Entre Segredos e Bonecas escrita por Lize Parili


Capítulo 140
Trincando o elo




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#02/04#

— Lysandre! Saia desse quarto! — ordenou Leigh, quase que socando a porta de tanta força que colocou na batida. — Nós precisamos conversar!

O coração de Lysandre disparou. Pela voz e pelas batidas na porta ele soube que Leigh já sabia de tudo o que havia acontecido na escola. O sentimento dele naquele instante era confuso. Ao mesmo tempo em que ele se sentia como um garotinho que judiou da irmã caçula e o pai descobriu, sentia-se como um filho abandonado, trocado por um rabo de saia qualquer. Ele sentou na cama, encheu os pulmões de ar e soltou de vagar, tentando se acalmar. Ele ainda não estava pronto para ter aquela conversa; mas ela tinha que acontecer.

— ANDA LOGO, LYSANDRE! EU NÃO ESTOU COM PACIÊNCIA PARA OS SEUS DEVANEIOS. — bradou Leigh de frente à porta, sem bater. Menos de meio minuto depois a música silenciou e Lysandre saiu, trajando uma camisa de algodão branca desabotoada, uma capri de malha grafite e chinelos marrons com tiras de lona. Seu cabelo ainda estava úmido do banho que tomara assim que despertou, hora antes. Leigh teria entendido os códigos se não estivesse cego pelo desapontamento. Lysandre estava estranho.

— Posso saber a que horas você chegou em casa, Lysandre? — inquiriu.

— Faz diferença? — foi a resposta do caçula. Leigh não gostou da resposta, tampouco do tom indiferente.

— Como assim, se faz diferença? Que resposta é essa, Lysandre?  — questionou, tentando não se exaltar.

Lysandre apenas se calou, ainda de pé, pois sua vontade era se virar, voltar para o quarto e se trancar lá dentro. Mas fugir não ia mudar as coisas, tampouco resolver o problema, então apenas ficou ali, parado de frente para o irmão, olhando-o com altivez, com seus pensamentos conflitando na sua mente, engasgado, sem coragem para colocar para fora sua raiva, sua frustração, pois de certo ia dizer coisas que se arrependeria depois, como foi com Rosalya, e ele não queria isso, não com o Leigh, que não gostou daquele silêncio, tampouco daquele olhar. Era como se este lhe estivesse cobrando algo.

— E que olhar é este para mim? — inquiriu, nervoso, — Por acaso você está irritado por eu ter te tirado do seu mundinho e ter te trazido de volta a realidade? — com uma ironia que fez o caçula deixar seu sentimento de garotinho arrependido por ter desapontado o irmão de lado, perdendo espaço para o sentimento de irmão traído e deixado para trás. — Ou será que est se achando no direito de fazer o quer e bem entende porque eu confiava em você?

Confiança. Quem era Leigh para falar de confiança? Este foi o pensamento que fez Lysandre esquecer a importância do silêncio. Ele devia ter voltado para o quarto.

— Não fala comigo como se eu fosse um garoto do primário. Se você quer brigar comigo pelo que eu fiz à sua namorada, então brigue. — disse com certa rispidez, sem se alterar, ainda altivo e sem desviar o olhar do irmão por um instante se quer, algo totalmente atípico, pois ele não afrontava Leigh nem quando estava certo, quanto mais quando estava errado. — Se quer brigar comigo porque eu saí sem permissão da escola e matei metade das aulas, brigue, não vou me defender. Se quiser brigar comigo porque não fui trabalhar hoje, faça isso, não vou questionar nada do que você me disser. — por mais chateado que estivesse, Lys sabia o que tinha feito e que errou; ele estava fora de si, sim, mas não ao ponto de achar certo o que fez de errado.

Leigh apenas o ouvia sem dizer nada, surpreso.

— Eu tenho total consciência do que eu fiz e eu sei bem a diferença do que é certo e errado, então não me trate como se eu não fosse capaz de entender as coisas, por piores que elas sejam, tampouco que não sou capaz de aceitá-las! — aproveitando para lançar uma indireta, esperando que o mais velho entendesse e resolvesse abrir o jogo.

Leigh ficou perplexo. Em 16 anos Lysandre nunca, em nenhum momento, mesmo depois deles terem ficado três anos separados, vendo-se poucas vezes ao ano, falou com ele daquele jeito e naquele tom, com indiferença e altivez. Ele se sentiu como um estranho para aquele garoto que ele não pensaria duas vezes em morrer no lugar dele.

