Entre Segredos e Bonecas escrita por Lize Parili


Capítulo 187
Às vésperas das férias de primavera.




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# 11/04 #

Leigh não costumava atrasar suas encomendas. Na maioria das vezes ele sempre terminava um ou dois dias antes do prazo estipulado por ele mesmo, mas daquela vez foi diferente. Os dias que não conseguiu trabalhar por causa do irmão o levou a recusar alguns pedidos, por saber que seu tempo havia sido comprometido. Ele perdeu alguns euros, mas desta forma conseguiria cumprir seus prazos e não perder algo mais precioso, sua credibilidade com as clientes. Mas apesar do irmão estar seguro e em casa, sua preocupação não findou. A conversa que teria com seus pais naquele feriado de Páscoa, sobre a situação do caçula, o deixou ansioso e isso afetou seu rendimento. Sua mente perdia o foco da costura constantemente e quando dava por si estava pensando sobre aquilo, no que dizer aos pais para convencê-los de que o melhor para o Lysandre era continuar morando com ele, em Nice. Tudo lhe vinha à mente: os amigos, a escola, as oportunidades que a região oferecia...

Não tinha como viajarem naquela noite de 5ª feira, como planejado, para passarem o feriado completo com os pais. Aquele ano eles não veriam a encenação da Paixão de Cristo com a família no centro da cidade. Aqueles vestidos tinham que estar prontos para a última prova na 3ª feira, depois ao feriado[1] e ele não ia levar trabalho para a fazenda. Seus pais não gostaram muito daquilo, mas entenderam.

Mais uma vez ele passou metade da madrugada acordado.

 

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Depois de trocar a água e colocar ração na tigela do Dragon, Castiel passou numa delicatessem e comprou uma torta holandesa, indo em seguida para o sobrado do Lysandre, que o tinha convidado para o jantar.

 

***

 

— Você tem certeza que não quer que eu fale com o Leigh? — perguntou Cast, assim que o estilista voltou para o ateliê, mais confiante de que ele deixaria o irmão ir a inauguração do rock bar. — Como vocês não vão mais viajar hoje...

— Castiel. Nós já falamos sobre isso. Então não vamos voltar a esse assunto. Está bem!?

— Porra, Lysandre. Tá certo que você pisou na bola. Até eu fiquei énervé[2] contigo, mas cara, amanhã pode ser seu último dia aqui. Então por que passá-lo preso em casa se você pode ir ao bar comigo?

Lysandre não queria passar seu - possível - último dia enfiado em casa, mas não ia pedir nada ao irmão e isso já estava decidido. Até porque, ele não tinha coragem. Se o Leigh dissesse não, e ele tinha certeza que o irmão negaria, ia se chatear e ele queria evitar mais uma frustração.

— Eu sei o que você quer, Castiel, e agradeço. Mas não vou criar expectativas em cima de uma coisa que eu sei que não vai acontecer. E você ficar insistindo nisso me chateia. Já é difícil fingir que está tudo bem, que eu não estou com medo dos meus pais não voltarem atrás, então... por favor... para de me instigar com esse show. — pediu. — Eu já vou... p-perder muita coisa... nesse feriado... Então... n-não me ofereça algo que eu não posso ter.

 — Ah... Eu vou pegar um pedaço de torta. — Castiel sabia quando era hora de parar. Os olhos do amigo começaram a avermelhar e sua expressão entristeceu, e não seria ele a fazê-lo chorar.

Lysandre deu um suspiro penoso, fechou os olhos e passou os dedos sobre eles, apertando-os, para evitar que começassem a lagrimejar, depois virou o notebook para si e voltou à atenção para os vídeos de música.

De volta ao quarto o ruivo colocou o prato do amigo com a fatia de torta sobre a escrivaninha e como se nada tivesse acontecido, largou-se na cama.

— Então Eduardino. Liga logo esse som que eu quero ouvir nossas músicas. — pediu, garfando a torta. — Da próxima vez a gente vai fazer um vídeo descente. Quero postar na internet.

Lysandre apenas sorriu. Será que haveria uma próxima vez? Ele esperava que sim, independente de onde estivesse morando.

 

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— Tia. Cadê seu rolo de papel de presente? Quero encapar uma caixa.

— Está na última gaveta do meu guarda-roupa, no fundo, atrás das pastas de documentos.

Emília foi ao quarto da tia, sem nem perguntar se ela precisava de ajuda para fazer o jantar, e pegou o rolo com vários papéis usados. Por sorte sua tia tinha o hábito de guardar alguns papéis e embalagens de presentes para reutilizar. Enquanto ela encapava com cuidado uma caixa velha de sapatos, ouvindo as músicas românticas das suas cantoras favoritas, lembrava da textura dos lábios do Nathaniel, do toque dos dedos dele em seu rosto, do cheiro dele...

