Entre Segredos e Bonecas escrita por Lize Parili


Capítulo 17
Pólen maldito


Notas iniciais do capítulo

Muitas vezes, só o que precisamos é de um abraço.

CAPÍTULO REVISADO E EDITADO - 05/08/2017



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#07/03#

Minutos antes Emília sentia que tudo estava dando errado e o medo de não conseguir dar conta da sua nova vida se apropriou de seus pensamentos; e as duras palavras de um jovem de cabelos vermelhos a fizeram, por um instante, entre lágrimas, pensar em desistir. Pensamento este que foi se dissipando conforme ela ouvia as batidas do coração daquele que a tinha em seus braços. E batia tão rápido quanto o dela, que ele também podia sentir. Mais cedo ela o teria empurrado, mas naquele momento, ela só queria se sentir amparada, e ninguém melhor que ele para fazê-la sentir-se assim.

Ela podia sentir o perfume dele sobre a camisa de algodão, e o calor que vinha de seus braços a fez esquecer o porquê chorava, pois tudo tinha valido a pena, só para tê-lo tão perto dela, daquele jeito. Seus olhos não se atreviam a abrir, pois tinha medo de que ao fazê-lo, ele partisse. Um sorriso tímido marcou seus lábios; e enquanto ela sorria, de olhos fechados, sentindo o coração dele pulsar, com o rosto colado em seu peito, ele se deixava denunciar por sua respiração forte e seu coração acelerado.

Tê-la tão perto nunca havia passado por sua cabeça, mas naquele momento, ele não desejaria estar noutro lugar, tomando-se por um pensamento que estava conseguindo dominá-lo, justo ele, tão seguro, tão sério.

Eles não se moviam, nem diziam nada, apenas sentiam o momento.

Sem parar para pensar, ele acariciou aqueles cabelos escuros, sentindo o quanto eram macios e perfumados. E se deixando seduzir pelo perfume de jasmim, levantou o rosto dela e o direcionou até o dele, desejando conhecer o sabor daqueles lábios rosados em meio a uma face corada. Sol sentiu seu coração disparar. Aquele seria o seu primeiro beijo, e mesmos sem saber o porquê, ela ficou feliz de ser com ele. Seu coração acelerou tanto que ela teve a sensação que seu corpo tremia junto.

— Atchim! — espirrou o rapaz, a poucos centímetros dos lábios dela, devido sua alergia ao pólen das flores. Por sorte ele cobriu a boca, do contrário, respingos da saliva dele teriam tocado sua boca. Nathaniel ficou tão envolvido com o momento que esqueceu por um instante da sua alergia, respirando o perfume do jasmim de pertinho, fazendo-a se manifestar.

— Atchim! — espirrou novamente, tamponando o nariz com a mão, na esperança de controlar a alergia, sem sucesso. — Atchii! Atchii... — seu nariz ficou vermelho e seus olhos começaram a lagrimejar. Além da flor no cabelo, Sol tinha pólen nas roupas, devido sua visita ao jardim, e depois daquele abraço, ele também devia ter. Ele não podia mais ficar ali, então se desculpou e saiu. A magia havia se quebrado.

Enquanto caminhava a passos largos, rumo ao seu armário, em busca do seu antialérgico, Nath se repreendia por sua ousadia. Ele não podia ter se deixado envolver daquela forma. Ele nem sentia nada por ela – ou sentia? Ele havia jurado a si mesmo que seus sentimentos guiariam suas ações com as garotas e não mais seus impulsos ou desejos.

Sol o observou se afastar, com um enorme ponto de interrogação na cara, ouvindo seus espirros até estes pararem de ecoar no ginásio.

“Por que ele havia ido embora daquela forma?”, perguntou-se, pois não sabia da sua alergia.

— É claro, Sol! — deduziu os motivos do rapaz. — Ele se lembrou da Melody, foi isso!

— E eu achando que ele ia me beijar. "Santa" inocência. — desapontou-se, deitando sobre o banco da arquibancada. — Mas... E por que eu ia querer que ele me beijasse? Faz dois meses que eu o conheço. — questionou-se, sem entender o porquê ela se sentiu tão envolvida enquanto abraçada com ele, levando a unha a boca, nervosa, repreendendo-se por nutrir pensamentos daquele tipo pelo “namorado” da colega de turma, que por sinal, a tratava super bem. — Mas o coração dele batia tão forte... — lembrou, tentando se convencer que havia um clima no ar, repreendendo-se novamente por causa da Melody.