Apesar de tudo, Lysandre nunca, nem mesmo concebeu o pensamento de brigar com o irmão ou desrespeitá-lo de qualquer forma. Ele era seu chão. Ele só se deu conta que foi desrespeitoso, através daquela postura, ao ver a reação do mais velho.

Tentando assimilar o que tinha acabado de acontecer, Leigh se afastou um pouco, parou diante do porta-retratos múltiplo, fitou a foto da avó e deles mais jovens e começou a rir, apoiando uma das mãos na parede e a outra na cintura, mas um riso estranho, meio que sufocado. Lysandre conhecia as reações do irmão e sabia que aquilo era sinal de estresse, muito estresse. Ele já tinha visto Leigh nervoso daquele jeito, uma vez, quando seu pai tentou obrigá-lo a estudar Ciência e Tecnologia Agrícola. Nunca o arrependimento por algo que disse bateu tão rápido e forte em seu peito. Leigh odiou o pai por dias por conta daquilo. Ele só conseguiu pensar que o irmão o estava odiando e ele não suportaria isso. Sua mágoa nunca seria maior que seu amor por ele.

— L-Leigh... m-me... — tentou se desculpar, mas o irmão o mandou, literalmente, calar a boca.

— Eu não quero ouvir mais nenhuma palavra da sua boca. — disse, cerrando os dentes para evitar ser vencido por sua decepção e até tristeza, pois tudo aquilo o entristecera demais. Mas apesar dos seus olhos estarem avermelhando, ele estava longe de chorar, porém pertinho de colocar aquele adolescente "mimado" no lugar dele. — Você não acabou de dizer que não me questionaria? Então ca-la e-ssa bo-ca!

Ver a decepção nos olhos do irmão fez Lysandre perceber que havia, novamente, falado demais.  Por que ele não foi para o quarto? Ele devia ter ouvido seu instinto.

— Você achou o quê? Que ia ficar matando aula "à la volonté" e eu não ia descobrir? Que seus professores não registrariam isso cedo ou tarde? É assim que você pretende entrar pra faculdade de música? Ou conseguir uma vaga num bom conservatório? Bancando os artistas boêmios do século XIX? E pelo jeito também vai querer viver no ócio, porque já está se dando folga do trabalho sem nem mesmo comunicar o patrão. — Leigh passou-lhe um sermão repleto de ironias, deixando Lysandre mais envergonhado e tenso. — Você sabe que lá embaixo, na loja, é isso que eu sou, não é Lysandre? Seu patrão!? Você não se ausenta do trabalho sem avisar e quando der na telha só porque somos irmãos. Você tem responsabilidades e quando você não as cumpre, afeta diretamente o meu trabalho e a nossa família. — brigou, gesticulando, — Porque é de lá, daquela loja que vem o sustento desta casa! — enérgico, começando a elevar a voz novamente.

— L-Leigh... e-eu... — Lysandre não estava suportando aquele sentimento de ter desapontado o irmão; ele tinha que se desculpar. Apesar de tudo Leigh era importante demais pra ele.

— Cala a boca, que eu não terminei ainda! Você passou o dia fazendo o que quis, dizendo o que quis. Agora você vai ouvir!

— P-por favor... — ele só queria dizer "sinto muito!"

— EU TE MANDEI CALAR A BOCA, LYSANDRE! — bradou, enervando-se, totalmente sem paciência com o caçula, que de imediato baixou o olhar e enfiou as mãos nos bolsos da capri. — OU SERÁ QUE ALÉM DE ALTIVO E SOBERBO, VOCÊ TAMBÉM FICOU SURDO!?

Altivo? Soberbo? Ninguém nunca o chamou daquilo. Lysandre estava "engasgado". Um nó já havia se formado na sua garganta; se ele não o desatasse ia acabar "vomitando". Ele tinha que resolver aquela situação. Ele só precisava dizer: "Eu fiz o que fiz porque você mentiu pra mim! Você decidiu nossas vidas, sozinho, e nem se quer teve coragem de me contar que vai se mudar para Paris com a Rosalya e me mandar de volta para a fazenda!" Porém, este era um pensamento que ele não conseguia verbalizar. Ouvir o irmão lhe dizer que ia deixá-lo de novo lhe era muito pior que apenas saber que aconteceria.