"Que perfume será que ele usa?" Pensou, sorrindo como uma criança que acabara de ganhar o brinquedo que tanto queria.

Assim que terminou, encapando inclusive dentro da caixa, ela foi até sua cama, sentou-se, colocou a caixa no colo e começou a guardar algumas coisas dentro, começando por um marcador de páginas, lembrando de quando o ganhou do Nathaniel, no dia em que o conheceu. Ela o achou tão bonito, mas nunca passou por sua cabeça que se apaixonaria por ele, afinal, era só um garoto bonito, educado, prestativo... Ao se perceber lembrando de todas as qualidades do, agora, namorado, riu sozinha, como uma criança feliz.

Para dentro da caixa também foram o clipe com o enfeite de gatinho, que novamente bancando a boba, beijou antes de guardar, depois o bilhetinho dobrado de forma especial e que ela abriu e releu a mensagem [ESB cap.43], sorrindo quando os olhos encontraram a parte, para ela, mais importante:

[... Ah... Outra coisa, mais importante...

A S.A. ficou vazia sem você... Senti sua falta pelos corredores... De frente à porta do grêmio...

Estou com saudades!...]

Mas foi o último bilhete que fez seus olhos lagrimejarem novamente. Ler novamente aquelas palavras lhe trouxe de volta a emoção que sentiu quando o abriu na sala de aula e leu: "Sol, minha gatinha confusa". O coração dela parecia querer explodir. Ela não resistiu, tirou uma foto do bilhete e mandou para certo grupo do Whats, com os dizeres: "Estou namorando", rodeado de coraçõezinhos. Em menos de 5 minutos o celular dela tocou. Assim que atendeu, mal conseguiu dizer alô, pela amiga nem ter dado chance, querendo que lhe contasse tudo. Ana não ia se contentar em trocar mensagens por aplicativo e se pudesse ela se teleportaria até o quarto da amiga só para abraçá-la, feliz por, enfim, ter se resolvido com o Nathaniel. Mila enviou uma mensagem e ao receber como resposta:

Oi Mi. Espera só um pouquinho que já falo com você. Estou no telefone com a Ana. > não gostou e registrou isso em mensagem:

Isso mesmo suas FDC[4], me excluam dessa conversa. Pra choramingar, minha atenção serve, mas quando a coisa fica boa me deixam de lado. DESLIGUEM LOGO A PORRA DESSE TELEFONE E VENHAM CONVERSAR NO GRUPO! >

Sol riu e encerrou a ligação, passando a conversar com as amigas por mensagens de áudio. Ela parecia estar num interrogatório policial. E enquanto conversavam ela colocou seu diário na caixa e fechou, cujo último registro ocupou quase três páginas, sendo o relato detalhado daquele final de período escolar, da hora em que ela leu o bilhete ao momento em que se despediu do namorado, com um beijinho rápido na portaria do seu prédio, com receio de alguém os ver e contar a sua tia antes dela.

 

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— Nathaniel. — chamou-o depois de bater na porta, sem abri-la. — O jantar está pronto! Não enrola pra descer, porque eu estou com fome!

A chata da irmã não ia tirar a alegria dele, não naquele dia. Ele terminou de se vestir e desceu, encontrando-a a sua espera, junto com os pais, sentados à mesa de jantar. O cheiro do "riz sautè" com "magret du canard" estava bom. Nada como arroz frito com filé de peito de pato para melhorar ainda mais aquele dia.

Depois de jantarem e de falarem sobre seus dias, como de costume, Ambre foi para o quarto da mãe assistir mais um capítulo da novela preferida delas e Jhonatan foi para a sala assistir o noticiário. Nathaniel pensou em se recolher, para ler um pouco, ou ouvir música e pensar na sua gatinha confusa, mas resolveu fazer outra coisa antes.

— Pai. — aproximou-se dele, que parecia tranquilo, querendo relaxar na sua poltrona reclinável enquanto se inteirava das notícias do mundo. — Posso falar com o senhor um instante.

Nathaniel estava um pouco receoso de contar ao pai sobre Emília, não pelo pai, pois este já havia dito que não se importava dele namorar, desde que fosse uma garota descente, "de família"[5]. Seu receio era por sua mãe. Jhonatan podia não aprovar o namoro apenas para evitar se indispor com ela.  Ele não terminaria com Emília por nada, mas namorar escondido não estava nos seus planos.

Com o semblante um pouco mais sério e sem dizer nada, Jhonatan levantou da poltrona e sentou no sofá, apontando para o lugar ao seu lado. Nathaniel entendeu aquilo como um sim e que ele devia se sentar. Ele não conseguiu evitar a ansiedade.