“Tomara que eu esteja enganada”, pensou, suspirando, desejando que Nathaniel e Melody fossem apenas amigos, questionando-se mais uma vez do porque ela estar tendo aquele tipo de pensamento com ele. Ela nunca havia pensado em garotos daquela forma, desejando um beijo. E enquanto ela tentava colocar seus pensamentos e sentimentos no lugar, roendo a unha, coisa que sempre fazia quando estava nervosa e impaciente, e enrolando uma mechinha do cabelo, habito que tinha desde criança e que fazia sempre estava perdida em seus pensamentos, do outro lado, na entrada lateral do ginásio, observando-a, de braços cruzados e cara amarrada, estava Castiel.

 

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... Minutos antes ...

Assim que saiu do ginásio, deixando Sol sozinha, às lágrimas, Castiel foi para o refeitório. Como era horário de almoço deduziu que Lysandre estaria lá. Ao encontrar o amigo entregou-lhe o formulário.

— Um presentinho da sua amiga "Sol"! — ironizou. Lys sorriu e fez referência a moça ser gentil e prestativa.

— Não posso esquecer de agradecê-la! — começando a preencher o papel, pois tinha que entregá-lo até o final do horário de almoço.

— Eu não consigo ver toda essa gentileza naquela garota. — comentou Cast, sem esboçar nem se quer meio sorriso, aproveitando para dar uma lida no rascunho da música que o amigo estava escrevendo. — Ela me tira do sério desde o dia em que chegou!

— A primeira impressão é a que fica, infelizmente! — pensou Lys, alto, enquanto preenchia seu formulário.

— Como?

Não era a intenção do platinado ser ouvido, mas já que foi.

— Ela diz o mesmo de você. — contou, sem tirar os olhos e a caneta do formulário. Lys tinha uma habilidade especial, ele conseguia falar e escrever ao mesmo tempo, mesmo sendo coisas diferentes; o único problema é que provavelmente ele não prestaria atenção no que estaria sendo dito, concentrando-se apenas na sua caneta. — Ela te acha um grosso, inconveniente, mal educado, irritante, ou seja, um perfeito idiota. — deixado o ruivo irritado.

— Como assim? Quem aquela pirralha pensa que é? Ela nem me conhece! — ralhou, batendo a mão na mesa, fazendo Lys tremer a letra, que nem assim ficou feia; sua caligrafia era invejada até pelos professores.

— Ela só está se deixando levar pelas aparências, nada além disso. — falou, terminando de preencher o documento, emprestando a caneta para o amigo. — Assim como você.

— O que você quer dizer com isso, Lysandre? Onde você quer chegar com esse papo? — questionou, escrevendo tão rápido que sua letra estava quase ilegível. Ele estava irritadíssimo.

— Desde a primeira vez que se viram vocês se estranham e com isso nunca se deram a chance de se conhecer. — explicou. — Vocês dois se deixaram levar pela primeira impressão e agora estão se julgando. — levantando da cadeira. — E com isso estão perdendo a chance de serem amigos. — indo embora, deixando Cast com seus pensamentos e seus rascunhos musicais.

— Não perca meu rascunho, o quero de volta! — fez-se ouvir, de longe.

Castiel odiava admitir, mas Lysandre estava certo, ele estava se deixando levar pela primeira impressão que teve ao conhecer Emília. Ela era petulante e sempre tinha uma resposta afiada na ponta da língua.

— Assim como eu. —, murmurou, percebendo que estava sendo um perfeito idiota, principalmente naquela manhã. Ele havia pegado pesado com ela no jardim por uma implicância dele com o Jade e que nada tinha a ver com ela, e depois no ginásio só porque ela reagiu a grosseria dele. Ele já sabia que tinha vacilado assim que a viu chorar, mas foi orgulhoso demais para se desculpar.

— Droga, Castiel! Você, quando quer, consegue mesmo ser um perfeito idiota! — repreendeu-se, lembrando da sua cena no jardim e da expressão no rosto de Emília quando lhe deu as costas no ginásio. Ele tinha que dar um jeito de remediar aquilo, de preferência, sem precisar dizer a famosa frase: Desculpe-me! Isso ele só diria se não tivesse outro jeito.

Saindo do refeitório ele retornou para o ginásio, pois precisava entregar sua ficha, mas Sol não saia do seu pensamento. Sua consciência estava começando a incomodar.