— Sabe o que mais me indignou de você hoje, Lysandre? O que você fez a Rosa. — proferiu Leigh, num tom mais baixo, mas sem se abrandar, aproximando-se do caçula que só não teve medo de apanhar porque Leigh nunca lhe deu nem mesmo um beliscão quando crianças, quanto mais um tapa depois de crescidos.  — Você destratou a minha namorada, que te adora e te trata como a um irmão, na frente dos seus amigos e dos amigos dela. — lembrou-o.

Lys virou o rosto, tentando domar, além da sua vergonha, sua própria frustração. Ele errou sim, mas só fez o que fez com a Rosa porque tanto o irmão quanto ela estavam mentindo para ele. Para segurar o choro ele respirava forte e mordia os lábios

Enquanto isso, Leigh expulsava aquela raiva nascida do desapontamento com o comportamento do irmão e até da frustração com ele mesmo, pois apesar de ainda não verbalizar, culpava-se, achando que de certa forma falhou em algum momento desde que o caçula foi morar com ele.

— Quem você pensa que é pra fazer isso com ela, Lysandre? — questionou, afastando-se dele. — QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA TRATAR A ROSA DAQUELE JEITO? — exaltando-se ao pensar na cena e lembrar da namorada aos prantos nos braços dele. — QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA TRATAR QUALQUER PESSOA DAQUELE JEITO?

Embora a mente do caçula fervilha-se, ele se continha, de olhos vermelhos e lagrimejando, começando a minar.

— OLHA PRA MIM QUANDO EU FALO COM VOCÊ! — ordenou. Leigh odiava conversar com alguém que não o olhasse nos olhos. Lysandre respirou fundo e o encarou. Seu copo já estava pela boca.

— POR ACASO FOI ESSA A EDUCAÇÃO QUE NOSSOS PAIS TE DERAM? FOI ESSA A EDUCAÇÃO QUE A VOVÓ TE DEU?

Cecília. Leigh tocou o dedo na ferida. Cecília era uma lembrança muito forte para ambos, era o primeiro pinginho de cola que uniu aqueles dois, cujo elo, sempre forte, perigava de romper.

— Para de falar comigo como seu eu fosse o único errado aqui! — pediu Lys, com a voz tremula. Ele não conseguia mais engolir aquele nó. — PARA DE ME COBRAR COMO SE FOSSE APENAS EU A TER PISADO NA BOLA! — enervando-se, vomitando, aos brados e às lágrimas aquele nó, enlaçando os dois num fio afiado de rancor e mágoa. — EU NÃO AGUENTO MAIS! — desabafou, referindo-se ao que lhe corroia há dias e não àquele sermão todo.

Foi a primeira vez que Lysandre se descontrolou com o irmão e o enfrentou. Leigh não ia tolerar aquilo.

— VOCÊ PERDEU A NOÇÃO DE RESPEITO, LYSANDRE? QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA FALAR COMIGO DESSE JEITO?

— POR FAVOR. PAREM! — gritou Rosa ao entrar correndo na casa, aos prantos. Da garagem ela pôde ouvir a discussão, ou melhor, os brados do namorado para com Lysandre. Ela se controlou o máximo que pôde, com medo de interferir e piorar a situação, mas ouvir Lysandre elevar a voz para Leigh a fez correr escada acima, num ímpeto de parar aquela briga antes dos dois dizerem coisas um ao outro que não pudessem ser retiradas ou esquecidas, tomados pelo momento, que de certo renderia aos dois remorso e dor. — P-Por favor. P-Parem! — pediu, abraçando Leigh. — N-Não briguem mais. V-Vocês são irmãos...

A presença da cunhada incomodou Lysandre. As conversas dos Lemaitres ficavam entre os Lemaitres. Os problemas dos Lemaitre eram resolvidos apenas entre os Lemaitre, e ela sabia disso!

— O que ela está fazendo aqui? — questionou ao irmão, secando as lágrimas do rosto, incomodado até por ela o estar vendo naquele estado, engolindo o choro. Para ele Leigh deveria tê-la levado para casa antes de ter ido atrás dele para conversar, ou melhor, repreendê-lo da forma que fez. Ele se sentiu exposto, sua privacidade invadida, privacidade essa que ele estava cansado de não ter na própria casa por conta daquela garota.

O grande problema quando o copo enche demais e começa a transbordar é que tudo o que antes parecia pequeno e não incomodava, se revela enorme, incômodo e por vezes, extremamente sufocante.