 

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— Você está diferente hoje, Emília. Mais animadinha que o normal. Vai me dizer o que aconteceu ou terei que adivinhar?

Emília se surpreendia com a capacidade que a tia tinha de perceber as coisas. Tudo bem que ela não costumava se oferecer para lavar a louça depois do jantar, tampouco as secava e guardava, toda sorridente e sem fazer cara de empregada mal remunerada, mas Maitê parecia ter poderes de adivinhação.

Ela preferiu manter o namoro em segredo, da tia, pelo menos por mais alguns dias.

 

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 No dia seguinte:...

# 12/04 #

— Bom dia, meninas. — ele já estava preparado para o que viria.

— Bom dia, Nathaniel. Foi direitinho pra casa ontem? Ou se perdeu em alguma pracinha?

— Sim, Alícia. Eu fui direitinho para casa, mas antes passei um tempo muito agradável no Parc Castel.

— Humm. Será que nosso gremista favorito está "namorandinho"?

— Sim, Alícia, eu estou namorando. — sorriu para ela. — Agora quer, por favor, destravar a porta para eu entrar. — pediu, debruçado sobre o balcão de atendimento da secretaria. — Tenho muita coisa pra fazer no grêmio.

A funcionária sorriu e apertou o botão da trava eletrônica, deixando-o entrar. Era hora de parar de brincadeira e trabalhar.

 

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< Bom dia, Sol. Desculpe-me por furar com você tão cedo. Mal começamos a namorar e já dou mancada. Eu queria poder te acompanhar a Sweet Amoris hoje, como combinamos, mas esqueci que preciso ajudar o professor Sartre com uns documentos relativos aos clubes, antes de sairmos de férias. Se eu não fizer agora pela manhã, terei que fazer depois do período, e eu prefiro estar com você. Não me espere para ir a escola. Te encontro lá. Se chegar cedo, pode ir me ver no grêmio. Se não, nos vemos na aula. E eu ficarei bem feliz se você sentar ao meu lado na aula da Prof.Nancy. É a nossa única aula juntos, então é justo que seja eu a ter sua companhia.>

< Bisous[6] >

Sol ficou desapontada por perder a companhia do namorado até a escola, mas sentiu o coração bater forte ao receber a primeira mensagem dele como seu namorado e ainda dizendo que a queria ao lado dele na aula de Economia Doméstica. Maitê apenas a observou toda sorridente enquanto comia e tirava print da mensagem - querendo eternizá-la numa foto.

Ao terminar seu desjejum, Emília pegou seu material e se despediu da tia. Para chegar rápido a escola ela decidiu ir de ônibus.

 Como sempre, a frente da escola estava cheia, mas quando o portão principal abriu, faltando 15 minutos para às 9h00, uma pequena parte deles ficou do lado de fora, enrolando, e depois reclamaram pelo inspetor não lhes dar nenhum minutinho de tolerância, obrigando os mais folgadinhos a entrarem pela secretaria e assinarem registros de ocorrências por atraso.

Assim que Nathaniel a viu parada na porta do grêmio, sorriu e foi ao seu encontro, recebendo-a com um bom dia e um selinho que a fez corar. Ia demorar um pouquinho até ela se acostumar com aquilo; quem sabe até o final do dia. Ele estava acompanhado do Coordenador Pedagógico e outros dois gremistas, finalizando as atividades daquela manhã, então ela aproveitou para ir ao banheiro. Ao voltar ao grêmio já o encontrou sozinho, organizando a sala.

— Nossa. Que equipe mais folgada você tem. Eles bem que podiam ter ficado e te ajudado a arrumar a bagunça.  — indignou-se, oferecendo-lhe ajuda, embora não tivesse muita coisa para fazer, só desligar os computadores e guardar algumas pastas.

— Na verdade, eu dispensei a ajuda deles. — aproximou-se dela, que sem entender perguntou o porquê, recebendo como resposta um abraço envolvente e um beijo, breve, mas que durou tempo o suficiente para matar a vontade. Ele estava louco para beijá-la e nada melhor que fazer isso dentro do grêmio, longe dos olhares curiosos dos colegas e vigilantes do inspetor de alunos.

O celular do gremista despertou. 9h00. Eles tinham que ir para a sala de aula ou seriam advertidos. Assim que saíram do grêmio, ainda na porta, Melody os viu de mãos dadas. Seus olhos encheram d'água no mesmo instante. Eles passaram por ela sem cumprimentá-la, Sol por ficar desconfortável, sem saber se devia ou não cumprimentá-la, e Nathaniel por não ter mais paciência para ela, suas cobranças e platonice. Enquanto eles subiam a escada para a cozinha experimental, ela seguiu sentido contrário, para o banheiro feminino. Enquanto eles se expuseram aos olhares dos curiosos, ela se trancou num dos boxes, enquanto eles exibiram sorrisos, ela chorou escondida.