— Merda! Odeio estar errado! — resmungou, caminhando pelo pátio, em direção ao ginásio. — Se ela ainda estiver lá, eu peço desculpas e fim de papo! Se ela aceitar, bom, se não, problema dela e foda-se o resto! — continuou seu resmungo, tentando encontrar uma forma de se desculpar com a garota sem parecer que se importava com a opinião que ela tinha dele. Mas ao entrar no ginásio, pela porta lateral, avistou-a na arquibancada, abraçada com Nathaniel.

Ver Emília e Nathaniel abraçados fez aquele sentimento de arrependimento que ele estava sentindo sumir. Ele sentiu algo o incomodar, como um bichinho com dentes afiados mordiscando seu peito. Sua vontade foi de se fazer ver, acabando com aquele clima que havia sobre os dois, mas escondeu-se e os observou, sério.

— Pelo visto, ela está abrindo o leque. Do jardineiro ao mauricinho! — murmurou, cheio de sarcasmo, amassando os papéis que tinha na mão por estar tenso, esquecendo por um instante que o formulário do clube estava junto com os rascunhos da partitura.

 

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... Minuto atual ...

— Castiel! Estava me esperando? — aproximou-se Dajan, o representante do clube de basquete, ao entrar no ginásio e ver o ruivo. — Por acaso estes papéis amassados na sua mão são para mim? — perguntou, levando Cast a perceber que havia estragado não só o formulário como as folhas do Lysandre, que ia reclamar pra cacete. — Eu espero que não! Você sabe como a sua diretora é rigorosa com a documentação e eu não quero uma canetada no meu relatório de estágio, dizendo que sou relaxado com os documentos do clube.

— Foi mal, Dajan. Vou refazer. — desculpou-se o rapaz. Dajan era um dos poucos que Castiel realmente respeitava, pois além do estagiário de Educação Física ser mais flexível com os horários dele no clube, soube lidar com ele quando passou por uma fase ruim e achava que tinha que descontar em todo mundo a sua frustração amorosa.

Cast foi até a mesa do representante para refazer os formulários, passando em frente ao local da arquibancada onde Sol estava deitada, de lado, torcendo a mecha de cabelo. Seu semblante era de uma garotinha confusa, perdida. Ela não estava triste, tampouco feliz. Ele ficou olhando para ela, perguntando-se o que passava por sua cabecinha “desmiolada”. O olhar dela estava tão distante e perdido que não o viu.

“Agora ela parece tão ingênua.”, pensou enquanto a observava, perguntando-se se existia a possibilidade dela ser exatamente aquilo, uma garotinha ingênua capaz de cair na lábia de qualquer safado que lhe rendesse elogios.

— DEPOIS QUE TERMINAR DE PREENCHER O FORMULÁRIO, DEIXE-O NA GAVETA DA DIREITA. — gritou Dajan, da porta do vestiário. —NÃO MISTURE COM OS DAS MENINAS! — que queria ter menos trabalho na hora de separar os formulários, despertando a atenção de Emília, que ao ver Castiel olhando para ela, se armou.

— O que você está olhando, garoto! — perguntou, levantando-se. — Já aviso que não vou tolerar as suas provocações. — descendo da arquibancada.

— Como se você fosse o centro das atenções! — ele não conseguia manter sua ironia no bolso, — Tem espelho no vestiário. Devia usá-lo de vez em quando. — e nem seus alfinetes.

Sol ficou possessa. Novamente ele estava se desfazendo da aparência dela. Será mesmo que ele era tão idiota ao ponto de não perceber que aquele tipo de comentário magoava?

— Você devia seguir o seu próprio conselho e se olhar no espelho. Evitaria muita gente de ter que ficar olhando para esse seu cabelo desbotado. — rebateu, pois não ia se render as provocações daquele garoto e nem se mostrar frágil. — Um retoque de vez em quando é bom, sabia?

— Como se você não me achasse lindo! — gabou-se, sentando-se e abrindo a gaveta da mesa para pegar outra ficha.

— De que adianta ser "bonitinho" se só abre a boca pra magoar os outros!? — cutucou, saindo em seguida, sem dar a ele a chance dele responder. Embora que ele não teria respondido àquilo, pois sabia que havia feito por merecer.

Dajan viu tudo do vestiário e só o que pensou foi no quanto os garotos do lycée eram imaturos no jogo da conquista.