— O que você está fazendo aqui? — questionou novamente, desta vez dirigindo-se a cunhada, sem esperar pela resposta do irmão a mesma pergunta. — Você não tinha que estar aqui. Vá embora! — ordenou com rispidez. Além de magoada, Rosa ficou extremamente constrangida. Ela baixou a cabeça e se afastou um pouco do namorado. Ela teria ido embora naquele instante, mas Leigh não permitiu. Ele não ia tolerar aquela grosseria com sua namorada.

— Como assim, vá embora? Você enlouqueceu, Lysandre!? — questionou, muito irritado, mas sem bradar, pois Rosa pediu que ele se acalmasse. — Peça-lhe desculpas agora! — ordenou, mas Lys ignorou.

— Nós sempre resolvemos nossos problemas sozinhos, você e eu. — disse ele, cujo olhar não tinha mais mistério nenhum. Era nítido seu rancor por aquele casal. — Ela não tinha nada que estar aqui! — proferiu, intolerante até ao som da respiração chorosa dela. — Ela não é da família! — magoando Rosalya ainda mais que da primeira vez que disse aquilo, no refeitório da S.A.

— Sim. Ela é! — enfatizou Leigh. Por um triz de, pela primeira vez, bater no irmão, que ao ver dele já havia ultrapassado todos os limites. — E é bom você não repetir isso de novo! — ralhou, alterando-se novamente.

— Da sua pode até ser, mas da minha não! — A mágoa cega e por vezes, congela o coração. — Ela não é e nunca vai ser uma Lemaitre! — proferiu.

— VOCÊ PASSOU DO LIMITE, LYSANDRE! — bradou Leigh, sentindo-se como um pai que foi afrontado pelo filho. — NÃO ME DESAFIE! — avançando o corpo para cima do caçula, que no susto esbarrou no braço da poltrona da sala e caiu sobre ela, encolhendo-se, no reflexo de se proteger.

Pela primeira vez o motivo que levou o jovem de cabelos prateados a baixar a cabeça para o irmão mais velho foi medo e não respeito. O coração do caçula, que até aquele momento estava descompassado pelo estresse daquela discussão, acelerou por aquela sensação, até então, desconhecida, e por isso, estranha para ele. Nem quando ele apanhou do pai pela primeira, e única, vez sentiu aquilo. Aquela foi uma experiência que ele nunca desejou sentir e que provavelmente, não esqueceria tão cedo.

Por sorte daqueles dois, Rosa se agarrou ao namorado, impedindo-o de cometer, o que ele mesmo definiria como o maior erro da vida dele.

— Por favor, Leigh. PARE! — proferiu com seu coração acelerado e dilacerado, sentindo-se a causadora de tudo aquilo. — N-Não faça isso!

Leigh parou a um passo do irmão, com ele ao alcance da sua mão erguida e que por pouco não o acertou, talvez na face, ou no braço, não tinha com saber, pois Leigh não mirou, apenas a ergueu e a faria descer sobre ele se não fosse por Rosalya. Ele olhou para o irmão e no momento que seus olhos encoleirados fitaram os dele, assustados, não o reconheceu, assim como Lys a ele. Ambos pareciam estranhos um ao outro. Leigh engoliu aquele sentimento ruim, baixou a mão e se afastou. Ele mal conseguia respirar, quanto mais pensar.

— Vá para o seu quarto. — ordenou, percebendo com o que acabara de acontecer que continuar aquela discussão era um risco à relação dos dois. Ele apertou a mão da namorada, que olhou para ele e Lysandre com pesar. Ao ver uma lágrima cortar a face de Leigh que tentava conter o choro evitando olhar para o caçula, que fazia o mesmo enquanto levantava da poltrona para ir para o quarto, ela resolveu fazer a única coisa que achou que podia por aqueles dois e que pensou ser a mais sensata.

— E-Eu vou pra casa, agora. — disse, soltando a mão de Leigh. — D-Desculpe-me por causar t-tanto problema. — dando às costas aos dois, não conseguindo dar mais que 3 passos em direção à cozinha.

— Não, Rosa. Você fica! — ordenou, segurando-a pela mão. Ela tentou soltar, dizendo que seria melhor se ela fosse embora, mas Leigh segurou firme e a puxou para perto dele. — Entenda uma coisa, Rosa. Esta casa é minha e eu te quero que aqui, comigo. — disse, voltando a fixar o olhar no irmão, e ela segurou a mão dele com suas duas mãos, forte, quase que se agarrando ao braço dele, mas ainda com o olhar baixo por conta do Lysandre, que voltou os olhos para Leigh. — E se alguém aqui não gosta da sua presença, que se contente com a solidão do...

