Nunca pensei que seria tão bom ficar dentro da boca de algum ser, mas a boca de Esmeralda era tão... aconchegante. No meio da noite, quando acordei, (eu sabia que era noite pois olhei no meu relógio.) eu não conseguia enxergar nada. “Esmeralda?”

Eu pude sentir um certo movimento e ela respondeu sem abrir a boca. “Uh?”

“Eu estava pensando... você não come carne?”

Novamente ela me responde sem mexer a boca. “Uhu.”

“Então por que é que sua boca não cheira mal?”

“Nossas bactérias, esqueceu? Elas destroem o mal cheiro. Além de nossa higiene, claro.”

“Mhh... entendi....” Depois de um longo tempo eu perguntei. “Você me comeria?”

Esmeralda ri um pouquinho. “Claro que não, querido! Jamais faria uma coisa dessas com você! Eu gosto muito de você. Você é como um filho para mim. Inclusive, Draco está aqui, dormindo.”

“O que você falou para ele quando ele perguntou sobre mim.”

“Eu abri a boca.”

Eu ri bastante. “Como foi a reação dele?”

“Ele pensou que eu estava te comendo. Mas eu expliquei para ele.”

“Haha! Dragão bobo...” Eu disse e bocejei.

“Você gostou de dormir aí dentro?”

“Muito, muito, muito! Aqui é muito aconchegante apesar de muito molhado.”

“Isso é só saliva, William. Em outras palavras: água.”

“Mas continua sendo um pouco nojento... Mas, tirando isso, é bom. E eu percebi que você tem algum problema de respiração, não é?”

“Rinite. Como você sabe?”

“Você abriu a boca várias vezes para respirar durante a noite.”

“Sim... isso é verdade. Não consigo respirar direito só pelo nariz. Tenho que abrir a boca às vezes, e isso é realmente ruim, por que o meu elemento, fogo, é basicamente fôlego.”

“Mhhh...” Eu olho para dentro da garganta de Esmeralda. “Daqui, sua garganta parece um abismo para a morte.”

“Então não se aproxima, pois não sei que conseguirei te... bem... trazer você de volta caso caia.”

“Me regurgitar, você ia dizer?”

“Sim, mas pensei que você iria ficar com nojo. Mas tome cuidado tá? Não quero te matar.”

Nesse momento uma coisa me apareceu na cabeça. “Vocês beijam?”

“Claro!”

“Então sua língua já esteve na boca do pai de Draco...”

“Huhu... Sim... Por que? Tem algum problemas com isso?”

“Não, não. Foi apenas curiosidade. Hehe. Já está amanhecendo?”

“Ainda não. Ainda está bem escuro.”

Eu cocei a minha nuca. “Errr... Eu estou muito curioso em uma coisa, mas não sei se devo perguntar...”

“Pergunte então daí eu verei.”

“Errr... Como é que vocês fazem... Bem... Acho que você já entendeu...”

“Haha! Seu bobo. Era isso?! Você é um menino bem safado uh? Bem... é do mesmo jeito que qualquer ser. Mas nossos órgãos são os de um réptil e como eu sei que você sabe bastante sobre os répteis, sei que você sabe muito bem como é.”

“Sei sim. E... Nossa... Haha... Eu lembro como foi que eu descobri que o Draco era macho.”

“Eu vi. Estava te vendo.”

“É verdade que você sempre me observava?”

“Claro que sim! Na verdade não é dês de sempre. É dês de que você tinha 5 anos de idade. Dês de então eu venho te protegendo. Um dia você quase foi atropelado, mas eu consegui fazer você tropeçar e cair no chão antes de atravessar a rua.”

“Eu não me lembro disso... Mas obrigado.”

“Não precisa agradecer, seu bobo. Ah! E eu esqueci de falar. Várias pessoas estavam protestando sobre nós. Estavam dizendo que somos seres sanguinários que só pensa em matar. Isso me deixou acabada. Você percebeu que eu estava meio para baixo, né?”

“Eu vi sim. Mas, por que estão falando isso?”

“Por causa da Rússia! Está tudo acontecendo novamente. Estou vendo que isso não vai dar certo... os humanos vão começar a nos matar novamente. Meu Deus. Eu não sei o que faço Willian.”

Eu parei de falar um pouco. “Me deixe sair por favor.”

Ela abre a boca e então eu saio da boca dela, completamente encharcado. Eu olho para meu corpo e aperto as sobrancelhas. “Que nojo.”

“Tome.” Ela diz e pega uma toalha com a cauda.

Eu pego a cauda e começo a me enxugar. Depois que eu acabei eu fui até a barriga dela e me sentei no chão, encostando nela e a acariciando. “Não se preocupe tanto com isso, Esmeralda. Eu tive uma ideia. O que acha de irmos à algum estúdio de TV internacional e fazermos alguma coisa? Algum discurso ou algo assim...”

