber que não podia abrir exceções para uma foto? Outros documentos como certidão de nascimento e a C.I. - Carte Nationale d'Identité ou Carte d'Identité - tudo bem, são de suma importância, mas uma foto!? Por mais que ele conhece todas as normas e regras daquela escola, que conhece o trabalho e até ajudasse com os documentos dos alunos, ele não atendia o público e nem recebia documentos incompletos; tudo já chegava a mão dele pronto, só para ele fazer o que lhe competia.

— Me desculpe, Alícia. Eu não pensei que fosse dar tanto problema, por ser só uma foto.

— Você me ferrou, sabia!? ... Ah! Quer saber, esquece! A culpa foi minha por ter pedido para você fazer a matrícula.

— Eu vou dizer a Marieta que o erro foi meu. Você não tem que escutar por minha causa. — ele estava chateado pelo erro, mas estava começando a se incomodar com a rispidez dela.

— NÃO! Se ela souber que eu pedi pra você atender aquela mulher eu to duplamente ferrada. Vamos fazer o seguinte, vou inserir os dados da aluna no cadastro e você já leva o prontuário dela pro grêmio, pra separar material, ficha de apresentação e o que for de praxe. Como não existe a obrigatoriedade daquelas duas assinarem as fichas novas no mesmo dia, posso deixar a dessa aluna para elas assinarem depois que a menina trazer as fotos.

Nathaniel não disse nada, apenas esperou ela terminar de inserir os dados, pegou o prontuário e foi para o grêmio. Tinha horas que não valia à pena ajudar. Pena que ele ainda não era muito bom em dizer não, mesmo quando lhe pediam para fazer algo que não competia a sua função de presidente do grêmio.

 

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Notas finais do capítulo

[1] Noob - gíria francesa para idiota. Bouffon é outra gíria para idiota.

obs. Os prontuários dos alunos são assinados pela(o) secretária(o) e gestor(a) da escola.

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Como a cidade do jogo é litorânea, ambientalizei a história em Nice, cidade portuária do litoral sul da França, localizada na região da Côte d'Azul (Costa Azul), nas margens do mar mediterrâneo.
Ela é a 5ª cidade mais populosa do país e a capital do departamento dos Alpes Marítimos, tendo 346 251 habitantes, a 2ª maior cidade francesa na costa mediterrânica e a 2ª maior cidade na região de Provença-Alpes-Costa Azul, depois de Marselha. Nice também está a cerca de 13 km de Mônaco e seu aeroporto é uma porta de entrada para o principado. Na história eu utilizo locais verdadeiros, deste uma praça a um restaurante, como também criei lugares fictícios, como a escola, um teatro, etc.

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Na França, o ano letivo inicia entre o final de setembro e começo de outubro, no outono. Mas no inverno eles tem 4 semanas de férias, sendo 2 semanas para o Natal e Ano novo e 2 semanas entre fevereiro e março. A França é dividida em 3 regiões, A, B, C e o início e término de ano letivo, alguns feriados e férias escolares podem acontecer em dias diferentes. Nice faz parte da zona acadêmica B e Paris da C.
O calendário escolar de Nice segue esta ordem:
• Inicio do ano letivo no final de setembro (com base no calendário de 2013)
• Férias da Toussant (feriado), 2 semanas de férias entre outubro e novembro
• Férias de Natal, 2 semanas
• Férias de inverno, 2 semanas entre fevereiro e março
• Férias de primavera, 2 semanas em abril
• Férias de verão, 2 meses inteiros de férias, julho e agosto

[1] O sistema educacional da França numera as séries na ordem inversa, ou seja, aqui no Brasil as séries contam do 1º ao 9º ano do EF e depois do 1º ao 3º ano do EM, na França ele é subdividido em ciclos, da seguinte forma:

Infantário (nossa Educação Infantil)
Idade............ nomenclatura
2 a 6..............Jardim de Infância.....École maternelle
Ciclo 1 – Elementar e Médio (nosso EF I)
Idade............. nomenclatura
6-7..................primária 1..................CP (cours préparatoire)
7-8..................primária 2..................CE1 (cours élementaire)
8-9..................primária 3..................CE2 (cours élementaire)
9-10................primária 4..................CM1 (cours moyen)
10-11...............primária 5.................CM2 (cours moyen)
Ciclo 2 – Collége (nosso EF II)
Idade............... nomenclatura
11-12...............6° ano, 1º ano do collège..................6ème
12-13...............7° ano, 2º ano do collège..................5ème
13-14...............8° ano, 3º ano do collège..................4ème
14-15...............9° ano, último ano do collège............3ème
Ciclo 3 - Lyceé (nosso EM)
Idade............... nomenclatura
15-16...............10° ano, 1º ano do lyceé...................2ème
16-17...............11° ano, 2° ano do lyceé..................1ère
17-18...............12° ano, último ano do lyceé (B e T).....Terminale
18-19...............13º ano, ultimo ano do lyceé (Pro).........Terminale
(O Lyceé pode ser bacharelado (geral), tecnológico ou profissionalizante. Há escolas que tem 1, 2 ou os 3 tipos de ensino. No 1º ano o aluno escolhe se quer fazer Bac, Tec ou Pro. G/T cursa junto, mesmas matérias, o Pro é turma separada. No 2º ano o Bac. é separado do Tec. O aluno pode optar em mudar de um para o outro neste ano, depois não dá mais. Os cursos profissionalizantes tem 1 ano a mais no terminale, totalizando 4 anos de Lyceé). Algumas disciplinas do Lyceé podem ser aproveitadas no curso superior, se forem da mesma área, diminuindo o tempo na faculdade.

Em ESB, a Sweet Amoris só tem o Bacharelado, para possibilitar a interação entre os personagens.

Assim como no Brasil, a França também tem o que é chamado de idade de corte e lá ela segue a seguinte regra: Para cursar o CP (primária 1), a criança tem que completar 6 anos até o dia 31 de agosto daquele ano letivo. Já, os que completam 6 a partir do dia 1º de setembro, continuam por mais 1 ano no maternalle, indo para o 1º ano no ano seguinte.