Antes mesmo de Leigh terminar seu comentário Lysandre o encarou por alguns segundos, fazendo-o se calar por ver seu irmãozinho novamente naquele olhar perdido, e saiu pisando duro em direção a cozinha.

— Aonde você vai? — perguntou, olhando-o se afastar. — Lysandre. Estou falando com você! — ralhou ao ser ignorado e ao vê-lo sair batendo a porta da cozinha. — Lysandre! — chamou-o, falando mais alto, soltando-se de Rosalya. — LYSANDRE! — elevando-se do alto da escada. — VOLTA AQUI, AGORA! — vendo o irmão passar pelo portão a passos largos. Ele teria ido atrás, mas Rosa o impediu.

— Deixe-o, Leigh. Ele precisa ficar sozinho. Quando ele se acalmar ele volta para casa.

Leigh entrou na casa, ainda zangado por Lysandre ter saído daquele jeito, ignorando-o e batendo a porta. Ele foi até o filtro que ficava sobre o balcão da pia, pegou um copo e encheu de água. Suas mãos tremiam. Ele levou o copo à boca, mas ao tentar engolir o primeiro gole engasgou com o próprio choro. Ele não conseguiu mais segurar.

Rosa ficou agoniada. Ela nunca o havia visto chorar daquela forma, tão angustiado. Ela pegou o copo da mão dele, antes que ele o derrubasse no chão e o fez sentar na cadeira. Ele soluçava. Em sua mente, uma revoada de pensamentos confusos. Por que Lysandre estava agindo daquele jeito, cheio de rebeldia? A escola, o trabalho, Rosa e até com ele. O que havia ou estava acontecendo com o seu irmãozinho para ele se transformar daquele jeito? Ele já tinha visto Lysandre exaltado, mas ele nunca chegou àquele ponto. Ele não era daquele jeito. Será que ele estava se perdendo?

Por mais que Leigh tentasse pensar, não conseguia, enquanto a lembrança daquela discussão ainda gritasse em sua cabeça, seu coração não conseguiria se acalmar, e estressado seus pensamentos turvavam.  No máximo conseguiu levantar uma hipótese.

— V-Você viu o Lysandre usando alguma c-coisa na escola, Rosa? — perguntou, temendo que aquele comportamento estivesse sendo motivado por algum tipo de droga. — E-Ele tem andado c-com outros garotos fora o Castie-el? — Leigh sabia que o único problema do Castiel era a nicotina, mas e se Lys tivesse outros amigos que ele não conhecesse?

Sentada numa cadeira de frente para ele e segurando suas mãos, Rosa lhe disse que não e que Lysandre não curtia "aquelas coisas". Os olhos dela ainda se vertiam em lágrimas, mas tentava se manter calma, por ele.

— V-Você não esconderia isso de mim, n-não é, Rosa? N-Não isso! — indagou-a novamente, devido o episódio das cabuladas de aula.

— É-É claro que não, vida! Nunca! — respondeu, apertando as mãos dele.

— E-Então p-por quê? Me diz? — questionou-a, mais num desabafo, pois ele não conseguia nem mesmo cogitar que Lys tinha um problema com ela e/ou ele. — E-Eu não consigo entender! — entregando-se ao choro. Rosa o abraçou forte e chorou com ele. Era exatamente aquilo que ela queria evitar.

 

***

 

Os copos de ambos irmãos, Lys e Leigh, transbordaram e o elo trincou. Litros de lágrimas ainda seriam derramados por conta daquilo.

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Notas finais do capítulo

Ai Deus........
Por pouco Lys não leva umas bordoadas.
Foi tenso, entre eles e pra mim de tabela....
E fala sério. Pior que brigar com alguém é brigar com alguém que fica mudo e te deixa praticamente brigar sozinho. Dá vontade de trucidar...

Mas e a Sol? O que será que aconteceu com ela???????????

Ah, para aquelas que ficaram curiosa, eis o resto da fala do Leigh:
— E se alguém aqui não gosta da sua presença, que se contente com a solidão do... (do próprio quarto, porque é lá que vai ficar até aprender a respeitar aqueles que o amam.)

Obs. Algumas drogas, como a cocaína, geram problemas psicológicos, representados por distúrbios psiquiátricos como depressão, ansiedade, irritabilidade, distúrbios do humor, agressividade entre outros.