Todos entregaram seus formulários, menos Sol. Ela ainda não sabia o que escolher. Sua opção mais sensata era o clube de jardinagem, pois isso a manteria longe do Castiel. Mas do jeito que ele era chato, era capaz de ir até o jardim só para azucrinar sua paciência.

No intervalo do segundo período ela permaneceu na sala, preenchendo seu formulário, rezando para que Jade aceitasse, pois o prazo era até o final do horário de almoço.

— Sol! — chamou-a. — Eu queria conversar com você! — pediu Melody, que desde aquela manhã, quando viu a amiga ajoelhada diante da porta do grêmio, não ficou em paz.

— C-Claro Mel. O que você quer comigo? — perguntou, com medo do que lhe seria dito, com medo de que alguém tivesse visto Nathaniel e ela, juntos, no ginásio e contado para Melody.

— É que... hoje de manhã... — dizia a representante de turma, tentando encontrar as palavras certas, afinal, ela não sabia o que Sol tinha ouvido e se tinha ouvido alguma coisa. — Você ouv...

— Ei, Melody! Você sabe onde está o meu irmão? — perguntou Ambre, ríspida, entrando na sala como um furacão. — Aquele idiota ficou de me ajudar com uma atividade e agora sumiu. Ele que não pense em dar pra trás!

— Calma, Ambre. O Nathaniel está de repouso na enfermaria. — contou, fazendo Sol sentir uma pontada no peito.

— Como assim? O que aconteceu com meu irmão? — perguntou a loira, que apesar das desavenças com o irmão, preocupava-se com ele, embora nunca admitisse em público.

— Calma, o Nath está bem. Ele só teve uma crise alérgica e você bem sabe que antialérgico dá sono!

— Que idiota! Por que ele tinha que se enfiar no jardim justo hoje?! — reclamou a patricinha, que não teria sua preciosa ajuda com o dever de Matemática, saindo da sala, fazendo-se ouvir os cascos por onde passava.

— Mel! — chamou-a. — O Nath está mesmo bem? — perguntou Sol, com um tom de voz que superava o da preocupação.

— Sim, Sol, ele só não pode se expor ao pólen... — dizia, quando percebeu a flor no cabelo da amiga. — Isso no seu cabelo, é um jasmim?

O semblante da representante de turma mudou. Nele havia se instalado a dúvida e até mesmo uma pequena tristeza e Sol, percebendo, cobriu a flor, dando a Melody a certeza que Nath esteve com ela.

— É uma linda flor. Seu perfume é um dos mais fortes.

— S-sim. O Jade me falou. — disse Sol, sem graça. Melody se levantou e foi na direção da porta, sem dizer mais nada.

— Mel! — chamou-a novamente, perguntando o que esta queria lhe falar, mas Melody disse que não era nada importante e saiu.

Emília tirou a flor do cabelo e a deixou sobre a carteira, culpando-a por Nath estar na enfermaria. E sentindo-se igualmente culpada, foi até lá. Ela precisava vê-lo, conferir se realmente estava bem, do contrário ficaria com o coração apertado o resto do período.

Ao entrar na enfermaria ela viu Ambre ao lado do irmão, que dormia tranquilamente. Ela acariciava o cabelo dele. Sol se escondeu atrás da porta para não ser vista, pois na certa se a loira a visse, a mataria.

Depois que Ambre foi embora Sol saiu detrás da porta. Ela queria ver o Nathaniel de perto, mas não se aproximou, teve medo de ainda estar cheia de pólen.

— Você veio ver o Nathaniel? — perguntou Fran, a enfermeira, que ao voltar para a sala a viu olhando para ele, com um semblante preocupado. Sol aproveitou para perguntar se ele estava bem, ficando aliviada ao saber que sim. O repouso se fez necessário devido o efeito da medicação.

— Você pode se aproximar se quiser. Só não o acorde.

— Não posso! Eu estive no jardim. — contou, sem tirar os olhos do rapaz, que mais parecia um anjo adormecido.

— Ah. Então está explicado! — deduziu a enfermeira, juntando o olhar dela para o rapaz e o fato dos dois terem estado no jardim (Nath disse a ela que esteve no jardim). — Da próxima vez, escolham outro lugar para ficarem a sós. — brincou, deixando Sol sem graça.

— Olá Melody! — cumprimentou a enfermeira, vendo a garota na porta da enfermaria, que não entrou direto por ver Emília lá dentro e ouvir a fala da enfermeira. — Veio ver o Nathaniel, de novo, suponho?! — perguntou, rindo, pois aquela era a terceira vez que ia vê-lo.