Esmeralda coloca sua cabeça no meu colo. “Será que vai funcionar?”

“Só saberemos se tentarmos. E então? O que acha?”

“Acho que é uma boa ideia. Quero que você vá comigo e com Oliver, junto com Draco.”

“Nunca apareci na TV antes... Mas tudo bem. Eu vou.”

“Ótimo. Vou falar para Oliver para ver se conseguimos fazer isso hoje.”

“Com certeza conseguiremos. Todos os canais estão focados em nós. Se entrarmos em contato com um deles que seja famoso, nunca irão recusar. Audiência é dinheiro para eles, e dinheiro é o que move o mundo.”

“Seu jeito de raciocinar é engraçado. Mas lógico. Gosto disso.”

“Bem... eu estou com meu celular aqui. Posso ligar para alguma delas agora se você quiser.”

“Você sabe o número de alguma?”

“Só procurar na internet.” Eu digo e vou até minha mochila, pegando meu celular e acessando a internet. Eu peguei o telefone de um canal de notícias muitos famoso nos Estados Unidos e liguei. “Alô?”

“Canal de notícias internacionais, com quem falo?” Diz uma mulher no telefone.

Eu coloco o telefone no vivo a voz. “Meu nome é Willian. Sou o escolhido de Sidney, Austrália.”

Um grande silêncio ficou por vários segundos. “O... O que deseja?”

“Acabei de ficar sabendo pela general Esmeralda que está havendo protestos falando que os dragões são criaturas terríveis. É verdade?”

“Receio que sim, Willian. Mas eu não penso assim não viu! Err... eu...”

“Calma, calma. Não se preocupe com isso. Haha. De fato isso nos deixou abalados. Queria saber se vocês tem alguma imagem da bomba que caiu ontem na cidade de Washington.”

“Claro que temos.”

“Poderia vê-la agora?”

“É que eu sou apenas uma secretária. Vou chamar alguém especializado nisso, mas antes, preciso saber se você é mesmo quem fala.”

“Skype.” Eu disse e passei minhas informações para ela. Então liguei pelo Skype, em chamada de vídeo. “Pronto! Viu? Esta é a general Esmeralda.”

Esmeralda olha para a mulher e assente.

Pude ver que a mulher arregalou os olhos. “V... Vou chama-lo agora mesmo.” Ela diz e sai.

Depois de alguns instantes um homem vem e me comprimenta.

“Olá. EU sou Willian. Bem... acho que a mulher já explicou para você, certo?”

“Sim. Estou abrindo o arquivo agora. Ai meu Deus! O que aqueles dragões estão fazendo em cima da bomba?!”

“Desativando-a. Eles poderiam ter morrido tentando. E olha só como as pessoas agradecem. Creio que esses dragões estão no hospital agora.”

“Meu Deus. Eu não tinha visto isso. Na verdade ainda não passamos esse vídeo na TV.”

“É bom saber que você está do nosso lado. Quero pedir uma coisa. Queremos fazer um apelo, um discurso na TV. Seria possível sua equipe vierem aqui?”

“Com toda a certeza sim!”

“Estamos no deserto de Nevada, perto de Las Vegas.”

“Tudo bem! Será ao vivo, está bem?”

“Excelente! E internacional para todos verem?”

“Passaremos em todas as televisões. Falaremos com o governo e pediremos permissão de cortar a programação para fazermos isso.”

“Muito obrigado mesmo.”

“disponha disso! Eu tenho que agradecer! Nossa equipe estará aí ao meio dia. Estejam preparados.”

“Certo! E obrigado novamente!”

Depois disso desligamos e eu sorri.

“Excelente! Parece que vai tudo certo.”

“Que Deus queira.” Esmeralda diz e se levanta. “Melhor ir avisar e acordar todos.”

“Tão cedo? São seis horas da manhã.”

“Temos que nos acostumar. Durante a guerra não terá quase tempo nenhum para dormir.” Ela diz e sai da tenda.

Eu olhei para Draco e sorri. Então me deitei junta a ele. Fiz ele acordar sem querer.

Draco olhou para mim e bocejou. “Pai? Haha. Você saiu da boca da minha mãe. Você está com o cheiro dela.” Ele diz e me lambe no pescoço.

Eu sorri e o abracei. “Ahh Draco... Você é meu querido. Eu te amo muito, viu?”

“Por que está falando isso pai?” Ele pergunta depois de uma risadinha.

Eu o soltei e ele colocou sua cabeça sobre meu peito. “Por nada, filho. Eu só disse porque é verdade.”