Assim que o casalzinho pisou na cozinha experimental, de mãos dadas, os olhares e cochichos se voltaram para eles. Emília ficou sem graça e olhou na direção das amigas, que sorriram para ela. Ambre não acreditou no que viu e fuzilou a cunhada com os olhos, mas esta, que olhava na direção oposta, nem reparou.

Nada melhor que sentar no fundo da sala, para fugir dos olhares curiosos e ter um pouquinho mais de privacidade. Se bem que a professora Nancy tinha olhos de águia, então, nem era bom aquele casalzinho tentar a sorte no meio da aula, que foi especial. Como era 6ª feira Santa, eles aprenderam a fazer bombons de chocolate e a escola, num mimo, forneceu os ingredientes.

Lysandre não foi à escola. Ficou na loja ajudando o irmão, para que ele não precisasse varar a madrugada acordado novamente. Melody também não apareceu na aula. Ela não ia conseguir ficar no mesmo ambiente que aquele casal, então disse a enfermeira Fran que não estava se sentindo bem e pediu que avisassem sua mãe, que foi buscá-la.

Emília guardou os seus bombons e os do namorado para comerem depois, juntos. Ela só conseguiu ter paz nas aulas seguintes porque as amigas não encontraram brecha para abordá-la. Por ser antevéspera de feriado e também das férias, todos os professores estavam aproveitando para dar atividades para nota, para evitar que os alunos se dessem férias antes da hora. Mas no almoço a jovem enamorada não conseguiu escapar das amigas. Como Nathaniel queria se livrar do grêmio à tarde ele almoçou rápido e voltou ao trabalho, deixando Emília sozinha no refeitório. Assim que ele saiu daquele ambiente, Ambre, que estava inconformada, deixou as amigas de lado um instante e foi questionar a cunhada, mas antes dela conseguir abrir a boca para lançar seus insultos, a mesa em que Emília estava foi ocupada por suas amigas, todas curiosas sobre aquele chamego na aula de Economia Doméstica, entre o presidente do grêmio e ela.

Sentindo-se intimidada pelos olhares que recebeu, Ambre, sem perder a pose, torceu o nariz, bufou e voltou para junto das amigas. Mas como não estava longe do grupinho, conseguiu ouvir a conversa, pois Rosa e Iris não conseguiram conter a euforia. Violette foi a mais tranquila, não por estar menos empolgada, mas porque sua timidez era mais forte que sua animação. Até a Peggy quis saber das novidades. Depois daquele interrogatório Emília nem ficaria mais vermelha quando o namorado a beijasse. Sua cota de vergonha já havia esgotada ali mesmo.

Ambre ficou mordida. Seu irmão não podia estar namorando aquela garota. Era pouca coisa para ele. Ela ainda ia tirar aquela história a limpo.

Faltando uns 20 minutos para terminar o horário de almoço, Sol deixou as amigas e foi ao banheiro para escovar os dentes. Não faltaram risinhos das animadinhas, afinal, o banheiro feminino ficava pertinho do grêmio estudantil.

 

***

 

16h30. Era hora de ir para casa. Como combinado, Emília esperou o namorado no pátio, sentada num dos bancos. Assim que o avistou levantou e foi ao seu encontro. De mãos dadas eles foram embora, e como no dia anterior, passaram um tempo no Parc Castel. Ele não teria tempo para ela nos próximos dias.

 

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— O Castiel já foi embora?

— Já, Leigh. — respondeu Lys, arrumando as roupas nas araras. O amigo havia passado na loja depois da escola, para se despedir. — Ele vai pra Mougins com o tio daqui umas horas e precisava levar o Dragon para um pet hotel.

— Esses bombons em cima do balcão são seus? Posso pegar um? — Castiel havia dado metade dos dele ao amigo.

— Pode comer quantos quiser, Leigh. Mas deixe alguns para mim. — Leigh riu e pegou alguns.

— Por favor, tranque a loja para mim, Lysandre. — pediu, mordendo o bombom. — Vou organizar o ateliê.

— Está bem, Leigh.

 

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— Não faz essa cara, garotão. Esse hotel é maneiro e logo eu to de volta.

O cachorro latiu de forma a seu dono entender que ele não estava nada feliz em ser deixado naquele lugar, apesar de não ser a primeira vez. Um carinho na cabeça enquanto recebia seu frisbee não servia de consolo; ele queria ir junto. Ao ver o dono indo embora ele uivou e depois deitou no chão, ganindo baixinho. Minutos depois ele já estava abanando a cauda e com a cara enfiada numa tigela de ração úmida de patê de fígado.