— Sim, mas... — titubeou, lançando um olhar frio para Emília, enciumada. — Eu volto quando a “Emília” sair! — disse, indo embora.

Sol sabia que Melody estava com ciúme e não tirou sua razão, pois mesmo que naquele momento ela não estivesse fazendo nada, só visitando um amigo na enfermaria, mais cedo ela havia feito. Para evitar mais mal entendidos e até um confronto com a "namorada" do amigo, ela foi embora, indo direto para o banheiro, dando de cara com Ambre e suas amigas, que falavam sobre Nathaniel. Ambre não queria que ninguém soubesse que ela havia ficado preocupada com ele.

— Se alguém descobrir que eu estive na enfermaria, saberei que foi uma de vocês que falou demais! — disse, ameaçando-as com o rompimento da amizade. — Nem mesmo a Fran me viu lá. Eu a esperei sair para entrar. — contou.

Sol achou a atitude de Ambre patética, negar até a morte que se preocupava com o irmão.

— Mais egoísta impossível! — pensou em voz alta, fazendo-se ouvir pelo trio, mas antes que a vissem, ela correu para a sala, segurando sua vontade de fazer xixi.

Durante o resto do período Sol não conseguiu se concentrar na aula, não que isso fosse uma novidade, mas daquela vez o motivo era sério, pelo menos para ela.

Assim que o sinal soou, ela foi até o pátio, com seu formulário na mão, e olhando para o jardim e para o ginásio, tomou sua decisão. Pólen, nunca mais.

 

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— Você podia pelo menos ter desamassado melhor as folhas, Castiel.

— São só rascunhos, Lysandre. Você vai acabar jogando fora mesmo, então não reclama.

Sabendo que não ia dar em nada reclamar com o amigo, Lysandre alisou um pouco as folhas e guardou dentro do caderno. Em casa ele passaria a limpo. O dia de aula havia chegado ao fim e ele precisava ir para a loja.

— Lyssss! Espera! Eu vou com você!

Rosa saiu correndo atrás dele, pois também ia para a loja. Não era sempre que iam embora juntos, pois apesar de irem, na maioria das vezes, para o mesmo lugar, Lysandre preferia a companhia do Castiel. Não que desgostasse da companhia da cunhada, mas ele e Castiel tinham gostos similares e o assunto entre eles não pendia para o silêncio, enquanto com a cunhada, geralmente pendia, pois quando ela não estava falando do Leigh, estava falando de assuntos que só eram interessantes para ela e as amigas dela.

O caminho foi longo e silencioso, para Rosa, pois ele e Castiel não pararam de falar de música.

 

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— To falando sério, Dajan. O Castiel me pegou pra Cristo, hoje. O moleque se mordeu de ciúme de uma aluna que foi conhecer o jardim. Sei lá se tá rolando alguma coisa entre ele e a Emília, mas o moleque deixou claro que "esta de olho em mim!" — contou ao amigo, rindo, enquanto dirigia para a Universidade. Eles revezavam na carona.

— E você não fez nada pra deixar ele enciumado? Como dar uma flor, por exemplo.

— Porra, Dajan. A menina deve ter uns 14 anos. E além do mais, eu não me envolvo com as alunas do S.A. e você sabe disso. Não vou colocar meu estágio em risco. Agora, eu não vou ser seco com as meninas só porque alguns garotos são inseguros.

— Eu sei, Jade. Estou te zoando. E deixa o Castiel pra lá. Ele tem rixa contigo desde que soube do seu rolinho com a Debrah.

— Que rolinho? Eu saí com a garota uma vez e depois deles terminarem e ela sair da S.A.

— Mas ele sabe, então, não espere elogios a sua pessoa por parte dele.

— Sabe por que alguém nos viu e contou pra ele, que é um besta. A garota era uma dissimulada. No jardim, longe dele, ficava jogando charme pra mim, mas bastava ele aparecer pra ela virar a namoradinha apaixonada. Ele devia era esquecer essa garota logo e não ficar me enchendo o saco.

— Esquece o Castiel, Jade. Acho Até que ele nem vai mais aparecer no jardim, porque eu recebi a inscrição de uma Emília hoje, do 3ème. Se for a nova namorada dele, ela já resolveu o problema indo pro mesmo clube que ele.

— Assim espero. — findou aquela conversa, estacionando o carro na rua lateral do Campus. Estava na hora de estudar.

 

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