Blood On Blood escrita por RubyRuby


Capítulo 2
02 Evan- The Past is in The Past




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/452395/chapter/2

Coisa que gosto de fazer aqui na Bulgária é caminhar. Caminhar, mesmo que solitário, porque vampiros são muito mais acostumados a fazerem as atividades sozinhos que com os demais, embora gostem de morar em grupo para terem proteção caso outro grupo os encontre. O que no meu caso, não tem nenhuma importância.

Sarah se foi e com ela foi-se também minha paixão. Mesmo que em corpo de menina, podia sentir pulsar pelas suas veias a enorme_ porém incompreendida_ vontade que ela tinha de se tornar mulher, mais que mentalmente: fisicamente. Ainda me culpo, todas as noites, por ter puxado o sangue ainda jovem demais que corria pelo seu corpo, pobre e enfraquecido, ao lado do cadáver de sua mãe. Nós... poderíamos tê-la adotado, sem muitos problemas, e deixado crescer nela mais que a vontade como também a realização em ser mulher, para depois dar-lhe a escolha de ser vampira. Porém Tony não resistiria, claro que não; teria puxado seu sangue antes mesmo de mim.

—Uma família feliz!

Era como Tony falava. Ainda hoje posso ouvir sua voz calorosa correndo pelos corredores daquela casa maldita, onde fizemos tantas vítimas! O pesadelo "Tony" desde mesmo seu começo me parecia assustador. Ele era vampiro por inteiro. Sua carne, seus ossos, sua alma. Tudo nele gritava "sangue!" e fazia guerras mundiais em nome disso.

Passamos por tantas coisas juntos... Ele foi meu pai quando eu sequer sabia que era um filho. Ele me ensinou os mais horríveis jeitos de matar uma pessoa sem que ela pudesse escapar e as mais belas artes de seduzir uma boa dama para ser nosso jantar. Sem contar que, não poderia eu ter entrado sozinho nesse mundo maldito de vampiros. A ele também condeno meus séculos de solidão, de angústia, por ser a aberração que eu nunca quis ser.

Sequer sei da existência de Tony agora. Poderia ele ter morrido queimado pela luz do nascer do sol assim como Sarah morreu? Ou teria sido pego por algum grupo de vampiros, que, assim como o do falecido Gale, seria seu rival? Ou quem sabe está cortado em pedaços, incapaz de se regenerar, vivendo assim uma eternidade muito mais sofrida? Mais sofrida ainda que a qual eu teria dado a ele. Aquela, que parecia um plano impossível de não ser realizado com sucesso... De ter cortado-lhe a cabeça, com sangue morto dentro de si, e posto para afundar no rio, sendo comida para diversos tipos de criaturas.

Mas Tony sempre foi esperto, até mesmo mais esperto que eu e Sarah juntos. Nós nunca teríamos conseguido matá-lo, até mesmo porque vampiros não morrem assim tão facilmente. Ele conseguiu escapar de seu destino cruel alimentando-se de cobras e jacarés que haviam pelo curso do rio, ficando assim com a pele mais horrenda que um vampiro tão belo quanto ele podia um dia ter. Funciona assim: quanto melhor for o sangue que consome, mais sua juventude aparece. E é por isso que os vampiros se alimentam de sangue humano.

Porém eu me alimento de sangue de galinhas e ratos do porão desse hotel o qual eu moro. Sim, este hotel da Bulgária tem um porão. Um tipo de lugar escuro, sombrio e nojento, onde sequer o dono sabe que eu posso entrar. Lá tem sempre algum bicho para me dar o pouco do sangue que tem, mesmo que minha pele não possa ficar tão bela quanto ficaria caso eu me alimentasse de pessoas.

Confesso, já fiz isso. Uma vez quando transformei Sarah. Outras sete durante o resto dos séculos. Ainda posso sentir o gosto doce que percorre meu corpo quando eu o puxo de um humano. Porém, diferentemente do que aconteceu com Sarah, eu o fiz direito; suguei o sangue até que este se tornasse morto e não fosse mais próprio para o consumo, o que equivale a uns cinco segundos, apenas.

—Não beba com muita pressa, Evan, se não o sangue sai com muita pressão e vaza. É preciso tomar pequenas goladas, fincar seus dentes com muita precisão, e saber arrancá-los antes que a pessoa morra por completo.

Agora tudo que posso fazer é escutar seus ecos na minha cabeça, entoando a morte que nunca vem e nunca virá, de um vampiro o qual eu sequer sei se ainda existe.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Blood On Blood" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.