Mais tarde, já na casa dos avós, filando uma fatia generosa de torta caseira de limão enquanto Kage conversava com um dos integrantes da banda pelo celular, Cast fez uma ligação, usando o telefone fixo dos avós. Não custava tentar.

— Oi, Castiel. — Leigh estava descendo a escada de casa, indo na garagem verificar se o carro estava ok. Óleo, água, step... — Em que posso ajudá-lo?

O melhor era ir direto ao assunto.

— Eu estou em Mougins e o Kage fará uma apresentação com a banda hoje. Eu queria saber se o Lysandre pode vir pra cá? Já falei com o Kage e está tudo bem. — pediu, indo a pia para lavar o prato de sobremesa e o talher, que a avó pegou de sua mão, não o deixando lavar. — Ele pode dormir aqui e amanhã cedo você vem buscá-lo, e seguem viagem.

— O Lysandre não pode ir, Castiel. Sinto muito.

— Poxa, Leigh. Não tem como abrir uma exceção apenas hoje? — largou-se no sofá da pequena sala conjugada à cozinha.

— O Lysandre pediu para você me ligar? — incomodou-se, abrindo a porta do carro.

— O Lysandre não me pediu nada. Eu falei com ele a semana toda sobre a apresentação, convidando-o, mas... todas as vezes ele disse que não podia vir comigo porque estava de castigo e ainda me proibiu de te pedir.

— Mas você resolveu se arriscar e me pedir mesmo assim... — respirou fundo. — Sinto muito, Castiel. Terá que chamar outra pessoa se quiser companhia.

— Caralho, Leigh! Que vacilo! — indignou-se e Leigh se irritou com o tom de voz e a falta de educação dele.

— Se era só isso, tenha uma boa noite, Castiel! Eu viajo amanhã bem cedo e preciso terminar de verificar algumas coisas antes de me deitar.

— Era só isso sim e valeu por fazer seu irmão passar o último dia dele na cidade, enclausurado em casa, ao invés de com um amigo; e pelo visto, sozinho, já que você, especialmente hoje, vai dormir cedo. Coisa que você não costuma fazer quando sua companhia é um monte de tecido... Parabéns, Leigh! Isso sim que é castigo! Leigh, o irmão do ano!

O que o ruivo disse incomodou demais o Leigh, de fazer seu coração bater mais forte, mas não por ele ter sido mal educado, ter falado demais e ainda ter desligado o telefone na cara dele, mas por ele ter dito a verdade. Durante os 5 minutos seguintes ele manteve o olhar fixo no volante do carro, pensativo.

— Lysandre. — este olhou para o irmão, que entrou no quarto depois de duas batidas leves na porta, parando de passar suas últimas notas da caderneta para o diário. — O Castiel me ligou agora pouco, pedindo permissão para você ir a uma apresentação do Kage com ele, hoje.

— Eu pedi para ele não te incomodar com isso, Leigh. Mas você conhece o Castiel. Ele é teimoso.

— Eu sei, Lysandre. Está tudo bem. Eu disse a ele que você não poderia ir, mas... pensei bem e você pode ir, se quiser.

— Não estou chateado - estava sim - por não poder sair, Leigh. Eu entendo. — Lys não queria que o irmão se sentisse culpado por ter pego pesado com o castigo; ele sabia que merecia.

— Eu sei que você entende, Lysandre, assim como sei que você ainda se sente muito mal pelo que fez. E é por isso que estou abrindo uma exceção. Apesar das suas burradas, você é um ótimo irmão, e mais que isso, é uma ótima pessoa. — aproximou-se, colocando a mão sobre o ombro do caçula, que permaneceu sentado. — Agora troque de roupa enquanto eu ligo para o Kage avisando que você está indo para lá.

— Obrigado, Leigh. — sorriu, feliz. Ele realmente não esperava que o irmão fosse deixá-lo ir ao show.

Ver aquele sorriso deixou leve a mão - de um ruivo falsificado - que pressionava o peito daquele irmão mais velho. Ele saiu do quarto e ligou para o metaleiro, que teve que soletrar seu sobrenome materno, Kjaersgaard.

Minutos depois o caçula saiu do quarto e o irmão lhe deu um envelope com uma autorização em nome do Kage, para que ele pudesse entrar no bar, que permitia a presença de menores à partir dos 16 anos, desde que estivessem acompanhados dos responsáveis legais ou autorizados.

— Tem dinheiro?

— Sim, Leigh, estou com meus cartões.

— Não é bom andar desprevenido, Lysandre. Nem sempre podemos usar os cartões. Basta cair o sistema para você ficar na mão. — preocupou-se, dando-lhe uma nota de 50,00 euros.

— Entendi. Obrigado, Leigh. Depois eu transfiro para a sua conta.

— Não precisa. Quando formos para a fazenda você paga o combustível e as refeições nas paradas.