“Ah pai. Eu também te amo muito.” Ele diz e me acaricia com a cabeça.

Eu acariciei ele e me levantei. “Vamos levantar, filho. Hoje vamos aparecer na TV.”

“QUE! Por que?”

“Descobrimos que as pessoas não estão gostando dos dragões. Estão falando que são criaturas cruéis e essas coisas.”

“O que? Mas, por que?”

“Porque estão com medo. É simples. A raça humana é uma raça muito idiota, filho. Nós tememos o desconhecido. Julgamos sem saber a verdade.”

“Você não é assim, pai, e é humano.”

Eu ri um pouco. “Vocês não são desconhecidos para mim.”

“É... Isso é verdade... Mas o que vamos fazer na TV?”

“Um apelo. Explicar tudo que está havendo e dizer que queremos ajudar.”

“Mhh... Isso tudo por causa da Rússia, né?”

“Creio eu que sim.”

“Mas foram eles que capturaram nossos amigos.”

“Eu sei filho. Mas ninguém sabe disso. Mas acho que Esmeralda vai falar umas poucas e boas para todos, se eu bem conheço ela.”

Horas depois a equipe da TV chega. Todos já sabiam que os dragões iriam passar na TV, e nós, do acampamento, estávamos nervosos.

Eu, Draco, Esmeralda e meu pai nos preparamos e finalmente fomos para o lugar que iria ser a entrevista. Tínhamos combinado de que Esmeralda iria ser a que iria falar lá, mas, caso precisasse, iríamos falar também.

A contagem começou e a câmera ligou.

“Estamos finalmente ao vivo aqui com Oliver, Esmeralda, Willian e Draco direto para todo o mundo. Eles viram que várias cidades estão contra os dragões, os ofendendo bastante, e quiseram, finalmente, dar suas palavras para nós.” O jornalista diz e estica o microfone para Esmeralda.

Esmeralda olha para a câmera e começa a falar. “Bem... eu sou Esmeralda. Acho que vocês, humanos, estão um pouco confusos. Primeiramente a questão da Rússia. Eles capturaram dois dos nossos soldados e estavam fazendo pesquisas extremamente dolorosas ao dragão. Inclusive, essa pesquisas são proibidas de fazer com animais! Por que conosco é diferente? Não sei se vocês sabem, mas a Rússia, depois de resgatarmos os dois JOVENS, lançou uma bomba nuclear para Washington! E quem é que foi desarmá-la e arriscar suas vidas para salvar vocês, povo americano? Exato! Os dragões que estão internados em estado grave no hospital principal de Washington. Por mais que tentamos ajudar, vocês ficam aí, nos chingando ou protestando. UMA GUERRA ESTÁ POR VIR! QUEREMOS AJUDAR! DAREMOS NOSSAS VIDAS DE BOM GRADO PARA QUE OS HUMANOS SOBREVIVAM! E como é que vocês agradecem por isso? Nos chamando de criaturas sanguinárias? Ahhh... Lamento muito, mas EU não quero mais ajuda-los. Talvez, quando suas cidades estiverem em chamas e os demônios que nós enfrentamos estejam acabando com vocês todos, se nos pedirem, iremos entrar na batalha. Nós só queremos uma coisa. Queremos a desculpa de vocês todos que nos julgaram.”

O jornalista ficou imóvel por tal acontecimento. “V... Você está falando que não iram nos ajudar, Esmeralda?”

“Estou cansada de ser chamada de demônio por vocês. Quando os verdadeiros demônios chegarem, então, daí sim, vocês irão sofrer. Nós combatemos contra esses malditos durante séculos para impedi-los de vir para terra. Então, caso vocês nos peçam desculpas agora mesmo, nós não iremos mexer um músculo.”

Havia uma tela do lado da câmera que mostrava avenidas com telões que estavam passando isso. Podemos ver que todos estavam imóveis. Um dos homens da equipe que estava obtendo informações sobre os governos do mundo começou a falar. “Estados Unidos se desculpou. Brasil, Colômbia, Austrália, Áustria, Cuba, Canada, China, Japão, Reino Unido...” E assim, um por um, os países foram se desculpando. Apenas dois países não se desculparam: Rússia e Alemanha.

Esmeralda sorriu e assentiu ao final de tudo. “É bom saber que a maioria do mundo está do nosso lado. Quanto aos dois países que não estão, lembrem disso quando as suas cidades estiverem em chamas e suas crianças morrendo. Lembrem disso quando estaremos defendendo as cidades que realmente nos respeitam.” Ao acabar de dizer isso ela respira fundo e agradece. “Obrigado pela atenção.” Ela diz e vira, igual a nós.

Depois disso a entrevista acabou e tudo voltou ao normal, por mais tenso que o ar tenha ficado.