Eu sequer havia percebido que Sophie havia fugido após nosso beijo. Quero dizer, é claro que eu percebi, mas ainda estava em uma espécie de êxtase por ter finalmente, depois de séculos, encontrado uma vampira. Era um acontecimento extraordinário em minha vida, e para dizer a verdade, eu ainda estava tão empolgado quanto uma criança ao receber um brinquedo novo. Sophie era meu brinquedo.

s.m.a

_Evan!

Eram nove horas da manhã, e uma voz me chamava na porta de meu apartamento. Ela precisou chamar mais duas vezes para reconhecer seu delicado tom: era Sophie. Corri mais que depressa para atender a porta.

_O-oi...

Eu não sabia como encarar aqueles olhos negros. Na noite passada estávamos tão próximos de mim e agora eu não poderia guiá-los da forma que eu gostaria.

_Eu... peço desculpas por ontem. Digo, por ter saído daquele jeito, sem me despedir...

_Não, você não fez nada demais.

Uma pausa. Estava somente eu e ela, trocando olhares quase que involuntariamente. Sophie, para acabar com o clima, resolve continuar:

_É, bem, então... eu trouxe esta almofada como uma forma de me desculpar_ ela sorria_ eu comprei na Índia.

Foi nessa hora que eu percebi que ainda estávamos na porta.

_Ah, obrigada! Não precisava. Mas agora entre, por favor.

Sophie sentou-se em um sofá e esperou que eu me sentasse ao seu lado para que eu visse melhor a almofada. Estava realmente ansiosa, como se a almofada fosse um presente do qual ela gostasse muito.

Fingi estar agradecido, mesmo que no fundo eu quisesse que ela estivesse ali novamente.

Olhei-a bem no fundo dos olhos. Não era possível que Sophie não sentisse nada por mim, e se ela estivesse lendo meus pensamentos e realmente não gostasse, teria saído na mesma hora em que chegou. Talvez no dia anterior eu tenha ido rápido demais.

09 Sophie

_Sophie..._ Evan me olhava com tanta necessidade que seria falta de educação recusar seu olhar.

_Oi?

Evan chega ainda mais perto de mim e me beija. Mas beija demoradamente, como quem não quer que aquele momento termine.

Eu não podia negar, estava talvez até mais louca por ele que ele por mim. Não queria que fosse somente isso, mas também não poderia levar nossa relação adiante.

_Evan...

Ele me puxou para mais perto dele, com pouca delicadeza. Sua boca fria e embriagante chegou perto da minha.

_Fala que você não quer nada comigo e eu paro por aqui.

Fiquei um tanto quanto chocada com sua atitude. Mesmo não precisando ler seus pensamentos, eu podia ter certeza que se ele tivesse me encontrado há séculos atrás_ séculos os quais Sarah ainda o acompanhava_ ele seria um menino perto de mim, enquanto agora eu encontrava o homem que ele julgou nunca ter sido.

Fiquei calada. Jamais iria dizer que não queria ser corpo no meu, seu toque tão frio quanto o que eu carregava pela eternidade.

Ele então me pegou em seu colo, sem tirar seus olhos dos meus, e continuou a me beijar quando me imprensou na parede.

Eu poderia ficar sentindo seus beijos e toques congelados para o resto de minha eternidade. Mas sentia um fundo cruel de culpa por provocar nele tantos sentimentos intensos, os quais ele também me fazia sentir.

_Sophie...

Suas palavras ecoaram por sua sala como um grande suspiro de alívio. Parecia que ele finalmente, durante toda a sua vida, tinha liberdade para ser quem ele realmente sempre foi. Tentei escapar da parede, indo para seu quarto, e ele me acompanhou.

Queria não querer ler seus pensamentos. Eu já estava sendo carregada por Evan para sua cama, não haveria nada a mais que eu não pudesse saber que ele já não iria me mostrar. Por outro lado, eu me sentiria muito mal com isso; afinal, ele poderia estar pensando o mesmo que eu mas ainda sim eram pensamentos somente dele.

Ele carregava talvez o mais doce sorriso que alguém um dia poderia ver. Ainda mais angelical que o de uma criança, porém com uma malícia que diferenciava significantemente esses dois tipos de sorriso. Seus olhos verde-claro mais que me enobreciam; me faziam tremer perante sua beleza e irreverência, como se eu fosse uma convidada_ a única por sinal_ a descobrir o maravilhoso mundo que é Evan.

Seu gosto me fazia ainda mais curiosa para desvendá-lo sozinha, como uma espécie de tesouro numa ilha desabitada que me fazia ser a única privilegiada a encontra-lo, e tê-lo todo para mim. É como se nenhuma outra garota_ justamente por não ser vampira_ não pudesse tocar, beijar, nem chegar perto dele. Somente eu tinha o que ele precisava: fome de sangue, veias mortas, coração parado.

09 Evan

Confesso que estava mais sedento à Sophie que julguei estar. Seu cheiro doce, seu cabelo macio e dourado, seu corpo de vampira imutável desde sua transformação, seu olhar negro, tudo me atraia nela. E de repente aquela mulher que estava entregue aos meus braços não era mais Sophie, e sim qualquer coisa que eu quisesse fazer dela.

Desabotoei_ com a calma que um vampiro pode ter_ a blusa dela, enquanto ela tirava meu casaco e minha camisa. Logo após tratei de tirar sua blusa já desabotoada, e então passei a mão em sua saia, mais para mapear seu corpo que qualquer tentativa suja de excitá-la_ embora sequer precisasse disso. Então ela tirou minha calça, um tanto quanto enlouquecida, enquanto eu acariciava suas costas.

_Ah, Evan..._ ela disse enquanto eu a beijava no pescoço.

Não precisei respondê-la, pois seu próprio corpo dizia tudo que ela queria me falar. Já estávamos totalmente colados quando ela tira seu sutiã e o joga no chão. Nada mais me excitava que seus olhos, suas expressões faciais, seu corpo, Sophie.

Não demorou muito para que estivéssemos ainda mais juntos, não somente fisicamente como espiritualmente. Eu era os movimentos doces e suaves de Sophie; ela era meus gritos presos nos séculos de minha eternidade.