Lysandre pegou o celular para verificar os horários dos trens para Mougins, mas por azar - ou sorte - já passava das 19h00 e não havia mais trens para aquela região.

— Eu te levo. Vou só trocar de roupa.

— Não precisa. Você vai gastar combustível sem necessidade e ainda vai se cansar. Vou de Tamc. — dispensou a carona, não querendo dar trabalho ao irmão, abrindo o aplicativo. Ao ver o valor Leigh não o deixou confirmar a chamada.

— Por este valor eu vou e volto de Mougins e ainda sobra para rodarmos uma parte do caminho amanhã. E não vai atrapalhar meu descanso. Em 1 hora estou de volta. E eu te levando ficarei mais tranquilo.

— Lysandre entendeu a mensagem. O irmão queria aproveitar para falar com o Kage pessoalmente, pedir que ficasse de olho nele.

Minutos depois os dois estavam na estrada.

 

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— Calma, Nicole. Você está tensa sem motivo. O evento de amanhã será um sucesso, como todos os anos. As crianças vão se divertir e você terá conquistado mais um pedacinho do céu.  — Jhonatan tentou acalmar a esposa, massageando seus ombros enquanto ela terminava de pentear os cabelos, diante do espelho da penteadeira. Ela sempre ficava tensa antes dos eventos beneficentes do clube.

— Sabe que eu não faço isso por esse motivo, amor. Eu faço pelas crianças e por que me faz bem.

— Eu sei. E é por isso que eu tenho certeza que você merece o paraíso, se é que ele existe. — ela sorriu, levantou e ele a beijou.

Enquanto isso, na sala de estar, esperando os pais descerem para poder jantar, Ambre perturbava o irmão.

— Eu não acredito que você está namorando aquela sem graça. Com tanta menina mais interessante você vai se enrolar justo com aquelazinha!? Ahh... Faça-me o favor, em Nath!

— Chega, Ambre. Para de encher o saco! — pediu, sem elevar a voz, com medo da mãe aparecer e os ouvir. — Da minha vida cuido eu e o que você pensa não me interessa. Agora cala a boca!

— Cala a boca? Você resolve namorar aquela sonsa, mesmo depois dela flertar com o Castiel, o Lysandre e sabe-se lá mais quem e ainda acha que eu tenho que aceitar? Pode esquecer irmãozinho.

Nathaniel respirou fundo e olhou pra escada.

— Eu já disse para você parar de ofender a Sol. Ambre! Então não me provoque! — aproximou-se dela, quase cochichando em seu ouvido. — Qualquer dia eu posso pedir para a Srta. Sanches ligar para o papai ao invés da mamãe. E garanto, será num dia pra lá de especial.  — afastando-se em seguida, indo para a sala de jantar.

Ambre bufou de raiva. Ela odiava ser ameaçada, ainda mais por culpa daquela garota. Ela não ia ficar por baixo, mesmo entregando os pontos, afinal, aquelazinha não valia o risco.

— Ok, seu noob. Você que sabe! Depois não chora! — foi atrás dele, sentando no seu lugar cativo à mesa. — Mas não espere que eu a chame de cunhadinha e nem a aceite enfiada aqui em casa.

Ela devia ter cochichado mais baixo ou calado a boca quando teve a chance.

— Cunhadinha? De quem você está falando, Ambre?

Não foi só o coração do Nathaniel que disparou. O da Ambre também. Ela não queria ter sido ouvida pela mãe. Uma hora ela ia dar um jeito dela descobrir, mas de uma forma que o irmão não desconfiasse que tinha dedo dela.

Até o coração do Jhonatan disparou. Aquele não era um bom dia para a esposa descobrir do namoro do filho.

Ambre tentou disfarçar e mudar de assunto, mas não teve jeito.

— Você está namorando, Nathaniel? — direcionou seu questionamento para quem devia. O olhar dela estava tão sério que o rapaz não conseguiu responder de imediato. Sua boca ficou seca. Ela nem deu tempo dele verbalizar o sim depois que deglutiu a saliva, voltando a atenção para o esposo de pé ao seu lado. — Você sabia disso, Jhonatan?

— Agora não é o momento para discutirmos isso, Nicole. Vamos jantar primeiro e depois...

Ela nem o esperou terminar de falar, dando as costas aos três e voltando para o quarto.

Jhonatan respirou fundo, com cara de quem não estava feliz com aquilo, e foi atrás da esposa, mandando os filhos jantarem sem eles, pois sabia que a conversa seria longa e tensa.

Antes mesmo da Ambre dizer ao irmão que não teve culpa, pois não tinha visto a mãe chegar, ele levantou da mesa.

— Parabéns, Ambre! Você conseguiu estragar tudo, como sempre!

Enquanto ele ia para o quarto, com medo do pai voltar atrás e ele se ver obrigado a namorar escondido, Ambre bufava sozinha à mesa. Clara sabia que ia tomar uma patada, mas perguntou se ela queria jantar.

— Que pergunta mais idiota! Eu que não vou ficar com fome por causa daquela garota idiota.

A ansiedade a fez comer demais.

 

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— Já estamos em Mouans-Sartoux, Leigh. Agora é seguir pela rodovia até chegar na rotatória. — informou. — Depois dela você vai seguir por mais uns 450 metros. — Lysandre indicava o caminho ao irmão, seguindo as instruções do Google mapa, pois Leigh não confiava no GPS do celular. Ele já havia se perdido algumas vezes graças àquele aplicativo. — Fica logo depois do viaduto.

— Não esqueça de me enviar o endereço do Kage.

— Eu já te enviei um print do mapa. — Como Leigh não conhece Mougins muito bem, ele preferiu printar, enviando por aplicativo na mesma hora que este pediu da primeira vez, para evitar esquecer.

—Você já esteve lá, não foi, com o Castiel? Vocês bolaram aula pra ficar tietando na frente de um hotel.

— Sim. Mas eu não fiquei tietando. Só fiz companhia para o Castiel, que queria conseguir uma credencial para o meet & greet do show da Winged Skull. Eles sempre dão algumas aos fãs que ficam na frente do hotel que eles se hospedam.

— Foi nesse dia que você conheceu a família do Castiel, ou foi no dia do show?

— Nesse dia eu conheci o Kage. Foi ele que nos deu os ingressos. No dia do show eu conheci os avós dele.

— Sim, isso mesmo. Você dormiu na casa dos avós dele no dia do show. — Leigh sorriu, nostálgico, lembrando de só ter conseguido relaxar e dormir depois do irmão ligar e dizer que o avô do amigo foi buscá-los quando o show terminou e que já estava deitado, tendo ligado apenas para dizer que estava bem, que havia se divertido e dizer boa noite.

— Pelo mapa nós chegamos, Leigh. Deve ser aquele bar. — apontou, avistando o bar, sabendo que estava no lugar certo ao ver o Castiel perto de um furgão, numa conversa ao pé de ouvido com uma garota, cheio de intimidade. Ao ouvir a buzina o ruivo, que os esperava, afastando-se da primogênita da vocalista da Broken, olhou para trás e viu o carro do estilista estacionando na vaga ao lado.

Ao cumprimentar o amigo desaforado do irmão, Leigh perguntou do Kage, pois queria conversar com ele antes de voltar para Nice.

— Está lá dentro.

— Mal educado como sempre... Oi. Eu sou a Isa! — Já que ele não a apresentou aos amigos, a jovem universitária fez isso ela mesma.

Assim que entraram no bar, Castiel os levou à mesa onde estavam seus avós, apresentando-os ao Leigh. Kage estava sentado numa banqueta, de frente para o balcão, conversando com o dono do estabelecimento.

 

***

 

O som estava bem alto e para serem ouvidos, os clientes precisavam se aproximar e elevar um pouco a voz.

— Não se preocupe com seu irmão. Mesmo quando estou no palco eu fico de olho no Cassy. Com o Lysandre não será diferente. E meus pais estão aqui. Os coroas vão ficar de olho nele. — reforçou o que já havia dito por telefone, guardando a autorização do rapaz dentro da carteira.

— Obrigado, Kage. O Lysandre é responsável e tranquilo, e eu pedi para ele não te dar trabalho. Mas sabe como é, ele nunca frequentou um bar ou qualquer ambiente voltado ao público adulto. Tenho medo dele se deixar levar e fazer alguma besteira.

— Não perca seu sono com isso. Ele está em família!

Ouvir aquilo deixou o coração daquele irmão coruja mais tranquilo e até mais feliz. Kage já tinha o seu apreço por tê-lo ajudado quando o adolescente sumiu, e saber que ele gostava do seu irmão caçula só fez esse apreço aumentar. É como diz o provérbio: "Quem gosta dos meus filhos adoça minha boca."

— Eu vou indo, Kage. — levantou da banqueta. — Qualquer problema, por favor, me liga!  Amanhã, por volta das 8 horas, venho busca-lo.

— Você tem mesmo que voltar para Nice? Por que não fica ai e aproveita a noite? Daqui a pouco tem um mentalista bem popular e depois eu assumo o palco com a Broken.

— Não vai dar. Serão 7 horas dirigindo até Chénérailles. E eu prometi aos meus pais que chegaríamos antes do jantar.

— Imagino que para os seus pais deva ser importante passar o máximo de tempo com vocês, por vê-los pouco, mas às vezes há coisas mais importantes que chegar a tempo do jantar. — Castiel havia contado ao tio que o amigo estava voltando para a casa dos pais. — Teu irmão vai gostar de ser você a vigiá-lo hoje, ao invés de mim. Aproveite o tempo que vocês ainda têm!

Pensativo, Leigh voltou os olhos para o irmão, que ao lado do Castiel e da Isa, curtia o finalzinho da apresentação de uma banda cover de Hard Rock composta por coroas, cantando um dos clássicos do gênero.

 

***

 

< Caralho, Castiel. A banda do seu tio toca muito! Queria estar ai. >

< Pena que meus pais não quiseram ir comigo. É uma merda ser menor e de quebra, ter pais que não curtem rock! >

< Seu tio toca muito bem e a banda é ótima. Espero um dia vê-los tocar. >

Chovia comentários animados na live que o ruivo fazia da apresentação do tio.

< Agora eu sei de quem você puxou o talento. >Assim como Ambre não podia perder a chance de lançar um flerte disfarçado...

< AHHHHHHHHH. CASTIEL. SEU NOOB. POR QUE NÃO ME FALOU QUE SEU TIO IA SE APRESENTAR AQUI PERTO? EU TERIA IDO COM VOCÊ! > Iris não se conformava de ter sido excluída do programa.

Além da live, que foi de apenas uma das músicas autorais, Cast postou algumas fotos, e estas também foram curtidas e comentadas.

 

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 No dia seguinte...

# 13/04 #

Passava das 4h00 da manhã quando Kage chegou ao seu apartamento, 1 hora depois dos outros. Lysandre e o irmão já estavam dormindo, acomodados na sala. Castiel dormia no quarto, esparramado na cama. Depois de um banho o metaleiro se esparramou em cima do sobrinho, que acordou xingando, acomodando-se num lado da cama para dar espaço ao tio, que ele achou que dormiria fora, com a japinha de seios fartos, tendo este ido para casa por ter hospedes.

Na manhã seguinte, por volta das 11h30, Kage acordou cansado pela noite anterior, mas pronto pra outra. Embora ele tenha evitado fazer barulho, Leigh acordou com a movimentação. Fazia tanto tempo que ele não se divertia daquela forma com o irmão. Embora ele tenha ido dormir tarde, estava relaxado. Ao ver a hora ele acordou o irmão, pois tinham que pegar a estrada. Para não fazer desfeita à Francielle, avó do Castiel, eles almoçaram com eles antes de sair. Os pais do Kage eram hospitaleiros e gentis.

Castiel almoçou rápido e saiu, indo para Nice de Tamc, deixando a visita com seus avós e tio. Ele tinha um evento para trabalhar. Ele nem se despediu do amigo como deveria, de propósito. Ele não queria dizer adeus e preferia acreditar que logo o platinado estaria de volta.

A decoração do salão alugado para a festa das crianças estava perfeita. Mas o que chamou mesmo a atenção do ruivo foi uma coelhinha loira. Ele nunca imaginaria a Ambre de coelhinha, ainda mais num evento beneficente, tampouco se pegaria admirando-a. De certo foi ideia da mãe dela.  

O dia foi puxado.

 

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Notas finais do capítulo

Digam adeus ao Lys...rs O foco, à partir de agora, é o Castiel...rs. Como foco em vários personagens ao mesmo tempo, haverá momentos em que o Nath e a Sol estarão em evidência. A Sol sempre passeia em todos os eixos..rs Mas o foco principal sempre será o Castiel, até seu eixo terminar. Mas para conseguir finalizar a fic, o eixo dele, mesmo terminado, assim como o do Lys e do Nath, seguirão nos eixos seguintes, que serão da Sol, até o final da fic. Dessa forma conto o que aconteceu com todos e não perco o rumo do final. Faltam apenas 3 eixos, 1 do Cast e 2 da Sol.

[1] Na França, a sexta-feira Santa é um feriado regional, então só existe em algumas regiões do país. O feriado nacional é dado na 2ª feira pós domingo de Páscoa, e é chamado de Lundi de Pâques (2ª de Páscoa).
Na 6ª Santa a família do Leigh se reúne na cidade, com os vizinhos, para ver a encenação da Paixão de Cristo. Como a cidade é pequena (em média 800 habitantes), todos se conhecem.
[2] Énervé: expressão francesa - puto, irado, irritado
[3] Capítulo 48 - Clipe de papel
[4] Abreviação de Fils de Chienne - Filha da Puta (FDP)
[5] Garoto(a) de família: quer dizer pessoa que teve uma boa criação, educada, de respeito e que respeita, honesta, com valores morais que condizem com o que os pais querem para os filhos. Não significa que aqueles pais educaram os próprios filhos para serem daquele jeito.
[6] Bisous - beijos. / Beijo - Baiser



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